Thinking Out Loud escrita por Grace


Capítulo 3
Levels


Notas iniciais do capítulo

Olá queridxs! Muito obrigada pelos comentários no último capítulo e espero que gostem desse ♥
Beijos e boa leitura a todos! <4 ♥
Continuem comentando!!!



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"Let them go, all the one's tryna get in the door, I'mma go where they all couldn't go. Up a floor, up a floor, up a floor, oh"

Nós decidimos tentar dar um jeito na sala, que ainda estava uma bagunça. O beijo dele ainda estava gravado em mim, me fazendo suspirar só de lembrar. O toque das mãos dele ainda estavam gravados na minha pele.

Ia ser engraçado nós dois tentando arrumar essa bagunça. Nós saímos do sofá e fazemos de tudo para desviar dos cacos de vidro. Ele pega o pote de Nutella, o pacote de bolacha e o pão e os leva para a cozinha. Eu pego a garrafa que está jogada em cima do tapete e depois tento pegar os vários cacos de vidro espalhados.

Quase uma hora depois nós terminamos de organizar. A maioria das coisas foi para o lixo - objetos, mesa e taças quebradas. O quadro já estava de volta na parede e o tapete manchado de bebida enrolado num canto. Recolhemos as roupas e sapatos que estavam jogados ao longo da escada. A sala estava aceitavelmente arrumada.

— Nós formamos uma boa dupla — Ele diz, olhando em volta — O lugar até que ficou organizado — Eu concordo com a cabeça — Ninguém diria que um furacão passou por aqui de madrugada. Harvey e Mike arrasaram mais uma vez — Ele diz, me fazendo rir. Nós fazemos um High Five desajeitado, mas engraçado.

— Dois furações — Eu digo, rindo — Bêbados, ainda por cima — Faço uma pequena pausa — E aliás, eu amo essa série.

— Eu sou o Harvey, você o Mike memória fotográfica  — Ele diz, arrumando uma mecha do meu cabelo e se aproximando de mim. Ele olha profundamente nos meus olhos e depois fala com os lábios bem próximos ao meu ouvido — E aliás, essa foi uma das melhores noites da minha vida.

Meu corpo se arrepia todo e eu sinto minhas pernas se enfraquecerem. Respiro fundo, me aproximo mais dele e colo meus lábios em seu ouvido.

— Foi sensacional — Eu digo, sentindo as mãos dele na minha bunda — Também foi uma das melhores noites da minha vida.

O clima começa a esquentar novamente. Nós nos beijamos ardentemente e as mãos bobas rolam soltas. Agora eu tinha certeza absoluta que ele acabava com todo o pouco juízo que eu tinha. Ele me prensa entre a parede e o corpo dele e nós nos beijamos ferozmente. Tudo que eu conseguia pensar era que eu o queria de novo. Eu o queria muito. Ele beija o meu pescoço e eu agarro sua nuca, o trazendo para mais perto ainda. A camisa que ele havia me emprestado estava praticamente desabotoada quando a campainha toca.

Nós nos encaramos, respiramos fundo e seguramos o riso. A campainha toca novamente, fazendo Quatro suspirar e gritar um “já vai” que me pareceu meio irritado. Poderia ter sido pior. Poderia ter sido os pais dele chegando mais cedo de viagem e sendo recebidos pelo filho, seminu, agarrando alguém no meio da sala.

Ele ainda estava apenas de cueca. Nós dois subimos as escadas as pressas. Ele pega uma calça e veste, voltando a descer as escadas. Eu abotoo a camisa novamente e deixo a porta do quarto dele entreaberta. Ouço ele abrindo a porta da frente em seguida.

— Nossa moleque, finalmente abriu a porra dessa porta — Essa era a voz de Zeke, eu tinha certeza. Por ser amiga de Uriah desde pequena, eu tinha crescido ouvindo essa voz — Você tava dormindo, por acaso?

— Olha bem para esses olhos despertos e essa bochecha corada e me fala se ele estava dormindo, Zeke — Uma outra voz diz. Essa era Shauna. Eu também era amiga de Lynn desde criança e também tinha crescido escutando a voz da irmã dela. Eu mordo o canto da boca — Ele provavelmente estava assistindo pornô — O som de várias risadas se espalham pela casa.

— Eu tava fazendo flexão — Quatro diz e eu posso imaginá-lo dando de ombros.

— E custava abrir a porta mais rápido? — Uma outra voz pergunta. Outra voz que eu reconheço. Era Cara, irmã de Will. Começo a me questionar porque meus amigos tinham que ser irmãos de quase todos os amigos de Quatro. Amah e Lauren também deviam estar ali, já que os outros estavam.

— Eu gosto de fazer flexão pelado — Ele responde e eu seguro o riso. Alguém da uma gargalhada — Mas e aí, o que tá pegando? — Ele acrescenta.

