Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 10
Capítulo 10




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Eu estava evitando o grupinho do Leonardo e ele principalmente, devem estar pensando, nossa que infantil só porque ele se declarou, mas não, o estou evitando porque ele agora sabe que sou uma sangue-ruim e isso não vai ser bom para mim.

Hermione e os outros estão trabalhando lado a lado com a Diretora e Neville me contou que estão pensando em trazer outros para ajudá-los com as pesquisas. Carla estava assistindo aos treinos de Quadribol depois de eu quase empurrá-la em campo para falar com a Gina que por sinal foi um amor de pessoa e falou que poderia conversar com minha amiga depois de ajudar os nossos times. Mari estava indo bem nas aulas, recebendo algumas provocações que ela sempre me contava ou para a Carla e isso parecia fazer bem para ela, diferente de como era comigo antes que não tinha com quem me abrir.

Eu tinha feito as provas e tinha ido bem ou pelo menos razoável na maioria o que já era suficiente para passar, não para eu ficar contente, mas com Carla gritando em meu ouvido que eu tinha era de ficar feliz por atingir a média acabei me convencendo. 

Um feriado estava chegando, eu não tinha certeza de que ir para casa era a melhor opção, talvez ficar no castelo praticamente vazio fosse o melhor. Carla ia se encontrar coma  família, Leonardo ia sair também e pelo menos noventa por cento da nossa casa também ia. Mari ia se encontrar com os pais e provavelmente contar toda empolgada o que estava aprendendo. 

— Já sabe se vai ou se fica? - Carla me perguntou terminando de fechar a mochila com alguns livros para estudar durante o feriado.

— Ainda não - me joguei de costas na cama - Pensei em ir ficar com a minha avó, mas na minha condição é a última coisa que quero fazer - eu a observei - Devo ficar por aqui mesmo, não quero arriscar tocar em alguém e ter tudo aquilo novamente.

— Eu não quero te deixar sozinha aqui - ela sentou na cama, Ogro dormia na mochila e Peru estava caçando alguns pequeno besouros pelo quarto.

— Não se preocupe, os professores estarão aqui, sem falar que os Grande Três também.

— Eles legal, agora os professores isso me preocupa - ela falou - Confio na Hermione, não confio no Neville - eu a encarei, ela riu. - E o Nyack?

— Não faço ideia, faz dias que não encontro com ele. - dei de ombros - Ele deve ir para casa, o avô é o único bruxo, ele deve ficar bem.

— Você quer dizer, vocês devem ficar bem, lembre-se, vocês estão conectados.

— Eu sei, eu sinto isso -falei me sentando - Eu queria descobrir logo como parar com isso, eu não consigo mais não te dar tapas ou fazer cosquinhas.

— Eu agradeci esse afastamento - ela falou rindo, se levantou e espreguiçou - Vamos aproveitar esse nosso último dia juntas.

— O que tem em mente?

— Não sei, andar por ai, aprontar um pouco, m nome dos velhos tempos.

— Eu topo - levantei num pulo.

Quando crianças nós adoravamos esconder animais estranhos nas coisas de outras pessoas, ou dar doces ruins para os novatos, além de atrapalhar um pouco a sala dos professores durante as trocas de aula. Era sempre bem divertido e as pessoas já sabiam quem fazia essas coisas, mas estavamos tão comportadinhas esse ano que talvez as  coisas precisassem ser agitadas um pouco. 

Carla foi comigo perto da entrada para a floresta, algumas árvores ali tinham muitas lagartas, colocamos algumas dentro de uns saquinhos e fomos par ao nosso dormitório, colocamos perto da porta dos quartos da maioria das meninas e até de alguns meninos. Depois perto do lago pegamos algumas rãs que guardariamos para soltar durante o jantar, era sempre muito divertido fazer isso.

— O professor Neville é o novato desse ano - Carla falou, eu a olhei - Vamos ter de fazer a iniciação dele.

— Não! Eu não vou aprontar com ele.

— E por que não? Só porque ele é seu amorzinho?

