Barbie andava com pressa por um dos corredores da casa. Raquelle, assim que a avistou, correu atrás da loira.

“Barbie, preciso falar com você!”

Barbie olhou em sua direção, mas não parou de andar. A morena a acompanhou.

“Também quero conversar com você, Raquelle, mas preciso ver se está tudo bem com a Skipper.”

Raquelle franziu o cenho. “Skipper? Ela está doente?”

Barbie deu um leve sorriso, retardando um pouco o ritmo dos passos. “Não, não. Ela só… Viu algo que não queria ver.”

Raquelle ainda não compreendia. Barbie, enfim, cessou os passos.

“Ela gosta do Ben, Raquelle. Não deve estar lidando muito bem com isso.”

Raquelle abriu a boca em um perfeito O, finalmente entendendo. “... Será que se eu conversar com ela…? Sabe, trocar uma ideia. Ter que superar um cara que não está na sua é o que eu mais entendo.”

Barbie sorriu, surpresa. “Obrigada, Raquelle. Mas não acho que Skipper vai aceitar bem a sua boa intenção…”

‘É. Também acho.’

“Tem razão, Barbie. É melhor deixar ser um assunto entre irmãs mesmo.”

Barbie assentiu, graciosamente. Isso fez Raquelle se lembrar do motivo pelo qual estava ali.

“Barbie…!”

“Sim?”

“... Me desculpe.”

Barbie franziu o cenho. “Mas pelo quê…?”

“Por tudo. Por ser sempre tão má, tão detestável, tão desagradável com você. Não é justo, você sempre me tratou tão bem, sempre me considerou como amiga… Acho que estou disposta a finalmente agir como uma.”

Barbie abriu uma grande sorriso.

“Raquelle… Como está diferente!”

Ela sorriu de volta, mil vezes mais leve. “Sim.”

Respirou fundo, sentindo o gosto da liberdade. “Eu estou.”

—

Raquelle chegou em casa, deitou em seu sofá e encarou o teto. Estava feliz com a configuração de sua casa. Para variar, não sentia mais a necessidade de "arrosear" todos os tons de cortina, parede e almofadas.

“Raquelle, sai daí. É o meu lugar de treinar violão.”

Ao ver seu irmão, Ryan, a garota riu e se mudou para a poltrona. Ele enfim, se sentou.

“Muito bonito.” Ele começou, afinando as cordas. “Você beijando o primo do Ken em rede nacional e eu sendo o último a saber.”

Raquelle riu. “Não fique tão ofendido.”

Ryan deu de ombros. “É uma tentativa de provocar ciúmes no Ken?”

A morena suspirou, contendo a irritação. Teria que se acostumar com todos pensando o pior sobre ela.

“Não. Eu realmente estou interessada no Ben. É uma excelente pessoa, e um bom psicólogo.”

Ryan ergueu a sobrancelha. “Antiético, no mínimo. Não se têm relacionamento próximo com um paciente. Só o fato de ele ter aceito ter consulta com alguém próximo de sua família já é algo questionável.”

Raquelle armou os lábios em um biquinho. “Hmm. Desde quando você fala tão bonito, mon amour?”

Ele soltou um sorriso orgulhoso. “Desde que comecei a compor.”

Os olhos da irmã brilharam. “Ryan, finalmente! As letras que você comprava eram no mínimo…”

“Desprezíveis. Eu sei. Ultimamente estou me interessando bastante em Country, sabia?" A transição de estilo musical de seu irmão a pegou de surpresa. "Estou pensando em visitar a fazenda do vovô esse final de semana, ver se consigo inspiração… Por mais que eu saiba que você não vá querer, está convidada.”

Inicialmente, Raquelle pensou em recusar mesmo. Nunca fora muita fã de se afastar do centro urbano. Mas não era só uma final de semana, afinal? Precisava descansar de todo o turbilhão que vivera. E sentia falta de seu avô. O velho senhor Richard, ancião da família Jones.

“Na verdade, eu animo! Ar puro não mata ninguém.”

E se levantou para planejar sua mala. Ryan ficou surpreso, mas não menos feliz.

O que ele não sabia é que Raquelle também planejava convidar a Midge, amiga retrô da Barbie, para a viagem.