PDV Isaac

Virei a curva que a estrada fazia e me deparei com Volterra, o sol se punha, e lançava seus raios diretamente em minha direção, por sorte os vidros do meu carro eram escuros o bastante, ninguém que passasse por aqui agora veria sequer o reflexo dos arco íris de minha pele.

Estacionei o carro na frente da minha casa.

Sim, eu tenho uma casa. Aro tinha muito apresso pela minha amizade especialmente depois que salvei sua vida numa invasão que sofremos em meados de 1800. Assim, consegui convence-lo a me deixar morar fora do castelo subterrâneo onde todos os outros da guarda viviam.

E então, sempre que era preciso, me chamavam e eu cumpria alguma missão, como acabar com um bando de vampiros rebeldes que não sabiam obedecer a regras e que estavam nos expondo demais.

Abri a porta e joguei as chaves na mesinha que ficava no hall de entrada. Dirigi-me para a sala e abri as janelas.

A janela ficava de frente para a incrível vista que era a cidade de Volterra, com seus prédios milenares que se misturavam a colinas verdes que agora eram pintadas pelos raios alaranjados do por do sol.

E embaixo de tudo aquilo existia a maior família de vampiros que nossa espécie já havia conhecido. Muitos tremiam só de ouvir nosso nome, como os quais eu tive que me livrar a não muito pouco tempo atrás na Croácia.

Suspirei e me joguei no sofá, havia acabado de voltar de uma missão, ninguém me incomodaria hoje. Fechei os olhos e fingi dormir, uma das poucas coisas das quais eu realmente sentia falta. A outra era poder sair à luz do sol.

- E ai cara, beleza? – Meus olhos se abriram rapidamente ao som daquela voz terrivelmente conhecida. Só podia ser uma pessoa. Fechei-os novamente e suspirei cansado.

- O que foi Luke?

Luke era meu melhor amigo desde que se juntara aos Volturi em 1820. Ele era um bom amigo e íamos juntos na maioria das missões, o único problema era que era um tremendo de um mentiroso imprestável que adorava fazer piadas de qualquer coisa. E quando eu digo mentiroso é verdade, é o dom dele. Luke consegue fazer com que você acredite em qualquer coisa que ele diga. Mas não foi por isso que Aro o chamou para entrar na guarda, o que acontece é que Luke é ótimo em criar armadilhas, e por incrível que possa parecer, eu já aprendi muitas coisas com ele.

- Que é isso Isaac? Até parece que você não quer me ver. – Disse fingindo uma voz chorosa.

Sentei-me no sofá e o encarei.

-Luke, não faz nem uma hora que nos vimos pela ultima vez!

- Eu sei. – disse rindo.

Eu por outro lado já estava começando a perder a paciência.

- Vamos, diga logo por que veio.

- Ah, sim – E ficou sério de repente. – Jane mandou Elena me dizer para dizer a você que Aro precisa falar com você.

O que? Não acredito! Eu mal acabei de chegar e já queriam me mandar para outra missão de novo?!

- Está mentindo, não está? – Acusei.

- Claro que não! – Sua voz era pura indignação. - Foi a própria Elena que me disse, você sabe que eu nunca minto quando se trata dela.  

Elena era a esposa de Luke, estavam juntos há anos. O que era mais interessante nos dois é que o poder de Elena anulava completamente o de Luke, ela podia identificar qualquer mentira que ouvia. E por causa do poder, também não podia mentir. Na minha opinião, a entrada de Elena a guarda foi um ato desesperado de Aro para tentar controlar Luke, mas isso eu nunca soube realmente.

Em fim, a questão é que Luke era tão apaixonado por Elena que nunca mentia quando estava perto dela, ou quando se tratava de qualquer coisa que se relacionasse (mesmo que minimamente) com ela. Então, Aro queria mesmo falar comigo.

Suspirei novamente enquanto passava uma das mãos pelo meu cabelo. Olhei o relógio, seis e meia.

Levantei-me e fui até a mesa pegar as chaves do carro.

- Vai querer carona? – perguntei.

- Não, eu vou me encontrar com Elena mais tarde, se importa se eu esperar aqui até anoitecer?

- Não. Só não destrua a casa.

Luke riu e pegou o controle da televisão.

Sai e fui até o carro.

Assim que apertei o acelerador o meu telefone tocou.

- Alô?

- Isaac. Aro quer saber por que está demorando tanto.

Por que eu acabei de chegar de uma viagem de mais de dez horas! E por que aquele maluco do Luke só foi me avisar agora!

Pensei.

- Gianna, diga que já estou chegando.

- Sim, claro.

- Ótimo. Só isso? – Perguntei esperando que dissesse sim.

- Não. É melhor tomar um caminho alternativo, não vá pelo caminho da praça da Torre do relógio. As comemorações do dia de São Marcos ainda não terminaram e a praça está cheia.

- Tudo bem. – Respondi monotamente.

- Certo. E só isso, tchau Isaac.

- Tchau.

Desliguei o telefone e direcionei o carro para a biblioteca central a cidade, ela ficava numa área que agora estaria menos habitada, e que por ser um grande conjunto de prédios antigos, teria mais sombras também.

 Luke

  Elena