Assim que cheguei lá, abri um armário e tirei de lá uma t-shirt branca, e em seguida entreguei-lhe a Harry. O mesmo pegou-a, e após retirou a que estava molhada e jogou-a em um canto qualquer da sala.
  A camisa que eu havia o dado encontrava-se em suas mãos. Eu estava a espera que ele a vestisse, talvez assim eu conseguisse parar olhar para seu corpo. Mas de fato era incrível, seu abdômen repleto de tatuagens desconhecidas por mim, seus braços fortes, deixando visível o seu volume e suas inúmeras voltas e seu 'V' perfeito, quase totalmente a mostra.
  Depois dessa minha observação rápida, desci meu olhar para suas botas completamente envergonhada por estar a praticamente o comer com os olhos. Suas botas amarelas tinham virado o centro da minha atenção, mas apenas por um curto tempo voltei novamente meu olhar a cima. Por mais que eu tentasse fazer com que suas botas me distraíssem, a borda de seus boxers chamavam mais atenção.
  Voltei meu olhar ao Harry assim que o vi dar um passo para frente. Não apenas um passo, mas sim passos suficientes para ficar frente a frente comigo. Sentia sua respiração quente bater contra meu rosto, enquanto seu olhar focava-se em mim, analisando meu rosto à procura de algo que eu desconhecia.
  Em um súbito momento, as mãos de Harry foram para minha cintura, como se quisessem me fazer perder o controle, acariciavam o local de cima a baixo com movimentos leves. Harry ainda não havia vestido sua camisa, e isto fazia com que seu corpo transbordasse calor.
  Ele estava quente. Eu estava quente. Nesse momento ambos emitiam um calor certamente confortável, mas ao mesmo tempo excitante.
—Não vai vestir a camisa? - Perguntei esperando por uma confirmação, caso contrário eu perderia o controle e o resto da noção que eu tinha.
— Não.
  Soltei um suspiro pesado e em seguida, senti lábios macios chocarem contra os meus. Harry apertava mais suas mãos em minha cintura, aplicando mais força contra meu corpo me fazendo cambalear para trás, ainda com meus lábios junto ao dele. Harry sugava meu lábio inferior em um gesto desesperado de retribuição ao beijo, mas eu estava assustada de mais para tal ato. Em um movimento rápido, Harry empurrou-me contra a porta da sala, prendendo-me, me deixando sem oportunidades de fuga. Seus lábios viajaram da minha boca até meu ombro, onde o mesmo fez uma trilha de beijos até parar em meu pescoço, mordiscando a minha pele, sugando-a em seguida de uma maneira delicada e ao mesmo tempo selvagem. Isso deixaria uma marca, com certeza.
   Usando a pouca consciência que tinha, empurrei ligeiramente Harry, fazendo-o dar alguns passos para trás, mas não antes dele comprimir meu lábios com um singelo beijo.
  Harry sorriu de lado e abanou negativamente a cabeça, em um gesto de decepção e aproximou-se de novo, desta vez indo em direção ao meu pescoço deixando leves beijos lá.
—Você não entendeu ainda, não foi? - Harry perguntou com sua voz incrivelmente rouca, ainda tentando puxar o ar que lhe faltava.
— O que eu não... entendi? -Falei entre suspiros.
— Que não pode ficar impune - Fez uma pausa e começou a fazer uma nova trilha de beijos até o lóbulo da minha orelha- Pegou o último disco que eu queria, não quis atender minha mesa, derramou café na minha t-shirt favorita e ainda nem pediu desculpas... Tsc, tsc, tsc isso realmente não é um bom comportamento.
—Você também não pediu-me desculpas por passar a mão na minha coxa - Retruquei, recebendo em troca um forte chupão no lóbulo da orelha.
—Por que eu pediria desculpas se eu posso fazer aquilo? - Harry desceu sua mão direita pela minha cintura e levou-a pela minha bunda até minha coxa - Eu posso fazer isso com você... - Em seguida ele subiu de volta sua mão até meu bunda e apalpou-a. – E isso também.
