Entrelinhas Ron e Hemione - Intuições escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 7
Nas horas incertas


Notas iniciais do capítulo

“Olha pra mim, amor, olha pra mim;
Meus olhos andam doidos por te olhar!
Cega-me com o brilho de teus olhos
Que cega ando eu há muito por te amar”

(Florbela Espanca)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/676826/chapter/7

Hermione volta a se aproximar do rapaz que, especialmente naqueles dias nos quais está tenso com a estreia no quadribol, precisa de seu apoio. Ron havia conquistado a posição de goleiro, mas a sua insegurança não permitia que tivesse um bom desempenho. Ele possuía tantos talentos, a garota sabia. Por que precisava ser tão inseguro assim?

Todos deram risadas quando os gêmeos disseram que, para Ron jogar bem, era preciso que a plateia ficasse de costas. Hermione, no entanto, não achou qualquer graça daquela brincadeira. Pelo contrário. Ficou sinceramente preocupada com o amigo e queria ajudá-lo.

Na primeira oportunidade, quando ficaram sozinhos numa das muitas rondas como monitores, ela puxou o assunto.

— O que você está achando de ser goleiro? - ela o olhava de um jeito sereno.

— Estou achando ótimo e assustador ao mesmo tempo - o rapaz falou fazendo uma espécie de careta e definindo muito bem os contraditórios sentimentos que experimentava.

— Não precisava ser assim, Ron. Você tem talento para goleiro. Caso contrário, não teria sido selecionado. Você deve acreditar mais em si mesmo e deixar de se preocupar com o que os outros pensam - a voz oscilava, por vezes ficando um pouco aguda.

Mais uma vez Hermione estava dando um conselho sensato, Ron reconhecia. Mas não era fácil vencer a insegurança. Era algo mais forte do que ele. Tentava se concentrar, esquecer que estava sendo observado por dezenas de pessoas, mas... Era impossível!

— Mione, eu tento fazer tudo isso. Mas sempre fico nervoso, não tem jeito. Pior é que todos os alunos da Grifinória contam com minha atuação como goleiro para nossa casa vencer. É muito difícil decepcionar tanta gente! - as tremulações de voz do ruivo denunciavam toda tensão dele.

Ela teve vontade de abraçar o ruivo. Mas, como sempre, refreou os seus impulsos. No entanto, não podia deixar de dizer mais algumas palavras de incentivo.

— Eu acredito em você, Ron. Não gosto muito de quadribol, mas, pode ter certeza, vou estar sempre na arquibancada torcendo por você e pela Grifinória - Hermione disse com decisão e sinceridade.

— Obrigada, Mione. Você é uma grande amiga! Pena que não será apenas você que vai ficar na arquibancada assistindo ao jogo... - ele a olhou com desconfiança.

— Ron! - a menina gritou em protesto, mas, ao ouvir a gargalhada do ruivo, também não conteve o riso.

Chegou finalmente o dia do jogo. Para Hermione foi um alívio. Afinal, não aguentava mais ver Ron tão nervoso. Falava apenas desse assunto, seja na ronda dos monitores como nos momentos que sentavam juntos para fazer as tarefas da escola. O bruxo, no entanto, estava apavorado. Percebia que todos no time e também os alunos da Grifinória tinham grande expectativa com seu desempenho e temia não corresponder e ser um fiasco.

Harry e Ron já estavam tomando café da manhã quando Hermione chegou ao refeitório na companhia de Gina. Foi a irmã que perguntou como ele estava se sentindo, mas o rapaz permaneceu mudo. Harry respondeu no lugar do amigo, dizendo que Ron estava nervoso.

A inteligente bruxa de volumosos cabelos castanhos usou seu melhor tom bem-humorado para tentar animar Ron. "Bem, isso é um bom sinal. Acho que você não se sai tão bem nos exames se não estiver um pouco nervoso", comentou com um meio sorriso.

Pouco depois chegou Luna para mostrar o seu esquisito chapéu em forma de cabeça de leão. A aluna da Corvinal torceria para Grifinória! Todos ficaram admirados e fizeram comentários, os mais simpáticos que conseguiram. Ron continuava paralisado e com um olhar vazio fitou Luna quando ela lhe desejou boa sorte.

Em seguida veio Angelina, pedindo para Harry e Ron se apressarem. O ruivo permanecia sem reação e Hermione estava cada vez mais preocupada com ele. Queria dizer, mais uma vez, para o amigo ficar tranquilo, acreditar na própria capacidade, mas percebeu que o rapaz não prestaria atenção em suas palavras.

