Thinking Out Loud escrita por Grace


Capítulo 18
Stay


Notas iniciais do capítulo

Olá amores! Perdão pela imensa demora. Minha vida tá meio bagunçada, mas espero que gostem do capítulo! Beijos ♥



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"Cause you're not the only one, who's ever felt this way.
Don't let the world get in, just tell me that you'll stay"

— Tris —  Quatro chama. Eu estava sentada na entrada da barraca que eu dividia com Christina, passando repelente de insetos — O que você acha de a gente ir dar uma volta? — Eu o observo atentamente e ele se aproxima de mim, tocando meu ombro e em seguida a minha nuca, fazendo com que eu me arrepiasse toda, como sempre acontecia — Só nós dois.

— Pode ser — Eu digo, fingindo não estar muito interessada. Era parte do meu charme fingir que ele não mexia comigo de uma maneira estrondosamente forte. Não adiantava muita coisa, porque ele tinha total consciência do impacto que causava — Não estou fazendo nada mesmo —  Ele abre um sorriso e me estende a mão. Eu a seguro, relutante.

A maioria das pessoas estava no água, se divertindo e nadando. Os outros estavam brincando com uma bola, na beirada do rio. Quatro passa perto dos jogadores e avisa que nós íamos dar uma volta. Ele pega uma camiseta dentro da barraca que estava dividindo com Zeke e a prende no shorts, continuando com seu abdômen perfeito a mostra. Nós saímos andando de mãos dadas para o meio das árvores que cercavam o rio.

— Não sei o que eu tô fazendo aqui —  Eu digo, resmungando e espantando alguma coisa que voava perto de mim —  Odeio mato, odeio mosquitos, odeio não ter sinal, nem internet, nem asfalto.

— Você tem a mim  — Ele diz, parando de andar e me trazendo para mais perto dele. Os lábios dele tocam os meus levemente.

— A única coisa que faz esse passeio valer a pena  — Eu digo, sorrindo pra ele e o beijando em seguida, intensamente.

Eu e o pessoal havíamos vindo passar o feriado prolongado acampando em uma mata na entrada de Chicago. Uriah e Zeke haviam dito que costumavam vir aqui as vezes nas férias e que era um lugar agradável. Nós estávamos acampando na beira de um rio cercados por uma mata densa. O objetivo era se divertir, beber, curtir os amigos e a paisagem.

— Seria mais interessante se nós estivéssemos dividindo a mesma barraca  — Ele diz, mordendo a minha orelha  — Mas eu me contento em escapar com você pro meio das árvores.

— Eu te avisei que não vai rolar nada mais do que beijos e amassos  — Eu digo, fazendo-o rir e beijar meu pescoço em seguida.

— Insetos e bichos  — Ele fala  — Tô ligado, pequena. Eu disse que estava ótimo pra mim se eu pudesse só roubar uns beijos seus de vez em quando. Por mim, a gente podia ficar na frente do pessoal mesmo  — Ele fala, dando de ombros e nós recomeçamos a andar  — Todo mundo já sabe que nós vivemos nos pegando pelos cantos.

— Quando a gente voltar então a gente assume pra todo mundo que vivemos dando uns amassos — Eu concordo, sabendo que ele tinha razão. Todo mundo sabia que nós eramos um casal sem ser realmente um casal. Nós tentávamos disfarçar nas festas e no dia a dia, mas não eramos muito bons nisso. A atração sempre falava bem mais alto do que a razão — Vai ser bom passar um tempo com você sem precisar fingir pra ninguém. Sem precisar fugir só pra te dar uns beijos.

— Isso nos faz ser um casal? — Ele pergunta se referindo ao fato de a gente começar a ficar junto na frente de todo mundo, abertamente. Nós tínhamos ficado na frente da galera algumas vezes só, em algumas festas, quando o teor de álcool no sangue estava mais alto do que a capacidade de tentar esconder alguma coisa.

— Só se a gente quiser — Eu respondo — Sei lá.

— Você quer que a gente seja um casal, pequena? — Ele pergunta, parando de andar e me encarando. Algo nos olhos dele me diz que ele está falando sério. Eu o encaro em silêncio por alguns segundos. Ele realmente estava perguntando isso?

— Você está me... — Eu começo a perguntar, sem saber como proceder. Ele da um sorriso fofo pra mim e me abraça.

