Friends escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 12
Um Bilhete De Liberdade.


Notas iniciais do capítulo

Depois do capítulo anterior com tantos "??????" vim com as respostas para vocês!
Agradeço pelos comentários e espero que gostem desse capítulo tanto quanto eu gostei!
Boa Leitura!



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   Havaí.

 Ponto de vista:Isabella Swan

 

     Observo o movimento das ondas pela varanda,e suspiro.Sentindo o vento em meu rosto,naquela manhã ensolarada.Alguém chega por trás de mim,e beija meu ombro descoberto.Eu reconheço o cheiro logo de cara,e me viro,enroscando meus braços no pescoço de Demetri,que sorri para mim.Daquela maneira que só ele consegue.

   A história de como acabamos juntos era interessante.Eu havia o conhecido no aeroporto há 8 anos atrás  quando  decidi vim para o Havaí.Ele era o “cara grosso” que havia esbarrado em mim.Mesmo que no inicio eu tenha xingado ele por ser um baita mau-educado,de alguma forma o destino decidiu que tínhamos que nos encontrar novamente.Quatro anos após esse primeiro encontro —quando eu já havia tido alguns relacionamentos casuais — eu acabei o conhecendo oficialmente,num jantar na sua rede de hotéis “Volturi”. Demetri administrava todo o negócio da família.De inicio ele não me reconheceu,e começamos uma conversa agradável,conversa  essa que acabou com eu na sua cama,na sua cobertura de milhões em Londres.E no dia seguinte rimos quando ele se recordou de quem eu era.

    Gostamos daquele momento,então decidimos iniciar algo.Nós temos um relacionamento sem rótulos até hoje.Não eramos namorados,porque já ficamos com outras pessoas,mesmo estando juntos.Não eramos casados porque não morávamos juntos.Mas gostávamos da companhia do outro,das viagens exótica, dos jantares em que ele me exibia como sua acompanhante e isso era mais do que suficiente.Demetri era um cara legal,era frio algumas vezes,mas isso se justificava pelo fato de que ele havia sido abandonado por sua noiva,bem no dia do casamento dos dois.Apesar de todas suas qualidades,acho que a que eu mais admirava era o fato dele conseguir amar Emma e Ethan mesmo não tendo nenhum vínculo com ele.As crianças o adoravam e era recíproco.

                Se eu o amava? Acho que posso dizer que sim.Porque mesmo tendo esse relacionamento “liberal” nunca tive vontade de ficar com outro cara.Demetri me respeitava,me apoiava e me entendia mais do que ninguém.Não era algo como o conto de fadas que eu sonhei,mas era real...E quando Edward partiu meu coração,eu notei que nada precisava ser perfeito.Só real.

—Podemos tomar café da manhã juntos ,antes de eu voltar para Londres. —ele comunicou antes de me cumprimentar com um beijo leve.

—Fico feliz que possa. —falei beijando seu pescoço,quando Demetri me abraçou.Ele tinha um cheiro de menta por conta da loção pós barba.Eu adorava aquele cheiro.

—Então,vamos. —Demetri chamou,me oferecendo sua mão.Aceitei com um sorriso,e seguimos para a sala de jantar.Onde a mesa do café da manhã já estava a posta.Farta de doces,frutas e sucos.

  Me sento no meu lugar de sempre,e me sirvo com iogurte ligth,e algumas torradas.Por conta da minha profissão não posso exagerar na comida.Tenho que me manter controlada.

—Quando pretende voltar para casa? —Demetri questiona,se referindo a Londres.

—Não sei...Daqui há uma semana talvez,posso ficar quanto tempo quiser aqui,as crianças estão de férias. —relembro,antes de morder minha torrada.

—Sinto sua falta. —ele murmurou,bebendo seu suco.

—Só faz uma semana que eu vim. —falei sorrindo.

—Sinto sua falta há uma semana. —Demetri se corrigiu,brincando.

—Você é exagerado. —acuso,jogando meu guardanapo de pano em sua direção.Ele gargalha,indignado,enquanto eu continuo sorrindo.

