Go Home, Dominique escrita por Miss Jackson


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Que saudade ): Eu ia atualizar a história na sexta-feira, mas ocorreram uns imprevistos e logo que cheguei da escola precisei correr para a casa dos meus pais (moro com minha avó). Também gostaria de avisar que talvez demore para postar, e não poste mais toda sexta-feira, porque no máximo até semana que vem estarei me mudando e não vou ter internet por um tempo. Espero dar um jeito logo :3
Enfim, eis aqui o sétimo capítulo para vocês, narrado pelo Henry! Boa leitura.



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HENRY

Não identifico o lugar que estou. Sempre é um lugar novo nos pesadelos.

Sei que não estou apenas dormindo, mas desmaiado. Não quero lembrar do que aconteceu, mas quando uma gota de sangue do meu pulso pinga em um dos meus pés descalços a realidade bate em minha cara, quase que dizendo "Henry, você fez merda".

Estou acostumado com esses surtos que estão ficando frequentes outra vez, mas não queria que isso acontecesse na escola. Não queria assustar Dominique.

Agora que você fez a merda, você anda, sussurra uma voz na minha cabeça. Meu pulso sangra, mas não dói. Só sigo em frente.

O lugar em que estou é como uma enorme sala vazia e clara até demais, quase me cegando. Esfrego meus olhos e continuo andando. Uma porta surge na minha frente, me fazendo bater nela e cambalear para trás.

— Ai — resmungo.

Alcanço a maçaneta e abro a porta. Sou sugado para dentro da porta, contrariando a lógica existente. Não deveria entrar como uma pessoa normal?

Isso é o seu inferno. Nada é normal.

Ao ser sugado pela porta caio em um buraco, e fico esparramado no chão quando chego no fim dele. Meu corpo inteiro dói, e demoro para levantar, só levantando porque algo em mim ordena que eu faça isso.

Caminho por um túnel, e as vozes me xingando ficam altas. Começo a ouvir um zunido dentro da minha cabeça, é bem pequeno e fácil de ignorar, mas vai ficando cada vez mais alto. Mentalize o barulho da estática de uma televisão e aumente o volume no máximo; esse é o barulho ensurdecedor que agora me enlouquece. Mordo o lábio com força, coçando meu pulso machucado, e faço uma careta quando vejo ele rasgar mais. A dor chega forte, me fazendo gritar. As vozes acompanham meus gritos, assim como o barulho fica mais alto.

Começo a correr, e o túnel que antes era claro, vai ficando ainda mais escuro. Aquela frase sobre a luz no fim do túnel está cada vez mais perdendo o sentido.

Esbarro em uma parede, caindo sentado no chão. Levo as mãos aos ouvidos, fazendo até o impossível para não ouvir as malditas vozes.

Inútil. Elas estão na minha cabeça, e nunca vão parar.

Fecho os olhos e quando os abro estou em um lugar diferente. Esse eu reconheço: é uma fazenda que eu costumava visitar no início da minha adolescência. Passei os melhores momentos da minha vida nela, ao lado de uma grande amiga que morava lá.

Natasha era minha prima, quase uma irmã mais velha para mim. Enquanto eu estava com doze anos, Natasha estava com dezenove. Ela também era muito linda, negra e com os cachos castanho escuro sempre perfeitos. Eu a admirava muito, sempre torcendo para vê-la o mais rápido possível.

Certa vez chegou a hora de ir para a fazenda, e eu fui com todo o ânimo do mundo, ensaiando as coisas que falaria com Natasha e as novidades que contaria para ela. Quando minha mãe e eu chegamos, meus tios Lucy e Mark estavam na frente do portão, com olhares melancólicos. Nós descemos do carro e eu olhei para todos os lados, procurando minha prima. Foi quando tia Lucy resolveu falar.

— Henry... — Ela hesitou. Inclinei a cabeça, prestes a interrompê-la e perguntar por Natasha. — Eu sinto muito...

E desandou a chorar. Mark a abraçou e trocou um olhar triste com minha mãe, que entendeu bem mais rápido que eu. Ela me olhou com uma grande dose de pena que eu nunca vira antes, e nunca mais vi depois.

— Natasha está morta, Henry.

Não chorei naquele dia, nem depois. Eu só... Não consegui aceitar. Não conseguia acreditar que nunca mais veria o sorriso brilhante de Natasha, ou ouviria sua voz gentil me convidando para andar à cavalo e sua gargalhada contagiante.

Enquanto me lembro disso, fico paralisado na entrada da fazenda, onde eu recebi a notícia anos atrás. Me forço a seguir em frente, sentindo minhas pernas amolecerem, e caminho por tudo, lembrando de tudo que passei por cada canto da fazenda.

Pulo a cerca que separava os cavalos do resto da fazenda, e eles aparecem magicamente. Dois cavalos correndo.

Um sorriso triste brota em meu rosto, o antigo Henry e Natasha estão cavalgando e rindo. Só ouço a risada dela em meus pensamentos, mas dessa vez parece tudo muito real, e eu quase me iludo pensando que Natasha está viva e bem. Talvez casada e com lindos filhos tão carismáticos quanto ela.

Ilusão. Nada mais que isso.

Eles se aproximam e desmontam dos cavalos. Meu eu antigo está cantarolando uma música animada, e Natasha me olha. Seus belos olhos cor de âmbar encontram os meus, e ela sorri. Abre a boca, prestes a falar algo, mas o cenário muda outra vez.

— Não! — exclamo, desejando com todas as forças voltar para a fazenda, para perto de Natasha, mas estou de volta à sala do início.

Dominique está na minha frente, sorrindo para mim. Ofego, observando ela e pensando em como ela é linda.

— Me ajude... — imploro.

Seu sorriso desaparece e ela começa a se afastar.

— Não, Nique! — arregalo os olhos, correndo atrás dela, e estendo a mão para tocá-la quando ela desaparece. Agarro meus cabelos, entrando em desespero, e começo a gritar, tentando em vão acordar.

Acorde, Henry. Lute.

Mas nada de acordar. As vozes voltam, me botando para baixo, mas uma em especial faz com que as outras não passem de chiados desagradáveis. É a voz de Dominique, rouca e trêmula.

Não sei se você consegue me ouvir, Henry... Mas acorde, por favor. Você precisa.

— Estou tentando... — sussurro. As lágrimas vêm rapidamente, encharcando meu rosto.

Tenho certeza de uma coisa: você é muito forte. Mais forte do que tudo isso que está passando, mais forte que as vozes na sua cabeça. Sei que é terrível, Henry, e estive sozinha por muito tempo, mas agora eu vejo que não precisa ser assim. Você pode me ajudar, e eu também posso ajudá-lo. Me deixe fazer isso.

— Eu deixo... — sinto o fluxo de lágrimas aumentar. — Me ajuda, Nique...

Acorde.

Tudo fica preto. Uma sensação horrível toma conta de mim, parece que estou num transe.

Abro os olhos, ofegando. Dominique está sentada em uma poltrona ao meu lado, me observando. Estou em um quarto de hospital.

— Acordou — diz ela, sorrindo. — Sempre soube o quão forte você é, Henry.

Eu sorrio também. Ver ela ali comigo e saber que foi ela quem me ajudou a acordar é um alívio.

— O-Obrigado — gaguejo, tentando falar alto.

— Shh — Ela leva o dedo indicador aos lábios. — Descanse, você precisa.

Balanço a cabeça positivamente e adormeço rapidamente, pela primeira vez em muito tempo sonhando com algo bom.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Expressem a opinião de vocês nos comentários, não sejam fantasminhas! Responderei todos o mais rápido possível e com muito prazer



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