Quarta-feira quatro vezes escrita por Carcata


Capítulo 5
Seja abençoada a santa quinta-feira


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOEEEEEOOAAHH OQ FOI ESSE TRAILER DE DEMOLIDOR GALERAAAA
ME ARREPIEI TODA COM AQUELE VIDEO HMMHM VOU ENFIAR ESSE TRAILER NO MEU CU EU NAUM ACREDITO to muito feliz ;u;
(enfim, capítulo final ta ae :D)



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  “Sete da manhã, quinta-feira

Hm?

 Não deveria ser quarta?

 Nelson espreguiçou e bocejou, olhando o despertador novamente, e então notando que aquele não era o seu. Era o de Matt.

 — Matt...? — Ele sussurrou para si mesmo, bem confuso, porém com muita esperança crescendo em seu peito. Olhou para baixo e identificou o copo d’água (já vazio) que tinha dado para Murdock ontem à noite.

 — Matt?! — sua voz agora estava mais desesperada, e ele foi correndo para o quarto do seu amigo.

 — Nhg... Fog...? — Ele viu seu amigo gemer e acordar, ainda deitado na sua cama e com os cabelos bagunçados.

 — Matt, acorda. Matt, Matt, Matt — Foggy estava prestes a pular de tanta ansiedade. — Que dia da semana é hoje? Você pode me dizer?

 Quando Murdock se levantou e ficou sentado na cama, Foggy o encarou o mais seriamente possível (mesmo ele sendo cego), como uma indicação de que aquilo era importante. Super importante. Importantíssimo.

 Matt nunca tinha feito uma cara mais confusa como aquela.

 — Quê? Dia da semana...? — falou com uma voz sonolenta. — Ontem... Era quarta, eu acho. Então hoje é quinta, não é?

 O coração de Foggy começou a bater a mais de mil por hora. Matt inclinou a cabeça, percebendo (e ouvindo) o acontecido.

 — Foggy? — disse, preocupado.

 — Wow... — Foggy colocou as mãos na cabeça, choque e surpresa estampados em seu rosto. — Não é possível, funcionou!

 — Funcionou o quê?

 — Não sei o que eu fiz, mas eu tô livre! — Ele soltou uma gargalhada e abraçou seu amigo, consciente de seus ferimentos. — Estou livre, Matt!

 — Livre do quê, Foggy? — Matthew se debateu até Foggy quebrar o abraço. — O que está acontecendo?

 — Estou livre desses replays infernais! Todo esse tempo foi só quarta-feira, quarta-feira, quarta-feira. Mas agora é quinta, e olha só! — Ele fez um gesto com as mãos na direção de Murdock. — Você ainda tá vivo! Oh, Deus, muito obrigado!

 Matt pegou nos ombros de Foggy antes que este começasse a chorar.

 — Foggy — O olhar intenso de Matt fitando o seu o fez estremecer. — Você vai me contar tudo, detalhe por detalhe. Não deixe nada de fora.

 Nelson suspirou, pensando se era certo confessar tudo o que tinha acontecido. E se ele fizesse isso e o ciclo se repetisse novamente?

 — Eu realmente não sei se deveria te contar, cara — Matthew bufou e não pareceu nada feliz. Foggy continuou. — Quer dizer, nem eu tenho certeza se foi tudo real ou só um sonho muito estranho. Pelo menos não pareceu um sonho pra mim. Sabe aquele episódio de Sobrenatural em que o Sam fica preso num time loop e o Dean fica morrendo toda hor—

 — Foggy.

 Ele parou de tagarelar quando notou que Matt tinha usado sua voz-de-tribunal. A voz que ele só reservava quando estava falando no tribunal ou extremamente sério. Ou ambos.

 Foggy suspirou. Malditos cegos vigilantes altruístas.

 — Foggy, o que quer que isso seja, eu já percebi que está te perturbando desde ontem de manhã. Se você realmente não quer me dizer, não vou mais tocar no assunto, mas garanto que vai se sentir muito melhor se você falar sobre isso com alguém. Não precisa nem ser comigo, pode ser com outra pessoa.

 Foggy desviou o olhar. Não podia encarar Matt naquela hora, não quando todas as borradas que tinha feito nos dias anteriores vieram à tona em sua mente. Decidindo confessar tudo de uma vez por todas, Nelson engoliu em seco.

 — Eu... Eu deixei você morrer, Matt...

 Murdock congelou e começou a suar frio.

 Mandou bem, Nelson, jogue o balde de água fria duma vez no pobre coitado.

 — Eu fui estúpido. Eu-- — Ele engasgou, tentando achar a voz. Tentando achar a coragem. — Eu fiquei durante esses quatro dias me perguntando o que eu tinha feito para merecer aquilo, aquele pesadelo infinito, mas agora eu já sei. Eu fiz muita merda, Matt—

 As lágrimas começaram a sair e Matt decidiu agir, envolvendo o outro em um abraço. Foggy continuou. Precisava tirar aquilo de seu peito.

 — Desculpa, sinto muito, desculpa-- — Um soluço saiu de sua garganta, e depois mais outro. — Eu n-não queria ter falado aquilo no bar. S-Sobre querer que você morresse. E p-por ter feito você chorar. Meu deus, aquilo foi tão estúpido. E depois do bar eu fiquei bêbado e fui dormir e deixei você sangrar até a morte no chão da cozinha—

 Foggy não conseguiu mais conter o choro e suas lágrimas molhavam o casaco de Matt. Este, estupefato e não tendo a mínima ideia do que o amigo estava balbuciando, só o confortou com palavras doces e promessas vazias.

 Eles ficaram naquela posição por alguns minutos, até que as costas de Foggy começaram a doer e os dois quebraram o abraço. Nelson limpou suas lágrimas e se deu conta de que estava se sentindo bem melhor.