—Eu só não revido porque não sou infantil. —o loiro afirma,e uma parte minha se decepciona com aquilo,a parte que queria que ele jogasse o guardanapo de volta,e que fizéssemos uma guerra de comida pela manhã.A parte que ainda sentia falta dos momentos com Edward Cullen.A parte fraca.

—Claro que sim.Mr.Volturi. —debocho com um meio sorriso.

  Continuamos a comer,conversando sobre o trabalho dele,no qual eu era muito interessada e após isso meu empresário e amigo,James,surgiu com todo seu senso de “Eu vou cuidar de você,porque você me dá dinheiro”.

—Eu até diria que vocês são meu casal preferido,se vocês tivessem se assumido como um casal. —ele murmura quando atravessa a sala de jantar,rumo a mesa.

   James morava em Londres também,mas havia voltado comigo para o Havaí,porque tínhamos alguns trabalhos aqui,e porque segundo ele,não era seguro me deixar de férias sozinha.

  Demetri revira os olhos para a fala de James.Digamos que ele não ia muito com a cara do meu agente.Levando em conta que no começo da minha carreira James tentou ter algo comigo,mas eu acabei não querendo comprometer nossa situação profissional.Não estou dizendo que Demetri era ciumento,afinal o que não faltavam eram homens me paquerando devido minha profissão.Só estou dizendo que James despertava irritação nele.

—Eu acho super fofo o fato de que você quer curti sua férias,mas todos os jornais já estão noticiando sua aventurinha numa boate ontem.Isso é péssimo para sua imagem. —ele anuncia com sua postura de mandão,então é minha vez de revirar os olhos.

—Eu só queria me divertir. —falo dando de ombros.

—Foi para uma boate? Ousada. —Demetri debocha sem se incomodar com o fato.

—Por que você não age como um cara normal,e critica ela por  estar batendo papo com Jacob Black,um dos ex-namorados dela? —James questiona irônico.

—Porque Jake é meu melhor amigo...e porque Isabella e eu temos uma relação liberal na qual ela pode ficar ocasionalmente com quem quiser. —Demetri responde simplesmente,me fazendo rir.

—Queria que ele repetisse essas palavras e acreditasse nelas toda vez que me fuzila com o olhar,por lembrar que eu já te paquerei. —James debocha,largando seu Ipad em cima da mesa.

—Café da manhã animado.Adoro isso! —brinco me servindo com um morango,que estava na fruteira.

—Temos um job hoje.Naquela praia que você adora. —meu agente avisa.Não ligo muito para isso.

—Tenho que ir.O piloto já está esperando no jatinho. —Demetri avisa depois de checar seu celular.Ele vem até mim,e me beija de forma breve. —Te vejo,logo. —garante e eu dou um sorriso em resposta.

   Logo vejo o mesmo pegando sua maleta,e se pondo para fora de casa.Rumo ao heliporto da ilha.Pelo canto do olhos observo James me encarar com deboche,e o questiono com o olhar.

—Nada...Quer dizer...Essa sua relação com Demetri é bizarra. —explicou.

—Falou o cara mais bizarro que eu conheço. —brinco como indireta

—E os pirralhos? Onde estão? —ele indaga,mudando de assunto.

—Não acordaram ain... —antes que eu terminasse a frase,ouvi uma gritaria na sala principal,e não demorou muito para que duas lindas crianças aparecessem onde nós estávamos.Vestidas com seus pijamas que os deixam mais fofos ainda.

—Mãe, a Emma quebrou outro carrinho meu. —Ethan já chega acusando.O pequeno menininho de olhos castanhos e cabelos negros como a noite,era firme e de personalidade forte desde cedo.

—Eu quebrei porque você desmontou minha casinha de brinquedos pela décima vez. —Emma se defende,enquanto eu observo a discurssão.A loirinha de curiosos olhos azuis,também sabia ser convincente.

—Por que ao invés de ficar brigando por coisas bobas pela manhã,vocês não se arrumam para ir a praia comigo? —questiono com um sorriso.Eu os conhecia o suficiente para saber que se eu ignorasse suas acusações e defesas, eles deixariam a briga de lado.

