Go Home, Dominique escrita por Miss Jackson


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

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Sou arrancada do meu sonho maravilhoso quando o Gato pula em minha barriga, me fazendo acordar com o susto.

— Bom dia para você também, bicho — resmungo, mas um sorriso insiste em aparecer em meus lábios. Gato ronrona, não se importando com meus resmungos, e parece dócil.

A janela do meu quarto  está aberta, e o cheiro doce de terra molhada e chuva invade minhas narinas. Depois, o barulho da chuva caindo nas folhas das árvores e no telhado. O sorriso em meu rosto aumenta, ponho o livro da qual adormeci lendo no criado-mudo e afasto o Gato gentilmente da minha barriga. Ele tenta protestar, mas se rende e se aconchega na minha cama quando eu levanto.

Vou saltitando alegremente até a cozinha, preparando meu café. Qual o motivo dessa alegria?, uma voz desagradável pergunta em minha mente. O que me deixa mais alegre ainda é que não sei explicar. Talvez seja a chuva, considerando que amo dias chuvosos, ou o sonho que tive hoje, ou a certeza que eu tenho que Henry ficará bem.

Acordei uma hora mais cedo hoje, o que me permite ir até a rua. Sinto as gotas delicadas e geladas de água caírem em minha pele, me deixando arrepiada e molhada aos poucos. A sensação é gostosa. Abro os braços e rodopio na grama, sentindo a chuva aumentar e as botas que eu calcei antes de sair começarem a grudar na lama que se transformou o meu pátio. Não me importo com isso. Mesmo o barulho que minhas botas fazem de encontro a lama é bom.

Meu Deus, é melhor tomar um banho. Uma risada sem explicação escapa de meus lábios. Vejo Tracey me espiando por trás de uma árvore, e ela desaparece ao perceber o meu olhar. Dou de ombros e entro em casa, tomando um banho quente e depois me arrumando para ir para a escola, sem Tracey ou outra voz chata para me infernizar.

Reviso meus materiais. Está tudo em ordem, agora é só esperar o ônibus da escola.

. . .

Ponho meus pés para dentro do portão e Alice chega, pulando e jogando seus braços ao redor do meu pescoço, como se fôssemos grandes amigas de muitos anos. Me desequilibro e por pouco nós duas não desabamos no chão, mas por sorte eu apenas deslizo pelo chão molhado com Alice grudada em meu pescoço.

— Bom dia! — cumprimenta ela, finalmente me soltando. Alice abre um sorriso radiante, ajeitando os cabelos molhados. — Espero que tenha tido uma boa noite de sono.

— É, bom dia. — Estou surpresa pela espontaneidade da garota, mas feliz. — Tive, sim.

— Que ótimo! — exclama. — Eu também tive. Menina, nem te conto...

E Alice me conta sobre o ensaio de ballet na noite anterior. O festival da escola de dança dela se aproxima, e ela está muito animada. “Vai ser incrível!” dizia ela, com orgulho. Ela me convida para ir, será na próxima semana. Depois, Alice me conta sobre ter ido jantar na casa de umas amigas do ballet.

Ouço tudo com prazer. Alice nem parece a garota quieta de ontem, mas algo nela me diz que nem sempre ela é tão alegre e agitada assim — que há algo por trás do sorriso carismático e de toda essa alegria. Ignoro esse pensamento e dou atenção à ela e suas histórias malucas sobre como todas as suas tartarugas fugiram e outros casos engraçados. Tudo isso é agradável, e passo a amar cada vez mais ter Alice por perto.

Mesmo assim, o mesmo pensamento de que nem tudo parece ser como Alice conta fica martelando em minha cabeça.

. . .

Depois da aula Alice me acompanha até o hospital porque mora perto, mas não entra, afirmando que precisa ir rápido para casa e preparar seu almoço. O sorriso que ela manteve o trajeto todo se desmancha ao falar isso.

