Além Digimon escrita por Kevin


Capítulo 9
Capítulo 9: Covardes e Corajosos – Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Uma parte do passado de Fábricio e Mauricio é revelado. Além disso, finalmente Valéria e Fabrício descobrem o quão covarde é Armadinomon. Os três precisam se entender e unir forças, mas será que os problemas entre eles serão superados?



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Cara emburrada, braços cruzados, sentado em uma cadeira olhando fixamente para o senhor que estava do outro lado da mesa, que naquele momento não lhe dava nenhuma atenção.

 

Fabrício estava ficando irritado. Ele queria ir para sua sala de aula, afinal fora para aquilo que tinha ido a escola. Contudo, não parecia para o diretor que o menino teria condições de assistir a aula.

 

Paredes cheias de livros, estante de mogno.  Mesa de vidro, computador e papeis espalhados. O diretor, um homem de cabelos brancos, corpo um pouco gordo e com bochechas rosadas, balançava sua cabeça de um lado para o outro ao som de uma música calma que vinha do computador.

 

Aquele era o inicio de todas as frustrações de Fabrício, seria seu primeiro ato de raiva, até o dia que fosse parar no Digimundo.

 

Umas batidas foram escutadas na porta, que logo se abriu revelando um jovem moreno com expressão preocupada. A expressão do jovem logo que tomou conhecimento do interior da sala passou para desespero. Sem nem ao menos dizer algo ao diretor, já correu ajoelhando-se próximo à cadeira de Fabrício.

 

- Fabrício, o que aconteceu? Você está bem? -

 

Mauricio, o irmão mais velho de Fabrício, ficou desesperado ao ver o irmão. Sua calma, muito conhecida, parecia ter ido embora. Até alterar a voz para com o diretor o fez.

 

- Quem fez isso com ele? Exijo que esse delinqüente... Desculpe Diretor... -

 

Mauricio respirou fundo tentando se acalmar para entender o que havia acontecido. Recebera um telefonema da escola de seu irmão logo pela manhã, não havia nem se passado vinte minutos do horário que ele deveria iniciar as aulas, inicialmente achou que ele haveria de ter perdido o horário, já que dormiu sozinho em casa, mas como foi chamado, ficou sem saber o que esperar daquela urgência em ter que comparecer a escola.

 

Foi como se tivessem arrancado parte dele, ao abrir a porta e ver o irmão todo machucado. O uniforme estável impecável, mas havia varias marcas rochas por seu corpo. Inclusive seu rosto. Eram hematomas realmente sérios.

 

- Mauricio, seu irmão já chegou ao colégio desta maneira. Ele ia assistir aula, mas preferi que ele fosse a enfermaria e liguei para o senhor. Ele não comenta sobre essas marcas, então vou fazer uma única pergunta... Acaso preciso colocar a policia nisso? -

 

O diretor parou todos os movimentos atrás de sua mesa e encarou o Mauricio. O diretor lançava um olhar sério para o jovem. Mauricio por sua vez balançou a cabeça dizendo que deveria chamar a policia, mas logo percebeu que o diretor continuava a encará-lo como se quisesse algo.

 

- Mauricio... Deixa de ser idiota... O diretor está insinuando que foi você quem me agrediu... -

 

Mauricio arregalou os olhos naquele momento e virou-se para o irmão que voltou a falar.

 

- Diretor... Eu já disse que isso aqui não é assunto seu. Não foi meu irmão e não precisa chamar a policia. Só quero ir para minha sala de aula... Posso? -

 

O diretor olhou para Mauricio e sacudiu a cabeça. Pegou um papel em cima de sua mesa e esticou para Mauricio.

 

- Se isso acontecer de novo, eu coloco a policia no meio. Aqui tem o atestado médico que lhe da licença de três dias, a enfermeira emitiu antes de encaminhar o garoto para minha sala. -

 

Mauricio pegou o papel e saiu junto com o irmão. Mauricio a nenhum momento se mostrou desgostoso ou aborrecido com o fato de o diretor ter acusado-o de bater no irmão.

 

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Dor, tanta quanto jamais imaginou sentir. Parecia que seu corpo estava todo dilacerado. Abrir os olhos era completamente difícil. Respirar lhe provocava a pior das sensações, não havia parte de seu corpo que não doesse quando seus pulmões eram tomados pelo ar.

