À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 24
Capítulo Extra – A História de Mais Alguém: O Que o Vidente Viu.


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores ♥
Então, gente, aqui estamos, na data prometida, com o esperado capítulo sobre Jack ^^
Devo dizer que havia muito mais que eu queria narrar aqui, mas infelizmente muito vai ter que ficar para depois.
Dito isso, saciem um pouco de sua curiosidade sobre o homem que criou a May ^^
Vejo vocês no final ♥



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Jack limpa casualmente a lâmina de sua espada na blusa. Não há sangue, apenas pó de monstro, mas aquela é uma mania da qual ele não consegue se desfazer. Girando a arma na mão, ele a faz voltar a ser uma corrente com o pingente de um sol dourado e a pendura novamente no pescoço, em seguida lançando um olhar para seus companheiros, ciente de que ambos já terão terminado suas próprias lutas.

Layla, a bela filha de Afrodite de longos cabelos castanhos claro presos em um rabo de cavalo, astutos olhos cor de âmbar e físico espetacular para uma garota de 15 anos, acaba se retirar sua mortal adaga do corpo de seu adversário, dando-lhe as costas enquanto este se desfaz em pó. Ela lança um olhar questionador a Jack, que responde com um erguer de sobrancelha.

— A luta mão acabou e vocês já estão flertando? – a voz de Kai chega até os dois.

O filho de Poseidon caminha até eles, com o sorriso debochado de sempre. Seu cabelo preto, comprido o suficiente para chegar aos ombros, está desajeitadamente preso em um coque, o que lhe dá um ar desleixado, e a camisa que usava está agora em pedaços, apesar de os cortes em sua pele estarem cicatrizando, exibindo seus músculos definidos que fariam qualquer outro garoto de 17 anos ter inveja.

Os outros dois dão risada, claramente levando na brincadeira a fala do companheiro.

— E você, Kai? – Jack rebate – Nunca perde uma oportunidade de se mostrar para uma garota, não é?

— Que garota? – diz o outro, fingindo procurar com seus olhos verdes.

Layla dá um sorriso e apoia uma mão no quadril.

— Ora, não percebeu? – fala – Ele está se referindo a ele mesmo.

Os dois gargalham enquanto Jack revira os olhos. Ele ergue as mãos e esfrega as cabeças dos dois aos mesmo tempo, bagunçando os cabelos de ambos.

— Vamos, piadistas. Estamos acabados aqui. Vamos procurar um bom lugar para passar a noite e decidir o que fazer em seguida.

Kai faz uma expressão confusa.

— Não temos ordens de ir à base do Conselho?

O rosto de Jack fica sério.

— Sim, temos. – responde, mas em seguida caminha adiante, deixando os outros dois sem entender.

Layla e Kai trocam um olhar confuso antes de correr para alcançá-lo, mas não tocam mais no assunto: sabem bem o que aquela expressão no rosto do filho de Apolo significa. Alguma coisa vem por aí, mas está claro que o amigo não falaria agora.

Uma hora mais tarde, os três entram na suíte de um pequeno hotel de beira de estrada, com duas camas de solteiro, uma cômoda e uma varanda.

Kai e Jack se encaram por um segundo, antes de correrem na direção da cama mais próxima, disputando para decidir quem ficaria com ela. Os dois sabem que a outra pertence a Layla, e isso é indiscutível. Não, não é cavalheirismo: ambos sabem que é impossível lutar contra o Charme da companheira. Em questões de suma importância como uma discussão para ver quem pagaria o jantar e essas coisas, Layla sempre sai ilesa, a menos que realmente esteja disposta a fazê-lo. Ninguém a obriga a nada. Mas os dois também sabem de sua natureza altruísta e gentil, por isso não reclamam. Não muito.

Jack está perdendo a disputa de chutes de socos quando a voz da garota soa, mandando que parem. Os meninos congelam.

— Não vamos dormir os três ao mesmo tempo, de qualquer jeito. – diz ela, revirando os olhos.

Kai afrouxa o “mata-leão” que prendia o pescoço de Jack.

— Você é sempre estraga prazer, Lay.

A garota dá de ombros e então aponta o indicador para Kai.

— Você fica com o primeiro turno.

— Tudo bem! – ele diz, feliz, e então parece se dar conta do que disse – Ei!

O outro começa a rir.

— Jack, você fica com o último.

— Certo! – ele sorri, mas depois também percebe com o que acabou de concordar – Espera, o que?!

Layla lança aos dois um sorriso triunfante e então segue com sua mochila para o banheiro.

Os meninos cruzam os braços, emburrados. Todos os três, por algum motivo, preferem o turno do meio, mas é mais que comum que Layla consiga convencê-los a deixá-la ficar com ele.

— Sinceramente, não dá pra confiar nessa garota. – Kai murmura e Jack concorda.

