Snape, Meu Malvado Favorito escrita por AFM


Capítulo 2
Lembranças...


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, sejam bem-vindos à mais um capítulo!!!
Espero que apreciem mais este capítulo, fiz com muito carinho, abraços!!!



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—Desculpe, machuquei você? -perguntou a menina de cabelos vermelhos a Snape.

—Não, não machucou. 

—Desculpe de qualquer forma -disse a garota continuando seu caminho.

Não sabia que havia outras crianças por aqui. Sempre venho por esse bosque e nunca a vi. Acho que a teria notado se já tivesse visto antes. 

O pequeno Snape caminhou cuidadosamente na direção que a garota seguiu e logo a encontrou nas proximidades de uma grande árvore.

Ela está chorando? Acho melhor ir lá. Não, seria muito esquisito, eu nem conheço ela. Mas... ela parece estar tão triste...

—Oi -disse Snape se aproximando da ruiva, que logo se encolheu para mais perto do tronco da árvore.

—Oi.

—Você está bem?

—Sim, choro por hábito mesmo -disse enxugando as lágrimas.

—Tá bom então -Snape falou dando as costas para ir embora.

—Não espera -pediu a menina fazendo Severo virar-se novamente.- Desculpe o modo como falei. 

—Não tem problema -disse se aproximando.- Posso? -falou apontando para o lugar no gramado ao lado da garota.

—Claro -disse abrindo um pequeno sorriso.- Me chamo Lily, qual seu nome?

—Severo -disse sorrindo.

—É um nome bem diferente. Você mora por aqui?

—Logo ali -disse apontando para uma casa nas proximidades de uma fábrica.- E você?

—Eu moro subindo a rua, há uns poucos passos daqui.

—Então, por que estava chorando?

—Não é nada demais.

—Tá bom, mas se quiser falar, eu posso ouvir.

—É... é a minha irmã. Ela não para de implicar comigo, fica o tempo todo dizendo que eu sou esquisita.

—Acho melhor então apresentar ela ao meu pai, provavelmente formarão uma ótima dupla, ele também vive dizendo isso de mim -disse Snape ganhando uma doce gargalhada de Lily.- O que você fez pra sua irmã chamar você assim?

—Bom, eu peguei uma sementinha de uma flor e, de repente, ela começou a crescer e...

—E?

—Acho melhor não falar mais sobre isso.

—Por que não?

—Não preciso de mais alguém achando que sou esquisita, melhor ir para casa, já está ficando tarde -disse Lily se levantando.

—Mas... -Snape insistiu, no entanto a garota já tinha ido embora correndo.

Ela fez uma semente se transformar em flor de repente? Nunca fiz isso, mas já aconteceram algumas coisas estranhas do tipo quando eu estava por perto. Deve ser maluquice da minha cabeça, melhor voltar pra casa, já está escurecendo.

Snape caminhou e parou em frente à uma casa rústica. Ao adentrar, percebia-se que era uma residência bastante modesta, porém bem ajeitada.

—Filho, aonde você estava? -perguntou uma mulher de pele bem clara e longos cabelos negros.- Sabe que horas são?

Essa é a minha mãe, Eileen. Ela é a pessoa mais doce no mundo que eu conheço. Sempre preocupada aonde estou ou como estou. Apesar de sua doçura comigo, ela não me parece feliz com a vida.

—Desculpe, perdi a noção do tempo.

—Pois não perca mais, não quero você andando por aí como se fosse um moleque de rua -disse um homem alto, em tom rígido, fisicamente semelhante a Severo.

O nome dele é Tobias, é o meu pai. Sempre rancoroso com tudo e com todos, principalmente comigo sem aparente causa. Ele sempre implica com as minhas roupas, meu cabelo, tudo que possam imaginar.

—O jantar já está na mesa, querido -disse Eileen a Severo.- Venha comer, parece estar com fome.

Os três seguiram para a mesa redonda, a qual continha um recipiente com sopa e do lado um prato com torradas.

—Coma mais, filho -disse Eileen.

—Está muito salgado.

—Você acha é? -disse Tobias.- Então não coma, mau agradecido.

—Não fale assim com ele. Meu amor, coma as torradas então -falou a mulher sorrindo para o filho.

—Tá bom, mãe.

—O que fez hoje? Chegou mais tarde do que costuma, aconteceu algo?