 

De todas as dores, parecia que a cabeça era a pior. Tinha certeza de que queria morrer naquele momento. Parecia ter perdido os sentidos, mas a pouco recobra, e naquele momento, ainda em completa escuridão podia escutar gritos. Gritos tão altos que faziam sua cabeça doer mais. Gritos tão altos que faziam seu medo, que já havia o dominado, querer se expandir para além do pequeno corpo caído.

 

Ele não conseguia distinguir as vozes, talvez por ainda não estar acostumado com elas, eram menos de 24 horas junto daquelas criaturas estranhas. Eram gritos tão desconexos. O que seria “bêbada?” O que seria “fracote”? Mas, uma palavra o fez entender o que se passava ao seu redor, enquanto começava a recuperar-se, “moleque”.

 

- O Assassino! -

 

Finalmente um grito, o de armadinomon relembrando-se completamente do que havia acontecido. Seus olhos se arregalaram, acreditava que o Assassino Branco estava li na sua frente, mas apenas viu o jovem moreno, Fabrício, e a mulher, Valéria.

 

Os dois pareciam alterados.

 

- Idiota! -

 

Fabrício e Valéria gritam ao mesmo tempo desferindo, cada um deles, um tapa forte na face do outro. Houve dois grandes estalos simultâneos.

 

Armadinomon ficou sem conseguir reagir, todo o medo que ele tinha naquele momento, todas as dores, sumiram, ficam sem conseguir reagir diante aquela cena. Simplesmente ele podia ver no olho daqueles dois o mais profundo ódio.

 

Armadinomon viu que os dois jogaram-se sentados ao chão respirando ofegantes, olhou para os lados, sentia a falta da Bárbara. Mas, ao olhar para os lados, lembrou-se tudo. Fechou os olhos lembrando-se tudo. Não precisava que ninguém dissesse nada. Lagrimas saiam de seus olhos e percorria o calejado corpo amarelo.

 

- Eu sou um covarde... Um imprestável... Santo Servidor... Por que não consegui fazer nada... -

 

Assim que chegaram à margem, foram atacados por chamas azuis. Atordoado, Armadinomon que havia conseguido digivolver apavorou-se. Mesmo com todo aquele tamanho, a nova forma de Armadinomonovarde tremeu diante aos misteriosos ataques. E ficou imóvel ao identificar o agressor.

 

O Assino Branco, um lobo branco gigante, com listras roxas, dentes brilhantes e afiados. A mesma criatura vista, pelos humanos, nos primeiros minutos após o quase afogamento. Na verdade não fazia nem 20 horas que haviam encontrado com ela pela primeira vez.

 

O Assassino Branco atacou Ankilomon fortemente com suas chamas. Quando conseguiu se aproximar dos humanos, uma vez que percebera que o gigante tatu amarelo não faria nada para impedi-lo, teve o que se poderia chamar “presente de Deus”. Completamente apavorada, Barabara desmaiou sendo presa fácil.

 

Com Bárbara desmaiada em seu lombo, um novo ataque foi feito contra Ankilomon, que perdeu as forças diminuindo rapidamente seu tamanho, voltando a ser o pequeno tatu que os humanos haviam conhecido há algumas horas atrás.

 

- Cara o pessoal desse mundo não sabe tratar os visitantes... Fui ameaçado de morte 3 vezes... -

 

Fabrício olhava para Valéria que também o encarava.

 

Armadinomon desmaiou devido aos ataques, mas pode ver o Assassino Branco partir com Bárbara deixando aos demais para traz. O pequeno tatu não sabia, como ou porque a briga entre os dois havia começado, mas mesmo estando há poucas horas com eles, sabia que aquilo deveria ser comum, menos os ataques físicos que fizeram.

 

Era ódio o que um sentia pelo outro. Isso era certo. Armadinomon poderia ser covarde, dentre muitas outras coisas, mas sabia identificar ódio nos olhos. Tinha certeza que aqueles dois se odiavam e aquilo para ele ficou claro.

 

- Armadinomon, vamos atrás daquele tal Assassino Branco. Temos que resgatar a Bárbara antes que ele... -

 

- O QUE? -

 

Armadinomon gritou assustado interrompendo a fala de Valéria. Aquilo parecia ser a maior loucura que ele já havia escutado. Ninguém enfrentava o Assassino Branco, nem mesmo o Indomável, nem mesmo Baromon.

 

Fabrício e Valéria se olharam sem entender. O medo era evidente no rosto da criatura amarela. Certamente, ele já conhecia bem o tal Assassino Branco, pois um único encontro não poderia fazer alguém se apavorar tanto.

