O amor é cego escrita por British


Capítulo 65
Primeira aula


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Era um dia de sol. O céu estava azul e a grama parecia mais verde do que nunca. Aos poucos os alunos de Yale foram chegando e formando uma grande roda. No centro havia um tablado de madeira, um palco improvisado para que a primeira aula fosse dada. O professor chamava os alunos aos gritos “Venham! É por aqui o caminho” e eles o seguiam cada vez mais até haver gente suficiente para montar uma peça.

Sakura estava no meio de todos eles, segurava um livro de Shakespeare nos braços e procurava na multidão Sai. Ele havia ficado estranho depois do sumiço e ela não entendia porque. A rosada procurou tanto que num momento encontrou Sai com uma filmadora gravando tudo que estava acontecendo, provavelmente para fazer uma pintura detalhista mais tarde. Então o professor chamou mais uma vez a atenção dos jovens, só que agora para seu discurso entusiasmado sobre arte.

— Caros alunos, creio que o motivo de estarem aqui seja o mesmo que o meu. Quem aí gosta de arte? – Falou sorrindo e recebeu como resposta todos os braços dos presentes levantados como sinal positivo e continuou – Meu amor pela arte começou ainda muito cedo, quando ainda era criança... Aos dez anos dei vida ao meu primeiro personagem: Fui Romeu na peça da escola. E a partir daquele momento percebi o que queria fazer para sempre. Alguns anos depois estrelei alguns musicais na minha cidade e continuei a estudar teatro tanto que entrei para essa Universidade, depois de formado pertenci a algumas academias de teatro e entrei em cena mais vezes, ganhando experiência. E fiz minha pós-graduação em Julliard. Agora estou apto para construir minha própria academia de teatro e vocês serão meus primeiros aprendizes. – Ao terminar de falar vários estudantes que já admiravam Suigetsu por sua carreira como ator e produtor o aplaudiram.

— Desculpem, eu nem me apresentei direito. Talvez alguns de vocês não saibam quem eu sou. Meu nome é Suigetsu e serei o professor de vocês nos próximos seis meses. Espero que me aguentem! – riu e prosseguiu – Agora vou escolher dois de vocês para lerem um poema para seus colegas. Você menino pálido! – apontou e Sai de repente desligou a filmadora. 
— Eu? – respondeu surpreso e todos olharam para ele
— Você mesmo. Sabe recitar? – questionou
— Sei – falou meio desconfiado. 
— Então, recite-me isto – entregou uma folha ao garoto. 
— Vinicius de Moraes.
Soneto da fidelidade – respirou fundo, olhou para as pessoas e viu Sakura num canto, então começou a recitar sem nem olhar para o papel como se soubesse aquele poema desde sempre
— "De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure"
.

Sai encerrou a declamação, recebendo aplausos e um elogio do professor.

— Parabéns, você é ótimo! – disse Suigetsu
— Obrigado! – disse Sai voltando ao seu lugar

E agora, alguma menina se dispõe a recitar? – perguntou e ouviu como resposta vários “Eu” e então friamente apontou para Sakura – Que tal a menina de cabelo rosa?
— Tudo bem. – Sakura respondeu nervosa. Por que logo ela? Mas foi.
— Recita tão bem como o garoto?
— Não sei. 
— Leia para nós. Deve ser boa, afinal gosta de ler. – Disse Suigetsu reparando no livro que Sakura tinha entre as mãos e onde apoiava a folha que ele o havia entregado.
— Fernando Pessoa.
Cartas de Amor
"Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. 
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, ridículas. 
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser ridículas. 
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são ridículas. 
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor ridículas. 
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são ridículas"
. – Sakura terminou, entregou o papel de volta a Suigetsu e recebeu aplausos, porém modestos. Ela não tinha toda a dicção, talento ou emoção ao recitar. As palavras não pareciam criar vida em sua boca como era com Sai.
— Foi bem, mas ainda precisa se desenvolver. – Disse e Sakura voltou ao seu lugar – Quem é o próximo? – Perguntou Suigetsu 

[...]

Num outro momento da aula, depois de vários alunos declamarem poemas, Suigetsu propôs que eles fizessem uma pequena peça. Logo ouviu sugestões de clássicos da literatura, mas não era isso que ele queria.


— São ótimas ideias e, com certeza ,pretendo aproveitá-las em algum momento, mas estamos apenas no inicio de uma longa jornada. Quem sabe no final do curso encenemos algo grande, mas que tal começar com algo simples? – Suigetsu perguntou e houve um burburinho de comentários sobre a ideia e então ele prosseguiu, sendo mais claro – Seriados estão na moda, não? Eu tenho um do qual gosto muito. Alguém aqui já assistiu gossip girl? – Perguntou novamente e comentários se dividiram, uns diziam que era bom outros que não prestava, Suigetsu então os calou dando a sua opinião – Eu sei que nem todos gostam. É normal. Mas eu acho que a série tem diálogos bons para serem encenados, então depois do almoço farei testes com todos e na semana que vem uma lista será colocada no mural de Yale com o nome de vocês e os respectivos papéis. Até mais! – completou e se retirou. Os alunos teriam uma hora para almoçarem e voltarem ao tablado para mais testes.

[...]

— Gostou da aula? – Sakura perguntou assim que conseguiu chegar perto de Sai que já havia voltado a filmar.
— Gostei. Ele parece ser um bom professor. Bem dinâmico. – respondeu sem tirar os olhos do visor da filmadora
— E você vai fazer o teste para a peça?
— Vou e você?
— Também, acho que vai ser bom para minha maturação pessoal e como artista.
— Eu não tenho dúvida que você vai se tornar uma grande artista plástica e quem sabe até atriz – Sai sorriu, finalmente, e virou a câmera para filmar Sakura.
— Não exagere – Sakura tampou com a mão a lente da filmadora e Sai então a desligou.
— Bem, então vamos almoçar? – perguntou
— Claro – Sakura disse e sorriu
— Vem, vamos nos encontrar com Tenten para o almoço.

[...]

 

Durante a tarde até o anoitecer aconteceram os testes individuais para saber quem ficaria com qual papel. O teste que Suigetsu impôs a todos era simples. Ele queria que cada um contasse uma fofoca para a gossip girl. E a partir da analise que ele faria os diálogos e os personagens seriam escolhidos. Durante cada apresentação Suigetsu anotava na ficha do aluno suas características, sua opinião sobre o improviso e uma nota que o guiaria para a escolha.
— Até semana que vem! Encontramos-nos aqui assim que os resultados saírem para duros ensaios. – Suigetsu então se despediu de seus alunos e se recolheu.


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