Eu queria falar para a minha mãe que conheci Lily. A vida dela praticamente se resume a limpar a casa e fazer as refeições, qualquer notícia fora da rotina deixa ela bastante contente, mas não queria contar na frente do meu pai, com certeza ele acharia algum motivo para implicar.

—Não aconteceu nada, mãe, apenas adormeci no gramado do bosque e perdi a hora.

—Como se não bastasse você ficar por aí andando sem rumo, ainda dorme no meio da rua? -disse Tobias ríspido.

—Eu não dormi no meio da rua, foi no bosque, lá é calmo e bonito.

—Besteira! Agora você realmente parece um mendigo, dormindo no chão, mau vestido, por que não se muda de uma vez pras ruas?

—Não fale assim com ele -repreendeu Eileen.- Ele só adormeceu no meio de um bosque, não vai virar mendigo por causa disso. Pare de colocar defeitos nele.

—Eu não coloco defeito, ele já nasceu assim, eu apenas ressalto -disse levantando-se da mesa e subindo as escadas.

—Não ligue para o seu pai, querido, ele não sabe o que diz. Coma mais, você já é bem pequeno para sua idade. Falando em idade, próxima semana é o seu aniversário, o que você vai querer?

Eu adorava a doçura e esperança dela. O que eu vou querer? Como se tivesse muitas opções do que ganhar. É certo que nunca passei fome, mas nossas condições não permitiam uma grande festa de aniversário que toda criança sonha em ter. E, além de dinheiro, uma festa necessita de convidados. Eu nunca tive amigos, meu pai não tem parentes vivos e mamãe nunca fala sobre sua família, então basicamente, somos só nós três no meu aniversário.

—Não precisa fazer nada, mãe.

—Mas é claro que preciso. É o seu aniversário, não posso deixá-lo passar em branco. Agora, vá deitar, você precisa descansar um pouco -disse dando um beijo na testa do filho.

—Só mais uma coisa...

—Sim? -disse a mulher retirando os pratos da mesa.

—Algumas vezes, coisas esquisitas acontecem quando estou por perto, a senhora não acha estranho?

—É só coincidência, querido.

—Mas...

—Já disse que não é nada demais -falou a mulher engrossando a voz.- Agora suba e vá dormir!

—Tá bom.

Por que de repente ela ficou assim? Ela nunca gritou comigo antes, isso é tarefa de papai. De qualquer forma, não vou mais falar nesse assunto perto dela.

Snape deitou-se e sua pequena cama e adormeceu, acordando apenas no dia seguinte quando a luz do sol bateu em seu rosto.

Será que Lily estará hoje no bosque? Ainda estou de férias da escola e não tenho nada para fazer, acho que vou dar uma passada e ver se ela está por lá. Hum... eu não sei, papai vai ficar bravo se descobrir que fui, mas ele não precisa saber, volto antes dele chegar do trabalho.

Severo desceu do quarto, devagar para que ninguém o notasse, e à passos silenciosos saiu de casa. Caminhou até o lugar onde vira Lily pela última vez.

Ela não está aqui. Não sei porque estou decepcionado, a vi uma vez na vida por apenas alguns poucos minutos. É melhor voltar para casa.

—Mal chegou, já vai embora? -disse uma conhecida voz atrás de Snape.

—Lily?

—Oi -disse a garota sorrindo.- Vem sentar aqui comigo.

—Tá bom -disse Snape feliz.- Sua irmã implicou com você de novo, por isso está aqui?

—É, mas não só por isso, gostei desse lugar, é muito bonito -Lily disse deitando-se na grama.

—Tem razão -falou Snape deitando também ao lado da ruiva.

—Me fale mais de você.

—Minha vida não é tão interessante assim.

—Não diga isso, aposto que é mais divertida que a minha. Fale sobre seus pais.

—Bom... a minha mãe trabalha em casa e ela é a pessoa mais gentil que conheço e meu pai...

—O que tem ele? -indagou Lily encarando os olhos de Severo.

—Bom... ele grita muito. Não gosta muito de mim. Ele trabalha naquela fábrica ali -disse apontando para um grande galpão, de onde saía fumaça pela chaminé.

—Minha mãe diz que algumas pessoas são desse jeito porque possuem mágoa de algumas coisas da vida, por isso protegem seus sentimentos através do rancor. Talvez seu pai não seja assim tão mau, ele pode ter sofrido muito e age hoje dessa forma.

Não, ele é assim porque é mesmo, mas é bonito ver Lily tentando achar o melhor nas pessoas. Ela parece a minha mãe, sempre tentando encontrar o lado positivo das coisas.