Mais tarde, o filho de Apolo desperta com o sussurro da garota em seu ouvido. Uma palavra e ele já está de pé. Quando sai da cama, Layla se encolhe em seu lugar.

Jack abre a porta que leva à varanda e, passando para fora, fecha-a atrás de si. Ele inspira o ar da madrugada, na tentativa de espantar o sono. Apesar da vontade de dormir, seus olhos vasculham os arredores, atentos a qualquer coisa estranha.

Meia hora se passam, e Jack está pronto para trazer para fora seu violão e tocar uma boa música quando uma imagem tremula diante de si. É uma Mensagem de Íris.

— Jack. – diz a pessoa na mensagem, pouco de seu sotaque alemão se fazendo presente na fala, de forma que qualquer um diria facilmente que o homem robusto e de olhos cortantes é norte-americano – Vejo que vocês completaram a missão.

— Líder de Guerra Cullmann. – o outro responde, não muito satisfeito – Sim, é verdade.

— Sendo assim, posso saber quando estarão de volta à base do Conselho?

— Nós ainda não decidimos.

As sobrancelhas grossas do líder se unem.

— Espero que não vá desistir de se juntar a nós, Jack. Sabe que a família precisa dos seus dons.

— Eu não prometi me juntar a vocês ainda, Cullmann.

— Sei. Mas é melhor que decida logo, antes que escolhamos outro em seu lugar.

Os olhos claros de Jack faíscam.

— Ameaças sem fundamentos não vão me convencer. Eu estou mais do que ciente de que vocês não têm ninguém à minha altura. Ou nem teriam me chamado.

O Líder não se deixa abalar.

— Isso apenas piora a situação. Se está ciente da necessidade do Conselho e se recusa a ajudar-nos, isso será considerado deserção.

— Eu vou manter isso em mente, Líder, obrigado. Agora, se me der licença...

Jack dissolve a mensagem antes que o outro tenha a chance de rebater. Com um suspiro, ele se coloca de joelhos.

— Lady Atena. – diz respeitosamente.

A deusa, que esteve ali desde o início da mensagem do Líder, caminha até o garoto. Apesar da aura poderosa que a envolve, sua aparência é de uma adolescente de 16 anos, como Jack, com cabelos negros e olhos cinzentos sagazes.

— Jack. – ela fala, com um tom quase carinhoso – Já passamos do tempo em que você precisava se curvar e me chamar de Lady. Depois de quatro anos como meu protegido, chega uma hora que você precisa relaxar perto de mim.

O rapaz levanta, mas mantém os olhos baixos por mais alguns instantes, antes de dizer:

— A senhora conhece meus motivos.

O silêncio que se segue confirma a fala dele. Atena afasta o assunto com um gesto.

— Vim para saber o que vai fazer quanto ao chamado do Conselho.

Jack suspira mais uma vez.

— Não aguento mais esse assunto. – diz – Eles não cansam de me lembrar as consequências de recusar à convocação! – ele fecha os olhos – No entanto, por mais que eu não queira ou não tema o que aconteceria caso eu negasse, devo aceitar o cargo.

— Deve? – questiona a deusa, séria.

Jack a encara.

— O destino, minha senhora.

— Você teve outra visão.

— Sim. E, como sempre, me foi revelado mais do que me era seguro saber.

— Até quando?

— Os próximos dez anos.

Os olhos de Atena brilham, tentados pelo conhecimento, e o garoto sabe o que se passa pela cabeça de sua patrona.

— Não. – diz ele, firme – Eu não posso te contar.

Ela fecha os olhos, controlando-se.

— Eu sei que não. – ela suspira – E o que vai fazer sobre o Livro?

Jack lança à deusa um olhar determinado.

— Não posso entregá-lo ao Conselho. Pelo contrário, preciso levá-lo para longe.

Ele faz uma pausa.

— Para o Acampamento.

Atena não parece surpresa, mas sua expressão é preocupada.

— Jack... O que essa visão te mostrou foi tão sério a ponto de você assumir um risco como este?

O rosto do rapaz está sério.

— Se a senhora tivesse em mãos as informações que tenho... Os Greno cairiam.

A deusa assume um ar grave.

— Jack, se a intervenção divina se faz necessária...

— Não. – interrompe – Seria pior até mesmo para o Olimpo.

Os olhos de Atena brilham novamente, tentados. Suas feições mudam, tornando-a mais velha, mais alta, mais imponente.

— Mostre-me. – ordena.

O garoto não aparenta estar intimidado, mas toca a testa da deusa com as pontas dos dedos indicador e médio por alguns segundos. Quando os retira, ela fita o chão por alguns segundos, como que processando as informações, e então ergue o olhar para ele.

— Está escondendo muito. – diz em um tom repreendedor.

