Paris Doll escrita por Nárriman


Capítulo 7
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

Vejo vcs lá embaixo.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677421/chapter/7

Pov’s Ally

   O café estava tão movimentado quanto eu costumava lembrar, pessoas com problemas pessoais e atarefadas, garçonetes perfeitas e que de vez em quando conseguiam o número de algum idiota que tivesse como bancar elas por pelo menos uma noite.

   Esperei pacientemente em uma mesa perto da janela, apenas eu e um café que acabara de chegar, eu o encarava como se todos os meus problemas de alguma forma pudessem ser vistos através dele. Voltar para Miami sem sombra de duvida foi um erro, eu não deveria ter tratado Trish daquele jeito ontem, Austin não deveria ter ido falar comigo, Cassidy não deveria estar noiva de um cretino e eu não deveria estar aqui.

   Kira não olha mais na minha cara e ainda não consegui ter um longo dialogo com Piper para saber o que anda pensando de mim. Por mim eu já teria voltado para Nova Iorque e neste momento estaria terminando alguns detalhes nos meus modelos que daqui a dois meses serão exposto para todo o mundo, deveria estar no meu mundo escuro e frio, no entanto Brady tinha que me convencer de toda essa palhaçada.

   Antes que eu pudesse concluir meus devaneios Cassidy apareceu ao meu lado e não parecia estar em um bom dia, não é a única.

—Qual foi à idiotice que eu fiz agora?-Revirei os olhos.

   Ela apenas me deu uma rápida analisada e se sentou a minha frente.

   Enquanto que uma garçonete anotava seu pedido seus olhos ainda estavam perdidos em mim e eu tentei não mandar o dedo do meu para ela.

—Porque você falou aquelas coisas a Trish na festa?-Ela disparou.

—Eu estava bêbada. -Tentei me defender e em parte eu estava falando a verdade.

—E isso é justificativa pro que você disse a ela?A coitada chorou por sua culpa. -Cassidy conseguia fazer uma tempestade em um copo de água.

—Ela chorou?-Tentei prender o riso.

—Isso não é motivo pra graça Ally. -Cassy me repreendeu.

—Eu não tenho culpa ué, ela devia parar de ligar pro que dizem a ela. -Dei a primeira golada em meu café tão quente que minha língua queimou.

—A questão é que ela não liga, mas você é amiga dela e por isso ela esta assim, você a magoou Ally. -Cassy me olhou como se tivesse pena de mim e isso foi à gota d’água.

—Acho que a questão aqui é quem eu não magôo não Cassy?-Um sorriso sarcástico escapou dos meus lábios.

—Porque com o passar dos anos você se tornou isso?-Sua expressão se transformou em desprezo.

—Amarga?Acho que é culpa da vida mesmo. -Voltei a bebericar o café que passava de seu estado fervente para morno, ainda assim minha língua queimava.

—Culpa da vida?Você sempre teve tudo Ally, casa, família, amigos, já conheceu praticamente todo o mundo e fez a faculdade que sempre sonhou o que de errado teve com a sua vida?-Ela parecia estar incrédula comigo.

—Você realmente me tirou do conforto da minha casa pra me dar lição de moral?Se eu quiser uma ligo pra minha mãe. -Continuei calma, já havia aprendido há alguns anos como domar minha raiva, fazer teatro no colégio serviu pra alguma coisa.

—Não mude de assunto Ally, porque sempre... -A interrompi.

—Já mudei. -Eu podia ver a fúria em seus olhos, ela estava prestes a explodir.

   Bufou totalmente irritada e tive que prender o riso de novo com isso. Por fim parecia estar mais calma.

—O que te fez me tirar do meu filme erótico?-Perguntei voltando ao meu café, creio que minha raiva interna estava se dispersando com o calor do café em contato com a minha língua.

—Você estava assistindo... -A interrompi.

—ala logo o que você quer.

—Eu vim aqui porque queria pedir a você para fazer o meu vestido de noiva. -Abaixou à cabeça, sua expressão foi de irritada para surpresa para triste em menos de cinco minutos, como Austin agüenta isso?

