Expressão Psicopata escrita por AndyJu


Capítulo 3
1950




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13:42. Anderson Mendes está na cozinha de sua casa, com seu grande urso de pelúcia Molo na cadeira ao lado. Chovia forte. Sua mãe Melissa Mendes já estava servindo o almoço. O garoto estava nervoso e assutado com o que ele viu em seu quarto, mas não queria falar sobre isso com sua mãe. Ela diria que ele está pensando muito em coisas sobre morte e deve ter delirado.

Melissa percebe que o garoto deixou o urso na cadeira e pede ao filho:

—Querido, deixe o urso no quarto porque agora vamos comer!

—Mas mãe... Deixa ele ficar aqui, prometo que não vou ficar brincando com ele agora.

—Não, agora é hora do almoço. Deixe ele no quarto, você pode sujar ele e sou eu quem vai ter que limpar.

Andy não queria largar Molo em seu quarto pelo óbvio motivo, mas como sua mãe estava insistindo, obedeceu. Mesmo sendo assutador, o garoto foi até o quarto e levou o urso. Entrando no quarto, a cadeira que estava escorada na mesa de estudo simplesmente cai, como se alguém a houvesse empurrado. “Droga, o que foi isso...?!” ele pensa, assustado. Andy toca o urso da porta mesmo mirando na cama, fecha a porta e volta à cozinha para almoçar. Molo acaba caindo no chão do quarto. O urso faz uma expressão triste, o que assustaria qualquer pessoa, já que ursos são feitos com a boca séria ou levemente feliz. Mas ele é apenas um urso de pelúcia...

Perto das quatro da tarde já havia parado de chover, e agora Andy pode continuar com suas investigações, mas como ele é apenas um menino de 11 anos não tinha muito o que fazer. Decidiu que ia visitar um amigo que poderia ajudar. Saindo de casa sua mãe grita:

—Ei, onde pensa que vai??

—N-na biblioteca ler uns livros... Você deixa eu ir, né?

—Tudo bem, mas daqui a pouco vai anoitecer, e não quero que volte tarde.

Porém não era Astolfo que Andy iria visitar. Como a cidade possui muita tecnologia, as pessoas mais providas de dinheiro desfrutavam dela com facilidade, ajudando outros moradores. Uma dessas pessoas era Jhonny Alves, 19 anos de idade, mora sozinho e usa sempre um chapéu de pirata com um símbolo Illuminati e um terno. Quem vê ele da primeira vez pensa que ele é maluco.

Por que Andy procuraria esse rapaz? Porque queria mais informações sobre os casos da cidade arquivados em computadores e queria saber mais sobre a chave que encontrou na biblioteca. Jhonny tinha habilidades como hacker e “trabalhava” liberando jogos pagos recém lançados crackeados para a internet, programas e outras coisas.

A casa de Jhonny ficava na rua ao lado da biblioteca. Andy parou na frente do portão e chamou, batendo palmas:

—Jhoninha!!

A casa estava toda fechada. O garoto achou que o homem não iria sair. Ele chamou novamente, esperando uns 3 minutos. Quando estava desistindo, a porta da casa se abre e o homem anda preguiçosamente até a frente.

—Oi? Quem é você?

—Sou eu, Andy Mendes! Se lembra do Guitar Hero? Quando você baixou pra mim?

Jhonny pensa por uns instantes até se lembrar de Andy.

—Aah, sim, claro! Isso já faz 4 meses... Você quer mais jogos?

—Não, eu preciso de um favor, e é algo muito urgente!

—Tudo bem, pode entrar. Vou ver o que posso fazer por você.

Jhonny retira as chaves do bolso e abre o portão para Andy entrar. Eles entram na casa, Andy olha em volta os móveis e pensa “Nossa, parece tudo tão simples para uma pessoa tão tecnológica...”, mas ele estava enganado. Ao entrar no quarto, ele percebe a enorme quantidade de computadores, haviam máquinas até mesmo no teto. Tinham umas 5 xícaras espalhadas pelo quarto, além de vários pôsteres de jogos e filmes nas partes sem computadores das paredes. Também havia uma prateleira cheia de livros e quadrinhos e miniaturas de personagens. Jhonny também estava vendo desenhos pervertidos igual o velho Astolfo. O garoto pensa... “Será que só tem gente pervertida nessa cidade?”.