—Tudo bem. —se rendem ao mesmo tempo.Sorrio por meu trabalho,e reviro os olhos quando vejo Emma indo em direção a James,para que ele a pegasse no colo.Ela simplesmente amava o “Tio James” como chamava.Apesar de já ter 7 anos,Emma era bastante manhosa.

   Ethan que é mais reservado que ela,com seus 8 anos se senta ao meu lado,e começa a se servir com as panquecas.Passo a mão pelos seus cabelos lisos,de maneira carinhosa,e o menino sorri para mim.

   Eu os amava tanto.Eles eram a verdadeira luz que iluminou a escuridão que eu me encontrava.Com toda inocência de criança,os dois me fizeram ver a vida de outra forma.Aprender a amar de uma forma diferente.A única parte triste disso,se trata do motivo que os fizeram se tornar meus filhos.A morte de seus pais verdadeiros.

   Rosalie e Emmett haviam morrido um mês depois de eu ter me mudado para o Havaí.Num acidente de carro,e se eu já estava quebrada antes,fiquei ainda mais depois disso.Ethan tinha um ano,e Emma só dois meses.Meus amigos haviam falecido na hora do impacto.Por sorte os pequenos não estavam com eles.

   Uma semana após essa tragédia,fiquei sabendo que Rosalie havia deixado um documento,dizendo que se algo acontecesse com ela,quem deveria cuidar de seus filhos era eu.Aceitei aquela missão,aceitei por ela.E foi a melhor decisão que tomei.

   Por serem muitos pequenos quando perderam seus pais,eles acabaram começando a me chamar de “mãe” .Eles sabiam que biologicamente eu não era.Fiz questão de contar o quão incríveis Rose e Emmett eram,e o quanto eles amavam os dois.Meus amigos mereciam isso.Mereciam que as crianças também soubessem deles.

   No começo foi quase impossível conciliar meu trabalho com eles,mas eu dei um jeito.Contratei uma babá com meu primeiro salário e segui os escondendo da mídia,quando comecei a ficar famosa.Não queria que os pequenos crescessem com essa pressão,por isso até hoje ninguém sabia sobre eles.Eu fazia o possível para esconde-los,e os poucos jornalistas que descobriam eram subornados para ficarem calados.

   Emma e Ethan tamparam o buraco que a perda de Rose me deixou.Ela era mais do que minha melhor amiga,ela era minha irmã,e eu a perdi logo após  tudo aquilo com Edward.Eu quis tanto,desesperadamente,que ele estivesse comigo,que me abraçasse daquele jeito protetor e que me dissesse que tudo ficaria bem.Mas ele não estava.Ninguém estava,a parti dali eu estaria sozinha.

   Aqueles pequenos chegaram para trazer cor e alegria para minha vida.Como eu não havia me casado,não tive filhos,então eles ocuparam aquele espaço no meu coração.Com toda aquela doçura tipica de um Hale e todo carisma de um McCarty.

  Seus avós tanto por parte de mãe quanto por parte de pai,apoiaram a decisão da Rose.Eles já eram velhos digamos assim,para dar conta de dois bebês,então me fizeram prometer que cuidaria bem deles,e que levaria as crianças para passar as férias em Forks.Eu achei que meu pai me julgaria e me diria para não cria-los,mas tudo que ele fez foi me olhar de um jeito paternal e me falar que eu seria uma ótima mãe.

       Quando tomaram seu café da manhã,as crianças se levantaram animadas.Dizendo que iam se arrumar para o nosso passeio.James agora estava com seu Ipad,e parecia estar lendo algo importante.Já que sua expressão denunciava isso.

—Você acabou de receber uma proposta publicitária. —ele não parecia animado com isso.

—Isso não é bom? —indaguei sem entender.

—Seria se eu não soubesse que você vai negar. —James explicou,e eu franzi minha sobrancelhas,querendo que ele se explicasse. —É numa agência de Nova York...Você teria que passar um mês lá,pelo menos. —ele falou,e eu entendi seu motivo.

—Que bom que você já sabe que eu vou negar.Eu não vou para Nova York. —fui direta,com um sorriso sem humor.

