Flor de Inverno escrita por AoNoUsagi


Capítulo 2
Enfermeiras rosas estranhas - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegou! dessa vez com uma revisada para que possam ler sem dificuldades.



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Novo mundo - GêMuniz

“As árvores retorcidas como ganchos

As flores ou gigantescas ou ínfimas

A ponto de não se percebê-las flores

O céu emoldurado de um amarelo redivivo

As nuvens, raras, plainando em tons de pardo...

[...] Mas continuava ali, imóvel nas garras dos pés

Encarapitado à braça, a olhar desconfiado,

Destratando o céu, meio desapontado

Da modelagem e da paleta do novo mundo…”



Sem acreditar, Cheren adorou a ideia de sairmos, pois fazia tempo que não dávamos uma passeada pela cidade, a cidade é um turismo ecológico então lugares bonitos é o que não faltam. antes do sinal tocar mandei uma mensagem para Bianca esperando que não me matasse por estar incomodando, mas o resposta veio com um “:)” e depois um agradecimento (menos um problema).

E a tarde foi assim, Bianca parecia se divertir muito com tudo que via e o verde que dizia ser longe daquilo que via no Canadá, ela até soltou uma frase estranha “Não sabia que havia tanto verde na galáxia”, eu achei estranho, mas logo Cheren complementou “ Não sabia que era uma fã de Star Wars”; depois desse comentário os dois começaram a falar mais que duas maritacas em acasalamento, me senti até um pouco deslocada e então percebi que N ficou quieto o passeio todo e foi o único que não mostrou seu lugar favorito. Olhei para ele de relance e parece que ao mesmo tempo ele olhou para mim abrindo um sorriso sincero.

 

—Touko você se importa se eu mostrar para Bianca o cinema? Hoje é o último dia que vai passar o novo filme de Star Wars.

 

Olhei para o meu amigo de óculos vermelho e jaqueta azul dando uma risada funda, parecia que eu era mãe dele pedindo permissão. Acenei positivamente minha cabeça e lá se foram as crianças, agora sobrou eu e  N, bem clichê não?

 

— O que faremos? - perguntou o rapaz de cabelos esverdeados.

 

— Você não mostrou para nós o seu lugar favorito, sentiu vergonha?

 

Ele sorriu novamente, não entendo pra que sorrir tanto.

 

— Pois é, esqueci-me de mostrar, posso mostrar agora se quiser.

 

O intuito era para Bianca conhecer, mas minha curiosidade foi mais forte e sem mais diálogos inúteis pegamos um taxi e fomos para o lugar. Depois de N pagar o motorista caminhamos para dentro da floresta que beirava  a estrada, estávamos relativamente perto até de minha casa, enfim pus o pé no barro e o acompanhei.

Já faziam 10 minutos que caminhávamos e ele não emitia uma palavra se quer, comecei a sentir um pouco de medo acho que não foi uma boa ideia seguí-lo no meio do mato quase anoitecendo. Quando estava preste a desistir ouvi risos de crianças e música. O som vinha pela frente depois de N, um calor começou a circundar meu corpo e parecia que meu medo esvaziava aos pouco de minha pele. Estava tão distraída com os barulhos e as sensações que esqueci que as raízes era altas naquela região e acabei tropeçando e sujando meu moletom (o meu amado e azul moletom), quando me recompus N não estava mais a minha frente e a noite caiu. Bem, estava perdida e não sabia como voltar; os trovões rasgavam céu com seu barulho grave, avisando que seria uma noite de chuvas impiedosas e meu braço começava a doer devido a queda.

 

Sentei… Olhei… Esperancei… Errei… Chorei...

 

Como fui parar aqui? Será que estava ficando louca, a música não parava de tocar em minha cabeça, mas de onde vinha? Como poderia vir de um lugar tão longe e deserto? De repente ouvi o som de um pássaro, ou melhor era semelhante a um, pois parecia algo que não era desse mundo.  Levantei-me, peguei meu celular para iluminar o caminho e continuei a caminhar reto, dei alguns tropeços ainda, mas não desisti de seguir a música quando finalmente cheguei a beira de um lago. Descrever esse lugar seria semelhante a nada, pois mesmo falando palavras difíceis não chegaria a realmente descrever tamanha impressão que tive ao ver esse lago, tudo em volta era aberto e parecia que a lua arranjou uma bela brecha naquele lugar para iluminar finalmente uma noite de verão. Me aproximei do lago, pois era de lá que vinha as risadas e a música, fiquei um pouco receosa, afinal que lago toca música e dá risada?

