ONE-SHOTS escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 5
Po & Tigresa — Da maneira que fiz antes (+13)


Notas iniciais do capítulo

Estava assistido kung fu panda 3, e pensei como os dois poderiam pular a amizade e começar um relacionamento, e depois de pensar um pouco, resolvi escrever este.



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Po & Tigresa

Da maneira que fiz antes

***

Os últimos raios do sol junto ao crepúsculo alertaram ao panda, que a noite se aproximava, continuou ele com as costas apoiadas no tronco da árvore do saber celestial, por minutos antes de voltar ao palácio de jade.

Durante esse tempo, comeu alguns pêssegos e deixou-se levar pela sensação de paz. Sua mente lembrava com nitidez os acontecimentos desde a derrota de Kai, respirou profundamente fechando os olhos e abrindo-os logo em seguida para contemplar a vista do Vale da Paz, sorriu por nenhum motivo aparente.

Ao anoitecer, preparava o jantar aos seus amigos, nada de especial, apenas uma sopa de legumes com macarrão. Com destreza e a habilidade cortava os legumes, a faca a cada segundo partia: batatas, berinjelas, beterrabas, cenouras e outros ingredientes a mais, o semblante do panda é de serenidade.

Distraindo com o jantar, não notou a chegada da amiga, na qual atravessou à porta, nos braços carregando a pequena Lei Lei, uma pandinha que adotou, ela sentou-se na cadeira, com a visão das costas negras do dragão guerreiro, e se distraiu por breves segundos, o vendo preparar o jantar. Tamanha a concentração do mesmo, a fizera sorri levemente.

Na ocasião que se virou para colocar um pequeno frasco de tempero a mesa, pulou para trás por instinto, derrubando-o ao chão, espalhando-se em um mar vermelho. Pôs-se depois a conter a respiração agitada, com uma das patas ao peito, de soslaio a viu sorrir devido à atrapalhada, retribuiu com o mesmo gesto, enquanto tentava estabelecer algum equilíbrio do ocorrido, ela dispunha a ajudá-lo, embora o amigo hesite, a felina deixou a filha adotiva sentada sobre a mesa, beijou-a na testa, por breves segundos a observou brincar com as duas figuras de ação, dela e do Louva-a-deus, por seguinte pega um pano que estava sobre a pia e agachou-se.

O panda não soube direito o que fazer ou dizer, decidiu varrer com suas próprias patas o tempero. Estava ali, a poucos metros de distância dela, de repente foi dominado pelo o perfume que exalava da mesma. Era um cheiro de flores com jasmim, inconfundivelmente o perfume que sempre usava. Teve alguns segundos para mirá-la, analisando os pequenos detalhes de sua fisionomia, como as listras negras, que iam e viam contornando vários lugares da face alaranjada, os olhos âmbar rubis, as pequenas orelhas que se mexem levemente com qualquer ruído e assim por diante.

Então olhou para além dela e notou Lei Lei brincando com as duas figuras de ação, trouxe um tipo de ciúmes, poderia ser ele no lugar do inseto verde, todavia tal pensamento vagou longe no momento que a amiga listrada ergueu-se, fez o mesmo depois, com um pouco de dificuldade por estar com as patas em formato de colcha, para assim segurar o tempero.

Depós de tudo limpo, sentou-se com ela a mesa, esperando a sopa terminar de cozinhar e assim servi-la. Quis fazer algumas perguntar ou dizer quaisquer palavras, algumas pessoais de mais, para assim livrar-se do silêncio presente, não era um silêncio incomodo, ao contrário, é reconfortante, apenas não queria tê-lo para poder escutá-la, quando falava, parecia uma melodia cantada por passarinhos. Sentiam-se subitamente sem palavras, diante disso, desviou a mirada repetidamente, pois o olhar dela ao seu, não ajudava, para ganhar algum controle voltou os olhos para aos dedos, que se apertavam e entrelaçam discretamente, enquanto refletia, pensou nos momentos que esteve com ela, principalmente na prisão de Gongmen.

Aquele abraço dado pela felina o havia desconcertado de uma maneira, cuja ninguém jamais havia feito, ali não pode fazer nada além de enrijecer completamente o corpo, como tal grande foi a ação dela; teria a retribuído, contudo se fizesse isso, certamente cairia no chão, perplexo.

Tendo-a novamente defronte de seus olhos, pela segunda vez ele notou as cicatrizes nos antebraços da felídea, ela estava distraída brincando com Lei Lei, para vê-lo olhar intensamente para a região, antes coberta pelo tecido dourado. dourado. Os ferimentos não eram profundos, ainda assim o perturbou, o que os causou? Talvez a luta contra Kai, ou até mesmo um acidente de treinamento, considerou ele, esforçando-se ao máximo para acompanhar o fio de seus pensamentos.