  Soltei um grito involuntário, o quê fez com que Harry se afastasse. Com um sorriso de lado, ele deu alguns passos para trás e vestiu a t-shirt. Em seguida, abaixou um pouco seu rosto e de forma lenta passou sua mão direita pelo cabelo, o puxando para trás.
— Quanto essa tempestade passar e o café abrir novamente, venho te buscar para sairmos -Harry afirmou enquanto colocava seu casaco. Aproximou-se de mim e deu um leve beijo nos meus lábios, enquanto passava o polegar na minha bochecha -Então até lá, AP.
—Como sabe meu nome? - Perguntei surpresa. Harry tirou um papel do bolso da sua calça e estendeu ele com a mão direita, sorrindo orgulhoso.
—A sua amiguinha que veio atender nossa mesa ao invés de você, me deu seu nome e número - Harry caminhou até mim e abriu a porta do meu lado, mas parou e sussurrou no meu ouvido - Deveria arranjar amigas de confiança. Eu poderia ser um pervertido.
                                                              [«»]
  A tempestade havia sido terrível. Após sair do café, fui direto para casa, onde tive que passar três dias trancada em casa apenas com a luz das velas a iluminar o local.
  Hoje a energia voltou, e em todos os canais passavam notícias envolvendo apenas essa tempestade. Alguns noticiários diziam que já podíamos sair, não era previsto outra tempestade ou algo de risco. Então, logo cedo recebi um telefonema do Ender dizendo que eu teria que trabalhar hoje e, consequentemente, sair com Harry.
  Algumas pessoas diriam que sair com ele seria uma boa opção, mas para mim essa era a pior opção. Eu detestava o efeito que Harry tinha sobre mim e o fato deu não fazer nada a respeito disso. Quando Harry me tocava, eu simplesmente não conseguia reagir, e o meu maior medo era que uma hora ou outra eu iria corresponder seu toque. Eu não queria, não estava nos meus planos ficar com um cara assim. Abandonei tudo e todos só para começar uma nova vida aqui, e me apaixonar por um cara que mal conheço estava fora de questão.
  Harry era o tipo de cara que não fazia meu tipo. Não que eu não sentisse atração por ele, mas eu cresci lendo histórias de romance, e Harry não parece com personagem de uma história desse tipo. Ele me lembra algum personagem de uma história erótica.
"Céus, desculpem os pensamentos pervertidos"
  Uma das funcionarias não havia vindo trabalhar hoje, o que fez com que nosso trabalho fosse redobrado. Provavelmente ela havia desligado o celular para economizar a bateria devido a falta de energia.
  Já passavam das seis horas, meu horário terminava as sete e, se Harry cumprisse o que havia me dito, ele estaria aqui as sete me esperando. Só o pensamento de Harry tocar-me novamente já me trazia alguns arrepios.
  E de repente uma ideia passou-me pela cabeça. Se eu não estivesse aqui, não teria como eu sair com Harry. Era isso! Eu só precisava sair sair cedo.
  A passos rápidos caminhei até o escritório de Ender, perto da sala dos funcionários, e bati na porta. Logo escutei a voz de Ender me dando permissão para entrar.
—Boa noite April -Ender me olhou desconfiado- O que a trás aqui?
—Boa noite -Comecei sem saber ao certo o que falar - Eu gostaria de sair mais cedo hoje.
—Algum motivo Especial?
—Sim, eu ... -Pensa April, pensa! - Eu tenho que visitar meu pai.
—E tem que fazer isso logo agora? -Ender perguntou com uma expressão desconhecida.
—É que a tempestade já acabou e eu gostaria de saber se ele está bem -Bingo! - E eu saio tarde daqui, então eu gostaria de ir logo para poder voltar cedo já que vou de metrô...
—Tudo bem, pode ir - Ender falou e voltou sua atenção para o papel.
—Esta falando sério? -Perguntei surpresa.
—Sim, você cumpre seus horários e não me da trabalho, então tudo bem sair cedo hoje -Ender me explicou com desdém.
—Muito obrigada -Sorri e caminhei até a porta- Até amanhã.
 Ender acenou e logo eu sai da sala. Fui até a sala dos funcionários e peguei minha bolsa, mas quando me virei dei se cara com alguém.