— Eu estou te pedindo em namoro — Ele diz, dando um sorriso tímido — Mas só se a sua resposta for sim — Ele continua — Senão, pode ignorar que eu disse isso e a gente continua tudo como está — Ele dá um sorriso. Eu olho nos olhos dele.

— A minha resposta é sim. É claro que é sim — Eu digo, arrancando um sorriso maior ainda dele — Eu quero namorar com você. Quero que a gente seja um casal.

Ele me beija e depois me abraça, apertando forte. Eu retribuo o abraço, me encaixando nos braços dele e me sentindo a pessoa mais sortuda do mundo. Essa viagem estava começando a ficar maravilhosa.

Nós continuamos nosso caminho entre as árvores e Quatro tem que me segurar algumas vezes, já que eu tropeço sem parar em pedras, raízes de árvore ou qualquer outra coisa. Ele me diz que eu sou desastrada de um jeito muito fofo.

Nós estávamos próximos de um rochedo grande, nos beijando, quando pingos de chuva começam a cair sobre nós. Estava chovendo bem forte e o vento estava começando a ficar gelado. Quatro me puxa pela mão, procurando algum lugar que seja um pouco mais coberto para a gente se esconder. Quando achamos um rochedo que fazia uma espécie de cobertura, meu cabelo e minhas roupas já estavam bem molhados.

Quatro enxuga o rosto com a camisa dele que antes estava pendurada no cós do shorts e logo em seguida ele enxuga o meu rosto, delicadamente. Nós nos sentamos, nos encolhendo debaixo da rocha e ele me abraça. Eu me aconchego a ele, me sentindo uma pessoa extremamente sortuda. Nós ficamos lá por um bom tempo, até a chuva parar. Eu ainda estava encharcada, mas não ia reclamar, já que eu estava nos braços da pessoa mais incrível que eu conhecia.

— Acho melhor a gente começar a voltar — Ele diz, me dando um beijo na testa — Já deve estar tarde e não vai ser fácil fazer o caminho de volta no escuro. Sem contar que sempre tem o risco de encontrarmos animais noturnos.

— Animais noturnos — Eu repito, me levantando — Ótimo. Era tudo que eu queria encontrar, realmente.

Ele ri e também se levanta. A lama que a chuva havia formado grudava no meu tênis, fazendo a caminhada ainda mais difícil e escorregadia. Nós damos andamos por alguns minutos, até que Quatro para.

— Tris — Ele chama, segurando a minha mão — Eu não tenho certeza se a gente está no caminho certo. Parece tudo muito igual, mas eu estou com a impressão que estamos indo para outro lado.

— Vamos achar o rochedo novamente — Eu sugiro. Eu tentava lembrar qual o caminho correto, mas pra mim parecia tudo a mesma coisa, me confundindo bastante — Talvez fique mais fácil da gente lembrar de onde é que viemos.

Ele concorda com a cabeça e nós voltamos a andar. Eu prendo os meus cabelos molhados num coque mal feito. Eu não tinha a mínima noção de lados. Pra mim, tudo era igual: árvores, folhas no chão e poças d’água.

— Você quer a minha blusa que está mais seca? — Ele pergunta, me encarando com seus olhos perfeitos — Você está muito molhada, anjo.

— Não precisa — Eu digo, dando um sorriso — Mas obrigada.

— Não há de que, pequena — Ele responde, voltando a me dar a mão e a andar.

Alguns passos depois eu noto um movimento a nossa frente.

— Amor —  eu chamo, em voz baixa, apontando com a cabeça para onde eu tinha visto alguma coisa. Eu seguro o braço dele com a minha mão que está livre. Ele para de andar e coloca seu corpo na minha frente. Eu olho para as pessoas que tinham acabado de surgir na nossa frente. Mais especificamente para as armas que elas carregavam.

— Ora, ora, ora —  O cara que estava no centro do grupo falou, dando um passo a frente. Ele era feio, cheio de piercings pelo rosto. Eu e Quatro damos um passo para trás — E não é que encontramos uma surpresinha por aqui hoje? —  Ele faz uma pausa, dando um sorriso — O que vocês fazem no meio do nada, crianças? — O cara não parece ser tão mais velho do que nós.

— Nós nos perdemos — Quatro diz, me puxando para seus braços fortes — Estamos acampando com uns amigos, fomos dar uma volta, a chuva acabou nos surpreendendo e nós perdemos o caminho de volta — Quando ele fala, sua voz soa totalmente segura e ele não parece estar com medo.