— Nós te ligamos várias vezes e você não atendeu — Uma voz de homem fala. Provavelmente Amah — Viemos ver se você está vivo e… QUE PORRA QUE ACONTECEU NESSA SALA? — Ele pergunta, alterando o tom da voz. Eles provavelmente vinham aqui o bastante pra saber que estava faltando uma mesa, um tapete e vários objetos.

— Vamos dizer que eu estava meio bêbado ontem a noite, esbarrei e quebrei algumas coisas — Quatro responde tranquilamente.

— Você devia estar muito bêbado mesmo — Amah fala — Como você conseguiu não ver a porra de uma mesa?

— Eu não estava muito bêbado quando cheguei, mas decidi beber mais um pouco e acabei bebendo mais do que devia — A voz de Quatro volta a chegar em meus ouvidos. Ele tinha sido bem esperto e bem criativo ao inventar uma história — Sei que acordei com uma ressaca da porra e uma bagunça tremenda pela casa.

— Aliás, não vimos quando você foi embora — Lauren diz e eu agradeço por ninguém tê-lo visto saindo comigo. Eu não precisava dos amigos dele tirando sarro de mim por ter dormido com ele. E eu conhecia Zeke. Ele nunca se esqueceria disso e faria questão que ninguém se esquecesse também.

— Fui embora cedo. Aquela música estava me dando dor de cabeça — Ele diz. Eu começo a pensar em uma desculpa decente para dar para meus amigos, mas seria difícil. Christina e Lynn tinham me visto ir atrás de Quatro e eu tinha sumido logo depois. E não tinha atendido as chamadas deles, não estava em casa e tinha uma aposta pra pagar.

— Meu irmão e os amigos dele estão chegando aí — Zeke diz e eu fecho os olhos, resmungando com todas as divindades possíveis — E estão trazendo pizza. Ou vão pedir pizza. Alguma coisa assim. Não prestei muita atenção — Ele faz uma pausa — Nós todos estávamos lá em casa, mas minha mãe chegou, disse que ia ter visitas e nos expulsou de lá.

— E você ofereceu a minha casa — Quatro diz categoricamente.

— Bem, seus pais são os únicos que não estão na cidade e nós todos estamos com fome — Shauna rebate. Alguém fala alguma coisa que eu não escuto e começa a subir as escadas. Me afasto da porta, mas é Quatro quem passa por ela segundos depois.

— Ferrou — Eu sussurro, rindo. Como se não bastasse os amigos dele, os meus tinham que vir também?

— Calma, vamos resolver isso — Ele diz — Você liga para os seus amigos, pergunta se a pizza tá de pé e tal e quando eles te disserem que vai ser aqui, você confirma que vai vir  — Ele faz uma pequena pausa — Espera um pouco depois que eles chegarem e toca a campainha.

— Problema um, eu não tenho roupa nenhuma aqui e nunca na minha vida que eu vou usar a mesma roupa que estava ontem. Meus amigos vão sacar na hora que eu aprontei alguma coisa, vão fazer algum comentário perto dos seus amigos e eu conheço Zeke e Amah. Eles vão me pressionar até eu contar alguma coisa e depois me zoar pro resto da vida— Eu digo, fazendo ele rir — Problema dois estamos no segundo andar e seus amigos estão entre eu e a porta.

— Minha mãe deve ter alguma coisa que te serve. Ou alguma coisa que pelo menos não fique tão grande assim — Ele diz, e me puxa pela mão para fora do quarto dele, me levando até um outro quarto — Ela ama as roupas que a sua mãe desenha, então você vai se sentir em casa.

— Você deve ser louco — Eu digo, rindo e observando o quarto de Evelyn e Marcus Eaton. Era sofisticado como o resto da casa — Seus amigos vão vir te procurar agora mesmo.

— Eu disse que ia tomar banho — Ele sorri — Falei pra eles irem bebendo alguma coisa e esperarem o resto da galera.

— Ótimo — Eu digo — Vou ligar para eles e perguntar se a pizza está de pé — A nossa sorte era que eu tinha trazido a minha bolsa para cima quando havia pego minhas roupas na escada. Abro as portas que ele me indica e me ponho a procurar alguma coisa no armário de Evelyn Eaton.

Faço a ligação e escuto um sermão de Christina, antes que ela me conte que aconteceu uma mudança nos planos e que agora a pizza vai ser na casa de Quatro. Eu peço o endereço, digo que estou indo pra lá e desligo o telefone.

Acho um shorts jeans que ficariam aceitáveis com um cinto prendendo-os. Jeans sempre era uma peça coringa que dava para improvisar. Pego uma camisa branca e resgato meu sutiã. Dobro as mangas da camisa, prendo o cinto e coloco minhas sandálias de salto alto, já que os sapatos de Evelyn eram de número maior que o meu e não dariam para disfarçar, como as roupas.