 

- Vocês... Não sabem o que aquele Garurumon faz... Ele... Ele matou todo o seu bando só para pegar os dados. Fica por ai nos espreitando esperando que nós nos descuidemos. Ele só não se mete com a aldeia de Wisemon. Ele é muito poderoso! -

 

Fabrício parou sem entender nada do que ele havia falado. Compreendeu que o tal Assassino Branco, ou se chamava Garurumon, ou era da espécie Garurumon. Isso devido ao fato de ter escutado vários nomes terminados com “mon”. Fabrício ficara completamente desnorteado, ainda mais que a fala do surrado digimon amarelo saia tremula e completamente apavorada.

 

Valéria, por outro lado, sabia quem era Wisemon, e pela experiência com Baromon compreendia o que estava acontecendo.

 

Armadinomon se lembrava do dia em que saiu em viagem com um grupo de dez membros da aldeia, neles estavam Palmon e Dorumon. Eles foram emboscados pelo Assassino Branco. Não tiveram chances e um dos membros foi levado. Evidente que eles seguiriam os rastros do lobo para resgatar o companheiro. Quando no covil chegaram, foram emboscados. Havia uma armadilha. O lobo pegou apenas um para que os demais o seguissem até um local onde ele queria.

 

Armadinomon contou a história em meio a lagrimas. Era triste para ele lembrar. A luta naquele dia foi intensa, e ele não conseguia sequer movimentar um músculo. Quando Palmon e Dorumon caíram os demais se lançaram todos juntos a lutar. Ele se lançou a puxar Dorumon e Palmon para longe. Sorte ou providência, armadinomon conseguiu levar os dois amigos até próximo ao rio, onde pode gritar por ajuda.

 

Fabrício e Valéria sentados ao chão estavam assustados. Era suicídio ir atrás de Bárbara. Armadinomon tremia durante toda a historia, chorava como uma criança.

 

Há um pouco menos de 24 horas naquele estranho mundo, as coisas mais esquisitas já haviam acontecido com os humanos, e naquele momento estavam de frente para o que era maldade de verdade. Aquela criatura, lobo, estava pronta para matar a qualquer um, e parecia não ter motivos para aquilo. Era simplesmente um predador a espera de uma presa.

 

Fabrício fechou os olhos. Se perguntava se teria coragem para ir até o adversário. Queria estar sentindo-se bem, ter a força, mas a visão de toda a força e agressividade que seu adversário tinha, não saia de sua mente. Parecia que o Assassino Branco era esperto e astuto, isso realmente deixava assustado.

 

- Um animal com esse nível de inteligência... Que mundo louco... -

 

Valéria, ainda não tinha conseguido ver os digimons como criaturas racionais, assim como os humanos eram. Os via como animais que falavam e viviam como os humanos, mas não os deixava de ver como animais.

 

Aquela visão de digimons serem animais era ainda mais apavorante. Ela sabia que tinha que ir atrás da menina capturada. Era o certo a se fazer, sentia-se culpada pela situação. Mas, se nem dez puderam contra um monstro daqueles. Três poderiam?

 

- Será que temos chances? -

 

Perguntou Valéria em meio há algumas lagrimas que começaram a rolar. Só o pensamento de que Bárbara, nesse instante, já poderia estar morta deixava Valéria completamente desequilibrada.

 

- Vocês estão surdos? Acaso são tão fortes e não sei? -

 

Armadinomon gritou mais uma vez e desta vez esforçando-se para ficar de pé!

 

- Nós humanos certamente somos mais fracos que vocês digimons, pelo menos quando estão digivolvidos... Mas, você é forte... Talvez tanto quanto ele... -

 

- Vocês... Vocês...  Loucos! Loucos! Não viram o que ele fez comigo? LOUCOS!! -

 

Armadinomon com os olhos cheios de lagrimas começa a se movimentar e ir para longe. Enquanto se afastava ele soluçava dizendo que os dois estavam loucos.

 

- LOUCOS! LOUCOS! A menina já esta morta... E vocês também estarão se forem até lá! -

 

Armadinomon continuava a falar caminhando sem ao menos olhar para o rosto deles.

 

- Aonde você vai? Espere Armadinomon! Não seja covarde! -

 

A fala de Fabrício fez com que o digimon ficasse imóvel. Armadinomon virou-se. O rosto dele era de dor e sofrimento. Não se sabia se os ferimentos dele doíam tanto ou era o seu espírito que estava tão acabado.