—O fato de eu saber que você não quer ir,não significa que eu não irei insistir. —sua persistências ás vezes era um saco.

—Boa sorte ao tentar me convencer,faz muito tempo desde que alguém conseguiu me persuadir a fazer algo que eu não quero. —anuncio,me levantando.Com a intensão de ir ao meu quarto me trocar.Já sabendo que aquela situação estava resolvida.

—É um ótimo contrato. —argumentou.

—Igual aos outros cem,que eu tenho em outros lugares. —disse com desdém.

—Você fica ai dizendo que superou as coisas que aconteceram no seu passado,mas nem ao menos consegue voltar para Nova York. —ele debocha.Usando outro método de convencimento;a provocação.

—Eu adoro o fato de você ser meu agente,mas não me teste,a ponto de eu querer troca-lo.Pois ambos sabemos que você precisa de mim mais do que eu preciso de você. —fui clara.

—Não estou falando como seu agente.Estou falando como a droga do seu melhor amigo. —aquelas palavras me causaram uma tontura.Me aproximei apontando para ele.

—Nunca mais ouse dizer esse absurdo...Eu não tenho melhor amigo. —afirmei.Saindo da porcaria do controle.

 —É por isso que não quer voltar para Nova York...Tem medo de reencontrar esse cara que partiu seu coração,e descobrir que ainda sente algo por ele. —James disse.

—Eu não sinto. —discordei.

—Então por que não tem uma coisa mais séria com o Demetri? —James questionou,juntando suas coisas na mesa.Pronto para sair dali.

—Isso não é justo.Está sendo duro para que eu aceite. —notei.

—Estou sendo sincero.É diferente.Eu não quero que aceite por causa da grana,quero que aceite porque está na hora de voltar para onde seus sonhos começaram. —ele falou sereno.Em seguida se aproximou de mim,e beijou meus cabelos.—Eu não te tornei essa linda mulher para que você fosse decidida só por fora.Eu não te ensinei a erguer sua postura,engolir suas lágrimas,e levantar seu queixo para que no fim você tenha medo de enfrentar aquilo que mais teme.Eu fiz você ser a mulher que é hoje,porque eu acredito que você pode conseguir o mundo se quiser. —James disse.

—Eu sei...Você sempre disse para eu repetir o lema:Eu posso.Eu quero.Eu consigo. —lembrei de nossas primeiras aulas e ele sorriu.

   James havia se tornado um grande parceiro.Afinal trabalhávamos juntos por 8 anos.Conhecíamos a vida um do outro,como a palma de nossas mãos.Nossos defeitos,e qualidades,absolutamente tudo.Eu sabia que ele era solteiro porque tinha medo de um dia se entregar para alguém,porque amava ser independente.E ele sabia que o cara que partiu meu coração,era meu antigo melhor amigo.

—Você quer ir para Nova York? —o loiro questionou.

—Você é tão irritante. —murmurei.

—Isso é um sim? —questionou.

—Um talvez. —esclareci.

—E o que falta para ser um sim?. —perguntou e eu revirei os olhos.

—A opinião das crianças. —contei.

—Então nós vamos para Nova York. —constatou,pois sabia que as crianças sonhavam em conhecer aquele lugar.Sorri por sua animação.Mas o sorriso logo se desfez.Pois eu tinha a sensação de que não era só a cidade que eu iria rever.

[...]

Nova York.

Ponto de vista:Edward Cullen.

     Suspiro,enquanto acabo mais uma campanha no meu computador.Dirijo meus olhos para o porta-retrato da minha mesa de trabalho,e encaro a foto do meu casamento com Tânya,e ao invés de pensar na felicidade que eu pensava sentir naquele dia,me lembrei que foi nele que vi Bella pela última vez.

—Já ficou sabendo  da novidade? —Victoria chega de súbito.Ela carrega em suas mãos algumas pastas,e os óculos que ela usava agora pendiam em seu nariz.Parecia que ela estava ignorando nossa tensão de ontem.

—Não. —fui breve.