Uma das características do mais novo dos rapazes da família Weasley era ser observador, mas estava tão tenso que parecia desatento. Esse pensamento deixou Hermione mais tranquila ao deduzir que, provavelmente, ele não notaria que os distintivos usados pelos alunos da Sonserina traziam escrito "Weasley é nosso rei". Num sussurro, recomendou a Harry,  que se preparava para sair da mesa: "Não deixe Ron ver os distintivos da Sonserina".

A menina estava tensa com tudo aquilo e levantou da mesa junto com os dois amigos. Quando chegaram próximo ao campo, Hermione teve coragem de fazer um gesto que vinha do coração. Primeiro aproximou-se do ruivo e desejou com toda sinceridade: "Boa sorte, Ron". Em seguida, ficando na ponta dos pés, deu um beijo carinhoso no rosto dele.

Notando que Harry a contemplava admirado, agiu logo. "E boa sorte para você também, Harry", falou, dando uma piscadela para o amigo.

Ron não percebeu mais nada ao seu redor enquanto caminhava até o vestuário. Era algo tão simples ganhar um beijo no rosto. Mas, não sabia por que, aquele beijo era diferente. Trazia calor, carinho, esperança. Instintivamente, ele levou a mão ao lugar que a amiga tinha beijado. "Hermione gosta de mim", pensou. "Não, que loucura", contestou para si mesmo. "Tudo bem, gosta, mas como amigo".

Hermione estava muito nervosa quando o jogo começou. Acompanhava tudo da arquibancada, ao lado de Gina. Mas não ouvia os comentário da ruiva, nem os gritos dos alunos e jogadores da Grifinória. Estava completamente concentrada em Ron.

Logo, no entanto, começou a ouvir as provocações da Sonserina. Cantavam músicas zombando de Ron, dizendo que ele não agarrava os goles. "Wealsey é nosso rei", entoavam em coro. E, a cada refrão repetido, ela percebia que o amigo ficava mais nervoso, deixando a equipe rival fazer pontos.

O desespero de Ron, compartilhado com igual intensidade por Hermione, pareceu ter chegado ao fim quando Harry ergueu os braços com o pomo de ouro nas mãos. A menina não sabia como ele tinha capturado o pomo, mas a sua agonia acabara. Imaginava que também a de Ron, mas logo descobriria que estava enganada.

Foi quando todo o time se abraçou comemorando a sofrida vitória e Ron ficou isolado, perto da baliza, que Hermione percebeu que ele não estava nada bem. Logo Ron escorregou da vassoura, desanimado, e a arrastando se dirigiu com passos lentos para o vestuário.

A menina levantou rapidamente para tentar alcançar Ron. Mas quando chegou ao gramado, uma confusão a imobilizou. Harry e Jorge, não suportando mais as provocações de Malfoy, começaram a socá-lo. A briga não dura muito. Madame Hooch grita e lança o feitiço do Impedimento. Com a voz elevada, a professora expulsa os dois alunos da Grifinória do campo e diz para procurarem a professora Minerva.

Estava preocupada com Harry e Jorge, mas não a ponto de esquecer Ron. Pediu a Fred que visse se o irmão ainda se encontrava no vestuário, dizendo que precisava falar com ele. O rapaz voltou com a notícia de que Ron não estava mais lá. "Mas fica tranquila. Daqui a pouco ele aparece", falou ao perceber o nervosismo da menina.

Depois de andar nos arredores do vestuário e do campo à procura do amigo, Hermione decidiu voltar para torre da Grifinória. "Quem sabe Ron também não foi para lá", pensou, tentando consolar a si mesma. No salão comunal, encontrou os jogadores do time e alguns alunos sentados, todos desanimados, na expectativa de receber notícias de Harry e Jorge. Ron, porém, não estava entre eles.

— Gina, você na sabe onde está Ron? Será que ele subiu para o dormitório? - perguntou aflita.

— Não, Fred já esteve lá procurando por ele. Ron deve estar caminhando por aí, envergonhado com o fraco desempenho que teve. Acho que faria o mesmo. Ele foi péssimo - disse Gina sem muita emoção.

Hermione sentiu o sangue subir. Era exatamente isso que pensava estar acontecendo. Ela achava, porém, que o amigo não sentia apenas vergonha, mas também tristeza.

Olhou para a janela e viu que caia uma fraca nevasca. Ron devia estar lá fora, no frio, sozinho... Queria tanto ficar ao lado dele, poder abraçá-lo, dizer que tudo estava bem.

Percebeu um movimento no retrato da Mulher Gorda. Eram Harry e Jorge que voltavam cabisbaixos. Hermione ainda aguardou um pouco, esperando que um vulto ruivo os acompanhasse, mas foi em vão. Ron não estava com eles.