 

- Sou covarde! Nunca escondi isso de ninguém! Eu vou para o Pico da força... Se vocês não tem alguém importante que espera pela volta de vocês... Não tenho culpa disso... -

 

Armadinomon continuou andando deixando aos dois para traz, gritando para que ele retornasse. Gritaram, até que não podiam mais ver o digimon. Agora eles estavam sozinhos.

 

Nenhum dos dois conseguia entender aquela criatura amarela. Ele simplesmente estava abandoná-los. Era covarde, sem coração. Apenas queria sobreviver, pensava somente nele. Se alguém estivesse vendo aquilo, poderia realmente falar que Armadinomonovarde, não era nada além de um ser medíocre.

 

Mas, algo foi dito pela criatura. “Voltar para alguém importante!” Aquilo mexeu tanto com Fabrício quanto com Valéria. Existia alguém na Terra esperando por eles. E por incrível que pareça, os dois pensavam na mesma pessoa. O único problema era que não sabiam se realmente ele estaria lá vivo e esperando por eles.

 

- Mauricio... -

 

Os dois balbuciaram ao mesmo tempo o nome do jovem que estava desaparecido desde o acidente. Era a única coisa que ligava aquelas duas pessoas que se odiavam mutuamente. Respiraram fundo, acalmando-se. Cada um ao seu modo. A mente fervilhava. Se Mauricio estivesse ali, certamente ele já estaria no meio do caminho, ou mesmo já de frente para o lobo para resgatar Bárbara. Mesmo que não possuísse uma única chance de vencer, Mauricio teria ido. Se Mauricio faria aquilo, aqueles dois, que amavam ao jovem, fariam o mesmo. Cada qual pelo seu motivo, além de pensarem em agir como Mauricio agiria.

 

Fabrício iria atrás de Bárbara por que achava que era o certo a se fazer, e também como ele poderia abandonar a menina que lhe deu um ombro amigo há horas atrás quando ele achava que o irmão poderia estar morto? Como poderia abandonar a uma pessoa que o chamava de herói, sem nem ele ao menos entender porque.

 

Valéria por sua vez, não poderia deixar a menina assim. O que iria dizer quando voltasse a terra, que deixou-a para morrer? Que não fez nada, nem o menor esforço? Além do mais, tinha o carro. Ela dirigia-o. Não poderia simplesmente ignorar que talvez ela fosse culpada de estarem os três ali.

 

O olhar de Valéria procurava o de Fabrício, querendo mostrar a ele que não era para as rivalidades dos dois impedissem que a menina fosse salva. E a mesma coisa o olhar de Fabrício falava.

 

- Somente pelo Mauricio e pela Bárbara! -

 

Os dois falaram rapidamente e se levantaram colocando as mochilas nas costas. Um pouco desconfortável seus corpos estavam. Mas, nada que pudesse realmente diminuir alguma de suas habilidades. Infelizmente as habilidades não eram tantas.

 

Começaram a seguir os rastros enquanto iam traçando a ofensiva que teriam. Quando menos esperavam, já estavam em frente a um grupo de rochas em circulo.

 

Identificando que era ali, esconderam-se atrás de uma rocha, e Fabrício colocou a mochila no chão. Olhou para Valéria como quem desejasse boa sorte e foi caminhando.

 

- Ei... Outro conector. -

 

Fabrício percebeu o conector e voltou colocando o MP4 para carregar. Não sabiam exatamente o que era aquilo, mas havia ajudado a alguns momentos atrás. Estavam precisando de sorte, e se armadinomon estivesse certo, o servidor poderia ajudá-los por aquele conector.

 

Fabrício caminhou até a entrada das rochas, respirou fundo diante aquela visão que tinha. Bárbara ainda desmaiada de um lado e Garurumon observando-a.

 

- Cordeirinho Branco... Vem cá Cordeirinho Branco... -

 

Garurumon olhou para a direção do grito e pode ver o jovem Fabrício encarando-o. Fabrício tentou ofender ao digimon lobo, mas cordeiro não era uma palavra que ele parecia conhecer o significado. Desta forma Garurumon não se sentiu ofendido.

 

- Finalmente Humano... Achei que não viria mais resgatar seu semelhante. -

 

Garurumon aproximava-se lentamente de Fabrício. Ele fazia seu globo ocular ir de um lado para o outro. O Assassino Branco sabia que faltava mais um humano e o digimon tatu. Em sua mente, havia uma armadilha, mas estava disposto a provar que nenhuma armadilha era eficaz conta ele.