— Porque depois quem vai ter de limpar a bagunça sou eu. - ela riu.

— Ele se safou só por isso.

Eu agradeci, eu não poderia pregar uma peça no professor nem se eu estivesse muito motivada, ele me ajudou muito durante esses primeiros meses e a estufa era meu melhor refugio para evitar os outros nas horas vagas, sem falar que algumas plantas raras estavam ali, plantas que ele tinha começado a estudar e tinha pouquissima informações, aprontar algo colocaria em risco essas pesquisas.

Ficamos na sala da casa, podiamos ouvir o desespero das pessoas ao sairem dos quartos e encontrarem os seres rastejantes e até o desespero das que estavam retornando para o quarto. Até os meninos estavam dando gritos de susto e ficando com nojo de tirar aqueles bichos dali. 

Carla e eu apenas assistiamos a tudo e controlavamos nossos risos, mas os mais antigos já sabiam quem tinha feito aquilo e assim que viam os bichos nos xingavam. Fomos para o nosso quarto, Carla tinha de terminar de juntar umas roupas e material para sobreviver ao interrogatório da avó sobre suas notas, era assim que ela definia os encontros da família. Comigo não era diferente, minha avó adora me lembrar de quão boa bruxa minha mãe era na época da escola e o quão boa profissional é hoje apesar de achar que minha mãe devia ter se tornado Auror, mas ela nunca gostou disso e preferiu ficar no Departamento de Controle de Criaturas Mágicas o que fazia minha avó reclamar sempre e me fazer prometer que viraria Auror, o que eu nunca prometi, quero trabalhar com as plantas e os animais mágicos, por isso me interesso tanto por Herbologia e o Trato de Criaturas Mágicas. 

Apesar que o lado trouxa da família sempre me cobra muito também, meu avô fala que eu tenho que me tornar doutora em alguma coisa, ela gosta de pensar que medicina é uma boa carreira para mim e sempre que falo que quero continuar pelo mundo mágico ela fica muito triste. Meu pai diz que eu tenho que pensar em carreiras para os dois mundos, porque caso eu não consiga nada no mundo mágico poderia tentar no mundo trouxa.

Estavamos nos preparando para sair para o jantar, Carla abriu a porta e foi atingida por algo, eu só pude ouvir ao fundo um "Conjunctivitus", Carla voltou para o quarto coçando os olhos sem parar. Passei por ela com a minha varinha em mãos, da escada mirei na porta da casa "Colloportus". Leonardo me olhou, eu estava coma  varinha esticada, ele ficou me encarando.

— Erramos o alvo - ele falou irritado.

— Sinto muito - falei dando de ombros e abaixando a varinha. 

— Everte Statium!

— Expulso!

Eu fui jogada para trás, bati na parede. Leo foi arremessado para trás, os amiguinhos tentaram pará-lo, mas também acabaram caindo e batendo na parede. Nós dois nos levantamos e nos encaramos, eu sentia um pouco de dor nas costas, ele também pareceu sentir, mas diferente de mim ele já estava acostumado com dores devido ao Quadribol.

— Aqua Erectu! - ele me lançou.

— Aquamenti - eu tentei intensificar o jato de água, mas não tive sucesso quando ele parou o dele.

— Levicorpus - eu fiquei de ponta cabeça, Peru se assustou e acordou, ele em olhou e para Leonardo e voltou para o quarto - Peguem a droga do pássaro! - ele falou e sua trupe passou por mim - E agora, Agnes?

Ouvimos uma explosão no meu quarto, com toda certeza Carla usou um feitiço o que me fez rir. Leonardo se aproximou de mim, quando ele me virou de cabeça para baixo eu acabei deixando a varinha cair no susto. Ele parou na minha frente e ficou me encarando.

— Vai, acaba logo com isso - eu falei tentando chegar na minha varinha, mas foi inutil, eu relaxei e o olhei.

Leonardo chutou minha varinha para longe, eu a observei se afastar.

— Sabe... É uma pena você ser uma sangue-ruim - ele falou e encostou a varinha embaixo do meu queixo, outros barulhos no quarto.