No tempo, qual analisou, percebeu que a pandinha os deixara, quando ela chamou sua atenção, como que resposta a ela esperou pacientemente, todavia para Tigresa a ação saiu mais como um alerta, que algo não ia bem.

— O que foi? — indagou a voz calma e suave.

— O que foi o quê? — respondeu ele mecanicamente.

— Por que me mira assim?

— Oh, me desculpe, eu não queria, eu pensei que você, quer dizer... — atrapalhou-se, e pausando a voz para ter alguma palavra que faça sentindo continuou: — Cadê a Lei Lei?

— Mandei ir lavar as patas, para o jantar.

Novamente o silêncio invadiu o ambiente.

Ambos ficaram a encaram-se, e ali Po pensou se deveria perguntar sobre as cicatrizes, não queria ser incomodo ou indiscreto, mas o ponto de interrogação que se formava a cada segundo estava a tempo de esmagá-lo. Ficar se debatendo com uma questão não iria ajudar. Por isso decidiu pergunta-lhe.

— Suas cicatrizes no antebraço. — pausou a fala, como a felina não disse nada prosseguiu: — Como as conseguiu? — E antes de ser interrompido apressa-se: — Claro se não for um incomodo dizer, só estou curioso, nada de mais.

— Na luta contra Kai, foi assim que as ganhei. — disse Tigresa com ternura, aparentemente não se ofendeu com o questionamento.

— Desculpe, se eu tivesse ficado no vale...

— Não se desculpe por uma bobagem, a melhor coisa que você fez Po foi sair do vale com seu pai, e mesmo que ficasse aqui com a gente, não teria chance contra Kai. — O nome do animal pronunciado a sua boca tornou-se de repugnância.

Na intensidade de sua fala, Po havia se arrependido por tocar nesse assunto, mas agora, enquanto a admirava.

Agradeceu por ela estar ali, sem ferimentos graves, apenas na sua companhia, tentava evitar olhar aquela região, todavia não conseguia conter a curiosidade, e talvez ela percebesse, pois se levantou do assento que estava, um fio de tristeza desenhou-se na face do panda, mas não durou muito, pois a amiga puxou uma cadeira posicionando-se ao lado dele, e sentou-se a uma distância consideravelmente pequena.

O desconforto do urso cresceu aos saltos, assim como o nervosismo, não ousou perguntar com receio que sua voz sumisse na intensidade do ambiente, tentou olhá-la, mas descobriu que se fizesse sua mente ficaria em branco, encarava as patas novamente, como uma avalanche de sentimentos e emoções sendo empurrados para todas as direções.

Depois de um silêncio particularmente logo, ele a questionou, a resposta venho como um balde de água fria, em vias da duvida para assegurar a fala a encarou, ela tinha a fisionomia suave, como se lesse a profundidade de sua alma, por um momento pensou que se perderia no olhar sincero e verdadeiro da amiga.

Ela alçou aquele tecido dourado, com videiras vermelhas, evidenciando os pêlos alaranjados e as listras pretas, acompanhadas das cicatrizes.

— Pode tocar se quiser.

De algum modo, a maneira como ela havia se aproximando dele e, a forma que permitiu o contato, diminuiu sua resistência a matar a curiosidade, com a pata espalmada aproximou-se lentamente, como se fosse feri-la com apenas um toque, jamais esteve tão perto de uma fêmea, e sendo esta a que nutre sentimentos.

Então tocou levemente com ternura, apenas com o dedo indicador, contornando uma e duas, o medo que tais feridas poderiam ser mais graves causo-lhe uma dor nítida, ela fez um gesto convidando-o a continuar, desta vez pousou a almofada da pata, circulando por toda região, tiveram um breve troca de olhares, e viram-se sorrindo um ao outro, se fosse há seis anos provavelmente ela jamais o deixaria tocar, provavelmente estaria morto, ri levemente pensando nessa possibilidade, e de repente percebe que estava indo longe de mais, dispunha a tirar a pata, contudo um gesto dela impede a ação.

