Após Rikuo retornar da Vila Hanyou onde estava se recuperando da batalha contra Seimei, houve uma longa e barulhenta festa na sede do Clã Nura. Ele riu muito com o pessoal de Tono – que quando Itaku e Agapaka chegaram atrasados fizeram a maior euforia; recebeu um abraço extremamente apertado de sua mãe – as cicatrizes dos ferimentos que ainda não haviam se fechado completamente quase abriram; quando ele, seu avô e sua mãe ficaram sozinhos ele contou que viu seu pai na árvore da Vila – seu avô quase teve um ataque quando ele falou sobre Rihan; tendo despistado os membros de seu Clã e sua família ele foi atrás de seus amigos no andar de cima da casa – Kyotsugo fez o maior escândalo sobre tudo que aconteceu, Kana não soltou o abraço que deu em Rikuo e Tori, Maki e Shima não pararam de perguntar sobre tudo que havia acontecido e quem eram as visitas na casa.

A festa se seguiu por horas, até os membros do alto escalão do Clã e de seus aliados que ali estavam chamarem Rikuo (que havia assumido sua forma youkai quando a noite chegou) para o salão principal do Clã. No salão estavam os amigos de Rikuo, sua mãe, seu avô, os 72 líderes das facções do Clã e os respectivos comandantes dos Clãs aliados que ali estavam. Ao entrar na sala, Rikuo foi impedido de sentar-se por seu avô; e com isto ele ficou de pé em seu posto de líder do Clã, enquanto seu avô foi para junto das forças que ali estavam. Tendo seu avô se posicionado, Rikuo foi cumprimentado por todos da forma mais respeitosa possível e lhe foram dadas as boas vindas de volta a seu lar.

O cumprimento conjunto pela volta do Senhor de todas as Assombrações marcou o início da comemoração noturna da vitória de todos sobre Seimei. Os amigos de Rikuo acompanharam a festa até o final, mas como havia ficado muito tarde ele os chamou para dormirem em sua casa naquela noite. Ele passou o dia seguinte inteiro em sua forma humana e até durante a noite não assumiu sua forma youkai.

Na noite, Kana acordou e foi em busca de Rikuo pelo jardim da casa já que ele não estava mais no quarto dele. Ela o achou sentado sobre a intocada cerejeira do jardim ainda em sua forma humana com uma indecifrável expressão em seu rosto. Quando ele a percebeu o admirando se levantou e desceu da árvore em um único passo.

— Kana-chan. Aconteceu alguma coisa? – Rikuo perguntou achando que algum dos youkais que estavam na casa pudesse estar se divertindo com seus amigos.

— Eu só vim te procurar por que quando acordei você não estava no quarto. – a expressão da garota disse a Rikuo que tinha mais e ele ficou na espera de escutar o resto – Porque você nesta forma estava em cima da cerejeira?

— Hahahahahahaha! – ela não entendeu a razão dele rir de sua pergunta – Eu sempre quis ver com meus olhos normais o que meus olhos de youkai podem ver. – suas palavras admiraram e confundiram Kana – Não importa o ponto de vista eu ainda sou humano e youkai, mas não pretendo escolher apenas um dos lados; e sim os dois. – ele a surpreendeu.

— Nossa! Isso é possível? – o brilho nos olhos de Kana foi incrível (ela sabia por Tsurara que chegaria o momento em que Rikuo teria que escolher um dos lados para viver, mas ela não queria isso! Queria o Rikuo como ele verdadeiramente era!).

— É sim. Tanto que já o fiz. Daqui para frente usarei meus poderes youkais para cuidar dos assuntos pertinentes aos youkais e meu sangue humano para cuidar dos assuntos pertinentes aos humanos; vai facilitar muito para mim! E esta noite é especial, pois eu vi pela primeira vez a beleza do mundo que se revela na vista daquela cerejeira. – terminou ele sorrindo para Kana e admirando o galho de onde desceu.

Kana estava muito animada por ele dividir aquilo tudo com ela. As risadas e a conversa dos dois se seguiu por um longo tempo, os seus amigos tinham acordado também e todos começaram a jogar conversa fora sem se importar com as horas; porém, houve um momento em que ele ficou extremamente sério e parou estático no meio do jardim – seus amigos não gostaram nem um pouco daquilo.

— Eu tenho que ser honesto com vocês sobre uma coisa. – as palavras dele arregalaram os olhos de seus amigos que não gostaram do rumo que aquilo tomaria – Eu talvez não possa mais voltar a ir ao colégio ou sequer pensar em uma faculdade.

— Mas por que? – a pergunta conjunta de seus amigos tirou um leve riso e um pesado suspiro de Rikuo.

— Porque ainda há quem se lembre que sou um youkai, e isso pode ser problemático e perigoso; principalmente para vocês. – dito isso ele levou a revolta de seus amigos.

— Tá de sacanagem né Nura!? – Maki ficou enfurecida.

— Jura que disse isso? – Tori estava com uma expressão de indignação.

— Tá falando sério? – Shima chocou sua cabeça contra uma árvore em depressão.

— Nura-kun você bebeu o que hein cara? – a frase de Kyotsugo foi acompanhada de uma expressão brava e séria.

— Você está realmente se preocupando com a gente em uma situação como essas? Quando quem realmente corre perigo é você? – a tristeza nas palavras de Kana renderam Rikuo – Você é realmente um amigo muito especial. Duvido que alguém aqui se importe com isso que você falou. Na segunda você vai com a gente sem discussão! – Kana deu o veredicto acompanhada da aprovação de seus amigos e de um forte abraço em grupo.

— Vocês que realmente são incríveis! – a alegria de Rikuo por seus amigos serem daquela forma com ele era impossível de ser escondida.

Sem serem percebidos Gyuki, Hitotsume, Daruma, Wakana, Nurarihyon, Aotabo, Kuroutabo, Kejouro, Karasu Tengu, Kubinashi, Zen e Tsurara observavam Rikuo e seus amigos felizes no jardim sem serem capazes de parar para descansar e dormir. Nenhum deles podia negar que Rikuo tinha o balanço mais do que perfeito entre seu lado e personalidade youkai e seu lado e personalidade humana.

O sorriso sem jeito do Nurarihyon chamou a atenção por algum tempo, mas no final ninguém se intrometeu – ele se lembrava da primeira vez que conversou com Rihan sobre ele ser um hanyou, a primeira vez que viu Rihan em sua forma humana sobre o mesmo galho de árvore, o dia em que seu filho assumiu seu Clã e a vez em que ele subiu com sua esposa e seu filho para admirar a paisagem daquela árvore; as lembranças o deixavam sempre com saudades de Yohime e Rihan e também com muito orgulho de seu neto.