— Poderia comer um boi e pedir mais — comentou ela quando se explicou, me fazendo gargalhar, e ela abriu apenas um sorrisinho. Nós nos despedimos e eu entro no já familiar labirinto de corredores, enfermos e médicos.

Me identifico para uma enfermeira, conversando um pouco com ela sobre a situação de Henry, e vou quase voando de tão rápida até o quarto de Henry, entrando.

Ele está vendo um filme sobre dinossauros na televisão instalada na parede do quarto, mas desvia o olhar para mim logo que eu entro e sorri.

— Você não esqueceu — comenta. Me aproximo, beijando sua testa com carinho.

— Claro que não — digo, estalando a língua. — E aí, como se sente?

— Mil vezes melhor — responde. — Você parece feliz, me conte o que aconteceu.

Conto sobre como adormeci lendo um livro e sonhei com coisas boas — sem entrar em detalhes por pura vergonha —, e depois acordei com o Gato pulando na minha barriga e fui brincar na chuva como uma criança feliz, e como Alice veio e pulou em mim quando cheguei na escola. O rosto de Henry se ilumina enquanto conto, e ele aparenta ficar contente ao me ver alegre.

— Uau — diz quando eu termino de tagarelar. — Isso me deixa muito feliz, mesmo. Tracey não apareceu?

— Ontem, sim — respondo. — Hoje eu a vi me espiando quando eu estava na rua, mas não me incomodou.

— Sua felicidade deve tê-la afastado — deduz Henry.

— Duvido muito — retruco. — Mas não é tempo de pensar na Tracey!

— Verdade. É tempo de pensar no beijo que você vai me dar hoje.

Solto uma gargalhada alta, balançando a cabeça. Vendo Henry assim, relaxado e brincando, quase me faz esquecer da esquizofrenia dele e do surto de ontem. Me obrigo a não pensar nisso, não agora.

— O que é? — pergunta. — Estou falando sério, você acha que não?

Continuo rindo e ele sorri, me observando. Me inclino e beijo sua bochecha demoradamente, sentindo a mesma ficar quente.

— A enfermeira me contou que você já pode ter alta amanhã. Falei com o professor e ele disse que quando tiver informações ele vem te buscar, mas acredito que agora já devem ter ligado para ele — conto. — Não é ótimo?

Henry assente.

— Por favor, me diga que ninguém ocupou meu lugar no ônibus — implora ele, juntando as mãos como se estivesse em oração.

— Ninguém ocupou seu lugar no ônibus.

Ele finge secar suor da testa com as costas da mão.

— Ufa!

Passo um bom tempo conversando com ele sobre coisas tão bobas quanto as do sonho que tive. Ele me pede para descrever poeticamente o clima de hoje, e solta uma risada contagiante quando eu me perco com as palavras e acabo dizendo "Não fui feita pra isso!", mas ele mesmo concorda que sou uma péssima poetisa.

— E você é um poeta muito bom — rebato, erguendo as sobrancelhas. Henry torce o nariz e força um ar de desaprovação, recitando, com voz de crítico francês, uma poesia que nunca ouvi na vida, mas muito bonita.

— Retire o que disse, madame — pede ele educadamente, só me fazendo rir mais.

— Eu disse que você é um poeta muito bom!

— Estava ironizando meus talentos. — Ele faz uma careta engraçada.

Nosso tempo passa rápido, e meu estômago ronca, implorando por um almoço decente.

— Eu preciso ir. Volto amanhã — digo. — Comporte-se.

— Até amanhã, Nique. Vou me comportar. — Ele se despede. Não dou nenhum beijinho nele dessa vez, apenas aceno e saio do quarto. Fiz duas amizades muito boas nos últimos dias, e esse pensamento me anima bastante. Sinto que com eles eu vou poder finalmente me adaptar outra vez ao que chamam de "felicidade".


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Notas finais do capítulo

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