À medida que sua mente ia acelerando, ficou surpreso com a repreensão da felina, não disse nada, continuou acarinhar as cicatrizes com toda atenção, a sorrir e a contemplá-la em silêncio, certo gosto quando a tinha a seu lado, tão tranquila e distinta, os pequenos detalhes elegantes que diziam respeito particularmente à sua pessoa, aproximou-se mais um pouco, assustando-a levemente, estremeceu diante do sussurro das próprias reações, parou de acariciar as cicatrizes, e com um impulso que via do fundo da alma, elevou a pata à bochecha dela, incrivelmente não houve hesitação, sentiu que estava pendurando sobre um abismo, sem saída para o que iria acontecer, e quando a viu desvencilhar de seu toque, teve a certeza que cairá do abismo, preocupou-se em deter a saída da felina, colocando-se a sua frente.

— Desculpe, eu não deveria ter feito, por favor, não vá. — suplicou.

No silêncio que se seguiu, Po simplesmente ficou imóvel, permitindo que ela o faça pequeno.

Numa expressão de suplica, que ele não procurava disfarçar; circunstância que alterou no mesmo instante o semblante sereno que havia se formado na face da felídea, e seus olhos, ora ternos, ora atrevidos, tão prontos a queimá-lo de medo e receio.

O panda insistiu por tal forma, que ela afinal não teve remédio senão a fazer-lhe a vontade, recuou alguns passos, ele acompanhou, saindo da entrada da porta, reparou minuciosamente, com o doloroso arrependimento presenciá-la a desviar atenção para outro ponto, circunvagou o olhos em torno de si, para certificar-se de que estava a sós, com um suspiro pôs-se a balbuciar, todavia antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, Lei Lei adentrou a cozinha rapidamente, usando a figura de ação de Tigresa, como se fosse um aviãozinho, deixando todas as chances de um possível diálogo, logo depois um a um, seus amigos atravessaram a porta, inclusive seu pai panda e mestre Shifu, a viu agarrar a pandinha e sentar-se em uma das cadeiras, longe do lugar que estava acostumada, tudo isso feito sem mirá-lo novamente.

No momento que todos estão saboreando sua famosa sopa de macarrão, de vez em tempo a olhava do outro lado da mesa, tão bela e inteligente, ajudava Lei Lei alimentar-se, não era preciso, mas fez. Gostaria que os amigos acabassem a refeição, para assim estar a sós, mas ela foi a primeira a terminar, e desejando boa noite a todos saiu de sua vista, abaixou a cabeça, derrotado, pensando que acabara com amizade nutrida com tanto esforço, embora não percebesse os olhares do grão mestre e o pai, continuo a mirar o macarrão, rodopiando com os palitinhos, até que por fim só restasse ele na cozinha.

Atravessava os corredores do palácio de jade, até o seu dormitório, tinha passado um bom tempo refletido sozinho, resolvera que era hora de dormir, acordaria cedo para ser um mestre professor, enquanto andava suas sandálias faziam um ranger no piso de madeira, lembra-se da primeira vez que esteve ali, quebrara algumas tabuas de madeira sem querer.

Teve um resigno de humor, com tal lembrança, de repente parou a caminhada, quando escutou em um dos quartos a voz de Tigresa, e sorriu a escutá-la contar uma história para Lei Lei dormir, em seguida girou nos calcanhares defronte de seu quarto, prestes abrir a porta, feita de madeira e papel chinês, à voz suave da felídea o chamou, com rapidez virou-se para o quarto posteriormente onde a mesma estava, e a viu fechá-la e mirá-lo pelo ombro.

— Podemos conversar?

O panda fez um gesto de “sim” e disse, tornando-se nervoso:

— Claro, eu, na verdade já estava indo dormir, mas podemos conversar.

— Posso entrar no seu quarto?

— No meu quarto? — perguntou confuso e com um gesto de cavalheirismo abriu a porta.

Preocupou-se em arrumar o quarto, ele pegou do chão algumas figuras de ação, colocando-as em uma mesinha, sobre essa uma vela ajudava eliminar a escuridão do ambiente, depós livrou a cama de bambu e tecido vermelho, das roupas que seu pai ganso havia trazido, deixando-as em lugar qualquer; ofereceu o lugar para a felina sentar-se, agradecida aceitou.

Po não tinha certeza de um monte de coisas, mas em algum momento em seu coração e mente na ocasião que o silêncio alastrou-se na presença de ambos, ele se convenceu de que (a) deveria ser mais organizado, (b) Mestre Shifu o mataria se soubesse que Tigresa estava ali, (c) é péssimo em conversar com uma fêmea.

— Po me diga a verdade... — teve atenção a ele, o qual fez mesmo. — O que tentava fazer na cozinha?

— Eu? Eu nada... — desviou os olhos para o lado, entretanto a felina o forçou a voltar, agarrando-o pelo queixo, ele tirou a pata da mesma em seguida.

— Olhe em meus olhos quando falar. — pediu irritada.

