Mas por que, Benjamin? escrita por SourFox


Capítulo 4
Capítulo 4.


Notas iniciais do capítulo

The bitch is back (tô falando do Alec, eu sou santo)



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— Ele me provocou. – Chad tentou se justificar assim que nós entramos na sala do diretor.

— Violência nunca é a solução. – Eu rebati.

— Alec? – O diretor perguntou surpreso.

— Oi Timmy. – Sorri. – Chad quer me bater.

A conversa com o Timmy foi longa, chata e cheia de lições de moral. Primeiro ele conversou comigo e com Chad e nós tivemos que contar a história inteira, eu acabei inventando algumas partes para aliviar a barra para o meu lado, isso acabou deixando Chad com mais raiva ainda.

— Bem, Alec, você não foi pego brigando, então eu não posso de dar uma advertência ou te deixar na detenção, mas isso não quer dizer que eu não esteja de olho em você. – Ele disse sério. – Agora saia que eu tenho que ter uma conversa com o seu colega.

— Obrigado Senhor DiLorenzo. – Disse me levantando. – Tenho certeza de que o senhor vai tomar as devidas providências.

Quando se tratava de ego eu era duas coisas, uma bomba que servia para inflar, assim como eu era uma agulha que servia para furar o ego de qualquer um. Minha mãe é o que chamam de “interesseira”, como ela não teve nenhuma filha, eu fui criado para seguir os planos dela. Mamãe me ensinou a ler as pessoas e saber o que elas querem, tirar proveito das situações, coisas do tipo. Algumas mães ensinam o filho como devem se comportar, a minha me ensinou a ser uma vadiazinha trapaceira.

Desisti de fazer o meu tour pela escola e fui direto para a sala. Quando eu bati na porta todas as atenções voltaram para mim. Principalmente Ben que segurava uma bolsa de gelo sobre o olho esquerdo.

— Pegou detenção? – Ele sussurrou quando me sentei.

— Não.

— Achei que tinha feito aquilo porque queria pegar detenção. – Ele estava confuso.

— Não era a detenção que eu queria pegar. – Sorri.

Ben ficou tão vermelho quanto a bolsa de gelo que ele segurava em frente ao olho.

— O que eu perdi.

— Ah, é aula de história...

Não me dei nem o trabalho de esperar ele terminar, apenas deitei minha cabeça na mesa e dormi feito um anjo. Eu tenho muita facilidade para dormir para alguém que tem TDAH, aulas de história facilitavam ainda mais esse processo.

***

Como se eu já não fosse estranho o suficiente, eu não sonho. Não me lembro de nunca ter tido algum sonho. Sempre acordo sem nenhuma lembrança, ou eu estou sonhando esse tempo todo e ainda não percebi.

Acordei quando Ben cutucou a minha costela com a ponta da caneta.

— Eu tenho cócegas. – Gritei um pouco mais alto que eu devia.

Tentei me recuperar da minha gargalhada, isso gerou minha risada de porco, bem constrangedor.

— Muito interessante, Senhor Shallow. – Uma mulher parruda de cabelo encaracolado estava parada na frente da turma.

— Perdão.  

A professora continuou passando os slides, mas eu não consegui mais dormir. Então eu fiz o que qualquer pessoa normal faria, peguei o celular e fui reclamar da minha vida na internet.

Enquanto eu ficava por dentro das fofocas das pessoas que eu odiava ou nem mesmo conhecia, uma mensagem do Peter chegou.

“A mãe e o Daddy Bear terminaram” 

“Veado, me conta tudo, que droga, eu sabia que devia ter faltado.

Teve discussão séria? Tipo, vaso voando ou gritaria?

Peter seu imprestável responde rápido, que tipo de irmão você é? ” 

“Você não tem consideração pela sua própria mãe? ” 

“Claro que sim

Você já viu o tamanho da mão dele?

É pequena e desproporcional

Deve ser nojento transar com ele. ” 

“Alec, por que você manda várias mensagens? Isso é irritante. ”

 

“Vai se foder

O que aconteceu? ”

 

— Shallow, não te disseram que é extremamente proibido o uso de celulares nas aulas? – A parrudinha perguntou.

— Querida, você dá aula de história, devia saber que se as regras não fossem quebradas nós ainda estaríamos na ditadura...

— Diretoria.

— Que?

— Diretoria, agora!

Meu primeiro dia de aula e eu já havia ido parar na diretoria duas vezes. Eu estava tentando pensar em me esforçar para não dar trabalho ao Timmy, porque eu particularmente gostava muito dele quando eu era pequeno. Só que o mundo em si não estava colaborando comigo.

— Olá, senhora Marta Morth. – Falei assim que cheguei.

— O que aconteceu agora? – Marta perguntou surpresa.

— Aparentemente não pode chamar a professora de querida e dizer que ela está errada. – Revirei os olhos.

— Vou avisar que você está aqui. – Ela revirou os olhos.

Timmy abriu a porta da sala com o olhar mais assustador que eu já havia visto, e olha que por eu já havia visto muitos olhares assustadores.