— Se vocês machucarem a Carla eu vou acabar com vocês! - eu gritei tentando me debater, mas era inutil.

— Você? - ele riu e abaixou a cabeça na altura do meu rosto - A menina que não pode ser tocada pelos outros bruxos. - outro riso.

— Eu vou acabar com você quando eu sair daqui! - falei tentando descer.

Ele riu e ia me tocou.

Eu tinha passado dias sem sentir aquilo, tinha sido ótimo ficar sem as vozes e sem a tortura, agora tudo voltava. Eu me contorcia, ele ria enquanto segurava meu rosto com as duas mãos. 

A porta abriu, Leonardo não pareceu se preocupar. Eu ouvi os passos, alguém o puxou com força para longe de mim, eu estava cansada e agora não ter de sustentar meu próprio corpo parecia ótimo. Olhei quem brigava com Leo.

— Professor... - ele me olhou - Nyack...

Apaguei.

Acordei deitada na minha cama, Carla estava sentada na cama dela com mais alguém ao seu lado, Nyack estava ali, ele a cutucou quando me viu acordada.

— Professor, ela acordou! - Carla gritou da porta.

Eu tentei me sentar.

— Você está bem?-  Nyack agachou ao meu lado da cama.

— Estou - falei com um pouco de dor - O que aconteceu com ele? 

— Está lá embaixo. -eu me sentei com a ajuda de Nyack - Seu pássaro nos achou a  tempo -ele olhou Peru que dormia.

— Como você resistiu?

— Não resisti - ele sorriu - Quando ele te soltou eu consegui te ajudar. - ele passou a  mão pelo meu braço e eu senti um alivio, eu observei o seu gesto, ele parou e se levantou quando o professor entrou no quarto. - Ela está bem - Nyack falou.

— Vem, cá! - Carla o chamou - Vamos deixar os dois a sós. - Nyack me olhou e ao professor, se levantou e a seguiu.

Neville se sentou aos pés da cama com cuidado para não me tocar.

— O que estava acontecendo? - ele perguntou preocupado.

— Duelo, eu acho - falei rindo, Neville continuava sério - Ele e os amigos dele atacaram a  Carla tentando me atingir, eu não podia deixar passar, ataquei de volta.

— Você sabe que isso não é certo, não é?

— Muitas coisas não são certas e as pessoas fazem, eu só estava tentando proteger minha amiga - olhei em volta e várias marcas de queimado - Mas acho que ela podia se defender sozinha - ele riu.

— Os amigos dele com toda a certeza levaram a pior - Neville riu - Eles estavam com as roupas queimadas e os cabelos também - eu ri. - Com toda a certeza a Carla não precisava que você a protegesse.

Ficamos em um silêncio que eu não queria que continuasse por muito tempo.

— Vai ficar aqui durante o feriado? - ele me perguntou, se arrumou na cama, puxei as pernas para mim dando mais espaço para ele.

— Vou, não quero correr o risco de encontrar a família da minha mãe - falei - Não vai ser muito legal ter de explicar tudo isso.

— Você não contou para eles? - neguei - Não seria melhor contar logo?

— Melhor seria, mas eu não sei como fazer "Oi, mãe, saiba que eu não posso te abraçar porque vou entrar em uma sessão de tortura, beijos".

— E seu pai? - dei de ombros.

— Não se ele entenderia.

— Agnes... - ele ia se aproximar e hesitou, eu o observei, ele riu de canto - Acho que você não pode subestimar seu pai, ele é casado com uma bruxa, ele não deve ser tão leigo assim. - tive de concordar. - Vou te deixar descansando.

— Professor! - ele me olhou da porta - Obrigada por tudo. - ele acenou e desceu para a sala.

Voltei a deitar, me cobri e olhei Peru, ele abriu os olhos, estava acordado enquanto eu conversava com o professor, não pude conter um riso. Ele veio até meu travesseiro e deitou, o corpinho tocava minha testa. Adormeci.


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