POV Elijah Mikaelson

Entre os crepúsculos da alvorada e os primeiros raios de sol, os dias foram se passando. Permaneci na hospedaria por mais três dias e tomei a minha decisão. Iria me mudar para Mystic Falls.

    Depois daquele encontro, nada tranquilo, havia tido a minha confirmação de que tudo o que eu tinha visto não era uma ilusão. Mas ainda tinha muitas perguntas sem as sombras de respostas.

  Em uma manhã sai para procurar uma casa para qual pudesse me mudar. Até encontrar uma que me agradou, bastante ampla, dois andares, com um estilo bastante simples porém elegante. Localizada perto de onde ocorreu o baile. Pedi para alguém da hospedaria trazer os meus pertences.

  Quando fui arrumar tudo em seus devidos armários, encontro algo que trouxe comigo da Europa. Um punhal banhado nas cinzas do Carvalho Branco. Apesar de ser um, sei que os Mikaelson jamais serão dignos de total confiança.

  Em todos os anos de minha vida como vampiro, já devo ter perdido a conta das inúmeras vezes em que desejei penetrar este punhal no coração de Nicklaus. Ele é infantil, teimoso, possui uma impulsão devastadora... Mas ao final de todos os defeitos e motivos pelos quais ele merecia tal destino, sempre acabo encontrando aquilo que me impede de fazer isso. Ele é meu irmão.

  Sempre e para sempre, foi isso que todos nós juramos. Nos odiamos pela maior parte de nossas vidas, mas sempre sobrou um pequeno resquício em que ainda existe amor entre nós. Tento contar esses pequenos momentos como sendo os mais especiais e preciosos. Aqueles momentos em que nós cuidamos e protegemos uns aos outros.

  Mas nesse momento não posso voltar. Querendo ou não, tive bons anos de minha vida retirados de mim para ajudar Nicklaus em seu desejo de se tornar um híbrido. E envolvido nisso, tive meus sentimentos revirados por Katherina. Não, não devo voltar agora. Preciso desse momento a sós, longe de tudo,

  Todo cuidado passou a se tornar pouco quando me alimento. Conheci uma garota, se chama Amanda, trabalha em loja de roupas . Nessa última semana, ela tem me dado seu pulso para que eu possa me alimentar. Ao final disso, eu lhe dou um pouco do meu sangue para que o ferimento se cure e em seguida a hipnotizo para que ela sempre esqueça nossos encontros. As pessoas daqui sabem sobre os vampiros, não posso chamar a atenção.

  Abro uma garrafa de vinho e me sento a frente da lareira. O fogo está bastante alaranjado, quase vermelho. Não posso deixar de pensar nos cabelos dela em contraste com o brilho daquela coroa ou até mesmo com a escuridão da floresta.

 - Moça você está se tornando o maior mistério da minha vida - Digo para mim mesmo bebendo um pouco da taça em minha mão.

  Penso um pouco em qual seria o próximo passo para tentar descobrir algo mais a respeito dela. Até que algo vem a minha mente, sei o que preciso fazer e com quem conseguir a informação.

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 - Já notou que é a terceira vez que nos encontramos e você ainda não me disse seu nome - Estou em uma praça, marquei um encontro com a mulher que trabalha no bar.

 - Perdoe-me meus modos. Sou Elijah - Digo me apresentando de maneira formal - Percebo que ela deve ter ouvido falar de mim devido a expressão de seu rosto

 - Ashley. O que um dos vampiros originais faz aqui em Mystic Falls?

 - Conhece os vampiros originais?

 - Vocês são famosos mesmo fora da Europa.

 - Na verdade não estou mais de passagem, me mudei para cá sem previsão de saída - Eu a fiz esquecer das minhas intenções de encontrar a garota, mas ela sabe que eu sei sobre o fato de ela ser uma vampira - E preciso de uma informação sua.

 - Sobre o que seria?

 - Gostaria de saber onde posso encontrar uma bruxa - Ao dizer isso, seu rosto muda de expressão. Tornando-se mais sério.

 - Nunca é algo bom quando um vampiro vai a procura de uma bruxa - Diz ela ainda em tom sério.

 - Eu lhe garanto que meus motivos de estar procurando uma, não a afetarão em nada.

   Ela parece relutante, mas concorda em me dar a informação.

 - Há uma linhagem de bruxas bastante famosa por aqui. As bruxas Bennet, sei que uma delas mora em uma casa isolada no final da cidade. Mas são poucos os que vão lá.

 - Por que? - Pergunto um pouco curioso.

 - Ela não possui uma boa fama. Por isso cuidado com o que deseja Elijah, pode se arrepender mais tarde - Ela me dá o aviso e eu a agradeço pelo endereço e ao final da tarde eu vou até a casa da bruxa.

  Ashley havia me dito que seu nome era Alexandra, a casa dela de fato era distante. Localizada em meio ao nada, um casarão de dois andares com pinturas descascando e aparentando não receber visitas a pelo menos um século. Me aproximo da porta e a bato.

  Demora, mas enfim ouço passos de alguém se aproximando. Mas quando a porta se abre não vejo ninguém. Olho de lado, mas só encaro o quintal mal cuidado da casa. Porém quando me viro novamente para a porta, há uma mulher parada na porta.

  Não consigo decifrar sua idade, parece mascarada. Sou pele é morena, com cabelos bastante longos e cacheados, olhos com uma cor que me lembra a âmbar e uma expressão no rosto que poderia significar mil coisas diferentes.

