ALGUNS DIAS DEPOIS...

Christian, Pheobe e eu estamos preprando o jantar para darmos à tão esperada notícia.

—Mamãe... Será que os meus padrinhos vão vir? —Pheobe pergunta.
—Eu não sei. —Digo. —O papai os chamou, mas já faz algum tempo que não nos falamos.
—Por minha causa. —Ela diz.
—Nada disso. —Christian diz. —Seu padrinho não sabe brincar às vezes. Você não tem que se culpar.
—Mas se ele estiver triste? —Pheobe fala.
—Acho que não... —Christian fala distraídamente enquanto arruma a mesa de jantar.
—Então, nós podemos chamá-los para dormir aqui? Como antigamente?
—Não. —Falo secamente. —As coisas não são como antigamente.
—Ana, calma. —Pede Christian.
—Chega Christian! Por favor, não fique iludindo a menina. —Solto sem paciência. —Nós seis nunca seramos como antigamente. Eles me odeiam por ter ido embora, nós não somos mais amigos. O passado não volta.
—É isso que você pensa? —Nós três viramos e vemos Kate e Elliot parados na porta da sala de jantar.

Reviro os olhos e vou para a cozinha.
Eu não preciso passar por esse discurso novamente.
Kate entra na cozinha batendo os pés.

—Responde! —Ela grita. —É isso que você pensa? Que nós não somos mais amigas?
—Katherine, nós não precisamos disso.
—Nada de Katherine. —Kate diz com os olhos merejados. —É isso que você pensa?
—É Kate! —Explodo. —É isso que eu penso! Porque é a verdade. Infelizmente cinco anos se passaram, as coisas mudaram e muito.
—Por sua causa! —Ela grita. —Você escolheu ir embora. Você ficou cinco anos fora e não pensou como nós ficariamos. Em como eu me sentiria. Eu sempre fui sua melhor amiga, sempre estive ao seu lado. —Começo a chorar assim como Kate. —Sabe quantas vezes eu me culpei? Sabe quantas vezes eu pensei que se eu estivesse naquele maldito hotel, se eu tivesse ficado com você, talvez você nunca teria ido? Quantas vezes eu pensei "meu Deus, como será que ela está? E se ela estiver mal? E se ela estiver se sentindo sozinha com todos aqueles traumas?"
—Kate...
—Ouve! Eu me culpei por cinco anos. Sabe por que? Porque eu nunca te considerei só uma amiga e sim minha irmã. Eu chorei sozinha várias vezes pensando que se você precisasse de mim eu não estaria ali. Eu deixei de me casar porque eu acreditava que você voltaria, e eu queria você ali, como minha madrinha, ao meu lado. Como a minha irmã! Mas agora eu percebo que isso nunca importou para você. Você acha que o tempo pode acabar com uma amizade. Mas não pode! Não teve um dia que eu não te imaginei voltando e dizendo que tudo ia ficar bem. Você sempre conseguia controlar a situação, sempre cuidava de mim, era você que fortalecia a nossa amizade, você que nunca chorava e que sabia controlar tudo, mas você foi embora e eu fiquei sozinha. Eu entrei em desespero, eu nem sabia o que fazer. Eu fiquei sem você! Você me deixou e agora acha que eu não me importa. Porra! Eu me importo sim!

Olho para Kate sem conseguir dizer nada.
Eu nunca imaginei que ela pensasse assim de mim.
É por isso que sou tão fodida!
Eu sempre penso o pior. E perco as melhores coisas.

—Eu te amo. —Sussurro e Kate fica imóvel. —Me perdoa. Por favor. Eu prometo nunca mais te deixa.
—Ana. —Kate corre me abraça. —Eu não sei fazer nada sem você. Por favor, não me deixa. Eu também te amo.
—Está tudo. —Sussurro alisando seus cabelos. —Eu juro que vou estar aqui sempre.
—Não vai mais. Por favor.
—Eu não vou. Agora trate de se recompor. Maquiagem borrada não combina com você.
—Ah meu Deus! —Ela diz fazendo drama. —Essa é a Ana que eu conheço.
—Me perdoa?
—Só não vá embora e tudo está bem.
—Isso foi uma ameaça? —Semicerro os olhos.
—Pode ter certeza que foi.
—A mesma Kate. —Sorrio e a abraço de novo.
—O que você queria falar de tão importante que teve que reunir a família? —Ela pergunta enquanto me ajuda com o resto do jantar. —O Grey e você vão casar finalmente?
—Não! —Digo fazendo uma careta. —Por enquanto não.
—E então?

Viro para Kate e coloco as mãos sobre a barriga.

—Ah! —Ela grita e bate palma. —Mentira?
—Não. Eu descobri há uma semana.
—Ana! —Ela corre e me abraça. —Que legal.
—É... —Sorrio.
—Já que você me contou... Bem, e eu sei que a Mia e o Ethan vão ser padrinhos...
—Hum, vão é?
—Sim, até mesmo porque o Elliot e eu somos padrinhos da Pheobe.
—Está bem... Continua.
—Eu quero que você seja madrinha do meu bebê. —Kate coloca a mão sobre a barriga e meu mundo para.
—Você está grávida? —Grito e ela concorda com a cabeça.
—Ah meu Deus! —Abraço-a. —Isso é loucura.
—Eu sei, eu descobri ontem, estou de três semanas.
—Que maravilha... Eu estou de mais tempo, só que mesmo assim é ótimo!
—É sim, só falta a Mia e o Ethan.
—Se ela já não estiver grávida. —Digo rindo.
—Quem está grávida? —Mia entra na cozinha nos pegando de surpresa.
—A Kate.
—A Ana.

Nós dizemos ao mesmo tempo e começamos a rir.

—Vocês estão grávidas? —Mia grita e nos abraça nos sufocando. —Espero que um desses bebês seja meu afilhado. Para o bem de vocês. E isso não é uma ameaça.
—Pode se considerar madrinha do meu. —Digo levantando as mãos e ela dá um grito.
—De quantos tempo vocês estão? —Ela pergunta.
—Eu estou de dois meses. —Sussurro.
—E eu três semanas.
—Ana, dois meses? —Mia pergunta incrédula. —E eu que pensei que a reconciliação levaria mais tempo.
—Eu também. —Kate diz rindo.
—Engraçadinhas. —Digo semicerrando os olhos. —Mas e você Mia? Quando vai engravidar?
—Não tão cedo. —Ela diz fazendo careta. —Quem sabe daqui uns dez anos.
—Ai você vai estar velha demais. —Kate fala.
—Mas ainda vou estar linda.
—Ou não. —Sussurro e Mia me dá um tapa de leve no braço.
—Muito engraçadas vocês duas. —Haha.