À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 12
Capítulo Extra - A História De Mais Alguém: Um Garoto e Uma Promessa


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi, genteee :3
Entããão...
Havia algum tempo que eu vinha querendo fazer alguns capítulos que contassem outras histórias, de outros personagens, mas estava meio que na dúvida se deveria postá-los ou não. Foi aí que uma das leitoras lindas e fofinhas deu a sugestão e me deixou toda animada ^^ Agradecimentos à Cassie por isso ♥
Tenham em mente que os acontecimentos a seguir não são de conhecimento da May :)
Vejo vcs no final ^^



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O garoto bronzeado, com o capuz do casaco cobrindo o cabelo preto, e olhos intensos caminha discreta e rapidamente pelas sombras, sem que ninguém o note. O grupo de adolescentes que segue conversa alegremente, e não se dá conta de sua presença.

Seus olhos varrem o grupo até encontrarem o que procuram. Um pouco deslocada em meio aos demais, uma garota destaca-se. O cabelo loiro ondulado alcança a altura da cintura, e seus olhos acinzentados emitem um brilho vívido e esperto. Enquanto as demais garotas riem e flertam com os rapazes, ela está em seu próprio mundo, imersa em pensamentos.

O garoto observa, com sempre com interesse, enquanto um dos meninos tenta fazê-la desviar a atenção para si.

A loira não dá bola, e fita a vitrine de uma das lojas, murmurando consigo mesma. Apesar de ela ter parado, o restante do grupo segue seu caminho, deixando-a sozinha com o rapaz.

— Ei! – ele fala – Tá ouvindo?

Ela não responde, e estica a mão para abrir a porta e entrar na loja. O outro a segue em seu passo manco, sem desistir.

O garoto se apressa para ficar de frente para a vitrine, esperando poder enxergar o que está acontecendo lá dentro. A menina fala ansiosamente com uma atendente, enquanto seu impaciente acompanhante a encara, insatisfeito. O garoto o analisa.

Ele tem cabelos castanhos cobertos por um boné e olhos verdes espertos. Veste um casaco simples e uma calça jeans larga. Com uma das mãos, apoia-se em uma muleta. Suas expressão e postura não são agressiva, e ele não parece perigoso, mas o garoto sabe que pode estar enganado. Se alguém se aproximasse daquela garota para fazer-lhe mal, ele precisava estar um passo à frente. Não podia deixar que nada acontecesse a ela.

Ele estreita os olhos, pensando em qual seria o melhor momento para verificá-lo. Certamente seria na saída. A garota não estava realmente prestando atenção, e não notaria se o rapaz sumisse por alguns minutos, ele sabia. Quando ela entrava nesse estado de mente, imersa em seu próprio mundo, não havia muito que acontecesse ao seu redor que ela fosse notar.

Os dois se dirigirem à porta novamente, com o rapaz atrás, continuando seu falatório. O garoto se adianta a fim de encontrá-los, e pode ouvir o que o menino da muleta diz:

— Estou falando sério! Se você continuar enfrentando ele assim, vai acabar tendo problemas. – ele suspira – Ah, nem sei por que eu ainda tento... Você nem está ouvindo.

Ela passa pela porta e o garoto se apressa para interceptar o outro, derrubando-o no chão.

— Opa, desculpa! – diz, ainda caído.

O garoto encapuzado estende a mão e agarra o braço do menino, arrastando-o na direção oposta à que a loira caminha e entra em um beco escuro, jogando-o à sua frente.

Com os olhos arregalados, o outro ergue a muleta, como se fosse usá-la como arma. “Como imaginei” pensa o garoto “Ele pode andar muito bem sem ela”. Mais que isso, o menino gira a muleta nas mãos e em um segundo ela se transforma em um arco.

O garoto franze o cenho. Então é realmente o que estava pensando.

— Você é o Protetor dela? – pergunta, sério. Seu sotaque é uma mistura difícil de identificar.

O outro está claramente nervoso, mas aperta o arco com firmeza, mostrando que não recuaria diante do tom ameaçador do garoto. No entanto, ele não faz menção de responder.

O encapuzado dá um passo à frente, e lhe lança um olhar feroz.

— Você é o protetor dela? – repete, entredentes.

O menino puxa a corda do arco e uma flecha aparece nele.

— Quem é você? – pergunta.

O outro não responde. Com um movimento, ele empunha uma espada de dois gumes, que estivera embainhada em suas costas.

— Eu faço as perguntas aqui.

Os dois se encaram, medindo forças. O moreno sabe muito bem quem tem a vantagem naquele confronto, mas não pode arriscar ferir o outro sem ter certeza de que é perigoso para ela. De maneira alguma o garoto do arco seria capaz de enfrentá-lo, apesar de admitir que ele tem coragem, visto seu passado. Não. Não havia ninguém daquele lugar que fosse capaz de enfrentar alguém do lugar de onde vinha.

Ele relaxa a mão que empunha a espada por um segundo, antes de partir com rapidez para cima do adversário, o qual apenas tem tempo de lançar uma flecha, que voa numa trajetória desajeitada, passando longe do alvo. Antes que seus olhos possam registrar os movimentos, o outro já o alcançou, e agora o empurra contra a parede e encosta a lâmina em seu pescoço. Seu arco cai no chão e volta a ser uma muleta.

Com os olhos preenchidos de medo, ele encara o fio da espada prateada que é apontada para ele. O garoto encapuzado pressiona a lâmina com um pouco mais de força.

— Você é o protetor dela ou não? – repete mais uma vez, com uma voz grave.

— Sim, ele é. – uma voz soa na entrada do beco.

O garoto desvia o olhar na direção do som, mas não muda de posição. Não importa quanto o outro tente, não é capaz de encontrar uma abertura para desvencilhar-se dele.