—Pode se sentar na cama – Diz Jhonny.

—Ah, sim. Jhonny, eu não sei se você vai me ajudar com isso... Dar informações confidenciais para um garoto de 11 anos. Mas eu queria saber quando começaram esses assassinatos da “expressão”...

—É, não posso te dar informações assim. Mas, me diga, por que quer entrar nesse assunto?

—Quero descobrir o que causou a morte do meu pai, e a de todas essas pessoas. Quero achar o culpado de tudo isso.

Jhonny olha fixamente para Andy por alguns segundos, depois rapidamente se vira para o computador e diz para o garoto:

—Está bem, vou te dar essas informações...Mas se perguntarem algo, você diz que nunca veio aqui, ok?

—Ok, obrigado... Mudou de ideia por quê?

Jhonny demora um pouco para responder.

—Eu sei como é perder o pai e não ter ideia de como ou por que aconteceram as coisas.

Andy suspira e sente-se estranhamente feliz por ter se identificado com Jhonny em algum aspecto, principalmente por ser um assunto delicado como este.

—Obrigado novamente... É o seguinte: quero saber como tudo começou, certo?

—Ok, vou te dar um resumo com informações básicas, mas espero que não faça mal uso disso. Talvez eu tenha que invadir o sistema de computadores da polícia.

Andy rapidamente pergunta:

—Mas por quê? Como assim? Pensei que você tivesse acesso a tudo, afinal você é o “Mago Virtual” da cidade, pensei até que a polícia tinha sua ajuda em casos virtuais...

—Sim, mas... Tem um caso que eles não deixam eu ver de jeito algum.

—Hm... Você tem alguma informação sobre ele?

—Só o nome e a data, mas eu não consegui pegar os documentos. Só vou conseguir se invadir o sistema. Não vou ser pego, mas vai custar muito tempo... Posso te passar algumas informações hoje, então você volta aqui amanhã e eu te dou os documentos.

—Tudo bem então. Você me dá o resumo hoje e amanhã os documentos do caso. Espera, qual o nome do caso?

—Sim, o nome é... Expressão Suicida. É o primeiro caso de assassinato da cidade. Data de 1950.

—“Expressão Suicida”... Não faz sentido, já que foi um assassinato... Os casos todos tem algo a ver com a palavra “expressão”, mas eu não entendo o que significa...

—Em todos os casos foram encontrados papéis com frases com essa palavra. Vou fazer o resumo para você, só vai demorar um pouquinho. Pode ler um livro se quiser.

—Tudo bem!

Andy espera pacientemente Jhonny terminar o resumo dos casos enquanto lê um livro aleatório de fantasia. Depois de alguns minutos o homem entrega alguns papéis para o garoto.

—Ah, obrigado! Muito obrigado mesmo, agora vou indo. Até amanhã!

—Até amanhã Andy, mas lembre-se. Se alguém perguntar onde você conseguiu essas coisas, diga que foi na internet, e não comigo.

—Pode deixar!

Andy vai rapidamente para casa, ansioso para ler o resumo dos casos e ver se descobre algo. Já eram mais de cinco horas, estava começando a anoitecer. Chegando em casa, vê o portão fechado, então chama por sua mãe, mas não obtém resposta. “Acho que ela foi em uma amiga ou no mercado. Vou ficar aqui na frente sentado, não sou louco de entrar aí sozinho!” ele pensa. Estava realmente assustado pelo fato ocorrido em seu quarto. O menino senta-se na calçada e lê o resumo ali mesmo. O garoto tinha costume de pensar em voz alta.