 

- Você não é de nada Cordeirinho... Eu vou varrer o chão com você. Você vai parecer uma vaca bêbada depois de eu terminar. -

 

Fabrício sabia provocar, principalmente quando imaginava que ao invés daquele lobo enorme ele estava a insultar a Valéria.

 

O Assassino Branco lançou-lhe uma quantidade enorme de chamas azuis. Fabrício saltou para o lado e viu o lobo fazer o mesmo. Havia começado a ação.

 

Uma nova rajada de fogo, mas felizmente não chegou perto de Fabrício, que se levantou meio atrapalhado e se pôs a correr para longe das rochas em circulo.

 

- Já tentaram isso... Não vai funcionar! -

 

O lobo balbuciou sorrindo maliciosamente. O Garurumon iniciou então a perseguição a Fabrício.

 

Fabrício corria como podia. Passos largos, tomando o cuidado para ver se nada iria fazê-lo tropeçar. Os braços balançavam indo e voltando em alta velocidade, quase na mesma sincronia que as pernas iam até a frente e ficavam para traz.

 

O moreno corria, sua pele escura mostrava o suor que refletia muita luz. Não ousava olhar muito para traz, para não se desesperar. Mas, tinha que olhar para saber se não estava morto por completo. Se o lobo chegasse próximo o suficiente estava morto.

 

Uma rajada de fogo azul veio a sua esquerda. Fabrício mudou um pouco a rota para a direita. Nesse momento ele olhou para traz, estava a uma distância segura ainda. Mas, precisava ser mais rápido que aquilo, ou jamais sobreviveria.

 

Correr, naquele deserto que parecia ser a pior coisa que se tinha no digimundo. Fabrício desejava algumas nuvens, seu corpo já não estava mais como no inicio, o pensamento de que morreria logo persistia. Sol, areia, não muito além de deserto marrom com tons vermelhos, laranjas e amarelos. As rajadas, de fogo azul, eram constantes na esquerda do rapaz, que desviava para a direita, sem deixar que sua velocidade diminuísse.

 

Fabrício correndo começou a sentir o coração apertar, sua visão estava começando a ficar embasada. Tinha certeza. Via uma formação rochosa circular logo à frente. Ele já levou a mão a cabeça acreditando estar começando a passar mal, talvez o fato de ter pouco alimento no organismo.

 

Fabrício caiu no chão assustado. Suas pernas fraquejaram completamente diante a visão que estava tendo. A visão que ele tinha estava sendo deixando-o confuso. Via Bárbara e Valéria saindo do meio das rochas redondas.

 

Bárbara falou a Valéria o que via. Só assim a mulher que prestava atenção nas ossadas que estavam por ali, levantou seu olhar observando a cena de Garurumon se aproximando, agora lentamente, do corpo caído de Fabrício que olhava incrédulo.

 

Foi o primeiro teste que Valéria teve de deixar tudo de lado para honrar Mauricio e salvar Bárbara. Ela teve vontade de praguejar contra o jovem. Como ele poderia ter sido burro de voltar para o covil, não era aquele o plano. Valéria quis xingá-lo, mas conteve-se diante a situação de que nenhum deles ainda estava salvo, e talvez ainda pudessem sobreviver.

 

Fabrício levantando-se rápido, um pouco ralado via o sorriso maléfico de Garurumon.

 

O plano era que Fabrício corresse até o rio, ponto onde conseguiria se livrar de Garurumon, pois parecia que ele nunca atravessava o rio. Mas, ele teria de manter o lobo ali na beira do rio, até que Valéria e Bárbara dessem algum sinal de que estavam seguras.

 

Infelizmente, parecia que aquele plano já havia sido feito com Garurumon. Se haviam conseguido sucesso não se sabe, apenas que realmente ele tinha aprendido a fazer com que aquele plano falha-se. Utilizando sua rajada de fogo fez com que Fabrício, sem ao menos notar, fizesse uma curva completa voltando para a toca do lobo.

 

Eles haviam falhado e agora estavam os três mais próximos de morrerem.

 

Garurumon correu dando uma cabeça forte em Fabrício. O jovem moreno foi lançado para dentro do circulo de rochas chocando-se contra uma e caindo ao chão. Gemeu de dor antes de parar de se movimentar.

 

- Ai Meu Deus! Ai Meu Deus! -

 


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