O cara continua nos encarando. Os companheiros dele destravaram as armas. Se não fosse Quatro me segurando com firmeza, eu com certeza tinha saído correndo, desesperada. Eu não sabia como ele estava tão calmo.

— Calma, rapazes — O chefe do bando diz, fazendo um sinal para os outros dois abaixarem as armas — Tenho certeza que o casal aqui não vai causar problemas — Ele faz uma pausa, se aproximando de nós. Eu abraço Quatro mais forte ainda e escondo meu rosto em seu peito — Nos acompanhe, por favor — Ele acrescenta e eu sei que, infelizmente, isso não é um pedido, mas sim uma ordem — Peter, Drew, fiquem de olho nos convidados — Ele acrescenta para os outros dois, que começam a andar atrás de nós.

Eles nos levaram para uma cabana mais no meio do nada do que eu achei que fosse possível. Eu tremia da cabeça aos pés, de medo e de frio. Meu cabelo e minhas roupas molhadas não estavam ajudando em nada. Quatro me mantinha próxima a ele e parecia muito atento a tudo que acontecia ao nosso redor. Eu tinha certeza que, como eu, ele também tentava achar uma maneira de escapar. O que não era fácil quando se tinha revólveres apontado para você.

Eles nos levam até uma casa baixa e nos empurram para dentro. Um outro cara estava lá. Provavelmente o chefe.

— Max, meu querido, nós temos visitas — O feioso dos piercings diz, narrando o acontecido em seguida. O chefe me olha de cima a baixo e dá um sorriso sinistro, fazendo Quatro assumir uma posição defensiva. Ele ordena Eric - o cara cheio de piercings - que nós fossemos jogados na cabana. Eu não sabia onde era essa cabana, mas o pressentimento não era bom.

O tal Max ainda acrescenta para os outros que, caso nós estivéssemos falando a verdade sobre o acampamento com os amigos, provavelmente alguém sentiria a nossa falta e, caso a polícia aparecesse antes que eles pudessem sair daqui, nós seríamos a barganha de troca.

Eu tinha a impressão que se eles saíssem daqui antes de a polícia chegar, nós não seríamos soltos e sim mortos. Assassinados. Meu corpo treme todo e eu me seguro firme para não começar a chorar.

Eric aponta a arma para a minha cabeça e nos faz andar até uma pequena cabana, atrás da casa onde estávamos minutos antes. Eles com certeza já tinham notado que Quatro era, fisicamente, o mais perigoso da dupla e que ele não ia fazer nada enquanto eles me ameaçassem.

Não tinha nada dentro da pequena cabana além de um vaso sanitário no canto e um amontoado de coisas inúteis no outro. Eric tranca a porta e eu desabo contra a parede, petrificada de medo. Todas as lágrimas que eu tinha feito esforço pra segurar caem pelo meu rosto. Eu tento respirar fundo, mas não consigo. Quatro se senta ao meu lado e me abraça forte.

Nós ainda ouvimos Eric dizer para Peter e Drew que até segunda ordem, não deveria ser trazido nem comida nem água pra nós.

— Pequena, nós vamos sair daqui — Quatro diz, me puxando para seu colo. Eu o abraço e embora eu me senta um pouco melhor por ele estar aqui comigo, as lágrimas continuavam caindo.

— Se a gente sair dessa, eu nunca mais me meto em confusão — Eu digo, arrancando uma risada dele. Eu devia saber que a viagem estava saindo perfeita demais. Alguma coisa sempre tinha que dar errado, como era de praxe.

O local estava escuro e a única fonte de luz era a claridade de alguma coisa, talvez do próprio céu, que passava por alguns buracos no teto. O teto era alto e as paredes lisas, fazendo com que fosse praticamente impossível escapar dali.

Nós ficamos em silêncio por alguns minutos. Nenhum de nós parecia saber o que dizer. Meus pensamentos eram perturbadores demais para serem ditos.

— O que… — Eu começo a falar — O que você acha que eles estão fazendo aqui, no meio do nada? — Eu pergunto.

— Eu chutaria tráfico de drogas — Ele responde, pensativo — Provavelmente os processos químicos e tal. Ou até mesmo a distribuição.

— Se eles tivessem deixado a gente em paz, nós nunca teríamos visto esse lugar — Eu digo — Era só ter fingido que eles também estavam dando uma volta por aí. Não é como se a gente tivesse cara de policial nem nada assim.