Um homem vem em direção aos dois. Seus cabelos loiros e olhos cor-de-mel destacam-se em meio ao conjunto de terno e jaleco que veste. Com as mãos calmamente enfiadas nos bolsos, ele caminha para dentro do beco como quem caminha em um shopping.

O garoto de cabelos pretos estreita os olhos, e a pressão que faz sobre o outro diminui.

— JJ-sama. – diz, quase em um tom reverente.

— Há quanto tempo, criança. – o homem responde.

— Nós nos vimos há alguns dias na Reunião do Conselho, senhor. – responde.

— Há quanto tempo não o vejo lutar. – o loiro corrige-se, com um sorriso – Uma pena que não possa permitir que esse confronto continue, apesar de que eu adoraria vê-lo usar suas habilidades novamente. De preferência em alguém que não seja eu.

O garoto retira a espada do pescoço o outro, que continua imóvel, observando a conversa dos dois, e a coloca de volta na bainha em suas costas.

— Ele não valeria o esforço. – afirma, sem nenhum tom de humor na voz.

“Eu estava errado” pensa “Há, sim, alguém que veio daquele lugar que poderia me vencer”. Com os olhos presos no homem, ele dá mais dois passos para longe. O loiro sorri.

— É bom que tenha bom-senso, criança. – diz.

O garoto segura o impulso de irritar-se.

— Este sátiro. – ele aponta para o menino da muleta – Ele é o Protetor dela? Vai mandá-la pra lá?

O homem fica sério.

— Não achei que ficaria surpreso com isso.

— Não estou. Estou preocupado.

Os olhos do loiro exprimem um brilho doce. Ele se vira para o outro menino.

— Vá. – ordena.

Com um olhar desconfiado para o moreno, o menino corre para longe dos dois, que são deixados sozinhos no beco.

O homem suspira.

— Se ao menos seu pai tivesse ficado ao meu lado...

O garoto o fita, inexpressivo.

— Não estamos falando do meu pai.

— Tem razão – responde o outro, passando a mão pelos cabelos – Mas não há mais nada que eu possa fazer para mantê-la segura.

— Mantê-la segura? Acha que mandá-la para aquele lugar vai fazer isso?

O garoto tem um olhar desafiador.

— O senhor escolheu cria-la longe de nossa família, sem treinamento, sem preparação, além de selar suas habilidades. – acusa – E agora, vai mandá-la para um lugar que não tem condições de ensiná-la o que é preciso para viver esta Guerra. Posso não ter o direito de opinar, JJ-sama, mas agora já é tarde demais para ela. Precisa mantê-la ignorante a tudo. Ela vai morrer se...

— Ela não vai. – o homem interrompe – Eu a criei para ser a maior heroína da família, e é isso que ela irá se tornar.

O garoto não pode compreender. Não pode se conformar com aquilo. Em seu coração, jurou que não ia permitir que aquela garota se envolvesse com a família, muito menos em sua guerra. Ele tem seus motivos para isso, e não vai desistir desse juramento agora.

— Como a maior heroína da família pode ser justamente a pessoa mais frágil dentre todos? O senhor está ao menos ouvindo o que está dizendo? Vai escolher arriscar a vida dela por um plano tão insano?

O loiro fechou os olhos.

— Não é um plano, é o destino. – diz – E eu não sou aquele que fará as escolhas, pelo contrário: ela será.

— Como pode dizer isso? O senhor sabe o que sofreu só por ter estado lá, assim como meu pai. Ela já teria problemas suficientes só por ser sua filha, mas se mandá-la para lá, vai sofrer mais do que eu sofri por isso. É o que você quer para ela?

— Não há o que eu possa fazer se o Conselho está corrompido por preconceitos. – rebate – Mas ela poderá fazer. Quando chegar a hora, justo ela, que quebrou todos os tabus, será aquela a libertar-nos deles.

Os olhos do garoto faíscam.

— Meu pai tinha razão sobre o senhor, JJ-sama. – diz – “Ou é inteligente demais para que eu possa compreender, ou burro demais. Nos dois casos, ficar por perto dele é problema”. Era o que ele dizia. Mas quero que preste bastante atenção. O senhor sabe o que prometi, e conhece as minhas razões. Não pretendo desistir disso agora, portanto, no que depender se mim, sua filha nunca vai conhecer essa Guerra ou se envolver com a nossa família. Não posso permitir.

O homem abaixa a cabeça.

— Gostaria de poder dizer o mesmo. – murmura – Mas isso não é possível. Sendo assim, criança, espero que essa seja a última vez que eu te veja.

O garoto aperta os punhos ao lado do corpo, e dá um passo para mais perto do outro, fitando seus olhos.

— Sim, é a última vez que me vê. Mas não será a última que a visito. Vou continuar a vir aqui e a zelar por ela, e isso você não pode impedir.

Deixando o homem sozinho no beco, o garoto parte, mais decidido do que nunca.

Um ano depois, ele chega tarde demais.


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Notas finais do capítulo

Eu de novo!

Eu sei, eu sei, esse capítulo foi curtinho. Mas espero que tenham gostado ^^
Quem será esse garoto? E a garota que ele jurou proteger? É a May? Se sim, por que ele faria isso? Acho que talvez esse capítulo tenha gerado mais perguntas que respostas hehe ^^

Você viu algum erro? Acha que há algo que eu precise melhorar? O que está gostando mais na história? O que achou da ideia dos capítulos extras? Deixa um comentário aí ^^

O próximo capítulo pode sair amanhã ou na terça, dependendo dos comentários (e do meu tempo também hehe). Vejo vocês lá ♥ ♥

Beijooos ♥