Deixou um pouco de lado a preocupação com Ron e ouviu atenta ao relato dos dois sobre como tinham sido expulsos do time de quadribol por Umbridge. Todos fizeram os seus comentários mais indignados. Nem por um segundo sequer a menina esquecia, no entanto, que Ron estava lá fora, provavelmente se achando o pior bruxo da face da Terra e quase congelando na nevasca.

Já estava anoitecendo quando, finalmente, Ron entrou na sala comunal. Hermione mais uma vez controlou sua emoção e não correu até ele para abraçá-lo, como tanto desejava. Porém, levantou de um salto e perguntou com aflição e alívio: "Onde você estava"?

— Caminhando - ele respondeu simplesmente, sem fixar por muito tempo os seus olhos nos da menina. Ele tremia levemente de frio e tinha neve no cabelo.

— Você parece congelado. Vem aqui e senta! - disse Hermione apontando uma cadeira vazia em frente à lareira.

O diálogo que se seguiu entre Ron e Harry foi marcado por pedidos de desculpa e confissões de erros por parte do ruivo e pelas tentativas do segundo de consolar o amigo. Foi Hermione que ajudou os dois a sair daquela roda-viva.

— Bem - disse Hermione, sua voz tremendo levemente. - Eu acho que sei de uma coisa que deve animar vocês dois.

— Ah é? - perguntou Harry ceticamente.

— É - respondeu Hermione, contemplando a janela. - Hagrid está de volta!

A visita ao meio-gigante, que consideravam um grande amigo, conseguiu fazer o impossível. Por alguns momentos, Ron esqueceu o desempenho vergonhoso no jogo e Harry, a revolta com a expulsão do time.

 

* * * * * * * * * * * *

 

Ao acordar, Hermione lembrou logo de Ron. Jamais vira o amigo tão abatido. Verdade era que ele não se mostrou desanimado durante a visita a Hagrid e imaginava que uma boa noite de sono poderia fazê-lo se recuperar um pouco. Mas ela sabia que o rapaz não esqueceria tão fácil seu desempenho sofrível no quadribol.

Ele havia sonhado em segredo por tanto tempo em entrar no time e agora, quando finalmente alcançara isso, não conseguiu se sair bem. E pior: tinha sido ridicularizado pelo time adversário que considerava a fraca atuação de Ron como goleiro uma garantiria da vitória deles.

A garota aguardou por Ron aquela manhã, na sala comunal, sem saber exatamente o que falar ou como agir com o amigo. Pretendia, simplesmente, fazer de tudo para o bruxo perceber que estava do lado dele.

Com a cabeça baixa e passos lentos, Ron desceu as escadas. Apenas quando alcançava o último degrau, ele olhou para frente e avistou a amiga. Hermione deu um leve sorriso, um pouco sem graça. "Como você está?", perguntou. "Eu estou...", o ruivo respondeu levantando os ombros. Uma de suas maiores vergonhas era ter fracassado diante de todos e, especialmente, de Hermione.

A bruxa tomou coragem e perguntou se ele ainda se sentia muito chateado por causa do jogo.

—Não quero falar sobre isso, Mione, Você não pode entender... - disse, elevando em seguida a voz. - Sempre tira excelentes notas, é ótima com os feitiços, nunca fracassou em nada. Não faz ideia do que eu estou sentindo.

— Você está enganado, Ron. Eu sei exatamente o que você sente. Já me senti fracassada muitas vezes - ela respondeu com firmeza.

O rapaz olhou para a amiga intrigado. Hermione Granger, a melhor aluna de sua turma e uma das mais bem-sucedidas nos estudos em toda a história de Hogwarts, dizia que já tinha passado por um fracasso? "Você já se sentiu fracassada? Isso não faz sentido...", ponderou.

Nunca tinha falado sobre aquilo com ninguém, mas achou que agora precisava contar para Ron. Com um tom de voz suave, abriu o coração:

— Ron, antes de vir para Hogwarts, eu me sentia um completo fracasso. Tirava ótimas notas na escola, mas não tinha amigo algum e era criticada pelos meus colegas de turma. Eles me achavam uma nerd chata e muito estranha... E eu me sentia realmente estranha, diferente de todo mundo, com uns poderes que eu não sabia como usar ou controlar... Eu sofri muito...

— Eu não imaginava que você havia passado por isso. Você nunca contou nada... - o ruivo falou com a voz baixa.