— O que aconteceu dessa vez? – Ele sentou na cadeira giratória.

— Eu acabei de saber que a minha mãe terminou com o Daddy Bear, eu gostava do cara. – Eu sou muito mentiroso, deus tenha piedade. – Então eu acabei sendo grosseiro e hostil com a professora.

O diretor respirou fundo umas duas vezes antes de decidir falar qualquer coisa.

— Alec, hoje é o seu primeiro dia e você já esteve aqui duas vezes. – Ele parecia estar mais calmo. – A maioria dos alunos não vem aqui nenhuma vez. Eu entendo que você tentou defender um colega e que está triste pelo termino de namoro com a sua mãe, mas isso não pode continuar acontecendo.

— Vai ligar para os meus pais? Vou levar detenção?

— Como é a sua segunda vez aqui eu tenho que ligar para alguém. – Ele disse. – Mas eu vou ser bonzinho e deixar você escolher para quem eu devo ligar.

— Alina.

— Quer mesmo que eu ligue para a sua madrasta? – Ele perguntou confuso.

— Meu pai está trabalhando, minha mãe está abalada e o Peter deve estar na faculdade. – Dei de ombros.

Conhecendo a minha mãe como eu conheço, ela não estava nenhum pouco abalada, provavelmente estava conversando com alguma das amigas para sair para uma noitada e descolar sexo. Peter já havia saído da faculdade.

Alina e eu tínhamos um trato. Ela sempre me cobria com assuntos da escola e eu não contaria para o meu pai que ela tinha um pequeno caso com o motorista dele. Além de tudo, Alina era o tipo de loira burra e peituda que acha que ainda é jovem, então é só falar algo como “nós somos jovens e fazemos merdas, você sabe como é” e ela entra no jogo.

— Posso ir ao banheiro? – Perguntei.

— Vá.

De fato, eu queria ir até o banheiro, mas eu também queria saber o que aconteceu com a minha mãe e com o Daddy Bear. Assim que desbloqueei o celular, a mensagem de Peter explicando o que aconteceu surgiu na tela.

 

“Ninguém traiu ninguém, ninguém bateu eu ninguém, eles só decidiram terminar, você conhecia o Daddy Bear, ele não matava nenhuma mosca e não tinha personalidade para uma grande confusão como o papai, então foi só um término”

Eu fui parar na diretoria por conta de um término assim? Não tinha sal, não tinha história e não tinha graça. Particularmente eu gosto de terminar namoros, tem toda a ação, a depressão, todo aquele momento que você fica deitado ouvindo Adele ou planejando uma vingança brilhante. Términos de namoro são maravilhosos.

Eu estava quase na porta do banheiro quando fui literalmente arrastado para outro caminho. A pessoa, que era bem forte por sinal, me puxava pelo capuz do casaco, então eu não conseguia olhar para o meu agressor. Além do constrangimento de ficar me debatendo como se eu estivesse em uma frigideira e ser muito pequeno e não ter força nenhuma contra o cara, eu estava ficando sem ar.

— Desculpe. – Chad falou me empurrando para dentro do armário do zelador.

Eu ia apanhar, eu ia apanhar muito. Na minha outra escola houveram boatos de um cara que obrigou um garoto a beber a água suja de um balde, e aconteceu eu um armário do zelador, bem parecido com esse por sinal. Ok, não foram boatos, esse foi o motivo de eu ter sido convidado a me retirar da escola.

— Você é tão espertinho...

— Eu não acredito que você reduziu um gênio como eu a algo como espertinho. – Já que eu ia apanhar eu ia sair por cima nas ofensas.

— Tão mimado. – Ele sorriu. – Tão... sexy.

Sexy?

Chad me empurrou com força contra uma das paredes, eu mal conseguia me mexer quando os lábios dele tocaram os meus. Não foi um beijo romântico ou fofo, foi um beijo carregado de raiva e fogo. Meus pés não tocavam mais o chão quando nos separamos, posicionei minhas pernas para que elas ficassem ao redor do garoto de maneira confortável para os dois.

Encarei ele por um segundo. O cabelo castanho estava completamente bagunçado e os olhos cor de âmbar eram bastante sedutores. Puxei ele para mais um beijo, esse foi ainda mais quente. Chad fazia questão de explorar a minha boca por inteiro, ele beijava muito bem para um idiota.

— Eu tenho que voltar. – Sussurrei.

— Não. – Ele disse ofegante. – Você é tão bom.

Gargalhei.

— Você acha que vai me dar ordens? – Ergui a sobrancelha esquerda. – Tá pra nascer homem que vai mandar em mim. Agora me dá licença que eu tenho que voltar.

Me soltei com alguma dificuldade, antes que eu abrisse a porta ele segurou o meu braço.

— Isso vai acontecer outra vez? – Ele perguntou. – Ou algo mais?

— Você tem duas mãos, use elas. – Sorri.

Eu mal havia chego na Demanch e três caras já comiam na minha mão. Eu estava ficando melhor. Mamãe ficaria orgulhosa.


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