 Claro, Matt não tinha entendido nada do que ele tinha dito, mas hey, ele não estava reclamando. Pelo menos o Murdock dessa realidade estava vivo.

 — Você acha que ainda é cedo demais para pegar aquela cerveja que está na sua geladeira? — Foggy perguntou, causando uma risada de Matt.

— Não, acho que essa é a ocasião perfeita.

 Nelson alegrou-se num instante.

 — Nada como uma garrafa de cerveja horrível para alegrar nossas manhãs.

 — Ela não é tão ruim assim. — defendeu Matthew.

 Silêncio. Foggy cruzou os braços e o encarou.

 — Ok, talvez não seja das melhores. — Matt sorriu, aceitando sua derrota.

 Algum tempo se passou e, com o álcool já no sistema de Foggy e Matt (ele provavelmente nem deveria estar tomando aquilo, Claire ia ficar uma fera), o moreno tentava convencer seu amigo a contar sobre tudo o que ele tinha passado. Foggy, depois de muito tempo tentando desviar o assunto, decidiu que já era tempo.

 Então Foggy confessou tudo. Bon Jovi, Batimentos Cardíacos, Chão da cozinha, tudo. De vez em quando ele espiava o rosto de Murdock, querendo saber sua reação. Este ficava com a expressão séria o tempo inteiro, assentindo em consentimento em algumas partes. Ele não o interrompeu nem uma vez, mas de vez em quando, nas cenas mais emocionais, apertava com força o cobertor da cama ou a mão de Foggy.

 Foggy genuinamente pensou que Matt não iria acreditar em uma palavra que dissesse, mas o olhar determinado e preocupado do outro o fazia seguir em frente.

 Quando terminou a história, as mãos de Nelson estavam tremendo e suando frias. Matt abriu a boca para falar, mas foi interrompido pelo celular de Foggy, que começou a tocar. Ele atendeu, surpreso ao ouvir Karen na outra linha.

 Karen perguntou se Foggy e Matt iriam trabalhar aquela manhã. Hah, com toda aquela merda que tinha acontecido, ele tinha até se esquecido da firma. Estava prestes a responder que sim quando Murdock chamou sua atenção e balançou a cabeça desesperadamente em um sinal de negação. Ele parecia preocupado e com medo, duas expressões que definitivamente não combinavam com Matthew Murdock.

 Nelson respondeu que eles não iriam para o escritório naquele dia. Matt pegou o celular de Foggy e o desligou, sem a menor explicação.

 — Matt...? — Nelson perguntou, confuso. Matt só o encarou com uma cara fechada. — Matt, cara, você está me dando calafrios, o quê foi?

 Foggy suspirou, já sabendo que não receberia uma resposta do outro quando estava daquele jeito. Às vezes Matthew era um mistério que simplesmente Foggy não conseguia decifrar.

 A manhã e a tarde inteira se passaram com Foggy cuidando de Matt, já que o idiota era oficialmente o Frankestein ao vivo e em cores, com todos os cortes e machucados em seu corpo. Toda vez que Foggy tentava sair para o escritório ou para o seu próprio apartamento, ou até para a padaria da esquina (—sério, Matt, são literalmente 2 blocos daqui--

— Foggy, acho que um corte meu abriu.

— Quê?! Deus, me dê forças--) Murdock tentava se levantar para impedi-lo, e Nelson já desconfiava de que algo estava meio estranho.

 Foggy levantou-se da poltrona da qual estava sentado, e a cabeça de Matt — que estava encostada no travesseiro — levantou, atento para acompanhar os movimentos do amigo.

 Foggy estreitou os olhos e sentou-se. Matt voltou a dormir. A ação se repetiu mais algumas vezes até que Nelson começou a notar um padrão.

 Huh.

 Ele não era tão bobo assim; Foggy conhecia um Matt super protetor quando via um, mas nunca tinha chegado a certo ponto. O engraçado é que Matt nem percebia, e achava completamente normal seguir Foggy a cada cômodo em que este estava (mesmo com vinte e um cortes em seu abdômen).

 Nelson estava cozinhando algo na cozinha? Matt estava lá. Tinha decidido ir para o quarto? Murdock o seguia que nem um patinho perdido.

 Tentava sair do apartamento? O Diabo de Hell’s Kitchen literalmente fazia uma cara tão lamentável que Foggy forçava a si mesmo a ficar. Incrível.

 Bem, se isso significasse que Matt estava longe de sair à noite, Foggy não reclamaria. Foi quando a funerária da Sra. Cardenas ligou que ele tinha se dado conta de que não poderia ficar. Não era mais quarta-feira, e Nelson tinha responsabilidades a tratar.

 — Matt, acho que você já está grandinho o suficiente para ficar um dia sem mim, né? — anunciou ele. Murdock virou-se com uma expressão ansiosa.

 — Pensei que você ia ficar mais.

 Foggy pensou que o Diabo de Hell’s Kitchen não tinha o mínimo direito de soar tão carente assim.

 — Já fiquei tempo o suficiente. Tenho coisas a fazer — Foggy sorriu. — Além do mais, hoje é quinta, o melhor dia da semana de todos.

 Seja abençoada a santa quinta-feira. Nada de Bon Jovi ou lapsos do tempo.

 Matt devolveu o sorriso de um jeito simpático.


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Notas finais do capítulo

Não...posso... colocar MattxFoggy.... pq eu disse q n ia ter romance.... ughhhh
Obrigada a todos aqueles q leram e me aguentaram por 5 (ou 4? ah axo q foi 5 to com preguiça d ve) capítulos e que vc tenha uma quarta-feira maravilhosa :3
bye byeee~