Quatro ri de uma maneira agradável, me fazendo sorrir também. Ele dá um beijo no meu rosto e olha pra mim em seguida. Ele conseguia ser a pessoa mais fofa do mundo até quando a gente estava preso em algum lugar no meio do nada.

— Beatrice Prior — Quatro chama — Eu amo você, sabia? — Ele diz, em voz baixa e eu sinto sua respiração calma. Eu dou outro sorriso.

— Tobias Eaton — Eu digo, o chamando pelo nome pela primeira vez — Eu amo você — Eu afirmo e ele me aperta mais ainda. Eu percebo que era verdade. Eu estava verdadeiramente apaixonada por ele. Eu realmente o amava. Era a primeira vez que eu tinha o escutado dizer isso, e era a primeira vez que eu dizia.

— Você devia me chamar de Tobias sempre — Ele diz, me dando um sorriso. Ele provavelmente era a única pessoa que conseguia sorrir e me fazer sorrir em um momento como esse — Fica bonito quando você diz — Ele me beija antes que eu possa responder. Eu sabia que ele estava falando sério porque o conhecia, mas também sabia que ele estava tentando me distrair.

— Pelo menos a data do início do nosso namoro vai ficar marcada como a data que nós fomos sequestrados — Eu digo, dando de ombros — Impossível de esquecer. Você não vai ter desculpa nenhuma pra esquecer essa data.

— Eu nunca vou esquecer essa data — Ele diz, rindo e me apertando contra ele. Eu fico pensando que, mais cedo, nós devíamos ter dado meia volta e voltado pro acampamento, pra contar pra todo mundo que estávamos namorando.

Ficamos jogando conversa fora por um bom tempo. Eu sinto que já estou bem mais calma, embora ainda estivesse morrendo de medo. Eu podia sentir meu cérebro voltando a funcionar mais racionalmente.

Quatro me conta sobre a viagem que fez com os amigos ano passado e em como ele estava incerto sobre o basquete esse ano. Ele me diz que sabe que é um bom jogador, mas que faz tempo que ele não joga sério e que não sabe se quer o peso de uma temporada nas costas dele. Ele é a estrela do time e o principal jogador. Eu digo que ele tem que fazer o que achar melhor, independente de qual seja a escolha dele.

— Acho que eu vou tentar — Ele diz — Vai me ajudar a entrar em Harvard, o que, consequentemente, vai me dar a oportunidade de ficar com a minha namorada durante a faculdade — Ele acrescenta e eu me pego pensando se nós realmente teríamos um futuro ou se sairíamos daqui diretamente para uma cova mal feita — Eu não sou brilhante como você — Ele diz, me fazendo esboçar um sorriso.

— Você é brilhante — Eu digo — Você só não estuda e é muito mais preguiçoso do que qualquer um — Eu dou de ombros. Tobias era o típico aluno que largava tudo para a última hora e acabava se atrasando em tudo.

— Nem todos nós temos uma memória fotográfica — Ele diz e eu encosto a cabeça no ombro dele, tentando esquecer que nós estávamos trancados numa cabana no meio do nada.

— Nem todos nós somos um talento nas quadras esportivas — Eu falo e ele me aperta contra ele — Eu espero que você nunca me veja numa aula de educação física. É patético — Eu digo, arrancando uma risada dele — Minha coordenação motora é um desastre.

Ele beija a minha testa e eu me afundo mais ainda nos braços dele, tentando reprimir um bocejo. Eu estava com sono, mas apavorada demais com a ideia de dormir e acabar sendo assassinada.

— Pequena, acho que a gente devia pelo menos tentar descansar agora —  Ele fala, acariciando meus cabelos e fitando os buracos no telhado. Parecia já ser bem tarde, embora eu não tivesse noção do horário — Amanhã nós pensamos no que fazer.

— Eu tô com medo — Eu digo. Na verdade, eu estava com alguma coisa que ultrapassava o medo. Pavor  — Medo, fome, sede, frio — Eu acrescento.

— Eu sei — Ele diz — Eu também estou. Mas nós temos que manter a calma. A galera vai estranhar a gente não ter voltado e eles vão tomar providências, você vai ver. Nós só temos que nos acalmar e tentar pensar com clareza.

— Até chegar ajuda, pode ser tarde demais — Eu digo, tremendo. Eu não queria ser tão pessimista assim, nem queria deixar toda responsabilidade e estabilidade para Quatro, mas eu estava apavorada.


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Notas finais do capítulo

Prometo que eu não vou demorar tanto mais! Mais uma vez, mil perdões pela demora