A confissão de Hermione desarmou o amigo. Percebeu que também a menina, que julgava muitas vezes estar um patamar acima dele, tinha os seus sofrimentos. Ron finalmente conseguiu falar de como tinha sido difícil se sentir responsável pela derrota da casa. "Se eu tivesse fracassado numa prova, sem prejudicar ninguém, seria diferente. Mas o meu fracasso afetou muitas pessoas", afirmou.

— Não foi sua culpa, Ron. A equipe da Sonserina o provocou com aquela música idiota, foi muita pressão em cima de você e logo no seu primeiro jogo. Mas sei que joga bem e vai ter ainda muitas oportunidades de provar isso - disse Hermione com toda a sinceridade.

Com a chegada de dezembro, além do aumento de tarefas escolares, o casal de amigos passa a ter mais obrigações como monitores. Entre uma atividade e outra, eles podiam conversar e até dar risadas juntos, seja das piadas de Ron - Hermione ria especialmente quando as achava sem graça - como das trapalhadas de ambos que, pela primeira vez, precisavam ajudar na decoração de Natal da Grifinória.

A bruxa se dobrou de rir quando o ruivo, tropeçando num pisca a pisca, quase caiu no colo da professora Minerva que, sentada na poltrona, observava os alunos colocando os enfeites na árvore da Grifinória. Hermione, por sua vez, atenta a Fred e Jorge que passavam suas balas enfeitiçadas aos alunos mais novos, acabou se desiquilibrando da escada e levando a árvore junto. "Como decoradores, somos ótimos monitores", o rapaz comentou às gargalhadas.

Se Hermione havia surpreendido positivamente o ruivo algumas vezes naquele ano, o fato era que Ron estava se tornando um especialista em deixar a menina desconcertada. Foi assim também durante aquela ronda no fim da tarde.

Ela nunca colocou entre as suas prioridades usar roupas de estilo, maquiagem, bijuterias... As suas únicas vaidades eram o conhecimento e as boas notas. Claro que se cuidava, mas preferia a simplicidade. Depois que recebeu os olhares de susto e admiração lançados por Ron durante o Baile de Inverno, entendeu que precisava se arrumar melhor para conquistá-lo.

Mas foi especialmente depois do ruivo ter perguntado, durante uma ronda, se ela não usava brinco, que Hermione passou a caprichar mais no visual. Um pouco relutante no início, acabou se rendendo ao que antes considerava uma futilidade. Claro que sem perder o seu estilo discreto.

A garota havia lavado os cabelos e os prendeu com uma tiara, colocou um delicado brinco e um brilho rosa suave nos lábios. Mais uma vez se produzia para receber os olhares de aprovação do amigo. Não imaginava, porém, que o rapaz seria conquistado pelo olfato.

— Que perfume maravilhoso é esse? - perguntou Ron.

Depois de responder que não estava sentindo perfume algum, Hermione se surpreendeu ao ver o rapaz se inclinar até ela.

— São seus cabelos, Mione... Que perfume ótimo! - falou o rapaz.

Muito sem graça, ela simplesmente afirmou: "Ah, é o xampu que minha mãe me deu".

— Gostei muito! Eu sou muito ligada aos cheiros, sabia? Minha memória é tão marcada por isso... Lembro que, ainda muito pequeno, visitava à casa dos meus avós que tinha sempre um perfume de cipreste. O aroma do bolo de chocolate feito por mamãe, das flores cultivadas pela tia Morgana, dos feitiços que saiam do caldeirão da tia Muriel... Sei quando uma poção está dando errado pelo cheiro que emana! - ele lembrava com entusiasmo.

Hermione, que também percebia quando o amigo se aproximava pelo seu perfume cítrico, ficou com vontade de comentar algo sobre isso, mas teve vergonha.

Aquelas rondas como monitores haviam aproximado os dois ainda mais. Antes, era sempre ela, Ron e Harry. Agora a menina e o ruivo tinham mais momentos juntos, apenas os dois, e podiam se conhecer cada vez melhor. E, claro, o amor que sentia por ele aumentava. A desconfiança de que esse sentimento era correspondido também crescia. Mas Hermione sempre precisava de certezas, de comprovações científicas. Ron para ela era um mistério, um grande desafio a toda a sua lógica. E Hermione gostava de desafios.

Quanto mais próximos chegavam do Natal, mais os alunos conversavam animados sobre como passariam esse feriado. Hermione estava indo esquiar com seus pais na França e ficou chateada ao ver que Ron se divertia dizendo que nunca ouvira falar de patins para descer as montanhas. O ruivo e Harry iriam para A Toca e a menina suspirou, lembrando com saudade os dias felizes que já havia vivido naquela esquisita e aconchegante casa.