— Sim, estou. Estou porque saber muito sobre o futuro, ainda mais quando se tem tanto poder para interferir como você tem, é perigoso de mais.

— Então, eu terei um papel neste destino. – Atena conclui – Sabe que posso te fazer falar, certo?

Os olhos de Jack emitem um brilho desafiador que o colocava em pé de igualdade com a confiança da mulher à sua frente.

— Milady, você é minha patrona e uma divindade poderosíssima. Sabe do respeito que tenho por você. Mais que isso, sabe dos meus verdadeiros sentimentos. E é por sermos tão próximos que esperava que já soubesse... Nem mesmo se me condenasse ao castigo eterno no Mundo Inferior, ou que me torturasse pelo resto da minha vida, nem que ameaçasse meus mais queridos amigos, eu colocaria em risco todo o equilíbrio do mundo ao contar a alguém mais do que deveria.

Atena sustenta o olhar de seu protegido. Poucos têm coragem de manter-se assim diante dela, e talvez este seja o motivo de sua expressão no momento ser um misto de satisfação e desafio.

— Sempre reconheci sua coragem, Jack, mas foram sua inteligência e seu senso de dever e responsabilidade que me levaram a te tomar sob minha tutela. Você prova ser digno disso. – ela dá mais um passo à frente, sua aura divina ainda mais forte – Mas tenha cuidado ao me desafiar desta maneira. Não quer minha antipatia, ou pretende despertar minha fúria, não é?

Jack não recua.

— Jamais. – responde – Faço o que faço pelo bem de minha senhora, do Olimpo e de todo este mundo. Diz que aprova meu senso de dever. Pois bem, peço que por favor confie nele de agora em diante. O que poderia levar a família Greno à ruína neste momento não mais existirá em breve. Cuidarei para que tudo seja restaurado.

Atena confia, e isso não é nem de longe uma fé cega. Ao contrário, ela também sabe. Sabe que a filha que dará à luz como um presente para Jack, como viu na visão que ele compartilhou, será capaz. Basta que o rapaz diante de si consiga colocá-la no caminho certo. E ela está certa de que conseguirá.

 

 

Jack aperta o braço de Kai.

— Kai! – diz, os olhos seríssimos – Eu preciso que prometa!

O amigo o encara, igualmente sério. Ele se desvencilha do aperto do outro.

— Eu não vou dizer nada. – promete, e então se aproxima um pouco mais, colocando mais intensidade em seus palavras – Mas eu estou te avisando, Jack: isso é loucura. O Livro pertence aos Greno. Entregá-lo ao Acampamento será considerado traição pelo Conselho, e se eles descobrirem... Não haverá nada que eu ou Layla poderemos fazer por você!

— Se o Conselho colocar as mãos no Livro, aí sim não haverá nada que possamos fazer.

O moreno fita Jack com uma expressão difícil de ler.

— Kai... – Layla fala, baixinho – Acho que talvez... Talvez nós tenhamos que confiar nele nessa.

O outro fecha os olhos com força.

— Eu confio, tá legal? – diz – É claro que confio! Mas o risco é enorme, Lay! Não percebe o que ele está tentando fazer? Se for adiante com esse planejamento... Jack, não quero que corra tanto perigo. Você sabe que seríamos capazes de fazer loucuras se o Conselho te matasse...

O filho de Apolo repousa a mão no ombro do amigo.

— Não se preocupe. – diz em um tom tranquilizador – Eu vi minha morte. Não vai ser pelas mãos do Conselho que perecerei.

Os outros dois arregalam os olhos, assustados.

— V-você... – Layla começa, mas não pode completar a fala.

Os olhos de Jack exprimem um brilho melancólico.

— Hm. – murmura enquanto assente – É estranho viver enquanto se sabe seu destino, mas no fundo eu sempre soube qual era o meu propósito. De certa forma, morrerei tendo-o cumprido. Na verdade, minha morte o completará.

Seus amigos entram em um silêncio mortal, assombrados. Jack lhes lança um sorriso.

— Ora, qual é? Eu disse a vocês, não disse? Que iria me tornar o maior vidente de todos os tempos? – ele diz em tom divertido – Que tipo de vidente eu seria se não pudesse prever meu próprio fim?

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novo! ^^

As pessoas na imagem são, como vocês devem imaginar, Kai e Layla. Respectivamente, 17 e 15 anos. O que acharam? Eu sei que devem estar se perguntando "como ele pode ser filho de Poseidon?!". Calma, isso será explicado.

Entããão... Gostaram do capítulo? Acharam algum erro? Há algo que preciso melhorar? Alguma teoria, expectativa ou sugestão? Deixa aí nos comentários ^^ Nem que seja só pra dizer oi. Qualquer coment é um incentivo ♥

O que vem por aí é: "Capítulo 20 - À Espada Pelo Sangue". Posto no sábado ^^
Até lá ♥