Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 15
Capítulo 15




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Juntei as minhas coisas e levei para o quarto que a Diretora me indicou, era distante de tudo e devia ser suficiente para eu não encontrar com os outros e caso ocorresse encontrasse bem pouco. Terminei de ajeitar as coisas, arrumei o ninho do Peru e fiquei encarando aquele montinho de galhos, ele não estava comigo desde o ocorrido na floresta, ele sumira, não o vi ovando e pensei que estivesse no quarto e quando eu pegasse as coisas ele estaria por lá, mas não estava e eu estou preocupada. 

O café logo seria servido e eu sequer tinha dormido, minha cabeça doía e provavelmente eu sonharia com a floresta. Eu não sabia quem era aquele homem, mas ele era um bruxo isso era certo. Como ele conseguira pegar a Mari era uma das coisas que mais me incomodavam, ela estava com a família durante o feriado. Será que acontecera algo com a família dela?

Fiquei deitada encarando o teto, ali tinha apenas uma pequena janela que quase não permitia a luz do sol entrar, eu a abri na esperança de circular um pouco de ar e ficar menos claustrofóbico, mas não foi muito útil. 

Minha barriga começou a roncar muito e doer, seria melhor ir comer algo, mas eu não queria encontrar com ninguém. Ainda era cedo e pelo menos a Carla não estaria por lá.

Arrumei meu cabelo em um coque, era o costume de ter de carregar Peru comigo de deixar mais confortável para ele. Eu sentia falta daquela bolinha d epenas azul. 

Desci para o salão, quase ninguém estava por ali ainda. Peguei algumas coisas e levei para meu quarto, depois desci para  a biblioteca e peguei livros sobre maldições e magias negras. Eu queria saber como reverter o que fiz. Abri os livros na cama, com a varinha projetei uma luz para poder ler, aquele quarto era escuro demais. 

Meu feriado passou assim, entre ir escondida ao salão pegar algo para comer, voltar para o quarto e folhear os livros, eu poderia usar magia para ler, mas sempre achei que fazer isso me fazia perder algo, algum detalhe importante, então fiz tudo manualmente e do melhor jeito trouxa possível. Teve momentos que dormi sobre as páginas velhas e momentos que morcegos me assustavam entrando pela janela, eu até gostava quando entravam, eu me sentia menos sozinha. 

Antes do toque de recolher eu andei pelas árvores do Castelo procurando por Peru, mas eu não o encontrei, nem mesmo na árvore perto da estufa. Olhei nas outras e encontrei apenas roseiras que tinham flores murchas e alguns botões com dificuldade para florir, me aproximei da planta e lembrei de ter visto o professor Neville com elas, será que ele estava cuidando de plantas trouxas? Não vou ficar sabendo.

Da janelinha do quarto eu podia ouvir os alunos retornando e conversando sobre como tinham passado o feriado, eu odiava ouvir 'como foi de feriado?' sempre me lembrava dos rostos com a magia sendo sugada, meu corpo estremeceu, fechei a janelinha e me encolhi nas cobertas velhas, encarei o ninho vazio e senti uma lágrima correr pelo meu rosto, fechei os olhos com força e torci para conseguir dormir logo e não sonhar com nada nem pensar em nada, apenas dormir e acordar no dia seguinte pronta para a aula. Abri meus olhos bruscamente. Minha primeira aula seria Herbologia!

Levantei e saí do quarto correndo, nas escadas vez e outra eu escorregava no musgo, bati na porta da Diretora, um barulho vindo lá de dentro, cruzei os dedos para que ninguém me visse ali, que ninguém conhecido passasse por fora, mas já era tarde e todos deviam estar cansados da viagem. 

A porta se abriu. Raoni me olhou, meu sangue congelou e pareceu ficar pesado correndo por minhas veias, ele, justo ele, um dos que tive de sugar a magia. Ele sorriu, eu não entendi aquele sorriso.

— Você sumiu - ele falou como meu avô costumava falar comigo - fiquei preocupado que algo pudesse ter acontecido.

— Eu... Eu... Como... O senhor não está bravo? - ele riu.

— Agnes, eu entendo melhor do que ninguém o que você fez - eu franzi o cenho sem entender - Um vampiro precisa de sangue ou morre - eu o observei - Pense nisso. 

— Mas eu tirei sua magia...

— Para salvar minha vida, sou muito grato que tenha preferido me deixar vivo - não pude conter um riso - Acho melhor ser rápida, Potira logo irá se deitar.

Ele se despediu e seguiu, entrei na sala, a Diretora levantou a cabeça e pareceu ficar aliviada por alguma razão.

— Não deveria estar dormindo? - ela perguntou em um tom nada amistoso.

— Eu tentei, mas lembrei, minha aula amanhã será com o professor Neville.