—Sei que faltam apenas dois meses para o casamento, mas desde que você entrou no ramo da moda eu sempre pensei que quando me casasse seria com um vestido seu. -Sorriu um pouco triste.

   Meu queixo caiu.

—Somos amigas há muitos anos Ally. -Sua mão pousou em cima da minha e eu apenas as olhei friamente.

—Dividimos segredos, paixões, sonhos. -Suspirou quando viu que eu ainda mantinha os olhos em nossas mãos.

   Eu não iria encará-la, não agora.

—Queria que você estivesse presente quando eu entrasse pela igreja, sei que você estará lá esperando junto com os outros padrinhos, mas eu queria sentir você comigo, entende?-Perguntou e eu apenas continuei calada.

—Mas desde que você chegou aqui parece estar mudada e infelizmente não do jeito que eu queria. -A encarei, quem ela pensa que é?—Você esta mais fria do que nunca Ally, sei que seu temperamento nunca foi um dos melhores, mas parece que de uns tempos pra cá você tem se fechado para o mundo.

   Eu não conseguia formar nem uma única sílaba em minha mente.

—Os anos passaram e parece que levaram com eles a Ally que todos amavam. -Eu podia ver a amargura em sua voz. Ela estava decepcionada comigo, todos estavam.

   O que eles não sabem é que eu não mudei e sim me encontrei, todos são falsos de seus próprios jeitos, prefiro ser a falsa transparente, a que não se importa com nada.

   Sei que no fundo nenhum deles se importa comigo, nunca se importaram e Cassidy esta nesse meio, ela não me engana.

   Esta na hora de eu colocar cada um deles em seu lugar, mostrar a verdadeira Ally, a que eles nunca viram. Serei o diabo em pessoa.

   Quando dei por mim,Cassidy já estava se levantando,segurei seu braço rapidamente o que a fez levar um pequeno susto.

—Quando iremos tirar as medidas?-Sorri da forma mais contagiante possível.

   A loira arregalou os olhos de alegria creio eu e apenas foi embora sem dizer nada, ela conseguiu o que queria.

  Terminei meu café sozinha, perdida em lembranças de anos atrás.

                                                             ***

  Joguei minha bolsa de qualquer jeito no chão da sala e as chaves do outro lado. Estava pronta para voltar ao meu filme erótico caso ele ainda estivesse passando quando uma das sem nome veio em minha direção um pouco nervosa.

—Senhorita, tem um homem em seu quarto. -Disse com as mãos umas nas outras, parecendo ter cometido um crime.

    Arregalei os olhos e pulei do sofá.

—Como assim?Você o deixou entrar ou é um ladrão?-Perguntei indo em direção a entrada da sala, estava pronta para chamar um dos seguranças quando ela fez um sinal para que eu parasse.

—Não senhorita. Ele disse conhecer você e até mencionou que a senhorita o convidou até aqui, podia esperá-la em seu quarto. -Ela se embolava nas próprias palavras.

—Como acreditou nisso?Você é louca?Como deixou um estranho entrar em minha casa?-Berrei enquanto ia em direção as escadas.

—Me desculpe senhorita. -Eu podia jurar que ela estava prestes a chorar.

—Ok, ok, ok, agora saia da minha frente, amanhã conversamos. –Falei sem lhe dar muita oportunidade de tentar se explicar mais uma vez.

     Mal senti meus pés quando chegaram ao primeiro andar, quase fiz alguns buracos no corredor.

  Quando cheguei à porta do meu quarto encostei a cabeça na madeira fria e lisa, suspirei e então escancarei o quarto.

   Minha primeira reação foi rir não rir de felicidade ou até mesmo triste, mas sim de raiva, raiva de ver ele a minha frente tão bem acomodado em um lugar que ele conhece há muito pouco tempo.

  Antes de dizer alguma palavra lembrei-me do café, dos meus pensamentos em relação a todos ao meu redor e só consegui concluir que ele não veio em hora melhor.