—Um estagiário conseguiu convencer o agente da Bella.Ela virá e será a garota propagando do perfume. —a ruiva anunciou.Senti uma sensação estranha ao ouvir aquilo.Então era isso...Eu iria recontra-la após 8 anos.Após tantas mudanças,tanta dor  e tantos desencontros.Nós iriamos nos ver de novo,e eu já poderia adivinhar que seria como se nós nunca tivéssemos nos conhecido.

—Isso é bom...Laurent ficará feliz...E ele ficando feliz não enche o saco de ninguém. —me fingi de indiferente.Mas Vick me conhecia bem.Ela sabia como estava minha cabeça com aquela informação.

—Deve ser difícil...Vê-la novamente...É difícil para mim também,quando ela me disse que faria uma viagem breve eu não imaginei que duraria 8 anos,e que nesse tempo nunca trocaríamos uma palavra. —ela foi irônica,com um sorriso sem humor.

—Fomos tolos por achar que seria sempre como na faculdade. —afirmei,e Vick suspirou.

—É.Acho que fomos. —concordou. —Eu vou voltar ao trabalho...Tenho umas campanhas para entregar...E...Como foi o jantar de ontem? —ela questionou curiosa.Já que Tânya provavelmente havia dito a ela ontem de manhã,sobre esse jantar.

—Tedioso.Digamos que os amigos da Tânya não diferenciam trabalho e diversão.Escutei tanto sobre leis ontem,que já me sinto formado em direito. —debochei.Vick gargalhou por isso.

—Agora eu tenho que ir mesmo. —falou e acenou para mim em despedida.Sorri para ela e logo voltei ao trabalho.

   A tarde se passou de maneira lenta.Quase se arrastando para falar a verdade.E para o dia ficar mais interessante ainda,tive que fazer hora extra na agência porque eu estava trabalhando na publicidade de um filme que lançaria em breve.Passavam-se das oito da noite quando consegui sair do trabalho.

   Demorei a chegar em casa,por conta do trânsito caótico,e quando cheguei encontrei Tânya no sofá,assistindo ao que parecia ser um filme.Larguei meu casaco e minha pasta em um dos aparadores da sala,e fui até ela,a beijando brevemente.

—Desculpe a demora...Tiver que fazer hora extra...Farei bastante dessas,já que não ganhei a promoção. —contei,indo até o mini-bar da sala de jantar,e me servindo com whisky.Eu precisava relaxar.

—Ah a promoção...Por que mesmo não conseguiu? —ela indagou com um tom estranho.

—Porque Laurent queria que eu conseguisse uma modela que é difícil de ser contatada. —menti em partes.Querendo evitar mais uma briga.

—Só esqueceu de contar que essa modelo é Isabella Swan. —arregalei os olhos com suam acusação.

—Como sabe? —perguntei.

—Victoria me contou.Ela me ligou pela manhã,e antes que a julgue,ela não sabia que você não tinha contado.Acho que ela pensava que eramos o tipo de casal que contava tudo um ao outro.Na verdade,eu também achava isso. —Tânya foi irônica.

—Eu não te contei porque achei que essa seria sua reação se soubesse...E eu estou farto de brigar pelo mesmo motivo,só quis evitar isso. —expliquei.

—E adivinhe? Cá estamos nós brigando.Porque você não me contou.Não é como se fosse alguém qualquer Edward,é Isabella.O fantasma dela assombrou 8 anos do nosso casamento. —ela gritou estressada.

—Porque você insiste em sempre lembra-la. —gritei de volta.Pois estava exausto daquilo.

—Eu? Sou eu que me recuso a vender um maldito apartamento porque morei lá com “Minha melhor amiga”? —ela indaga com deboche e em forma de indireta.

—Sabe por que eu não vendi aquele apartamento? Porque quando eu vou lá,eu me lembro do quão incrível eu me sentia quando era eu mesmo.Quer a verdade? Eu odeio o que me tornei.Eu odeio meu trabalho e odeio o fato de que eu perdi tudo que eu queria. —por fim desabafei.Tânya me olhou com lágrimas.

—Está dizendo que odeia esse casamento também?  —minha esposa perguntou.