— E você está pensando como ele poderá dar Herbologia sem a magia. - confirmei, ela deu um riso abafado - Agnes, Herbologia vai muito além de plantas completamente magicas, existem plantas trouxas que também têm seus poderes.

— Eu sei disso - ela arqueou uma sobrancelha - Meu avô gosta de dizer que eu deveria prestar atenção na magia das pequenas coisas, e não nas magias do nosso mundo - eu ri - Acho que agora mais do que nunca vou ter de aprender a fazer isso.

— Não entendi qual o problema então.

— Eu tirei os poderes do professor - ela suspirou - Eu não queria vê-lo amanhã.

— Se quiser pode ir até a enfermaria e dizer que eu a mandei - eu a analisei - Para os outros também será bom não te ver, eles não aceitaram tão bem quanto Raoni - meus ombros murcharam, eu fitei o chão - Mas saiba que não pode se esconder para sempre.

Confirmei e agradeci. 

Assim que amanheceu fui falar com a enfermeira, ela comentou ter ficado sabendo sobre o que estava acontecendo, ela disse que não entendia, Nyack fora até ela na noite do ocorrido com mais um misterioso corte na mão e depois, o professor Neville veio acompanhado dos Weasley, Harry e Leonardo, todos com os mesmos sintomas que ela nunca tinha visto antes, a Diretora contara a ela sobre o ocorrido que eu provavelmente poderia ir até ela para tentar ficar afastada. 

A Diretora estava certa, lá estava eu pedindo uma testado para as aulas, logo eu que odeio faltar. Depois de conseguir agradeci e fui entregá-lo a Diretora como o gesto rotineiro d equem precisa faltar as aulas. Ela estava sozinha novamente, tinha um enorme livro aberto sobre  a mesa, quando entrei ela apontou para uma mesa com uma pilha de pequenos papeis como o meu. Todos atestados.

Fui ao salão, ainda era cedo, mas alguns alunos já tomavam café. Mari era um deles, ela veio correndo até mim com Lobo logo atrás.

— Não te vi esses dias fiquei preocupada - ela falou me acompanhando até minha mesa - Nyack disse que ia procurar por você, mas acho que ele não te achou.

— Desculpe se te preocupei - sorri para ela.

— Você não parece bem - ela falou se sentando ao meu lado - Foi por tudo o que aconteceu? - confirmei - Agnes! - ela parecia brigar comigo, eu a olhei assustada - Eu sou sua amiga e você sabe que pode contar comigo, não sabe? - eu sorri e a abracei.

— Não quero te envolver nisso, Mari.

— Aquele cara estranho ficou com a varinha dele apontada para mim - eu a censurei para que falasse mais baixo - Acho que já estou envolvida com isso, mesmo que eu não saiba o que é isso. - eu sorri.

— Tudo bem - me levantei, logo Carla chegaria - Depois nos falamos mais, ta? - ela confirmou - Se cuida, Mari.

Fui para meu quarto ficar concentrada nos livros que peguei, o de maldições eu já estava quase acabando e não encontrava nada. O de magias negras parecia não ajudar muito também. 

Senti falta de ar, minha garganta se fechou, olhei par ao ninho como se Peru estivesse comigo e pudesse me ajudar, mas ele não estava ali e uma nova onda de tristeza subiu pela minha garganta e atingiu meus olhos, segurei as lágrimas. Respirei com calma. Droga!

O que Raoni dissera, eu precisava de energia assim como um vampiro precisava de sangue, ele sabe mais do que aparenta sobre a maldição. Fechei o livro e desci as escadas correndo, eu tomava cuidado com os alunos que passavam mudando de sala. Um grito chamou minha atenção, mas eu não parei. Uma mão me atingiu, derrubei a pessoa, Nyack ficou me encarando com os olhos claros arregalados.

— Era você - falei o soltando e olhando em volta constrangida.

— Você está de cabelo solto? - eu olhei os fios que caiam em meus ombros, os prendi em um coque - Fica muito bonita assim.

— O que você quer? - eu olhava em volta sem querer encontrar ninguém, apenas Raoni.

— Fiquei preocupado - eu o olhei duvidando - Raoni falou que você poderia ficar... mal - eu já estou mal, eu sentia algumas energias chegarem até mim, eu não poderia ficar ali por muito tempo, eu era perigosa demais para aqueles bruxos - E como você não apareceu nenhum dia pensei que poderia ter acontecido algo.

— Estou bem...

— Você está tremendo, você não está bem - ele pegou minha mão, assim que a tocou recebeu um pouco da energia, puxei a mão de volta para mim - Você está pegando as energias daqui? - ele olhou em volta.

— Você vai se atrasar para sua aula - falei continuando e o deixando para trás, onde raios Raoni se meteu.

— Você não vai para a sua?

— Estou ocupada demais tentando nos curar - ele não disse mais nada.

