Resident Evil: A Cidade Maldita escrita por Lerd


Capítulo 22
Epílogo – Salvando a Terra




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  Olá, pessoas. Primeiramente queria explicar o motivo de eu estar lhes escrevendo essa carta. Na verdade nem eu mesma sei, mas acredito ser minha missão relatar as outras pessoas os horrores que vivemos em Raccoon City. Mesmo com o fim da Umbrella, ainda restam às cicatrizes, uma dor que acredito que nunca vai extinguir-se totalmente.

Sei que há pessoas que vivem situações semelhantes àquela todos os dias. Não falo dos zumbis ou criaturas em si, mas pessoas que a cada dia tem suas vidas destruídas, suas histórias massacradas, como se não valessem nada. Mas sei quem são os culpados. Talvez por isso esteja escrevendo essa carta. Para alertá-los.

Após o desastre que ocorreu em Raccoon, acreditei, por pouco tempo, que tudo iria melhorar. Ky esforçava-se ao máximo para nos passar sentimentos como proteção e carinho. Ele queria de alguma forma nos recompensar pelos horrores que vivemos. Eu e Tidus. Em partes ele conseguiu. Em sua presença me sentia protegida, sim, mas amarga. Logo descobri o porquê: o rapaz não poderia nos passar tais sentimentos, pois ele mesmo desejava recebê-los. Ele era tão órfão quanto nós, tão vulnerável quanto nós, tão sofrido quanto nós... Talvez até mais. Bem mais.

Os primeiros dias pós Raccoon foram muito difíceis. Ky foi de rádio em rádio, de emissora em emissora, em busca de alguma que lhe desse voz. Ele queria, assim como eu, poder relatar os horrores de Raccoon City ao mundo todo. Mas estranhamente ninguém parecia querer ouvi-lo. Foi, dessa forma, que ele acabou por encontrar o pai de Tidus.

Era uma tarde de outono. Meu aniversário de 16 anos. Tidus estava comigo, havíamos ido ao supermercado e Ky disse que nos esperaria em casa. Ele havia alugado um apartamento e cuidava de nós, trabalhando como fotógrafo freelancer de uma revista de fofocas. Recebia muito mal e por isso eu o auxiliava nas tarefas de casa. Vivíamos escondidos, pois não tínhamos documentos, nem nada. Se Ky tentasse nos adotar legalmente, com toda certeza não conseguiria. Iríamos para orfanatos e isso ele não podia permitir.

Tidus foi o primeiro a entrar e ver a cena toda. Deitado no chão, ao lado de um lindo ramalhete de rosas, ele estava caído. Em sua mão portava uma arma, segurada com insegurança, a insegurança de uma criança. O menino deixou cair de suas pequenas mãos as caixas de leite e ovos que segurava. Iríamos preparar um bolo.

- Ky! – Gritou Tidus.

Assustada com os gritos, entrei. Pela primeira vez na minha senti-me insegura. Dessa vez eu tinha certeza: eu não tinha mais ninguém para cuidar de mim. Abaixei-me ao seu lado e peguei o ramalhete de rosas. Nele havia um bilhete, escrito com letra errante, que dizia:

 

Aos meus pequenos.

Perdoem-me. Nesse momento estou sendo invadido por uma angústia sem tamanho. Já não agüento mais olhar para essas paredes e pensar que, de uma hora para outra, posso ficar sem vocês. Não suporto viver me escondendo. Não consigo acreditar que nada vai acontecer a essa maldita empresa. Que lotes e mais lotes de seus produtos continuam a serem vendidos por aí. Que mais pessoas continuam morrendo, que, que...

Espero que vocês fiquem bem. Agüentei tudo isso até o dia de hoje. No dia em que você faz 16 anos, Leona. Sei que agora você já é uma mulher, pronta para enfrentar o mundo. É forte e vai sair-se bem. Com a ajuda de Kaieel, cuide do nosso pequeno Tidus por mim.

E se tiverem um tempinho, NUNCA desistam de lutar. Um dia tudo isso vai acabar. Talvez com o fim da Umbrella. Ou, na pior das hipóteses, com o fim do mundo.

Kedar Yoo.”

 

Após aquele bilhete suicida e a morte de Ky, as coisas só pioraram. Em alguns dias Tidus foi morar com seu suposto pai. Kaieel perguntou-me se gostaria de seguir com ele, mas me recusei, embora desejasse com todas as forças continuar ao lado de Tidus. Talvez eu me culpe por isso, não tenho certeza.

Hoje, dez anos depois do incidente em Raccoon City, não existe mais Umbrella. Depois do acontecido conosco, as ações da empresa começaram a cair mais e mais. Até que em pouco tempo a Umbrella declarou falência. Queria muito que Ky estivesse vivo e soubesse que tudo pelo que ele lutou não foi em vão.

Completei, ontem, 25 anos. Há três, trabalho na “Terra Save”, uma ONG que auxilia pessoas vítimas de ataques bioterroristas. Foi lá que conheci a maravilhosa Claire Redfield. Como que por uma fantástica coincidência, descobri que ela também era uma das sobreviventes de Raccoon. Isso me trouxe um alívio, por saber que mais uma vez eu não era a única a ter sofrido tanto.

Ainda não consegui esquecer minha família. Na verdade, todos sabem que eu nunca poderei esquecê-los. Já se passaram dez anos e a cada ano essa dor diminui um pouco. Talvez um dia ela cesse por completo. Até esse dia chegar, lutarei a cada segundo para acabar com o mal. Porque sou uma guerreira.


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