 

Cheguei mais perto… e mais perto… até ver meu reflexo…

 

Examinei-me e via uma garota de pele branca, cabelos castanhos cheios e ondulados (e bem bagunçados). Meu rosto aparentando cansasso e meu moletom sujo.

 

— Como estou horrível - falei para mim mesma.

— Pois olhe melhor Touko.

 

Virei-me e lá estava N com um sorriso calmo, minha vontade de dar um soco no narizinho dele era grande no momento, mas meu braço doía tanto.

 

— Touko, você não quer crescer agora, eu sei. Eu também não quero ter responsabilidades agora também.

— Do que você está falando N? Onde eu estou?

— Confesse! Diga tudo que tem medo. - ele apertou meus dois braços e isso me machucou.

— Você quer que eu fale o que?! - Estava cansada, machucada e suja, parecia que minha mente ia surtar, então comecei a gritar- Quer que eu fale que estou com medo de virar adulta? Que me sinto as vezes propriedade das pessoas que mais amo, usada? Que estou com frio, fome, dor, cansaço e assustada? Tenho a impressão que nunca serei realmente útil, que não serei grande e muito menos as pessoas vão lembrar de mim quando partir. Eu vivo longe de tudo e de todos então como eu poderia ser importante para alguém?

 

Não me aguentando mais chorei, não foi um choro silencioso, foi aos gritos como um recém nascido, estava chovendo? Não sei, minha cabeça começou a arder mais que meu braço, e não conseguia pensar em nada, desabafei de uma maneira que nem mesmo eu sabia que tinha essas duvidas tão reais.

 

— Touko… olhe para o lago.

 

Sem bem entender olhei novamente e então ao invés de ver minha cara vermelha e inchada pelo choro vi uma cidade brilhando com suas luzes noturnas, vi tudo de cima, pareciam comemorar algo, como um daqueles festivais japoneses.

 

— Escute bem o que vou te dizer Touko, só quem é verdadeiro consigo poderá entrar nesse mundo. Eu preciso de sua ajuda.

 

— O que? - olhei sem entender nada o que estava acontecendo.

 

— Eu estarei lá, mas não poderei te guiar você precisa me salvar e não confio em mais ninguém além de você. Eles não poderão saber que somos amigos, neste mundo seremos rivais, mas saiba que mesmo lá continuarei te amando.

 

Sem tempo para pensar ele me empurrou no lago e comecei a afundar e a afundar, prendi minha respiração, mal conseguia me debater, a água parecia ser feita de gelatina, meus pulmões pareciam que iam explodir se não respirasse, mas nada entrou quando abri minha boca  como um vácuo, assustada continuei a descer e em um som abafado escutava a conversa de várias pessoas juntas, uma multidão, flautas tocando. De repente comecei a cair mais rápido e me desprendendo daquela geléca que só aparentava a escuridão de um lago.

Houve uns dois segundo de alivio, pois voltei a respirar, quando abri meus olhos estava atravessando nuvens e a única coisa que podia fazer era gritar e muito alias, o que eu senti foi um medo tremendo, pensei realmente que fosse morrer mais para minha sorte o “piado” que ouvi outra hora na floresta escutei agora bem mais alto e caindo em seu lombo negro comecei a planar pelo céu.  Minha cabeça estava totalmente zonza, tantas emoções de uma vez só era de mais para meu corpo e sem mais energias acabei desmaiando.

***

Acordei ainda meio zonza na cama o que foi isso? Um sonho? Olhei para janela perto de minha cama e vi que era uma linda manhã o Sol brilhava como a primavera, as árvores verdes e um rinoceronte dormindo sobre a sombra de uma delas… Esperá! Rinoceronte?!

 

— Como assim um rinoceronte?! - gritei.

 

Olhei ao meu redor e percebi que não estava em meu quarto e sim em uma espécie de quarto de hospital. A porta se abriu e entrando em meu quarto uma mulher com um uniforme de enfermeira rosa e cabelos presos em uma pseudo maria-chiquinha que aliás também eram ROSAS, segurava uma bandeja com coisas que não sei dizer o que são.

 

— Ah! A senhorita acordou. Bom dia.


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Notas finais do capítulo

Gente é sério eu amo essa franquia e principalmente esse jogo, vou tentar sempre supreende-los e é agora que a aventura começa.



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