Fui até a sala da Diretora pensando que ele poderia estar lá como sempre, mas estava vazia, fui na enfermaria, apenas dois alunos que sofreram algum acidente e estavam sendo medicados. Fui para as área externas, não encontrei nada também. Perto da estufa. Ele estava sentado perto de uma das árvores, fui até ele e me sentei de frente, ele abriu um olho e ficou me encarando em silêncio.

— O que você está fazendo? - perguntei olhando em volta e torcendo que ninguém fosse ter aula de Herbologia ali.

— Meditando - ele abriu o outro olho - Algum problema?

— O que você sabe sobre essa maldição?

— Muito e pouco ao mesmo tempo - ele relaxou os ombros e as costas - É uma maldição antiga, como te falei, ela tem muitas ligações com o outro lado - franzi o cenho - Com o lado espiritual. Pessoas que conseguem mais facilmente lidar com fantasmas conseguem resistir melhor a essa maldição.

— No caso, o senhor. - ele confirmou - Como conseguiu me mandar aquela mensagem?

— Aquilo foi uma experiência, eu era o único realmente consciente ali, eu ouvi as ameaças e entendo sua situação, como xamã da minha tribo já passei por situações parecidas. Eu imaginei que pensar em algo continuamente pudesse chegar até você, e deu certo.

— Não foi só com o senhor, eu e Nyack quando nos tocamos podemos nos comunicar assim também - ele sorriu.

— É o que acontece com as peças de uma maldição. Voldemort também podia se comunicar com Harry, você deve ter aprendido sobre isso - confirmei - Agora você e Nyack e aprovavelmente aquele homem também. - ele apertou as mãos, fingi não perceber - Vocês sabem quem ele é?

 - Não fazemos ideia - eu suspirei triste.

— Cadê aquela bolinha de pena que vivia com você?

— Eu não sei - abracei minhas pernas - desde o evento na floresta eu não o vejo, ele deve ter fugido com medo, não tiro a razão dele.

— Mas se ele tinha aguentado até aquele momento você não acha que deve ter outra razão?

Dei de ombros.

— Prefiro não pensar muito - me levantei - Se o senhor se lembrar de algo mais sobre a minha maldição poderia vir direto a mim falar sobre? Eu estou desesperada.

— Não se preocupe, será a primeira a quem irei recorrer.

Sorri meio forçada e voltei pelos corredores cabisbaixa, eu torcia para não encontrar mais ninguém, mas não queria ficar trancada naquele quarto por muito tempo mais, fui até o muro onde costumava ficar com Carla depois de aprontarmos e para onde levamos Mari, sentei no alto e fiquei ali. Do bolso da calça tirei meus fones de ouvido coloquei no celular e comecei a ouvir um pouco da música trouxa que ainda me relaxava mais do que muitas coisas magicas. Fiquei balançando os pés e nem reparei quando um grupo se aproximou, senti minha garganta fechar e energias chegarem até mim.

— Ei! - olhei para eles e tirei um fone - Você mesma, venha até aqui - neguei coma  cabeça, se eu me aproximasse sugaria ainda mais energias - Então você pega um dos nossos quando ele está sozinha usa alguma magia estranha e não quer nos dar satisfação?

— É melhor para vocês ficarem longe.

— Ela está com medo  - um deles falou.

Eu realmente preferiria que fosse medo. 

Um deles me puxou pelo pé, senti uma onda invadir meu corpo, eu caí de forma desajeitada e me escorei no muro.

— Sangue-ruim, você não deveria mexer com os sangue-puro.

Eu não estava mexendo com ninguém. 

Eles me cercaram, me dava uma sensação relaxante, eu sentia suas energias chegando até mim, era tão bom que eu não queria sair dali, fechei meus olhos e não pude conte rum riso de satisfação, os abri abruptamente  e tentei passar correndo por eles aproveitando o momento de consciência que me restava. Eles me seguraram, peguei suas mãos, dois deles fizeram careta conforme suas energias passavam par amim, as veias nos rostos, droga, para, Agnes, para, você os está machucando. Os soltei, os dois caíram desacordados. Olhei os outros dois que ficaram me olhando parecendo amedrontados. 

— Me desculpem, eu não... - eu ia tocar os corpos, recolhi as mãos para mim. - Eu não... Eu acho melhor eu já ir.

Falei pulei os corpos e correndo pelos corredores, bati a porta do quarto, fiquei escorada a ela, sentada ao chão e encarando a parede paralela, eu não queria acreditar que tinha sugado mais energia, mas a pior parte era a sensação de que tinha feito a coisa certa, então será que era assim ser um vampiro, matar os outros e gostar disso? No mundo trouxa isso tem outro nome, mas não quero que isso passe pela minha cabeça agora. 

Abri a pequena janelinha, a luz entrou um pouco, acendi a varinha e voltei a me concentrar nos estudos por enquanto era o melhor que eu tinha para fazer.


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