 - Por acaso você seria Alexandra Bennet? - Pergunto sutilmente.

 - E quem seria você? -

 - Sou Elijah Mikaelson.

 - Não há nada para você por aqui - Ela me responde rispidamente.

 - Creio que pela resposta seja você mesmo.Acredite, vai gostar de conversar comigo. Então, não vai me convidar para entrar? - Vejo em seus olhos, agora mais arregalados, que ela reparou no que eu sou.

  O gesto de tentar fechar a porta na minha cara só confirma a suspeita. Mas eu a impeço com a mão.

 - Eu garanto que nossa conversa será diferente de tudo o que você já viu. Digamos que tem a ver com isto - Retiro de meu paletó a máscara da moça.

  A bruxa olha intrigada para a máscara e não resiste em toca-la. Mas a expressão que seu rosto assumiu quando ela a tocou, foi diferente de tudo o que eu havia previsto. Ela parecia com medo.

 - A quem isto pertence? - Pergunta ela a mim, ainda com a expressão assustada.

 - Eis o motivo de eu estar aqui.

  Sinto ela relutar contra si mesma. Olha mais uma vez para a máscara e por fim para mim.

 - Pode entrar - Sorrio e dou um passo a dentro.

  Ela vai me guiando pela casa. O lugar está bastante escuro, iluminado apenas por alguns castiçais de vela, as mobílias todas mal cuidadas ou com nítidos problemas. Mas o mais estranho era a sensação que a casa causava, as figuras nos quadros pareciam te acompanhar com o olhar, eu vias folhas de grimórios se mexerem a um vento que não existia. Agora entendi o motivo de poucos irem até essa casa.

  Alexandra me mostra uma sala com uma mesa e faz um sinal para que eu me sente-se. Escolho uma cadeira aleatória e me sento, ela faz o mesmo e em seguida ponho a máscara em cima da mesa.

 - Onde conseguiu essa máscara? - Ela me pergunta analisando a máscara com os olhos.

 - A maneira como eu a consegui não vem ao caso. Mas sim a pessoa a quem ela pertence , gostaria de saber mais sobre ela.

 - Só de toca-la já pude sentir que não pertence a qualquer garota. Tem uma energia que a rodeia. Me deixe vê-la melhor - Ela estende a mão para a máscara e eu a entrego.

  Sua fica acima da máscara e seus olhos se fecham. Noto que as chamas das velas ao meu redor aumentam e diminuem e em certo momento as chamas permanecem bastante altas até que elas voltam ao normal e Alexandra empurra a máscara para longe, deixando escapar um grito abafado.

 - Está se envolvendo em algo perigoso Elijah - Diz ela de uma maneira um tanto sombria.

 - O quer dizer com isso? - Pergunto curioso.

 - Essa máscara pertence a uma pessoa que não deveria estar pisando na terra e com isso eu quero dizer que ela não deveria estar viva.

 - C-Como...?

 - Não é natural, há algo que desafia a natureza e fazendo isso não poderia estar sequer respirando - Diz a bruxa, me deixando cada vez mais confuso - Todas as criaturas sobrenaturais possuem um ponto fraco, para que haja um equilíbrio na natureza e esta garota traz totalmente o oposto do equilíbrio. Algo aconteceu com ela e faz com que o organismo dela esteja em constante conflito consigo mesmo... Como se buscasse um equilíbrio que não existe.

  - Mas... Você viu alguma coisa ao tocar na máscara - Pergunto seriamente olhando nos olhos dela.

 - Eu vi, flashes. Eram muito rápidos e não possuíam uma ligação direta. Porém eu consegui ver corpos e muito sangue, pareciam espelhados em meio a uma floresta. Vi também uma espécie de ciclo lunar, mas era diferente ... Nunca tinha visto algo parecido, não consigo dizer o que era.

 - O que acha que ela é?

 - Não sei, mas ela já está marcada pelas trevas. Ela não deveria existir Elijah, não é algo bom ou natural. Afaste-se enquanto tem tempo - Ela me deu esse recado tão seriamente que conseguiu me abalar, mas não podia demonstrar.

 - Perdoe-me, mas não seguirei esse conselho, gostaria de um feitiço de localização.

  Ela da um sorriso sarcástico.

 - Como eu lhe disse não é algo natural, há algo que me impede que a minha magia vá mais além. Por isso não consegui enxergar as visões com clareza ou precisão. Mas mesmo que eu pudesse, não faria. Estaria me aproximando de uma energia desconhecida, que só de ter tocado nessa máscara já não me agradou nem um pouco.

  Eu já ia dar uma resposta, quando ela disse.

 - Se quiser pode me matar eu não ligo. Mas talvez eu tenha descoberto mais uma coisa e não tenha lhe contado, me ataque e não saberá.

  Ela me encurralou perfeitamente. Não tenho escolha.

 - O que quer?

 - Que você saia e não me procure mais. Não faz ideia da energia que ela carrega Elijah, não quero isso perto de mim.

  Posso dizer não, mas certamente não conseguirei convence-la a dizer mais nada. Porém caso eu diga sim, recebo a informação que ela me esconde, mas não poderei recorrer a ela caso precise de mais alguma coisa.

 - Me conte - Tomo a decisão por fim.

 - Digamos que aquilo que tenha acontecido a ela, reflete diretamente aos Mikaelson - Meu sangue gela - Tem certeza que conhece a família que tem Elijah?