Quatro dá um sorriso e faz um joia com o polegar. Eu pego a minha bolsa e guardo meu celular. Ele abre a porta da sacada e nós vamos até lá. Eu não tinha medo de altura, mas pular me parecia suicídio. Quatro volta ao quarto e mexe em algumas gavetas. Ouço a campainha tocar, provavelmente anunciando a chegada de todos os meus amigos. Quatro volta para a sacada terminando de amarrar um lençol no outro.

— Quatro — Eu digo em voz baixa — Isso me parece suicídio.

— Relaxa, pequena — Ele diz, e me manda segurar o lençol com firmeza — Eu não vou te deixar cair.

Talvez eu tenha instintos suicidas ou qualquer coisa assim, mas eu confiei nele e passei para o outro lado da sacada, agarrando o lençol como se minha vida dependesse disso. Talvez dependesse mesmo. Ele me instrui a ir apoiando meus pés na parede, como se estivesse escalando.

Um tempinho depois eu estou no chão, do lado de fora da casa. Quatro me manda um beijo e puxa a corda de lençol. Minhas mãos estão doendo pela força que eu exerci segurando o lençol.

Respiro fundo e dou a volta na casa, passando pelo lado de fora da garagem e indo para a porta de entrada, agradecendo ao modelo americano de vida, que não exige muros e portões. O carro de Quatro continuava estacionado desleixadamente em cima do gramado.

Toco a campainha e a porta se abre segundo depois. Sou recebida por um Zeke sorridente. Vejo Quatro descendo as escadas, já vestido com outra roupa.

— Tris, graças a Deus — Christina diz, me dando um abraço que quase me derruba — Se bem que eu pensei que… Não importa. Eu te liguei trezentas vezes. Achei que você tinha morrido ou algo assim.

Graças a Christina, todos estavam olhando pra mim. Eu penso no que falar, mas antes que eu possa explicar, Uriah explica para o irmão e os amigos dele que eu havia sumido na balada ontem e não dava sinal de vida.

— Eu dei um PT colossal — Eu digo, dando de ombros — Peguei um táxi pra ir embora quando comecei a realmente me sentir desconexa. Vomitei no carro do cara. Ele não ficou muito feliz, eu acho, mas me levou até o hospital e me largou lá.

— Eu disse que você devia ter parado de beber — Al diz, com um ar de superioridade. Eu reviro os olhos.

— Primeiro PT de volta às aulas, Albert — Eu dou um sorriso — É algo pra comemorar — Faço uma pausa — Fiquei no hospital tomando soro. Eu estava me sentindo meio chapada até agora mesmo. Cheguei em casa e Caleb me disse que vocês tinham ligado — Eu digo, sorrindo — O que importa é que eu estou bem viva e pronta pra outra.

— É de gente assim que eu gosto — Zeke diz, me entregando um copo de uísque — Um brinde ao melhor jeito de curar uma ressaca — Ele diz, completando com — Bebendo de novo!

— Te vi ontem, na hora que eu estava indo embora — Quatro diz pra mim, confirmando minha história — Você discutia violentamente com o barman, que não queria te deixar beber mais. Eu devia ter te levado embora — Ele diz, como se estivesse arrependido.

— Você ia ganhar uma bêbada vomitando no seu carro — Eu digo rindo — Você deu sorte — Ele dá uma risada.

— Eu to com fome — Marlene resmunga e Uriah diz que vai ligar para a pizzaria. Eu me jogo no sofá, apreciando a bebida e lembrando de Quatro só de cueca deitado em cima de mim e beijando meu pescoço. Christina senta ao meu lado.

— Eu achei que você estava com Quatro — Ela sussurra — Você sumiu depois de ir falar com ele e…

— Eu nem lembro de ter ido falar com ele — Eu digo em voz baixa — Não foi dessa vez, Chris. Quem sabe na próxima eu não fico muito bêbada né?

— É, quem sabe — Ela diz. As coisas entre eu e Quatro tinham ficado muito íntimas para eu sair espalhando para os meus amigos. Era melhor esperar eles esquecerem o desafio e não saberem do que tinha acontecido. E eu não queria que Quatro soubesse que tudo tinha começado com um desafio, muito menos que ele perdesse a confiança que eu tinha conquistado com ele, pensando que eu havia contado para os meus amigos que eu havia dormido com ele.

A noite segue tranquila, com todo mundo comendo e jogando conversa fora. Eu dava algumas olhadas para Quatro, mas disfarçava o melhor que podia. Eu já tinha parado com o álcool, já que amanhã tinha aula e eu tinha que, no mínimo, conseguir levantar da cama para ir para a escola.

Decidimos ir embora quando vemos que é mais de meia noite. Me despeço normalmente de Quatro, desejando sentir sua boca na minha novamente. Infelizmente, isso não seria possível sem estragar nossa farsa. Pego uma carona com Christina, que não fala nada, mas ainda me parece bem desconfiada.


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Notas finais do capítulo

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