—Não.Eu só odeio o fato de que ele é baseado nas suas inseguranças,e nos meus erros. —falo,então largo o copo que estava em minhas mãos na mesa de centro,e pego as chaves do carro.

—Onde você vai? —Tânya indaga preocupada.

—Esfriar a cabeça.Estou cansado dessas discussões. —anuncio,e saio porta a fora.Em seguida dirijo para o lugar que eu me sinto em casa desde sempre.

   Eu estava a ponto de explodir,com todas essas brigas,com o fato de que Bella viria para Nova York e que teríamos de nos reencontrar e nada seria como antes.

   Sem que eu perceba minutos se passam e eu já estou onde queria.Estaciono numa vaga livre,e vou até o hall do prédio,cumprimentando o porteiro de sempre,e entrando no elevador.

   Quando chego no meu antigo apartamento ligo os interruptores e me aconchego no silêncio dele.Os moveis empoeirados apresentam alguns defeitos,e aquela felicidade que antes habitava aquela casa não existe mais.Vou até o quarto de Bella e encaro aquela parede que fora marcada por nós.Marcada não só com nossas mãos,mas também com nossas risadas,brincadeiras e promessas silenciosas.Fito as fotos que nunca foram tiradas de lá,e sinto um nó em minha garganta.

   Meus dedos encostam em uma delas,e eu deixo com que uma lágrima teimosa escape dos meus olhos.Olho tudo ao redor e tento me recordar dos momentos que tivemos ali.Do quão feliz eu era.

   Pego uma caixa que eu havia deixado em um dos armários,e a abro.Retirando de lá de dentro a carta que Bella havia deixado para mim.Me sento no chão,e releio mais uma vez aquelas palavras.Mesmo que eu já tenha as decorado.O papel agora amarelado ainda causava a mesma dor em mim.

   O destino havia sido cruel comigo,porque no dia que eu embarcaria para minha viagem de lua-de-mel notei que havia esquecido o passaporte em casa,então voltei para meu apartamento e encontrei a carta que ela havia deixado.Supus que ela tinha ido para Forks,então ignorei Tânya e corri para o aeroporto,querendo encontrar Isabella Swan,mas quando cheguei lá,não a encontrei.Havíamos nos desencontrado.

  Eu estava alterado quando encontrei Tânya,então acabei admitindo que eu havia passado a noite com Bella.Admiti o obvio.Admiti que eu só não havia desistido daquele casamento porque ela estava grávida e porque eu pensava estar apaixonado por ela.Tânya surtou,e todo aquele estresse fez com que ela perdesse o bebê e por esse incidente ficasse estéril.Me senti a pior pessoa desse mundo naquele dia,e me vi no dever de ficar com ela se ela quisesse.Eu queria fazer o certo pela primeira vez na minha vida.Ela me perdoou e eu a admiro por isso.Ela disse que deveríamos tentar,já que havíamos nos casado.Essa tentativa durou 8 anos.

   Nem percebi o tempo passando,e acabei ficando horas ali.Sentado naquele canto escuro.Não liguei quando ouvi um barulho na sala,pensei ser o porteiro,mas vi que me enganei quando Victoria se sentou ao meu lado no chão.

—Tânya me ligou para contar sobre a briga...Imaginei que você estaria aqui. —ela disse calma.

—Onde mais eu estaria? —falei sem humor.

—Por que está fazendo isso? Insistindo nesse casamento? —Vick pergunta.

—Quando ela perdeu o bebê...eu vi o quão mal eu havia feito a ela,e a Bella...Mas com Bella eu não podia consertar.Porque eu já havia a perdido.Eu pensei que poderia reconstruir minha relação com a Tânya,mas não consegui.Eu estrago a parte boa das pessoas. —aleguei.

—Por que está dizendo isso? Você foi feliz por um bom tempo com Tânya,e ela foi com você,isso só acabou agora.Mas vocês se amam. —a ruiva tentou amenizar as coisas.