O panda obedeceu e encarado-a articulou:

— Não vou mentir, eu não sei exatamente o que estava fazendo, só fiz, foi impulso, instinto, eu não sei direito.

Estava suficientemente quente para sua respiração chegar até ela, o coração martelava nos ouvidos e a boca subitamente seca, teve receio que não teria mais a amizade dela se contasse a verdade, enquanto seus olhos se ajustavam à semiescuridão, começou a perceber a mirada vidrada dela, quis fugir dali, mas para onde iria? De repente sentiu que ia desmaiar. A emoção o varria, e sua mente tentava em desespero acompanhar os seus pensamentos, quando a pata da felina veio de encontra a seu rosto, ofegou involuntariamente.

Não estava acostumado a ver um gesto tão intimo da parte dela, ela acariciou a região, um sorriso tímido brotou nos lábios da amiga; sentiu-se mais leve do que o ar, como se não tocasse mais o chão, tendo a certeza que estava tudo bem, cerrou as pálpebras para que a ação durasse mais, depositou as duas patas aos ombros da guerreira, massageando levemente o lugar, voltou a mirá-la, observou-a arrastar-se a sua direção, com tão sincero os olhos dela transmitiam a paz, não teve receio ou medo.

— Não gosto de sentir emoções. — começou ela com a voz baixa. — Odeio o que elas trazem. — pausou a voz, para ter a certeza que ele acompanhava sua fala. — Estive pensando um bom tempo como seria sentir, e agora eu sei que são boas, mas ainda assim fujo delas, talvez o medo.

— Eu também tenho medo, contudo nesse exato momento não tenho mais, você faz isso, sei que fui meio precipitado lá na cozinha, só queria saber como é beijá-la.

— Por quê? — pergunto num sussurro.

— Porque quando estou com você, sinto-me diferente, ajudaria se eu disser que é como se você fosse meu tempero do macarrão?

— Não muito. — riu levemente.

— Certo, deixo tentar de outra forma então.

— Tente.

— Possa ser que não é para ser e se for, eu quero viver com você.

Calçou no coração toda a coragem e foi ao encontro dela. As duas faces estavam a poucos centímetros, as respirações misturadas em uma só, batia-lhe nos lábios entre abertos, um desejo nutrido pela ocasião, viam-lhe de dentro e saí num misto de sensações inexplicáveis, os sonhos, os profundos desejos, acordavam todas, uma por uma, no fundo de suas almas.

Ela recuou para trás, levando as patas ao pescoço do urso, obrigando-a a segui-la, desesperadamente o fez, o irracional não é totalmente irracional, existe algo a mais, não é levado a segundas intenções, fazendo transbordar ações interiores que a tempo custavam reprimir, com efeito, inconstante de sentir, aprofundar, uma sensação de amor, carinho, rompendo a barreira de amizade, e se por vezes ele brilhava nas suas palavras ou nos seus gestos qualquer chama de afeição, seria talvez idiota dizer-lhe algumas coisa, a coragem sempre lhe falecia, sentia por ela um afeto extremamente respeitoso, uma espécie de adoração de amigo, e nos últimos dias mestre, mas agora o de companheiro.

Na ocasião que a felina sentiu as costas na cama chinesa, sorriu levemente, se sentido envergonhada, se não tivesse a pelagem cobrindo-a certamente se veria o vermelho pela face. Insuportavelmente bonita, para ele, cedeu aos encantos, levemente acariciou a bochecha na dela, e riu um riso sem motivo aparente; tudo nela respirava jubilo, e ternura, e medindo finalmente os lábios da amada, aproximou-se, todavia logo um empurrão por parte da mesma o fez rolar em direção ao chão, atordoado ergueu-se depois, a confusão desapareceu no momento que visualizou a pequena Lei Lei na sua porta.

Tigresa a levou até o colo e pôs-se a sair do quarto, antes que completasse ação, sorriu levemente para o panda, o qual fez o mesmo e saiu do quarto, para assim fazê-la dormir, aparentemente um pesadelo a obrigou a acordar.

Depois de vê-la ir, deitou-se na cama, observando apenas a escuridão do teto, e a relembrar com entusiasmo a noite vivida tão intensamente com a única amada de sua vida, teve a certeza, é o panda mais sortudo da China.


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Notas finais do capítulo

Uma das coisas que adoro nesse shipp, é como ambos podem se dar tão bem, ele é como yang e ela o yin, são dois lados opostos que se completam, o tigre e dragão, o frio e o calor, e assim vai.
Gostaram? Sugestões? Obrigada por ler, até o próximo, beijos



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