—Hum... Vejamos... 89 mulheres e 48 homens mortos ao total. A maioria dos assassinatos ocorreram entre 06:30 e 09:10 e também 17:40 a 20:50. Parecem ser horários de pico. Será que o assassino tinha horários certos para fazer tudo isso? O maior número de vítimas são mulheres, mas ainda não significa nada.

O garoto fica lendo o resumo e também os relatórios de cada caso que Jhonny colocou junto. Ele fica lendo e tentando encontrar alguma ligação além dos papéis, vê que algumas pessoas foram presas e lamenta o fato de inocentes serem presos, já que ainda ocorrem casos da Expressão.

Ao anoitecer, Andy já está irritado por ficar lendo e lendo e não conseguir encontrar nada que pudesse ajudar.

— Que droga... Vou entrar em casa sozinho mesmo. Li tanto essas coisas que nem estou mais com medo...

O garoto abre a porta de casa e percebe uma coisa estranha. A geladeira estava aberta, havia uma faca, um pepino e um pão sobre a mesa. Sua mãe estaria fazendo um sanduíche. “Espera! Como a mãe vai fazer sanduíche se ela não está em casa?!”

—Mãe? ...Mãããe?!

O garoto procura Melissa por vários cômodos da casa e não a encontra. Em um movimento de reflexo pela memória, ele confere a chave no seu bolso, e ela não estava lá. O único cômodo que Andy não foi ver foi seu quarto. Ele corre até lá, abre a porta e se depara com uma cena horrível...

—MÃÃÃÃÃEE!!!

O corpo de Melissa estava no chão, formando uma poça de sangue. Havia uma faca em um de seus olhos. Os braços estavam em cima da cama, cheios de sangue; as mãos no chão, muito longe do corpo. As pernas estavam com os ossos quebrados, os joelhos virados para frente. O mais aterrorizante era o sorriso estampado em seu rosto. O garoto cai no chão de joelhos, chorando, quando percebe um bilhete em um dos braços que estavam na cama. O bilhete dizia “Ele só queria ver a expressão dela”. O garoto converte sua tristeza em raiva e grita:

—EU VOU MATAR O DESGRAÇADO QUE FEZ ISSO!!

Andy rapidamente vira-se para trás e vê um menino ao fundo do corredor, segurando Molo. O ursinho estava com um rosto triste. Andy fica paralizado. O menino começa a rir e vir em direção ao quarto de um jeito estranho, caminhando como se não tivesse ossos. Andy se levanta e fecha a porta com força, caindo sentado.

Ele percebe que se continuar ali, algo muito ruim vai acontecer com ele. Andy olha de novo para sua mãe brutalmente assassinada e chora ainda mais. Ele sabe que sua mãe queria que ele vivesse o máximo que ele puder, então sobe na mesa de estudo para pular a janela, mas sente um frio em sua perna que ainda estava para dentro da casa, junto com a metade de baixo de seu corpo. Ele vê o menino em cima do corpo da sua mãe e grita de susto. Quando ele olha para baixo da sua perna vê apenas os olhos do ursinho Molo.

Andy consegue pular a janela, caindo na grama, e então sai correndo para a rua. Na janela estava aquele menino, mas com o rosto de sua mãe com aquele sorriso demoníaco, e ao seu lado o urso. A partir desse momento, Andy começou a entender que o que estava acontecendo não envolvia apenas um assassino, uma arma ou até mesmo suicídios, e sim coisas que ele nunca acreditou que existia, coisas sobrenaturais. Fantasmas, espíritos ou demônios.

Andy corre pela rua, chorando, até encontrar um carro da polícia parado. Ele pede socorro para o policial que estava dentro do carro, mas quando este vira para o menino, ele vê o rosto de sua mãe, com a faca no olho, sangrando, e com aquele sorriso amedrontador...

Antes de poder gritar, Andy desmaia, caindo no chão. Ele acorda em uma cama do hospital da cidade, sem entender nada...


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Notas finais do capítulo

Em breve mais capítulos! Deixe um comentário, isso ajuda muito!



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