—Achou um esquisito pra te fazer companhia? -disse uma menina morena que se aproximava dos dois.

—É a sua irmã? -perguntou Snape se levantando com Lily.

—É.

—Mamãe está chamando você.

—Diga à ela que não vou agora.

—Por quê? Vai ficar de conversa com esse garoto? Conheceu aonde? Aposto que mora nas ruas, pelas roupas que veste.

—Cala a boca, Petúnia.

—Não me mande calar a boca. Vamos logo!

—Lily já disse que não quer ir. Na hora que ela quiser, ela vai -disse Snape.

—Eu não gosto de você -disse Petúnia encarando Snape com desgosto.

—Também não sou seu maior fã, agora vá embora!

—Que seja -disse a garota saindo.

—Obrigada -disse Lily sorrindo, voltando a se deitar no gramado.- Quando voltar para casa vou ter que ficar ouvindo ela encher a paciência dizendo que eu sou isso, sou aquilo...

—Imagino que ela seja bem desagradável, passei um minuto com ela e já a achei um saco.

—Ela é mesmo -disse Lily sorrindo.- Tudo é motivo para implicância. Minhas roupas, minha mochila, minhas fotos... Ela diz que eu sempre saio horrível nas fotos, só ela que sai bonita.

—Bom, o que posso dizer, o mal não sai na foto, porque se saísse, aposto que sua irmã pareceria um monstro -disse Severo para a graça de Lily.

—Às vezes da vontade de ir embora de casa pra sempre -disse a ruiva encarando o azul do céu.

—Sei como é isso, já fugi algumas vezes.

—Mesmo? -indagou Lily surpresa voltando a olhar nos olhos de Snape.- Eu sempre quis fazer isso, mas nunca tive coragem. E como foi?

—Foi um pouco assustador. Não passei muito tempo longe, meu pai me achou em menos de dois dias e me levou de volta pra casa. Devia ter visto a surra que me deu.

—E por que foi que você fugiu?

—Bom, eu estava cansado de tantas brigas. Meu pai e minha mãe discutiam o tempo todo e ele sempre implicava comigo, então, teve uma hora que não aguentei mais e saí.

—Você é muito corajoso, não sei se conseguiria fazer isso. E quantos anos você tinha quando fugiu?

—Da primeira vez, eu tinha nove anos.

—E da segunda?

—Ainda não tinha completado dez.

—Você é engraçado -disse Lily sorridente.- Daqui há duas semanas é o meu aniversário, quero que você vá.

—Mesmo? 

—Claro, a minha mãe ainda está fazendo os convites, mas assim que ela terminar eu entrego o seu. Já até pedi para ela escrever seu nome nele.

—É legal você também fazer aniversário em janeiro -disse Snape.

—O quê? Você também é de janeiro?

—Sou sim.

—E vai fazer quantos anos, Severo?

—Onze.

—Que coincidência, eu também. Mas quando é?

—Próxima semana, se tivesse alguma coisa eu convidaria você, mas nunca faço nada.

—Por que não?

—Pelo mesmo motivo que uso roupas usadas. Meus pais não tem muito dinheiro e mesmo que tivessem, não tenho muitos amigos.

—Entendo. Bom, acho melhor eu ir, daqui há pouco minha mãe vem me procurar, te encontro aqui amanhã no mesmo horário?

—Com certeza -disse Snape sorrindo.

—Então, até mais -disse Lily dando um beijo na bochecha de Snape e correndo, deixando o garoto avermelhado.

—Severo... Severo... Severo -chamava uma mulher batendo na porta do quarto de Snape.

O quê? Acabei dormindo, maldição, perdi a hora da recepção dos alunos.

—Severo -continuava a chamar uma voz feminina do outro lado da porta.

—Sim? -disse Snape abrindo a porta, dando de cara com Minerva.

—O diretor mandou-me ver se o senhor estava bem. Disse que estaria no salão principal antes mesmo que os alunos começassem a chegar.

—Ah sim, claro, perdoe-me, adormeci e não me dei conta que o tempo passara.

—Tudo bem, ainda está em tempo, a cerimônia começou há pouco, vamos -disse Minerva caminhando para as escadas.

—Claro -Snape falou em baixo tom, acariciando sua bochecha.- Ah, Lily...

—Severo? Vamos!

—Já estou indo -falou o professor seguindo a mulher de chapéu pontiagudo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem e sempre que puderem, deixem suas opiniões nos comentários!!! Abraços!!!



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