—Saudades Moon?-Indaguei enquanto me recuperava da minha pequena crise de riso, mal sabe ele o motivo.

—Muitas. -Disse fingindo uma expressão de desolado enquanto colocava a mão no peito.

—Só quero ir avisando que se minha empregada for despedida a culpa é sua. –Fechei a porta atrás de mim.

    Puxei uma cadeira acolchoada e sentei de frente para ele que estava acomodado em minha cama com uma taça de vinho branco nas mãos, uma garrafa estava ao seu lado na cama junto com outra taça. Não quero nem pensar de onde ele tirou essas coisas.

—Tudo bem, se quiser posso até te arrumar outra. -Disse enquanto enchia uma taça de vinho pra mim.

  É ótimo falar com alguém que tem os mesmos pensamentos que você, tecnicamente você poder ser você mesmo.

—Perfeito. -Sorri enquanto ele me entregava à taça.

  Se eu quiser que isto realmente dê certo não posso ir a passos lentos, preciso ser o mais breve possível, o casamento de Cassidy é em dois meses e até lá pretendo ver o inferno na vida de todos eles.

—Então Austin o que lhe trás a minha residência?Estou muito cansada, então, por favor, não demore. -Mexi minhas pernas de modo que ele pudesse ver uma parte da minha calcinha, ninguém pode me julgar, foi ele que veio até aqui.

  Senti seu olhar pairar entre minhas pernas e mentalmente fiz um risquinho no meu bloquinho imaginário.

—Não irei demorar. Digamos que eu preciso de um favor e só você pode fazer isso. -Ele apoiou os cotovelos em suas pernas ficando assim cara a cara comigo.

—Muitas coisas só eu posso fazer loiro. -Sussurrei próxima a sua boca recuando logo em seguida.

   Ele engoliu em seco.                                 

—Como quiser, mas preciso saber se você esta de acordo com o que vem a seguir, ninguém pode nem ao menos sonhar com isso nem mesmo a Cassidy, ela iria pirar. -Colocou uma mecha do meu cabelo pra trás e eu apenas tentava captar todas as mensagens por trás de suas palavras.

—Prossiga. -Dei o primeiro gole em meu vinho.

—Quero que você se passe por minha esposa. -Disse de uma vez. Gosto assim, sem enrolar.

—Pensei que já tivesse recusado essa oferta anos atrás bebê. -Acariciei seu queixo.

   Austin apenas revirou os olhos sem se importar.

—Não estou brincando Ally. Tenho que estar em duas semanas em Paris, vai ter uma festa de negócios lá onde irei fechar uma firma com o Max, lembra dele?-Max, sorri ao lembrar daquele louco.

—Claro.

—Então, a questão é que Max e eu não nos damos muito bem desde os tempos da faculdade e você sabe disso melhor do que ninguém, já você e ele eram muito amigos, então pensei... -Fiz um sinal para que ele parasse.

—Você quer me usar para conseguir sua firma?-Me recostei na cadeira a girando lentamente.

—Não exatamente, eu... -Voltei a parar ele.

—Austin. -O ameacei.

 —Sim. -Respirou fundo.

   Eu estava prestes a dizer algo quando ele foi mais rápido.

—Por favor, Ally, isso é muito importante pra mim, se eu conseguir abrir essa firma em Paris será a melhor coisa que já fiz em toda a minha carreira. -Eu podia ver a suplica em seus olhos, não que isso me desse pena, nada haver, mas eu podia ver uma chance de isso se encaixar em meu planinho através deles.

  Talvez Austin caia na minha armadilha mais cedo do que eu imagine.

—Eu te dou tudo o que você quiser. -Disse por fim. Ele estava exasperado.

   Pensei em suas palavras. Isso era tudo o que eu queria apenas essas sete palavrinhas.

   Me aproximei dele novamente,agora o puxando delicadamente pela camisa de linho branca.

—Até você?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem,comentem e comentem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paris Doll" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.