POV Edward. 

— Me desculpe, eu sinto muito mesmo, não deveria ter feito isso, Vai passar logo. – Disse Carlisle com uma voz de magoada. Ele falava isso a cada grito que eu dava, aquilo que eu sentia era insuportável, era como se alguém tivesse colocado fogo em meu corpo, eu estava queimando lentamente e dolorosamente, cada milímetro do meu corpo estava exatamente dessa forma. Eu tentava ficar o máximo que conseguia parado, mas logo vinha outra pontada de dor mais forte e eu falhava. Ele tentou me explicar o que estava acontecendo comigo mas não estava prestando atenção.

        Tentei me concentrar em algum som, mas a única coisa que eu ouvia eram meus gritos agoniados e a respiração pesada de Carlisle, foi então que me lembrei que estava em um hospital, abri meus olhos cuidadosamente para ver como nenhum enfermeiro havia me escutado. Não conseguia ver muito claramente, era como se minha visão estivesse um pouco turva mas percebi que estava em uma cama de casal, no que me parecia era um quarto de uma casa. Não fazia ideia de como foi que cheguei lá, mas isso não vinha ao caso no momento. Passei meus olhos pelo cômodo tentando ver algo que me interessasse para me distrair. O doutor estava sentado em uma cadeira a minha direita, perto de uma janela com os cotovelos apoiados em suas pernas, ele estava olhando para mim com uma expressão vazia, parecia muito triste. Eu ia perguntar o porquê de minha dor, mas logo veio outra dor mais forte e eu estremeci forçando os olhos a se fecharem involuntariamente. Encostei minha cabeça nos joelhos e passei meus braços por minha perna. Senti uma mão em meu ombro tentando me confortar.

— Eu irei lhe explicar tudo quando terminar, não precisa falar nada agora, só tente relaxar o máximo que conseguir, eu sei o que está passando, já passei por isso. – Olhei para ele e sorri fracamente agradecendo-o por sua compaixão.

Enterrei minha cabeça novamente em meus joelhos e assim fiquei por bastante tempo, oras estremecia, oras gritava, em alguns momentos implorei para que ele me matasse, a roupa do hospital estava totalmente ensopada de meu choro e Carlisle ficou lá comigo, não saiu em nenhum momento do quarto.

             Se eu estiver certo já se passou dois dias e meio, percebia por causa da janela, quando o sol aparecia minha visão ficava mais clara. A dor estava começando a se estabilizar, o fogo já havia sumido nas pontas dos dedos e dos pés, conseguia perceber melhor as coisas e escutar também. O único lugar onde o fogo não diminuiu nem um pouquinho foi a minha garganta, eu estava com muita sede. Levei minha mão até o pescoço e olhei para o doutor que estremeceu logo em seguida, disse que eu não precisava me preocupar com isso, logo ele disse que iria passar a queimação.

         Terceiro dia, estava me perguntando quanto tempo isso ainda levaria, comecei a escutar um "tic - tac", não lembro de ter visto um relógio no quarto no momento que abri os olhos, mas usei ele para me esquecer da dor, comecei a contar quantas vezes ele fazia aquele barulho irritante.

Já estava no meio da tarde, já havia me perdido no processo de "contar as badaladas", de mil pulei para dois mil, quando meu coração começou a bater tão rápido que jurava que ele sairia de mim, tudo havia parado de queimar, as mãos os pés os braços e as pernas, toda a dor que senti em meu corpo nos últimos dias se ligou em um único ponto meu coração. Ele estava palpitando muito rápido, estava frenético, de repente as batidas começaram a diminuir, lentamente ele foi se aquietando.