O barulho do despertador ecoava pelo quarto fazendo o moreno abrir os olhos lentamente ainda sonolento. Ele tirou o braço de dentro das cobertas e desligou o aparelho tirando os cobertores de cima dele logo em seguida. Levantou, pegou a primeira roupa que lhe veio pela frente e entrou no banheiro onde tomou um rápido banho vestindo a roupa em seguida.

 

 

Saiu do quarto, fechou a porta, caminhou até a porta branca com rosas pintadas onde havia uma placa escrito “Yuuki”, e bateu a porta.

 

 

- Yuuki... – chamou com a voz rouca enquanto batia a porta. – Está na hora.

 

 

Ele ouviu alguns ruidos vindos do quarto da pequena e esperou que ela respondesse até que ouviu passos se afastarem.

 

 

- Hai... – respondeu com a voz sonolenta enquanto entrava no banheiro.

 

 

O moreno deu alguns passos para o lado e bateu a porta cheia de placas e cartazes escritos “Não Entre!” e esperou que o mais novo o respondesse. Ele já estava quase batendo à porta novamente mas ela se abriu lentamente revelando o mais novo que já estava arrumado e para a surpresa do mais velho ele estava sem maquiagem e o cabelo que antes estava todo espetado para cima agora escondia os olhos dele.

 

 

Hikaru largou a maçaneta e sentou em cima da cama esperando que o mais velho entrasse. Ele estranhou mais entrou no quarto percebendo que estava completamente mudado. As paredes que antes eram azuis agora estavam pintadas de preto com varias coisas escritas em vermelho vivo. A antiga cama pequena com grades de segurança fora substituida por uma grande cama de casal que estava forrada com um edredom cinza. Havia também uma televisão, um armario preto e um banheiro.

 

 

O moreno observava o quarto atentamente. Sentiu uma enorme vontade de perdi explicações ao menor mais se controlou lembrando dos ultimos acontecimentos.

 

 

- Eu vou com você – disse tirando o mais velho dos seus pensamentos. – Pro hospital...

 

 

Sasuke soltou um longo suspiro e passou a mão sob os cabelos rebeldes enquanto Hikaru o olhava impaciente.

 

 

- Não vai adiantar nada te dizer não mesmo... Vá lá pra baixo e faça alguma coisa que a Yuuki goste...

 

 

- Tsc, como se eu soubesse cozinhar... – disse indiferente.

 

 

- Não precisa cozinhar Hikaru, faça qualquer coisa pra ela comer! – disse impaciente.

 

 

- Tá, tanto faz. – disse saindo do quarto.

 

 

Sasuke coçou a testa e se certificou que o mais novo havia descido. Abriu o armario dele e viu uma caixa azul e se lembrou do dia que havia a dado para ele.

 

 

Flashback:

 

 

- Hikaru, venha aqui. – chamou vendo o filho sentado no chão brincando com alguns carrinhos.

 

 

- Hai tou-san? – ele levantou rapidamente correndo até o mais velho e sentando no colo dele.

 

 

Sasuke sorriu e passou a mão bagunçando o cabelo do filho. Ele pegou uma caixa de presentes azul e entregou para o pequeno que ficou com os olhos brilhando.

 

 

- Posso abrir? – perguntou curioso.

 

 

- Pode – respondeu rindo.

 

 

O garoto abriu apressado a caixa mais para sua surpresa ela estava vazia. Ele fez um bico e olhou para o mais velho emburrado.

 

 

- Não tem brinquedo aqui. – resmungou.

 

 

- Claro que não. – disse colocando a mão nos ombros do pequeno. – Quando eu tinha sua idade meu irmão me deu uma caixa de sapatos vazia, então eu perguntei para ele pra que eu iria querer uma caixa de sapatos vazia... Sabe o que ele me respondeu? – o garoto fez que não com a cabeça. – Para guardar meus sonhos e minhas lembraças mais preciosas.

 

 

O garoto olhou surpreso para o pai e sorriu levantando do colo dele. Ele pegou um dos porta-retratos que havia na sala e colocou dentro da caixa chamando a atenção do mais velho.

 

 

- O que você colocou ai dentro Hikaru? – perguntou curioso.

 

 

- Uma foto nossa Otou-san, eu, você e a Okaa-san no meu aniversario semana passada, foi o melhor dia da minha vida! – disse relembrando. – Tava todo mundo aqui, até o Aoi-kun veio mesmo eu tendo brigado com ele na escola.