O último treino da Armada de Dumbledore foi tranquilo. Hermione e Ron duelaram juntos e dessa vez, a menina tinha que admitir, ele se saíra melhor. Mas a jovem bruxa não ficou triste. Pelo contrário. Estava feliz porque ela e o amigo não estavam discutindo mais.

Ao subirem para sala comunal, Ron comenta que pensa em fazer uma tarefa de Astronomia. "Estou tentando seguir o horário que você preparou para mim", abre um sorriso que é correspondido pela amiga. "Você também vai estudar?", ele perguntou. "Vou sim, mas antes tenho que fazer outra coisa", Hermione respondeu enigmática.

Ela planejava responder a carta de Krum que a convidara para passar o Natal na Bulgária. Queria recusar gentilmente o convite e deixar claro já ter outro compromisso, antes do rapaz se oferecer para visitá-la. A princípio, pensa em escrever para ele no dormitório, mas depois decide ficar na sala comunal.

"Vou responder aqui mesmo a carta de Vítor. Se Ron ficar chateado, o problema é dele. Quem sabe, quando descobrir que estou escrevendo para Krum, resolva passar das ceninhas de ciúme para a ação", decide Hermione antes de tirar o rolo de pergaminho e a pena da mochila. Logo protesta contra o próprio pensamento. O ruivo não gosta dela, pelo menos do jeito que tanto deseja. Resolve ficar no canto mais afastado da sala comunal.

Harry chega e os dois param um momento as suas atividades para conversar com o amigo, que conta sobre o beijo trocado com Cho e regado pelas lágrimas dela. Ron acha que Cho deveria ficar feliz com o episódio, sem entender os argumentos de Hermione de que a menina ainda estava triste pela morte de Cedrico. Irritada com a aparente falta de percepção do ruivo, a bruxa dispara:

— Você é a pessoa mais insensível que eu tive a infelicidade de conhecer.

— Como assim? - diz Ron indignado. - Que tipo de pessoa chora ao receber um beijo?

Mais uma vez, Hermione tenta explicar os confusos sentimentos experimentados por Cho e o ruivo novamente demonstra não entender o complexo universo feminino.

— Uma pessoa não pode sentir tudo isso de uma só vez, ela explodiria - argumentou Ron.

— Só porque você consegue ter controle emocional não quer dizer que nós também não - disse Hermione sordidamente, pegando a sua pena para continuar a carta.

Após algum tempo de conversa foi que Ron finalmente notou. O pergaminho sobre o qual Hermione se debruçava por tanto tempo não continha uma simples tarefa. "A propósito, para quem você está escrevendo essa novela"?, perguntou.

Quando ela responde que é para Krum, Ron simplesmente a olha com desgosto. "Hermione prefere gastar tempo com esse cara ao invés de investir nas amizades que realmente valem a pena", pensa, mas continua quieto.

"Ele tem ciúme, não tenho dúvida disso. Mas por que não toma uma atitude? Por que não diz que gosta de mim? Não, definitivamente não. Ron não gosta de mim do mesmo jeito que gosto dele. Só tem medo que a nossa amizade diminua. Se gostasse de mim de outra forma, já teria se declarado", pensa confusamente a menina.

Ron e Hermione ficam ainda mais vinte minutos em silêncio na sala comunal. A menina tenta terminar a carta de forma educada e seca. Quando consegue finalmente assinar a correspondência, com votos de Feliz Natal, se levanta dizendo que vai se deitar. O rapaz, que permanecera pouco concentrado em sua tarefa, tentando esticar o máximo o pescoço para conseguir ler o conteúdo da carta, sobe triste e enciumado para o dormitório.

 

* * * * * * * * * * * *

 

Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo: 

Bad Day

http://bit.ly/1T7nbWZ

Where is the moment we needed the most
You kick up the leaves and the magic is lost
They tell me your blue skies fade to gray
They tell me your passion's gone away
And I don't need no carryin' on

You stand in the line just to hit a new low
You're faking a smile with the coffee to go 
You tell me your life's been way off line
You're falling to pieces everytime
And I don't need no carryin' on

Cause you had a bad day
You're taking one down
You sing a sad song just to turn it around
You say you don't know
You tell me don't lie
You work at a smile and you go for a ride
You had a bad day
The camera don't lie
You had a bad day
(...)

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem nunca ficou pensando no beijo que Mione lascou no rosto de Ron e deixou o ruivo assim tão abobalhado? E o que acharam da menina convidando Ron para sentar perto dela na lareira, depois do garoto chegar morrendo de frio na sala comunal? Com é bom fazer uma leitura dessas entrelinhas :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entrelinhas Ron e Hemione - Intuições" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.