—Eu a amo porque achei que isso seria a única forma de me redimir.Mas...Eu estava enganado Vick.Quando disse a Bella que Tânya havia enxergado mais do que um galinha em mim e eu amava por isso,eu estava enganado.Porque quem viu mais do que um cretino em mim foi Isabella Swan.Ela me deu a honra de ser seu amigo,e eu desperdicei isso.No fundo eu sempre achei que Belly merecia alguém melhor do que eu,e que mesmo que eu fizesse as piores escolhas ela sempre estaria ali,como minha melhor amiga.Eu fui um covarde e um burro por não ter admito que a amava.Droga! No dia que ela se foi eu não perdi somente minha melhor amiga,eu perdi o amor da minha vida. —foi duro,mas eu finalmente admiti.

—Vocês dois escolheram não estar juntos.Não estou dizendo que você não é um cretino,porque você sabe que eu quase te odiei quando fiquei sabendo que você transou com a Bella um dia antes do seu casamento.Mas a culpa não é só sua.Bella também foi covarde.Mas a escolha de continuar sendo um é só sua.Liberte a Tânya,faça algo que não fez por Bella. —suas palavras me fizeram refletir.

—Você está certa.Eu não posso deixar com que Tânya viva nesse mar de inseguranças.Não é justo com ela. —afirmei,e então tomei uma decisão.

[...]

   Quando voltei para casa,encontrei Tânya no mesmo lugar que ela estava quando eu sai.Encarei seus olhos e me aproximei de minha esposa,ficando de frente para ela.

—Eu nunca te pedi desculpas. —notei,e ela me olhou confusa. —Por ter sido culpado pela morte do nosso filho. —admiti e vi mais uma vez a dor em seus olhos.

—Não foi só sua culpa. —ela falou com a voz embargada.

—Eu sei que você sofre com isso,e por esse motivo vivemos presos a essa dor profunda.Por meus erros.Não os de Bella.Ela não tem culpa por eu ama-la,então não seja injusta com ela.Não como eu fui com você.Tânya,você é uma mulher incrível,e eu aprendi a te amar e respeitar nesses oitos anos,tudo começou como uma paixão que acabou nisso.Nessa parceria.Mas nosso casamento já começou errado,com mentirar,dor e falsos sentimentos...Quando perdemos nosso filho,eu não quis desistir de nós.Mas eu deveria ter feito isso.Porque mesmo que nosso casamento tenha sido maravilhoso,nunca fomos felizes de verdade.Porque no fundo você sempre esperou por mais um erro meu. —falei com toda minha sinceridade,enquanto Tânya chorava. —Você ainda é jovem,irá encontrar a felicidade novamente.Eu sei que sempre quis adotar um filho,mas nunca teve coragem de admitir em voz alta.Tenha um.Seja feliz. —esperei que ela surtasse com aquilo.Mas para minha surpresa ela acabou me abraçando.

—Eu te amo... —ela afirmou. —Mas...Eu também não posso continuar isso...Obrigado por tentar esses 8 anos.Demos certos de alguma forma...Mas no fim sempre esteve claro,que eu não sou a mulher que você ama.Se você odeia tanto aquele trabalho,se demita,corra atrás do que perdemos.Seja o Edward pelo qual eu me apaixonei.  —Tânya me pediu.

—Isso não é um fim,certo? —perguntei,já com lágrimas também.Ela sorriu singelamente.

—Eu sempre farei parte da sua história.E você sempre fará da minha.E independente do que virá a seguir...Foi uma honra ser a senhora Cullen. —dada suas palavras eu me senti aliviado.Não queria terminar aquele casamento da forma conturbada que começou.O objetivo era ficarmos livres.E saber que Tânya se sentia assim,me deixava feliz.

   Eu estava em negação antes.Me conformando com a bagunça tediosa que minha vida se tornou.Eu estava errado em não admitir que eu era completamente apaixonado por Isabella Swan,e errado em dizer que não queria a reencontrar.Pois eu queria.Meu coração queria.


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Notas finais do capítulo

Esclareci as dúvidas?
O que acharam da família estranha da Bella?
E da separação do Edward?
Acham que ainda existe chances dos dois ficarem juntos?
Comentem!



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