 

 

- Amigos são para isso filho, se ele são de verdade sempre vão te entender e perdoar. – ele sorriu para o pequeno que retribuiu com um largo sorriso – Agora vá tomar banho antes que a Okaa-san chegue!

 

 

O pequeno subiu apressado com a caixa deixando o mais velho na sala sorrindo. O filho podia ser pequeno mas era muito feliz.

 

 

Fim do Flashback.

 

 

Sasuke suspirou fundo antes de abrir a caixa. Ele a pegou, sentou na cama do mais novo  e finalmente a abriu.

 

 

Dentro da caixa havia agora outras coisas. Um dente de leite, uma foto de Aoi sorrindo encostado em Hikaru, alguns papeis com manchas de sangue que chamaram a atenção do moreno que pegou um deles e abriu para ler.

 

 

“A Okaa-san está chorando no quarto... Tudo culpa daquele monstro, ele nem se quer liga pra mim. Eu fui mesmo idiota de achar que ele me amava, se ele gostasse mesmo de mim, da Okaa-san e da Yuuki-chan ele estaria aqui. A Yuuki-chan sofre tanto com isso... Os meninos da escola ficam pertubando ela mas eu bato neles. Faz sete anos que ele foi embora... eu não aguento mais.”

 

 

O resto do papel estava manchado de sangue, provavelmente Hikaru havia tentado se matar. Quando ele escreveu aquilo ele tinha só doze anos, agora estava com quinze a alguns meses do seu aniversario.

 

 

Ele tirou o resto dos papeis de cima e viu a mesma foto que o mais novo havia colocado aquele dia.

 

 

“Foi o melhor dia da minha vida!” – lembrou.

 

 

Ele guardou tudo dentro da caixa, a colocou dentro do armario logo em seguida e saiu do quarto esbarrando com Yuuki que o olhou assustada.

 

 

- V-você tava no quarto do Aniki? – perguntou boquiaberta. – Ele não deixa ninguem entrar...

 

 

- Eu estava lá dentro com ele... Vamos, se não vamos nos atrasar. – disse descendo até a cozinha rapidamente.

 

 

Ao entrar na cozinha Sasuke se deparou com o mais novo sentado comendo uma tigela de cereal com leite.

 

 

- Tô com sono... – a pequena reclamou entrando na cozinha e sentando ao lado do irmão.

 

 

- Andem logo, já são seis e meia vamos acabar nos atrasando. – ele se sentou do outro lado de Yuuki e colocou um pouco de café numa xícara tomando um gole.

 

 

- A Yuuki vai se atrasar, não eu. – disse intediado.

 

 

- Como assim Hika-chan? – perguntou curiosa.

 

 

- Eu vou sair com o Uchiha. – disse friamente. – E você tem escola, anda logo.

 

 

- Não é justo! – ela levou até a boca a ultima colherada do cereal e levantou. – Vou pegar minhas coisas – disse desanimada.

 

 

- E escovar os dentes! – completou o moreno mais novo.

 

 

Depois que Yuuki voltou os três entraram no carro e foram em direção a escola. Na porta da escola Sasuke já estava perdendo a paciencia com o congestionamento.

 

 

- Pronto Yuuki, vá. – disse parando o carro na frente do portão da grande escola.

 

 

A garota suspirou derrotada e saiu do carro deixando apenas os dois sozinhos.

 

 

A viagem até o hospital foi um total silencio. Quando chegaram ao predio Hikaru desceu apressado fazendo Sasuke revirar os olhos impaciente. O garoto sentou numa das cadeiras da sala de espera enquanto o mais velho se dirigiu ao balcão envergonhado por que havia percebido que estava apenas de calça jeans e moleton assim como o mais novo.

 

 

- Paciente Haruno Sakura. – disse enquanto a enfermeira olhava boquiaberta para ele.

 

 

- Sasuke-kun, é você? – perguntou com os olhos brilhando.

 

 

Sasuke a olhou com uma expressão de duvida, ele já havia visto aquele cabelo ruivo  e aqueles estranhos oculos antes.

 

 

- Gomen, nos conhecemos? – perguntou curioso.

 

 

- Sasuke-kun! Sou eu, Karin! – respondeu sorrindo.

 

 

- Ah... Claro... – disse intediado. – Pode chamar a Tsunade?

 

 

- Hai. – respondeu irritada.

 

 

Ele sentou do lado do menor que se contraiu um pouco com a proximidade do mais velho. Minutos depois a loira apareceu segurando alguns papeis.

 

 

- Não esperava vocês aqui, venham. – ela sinalizou para que eles a seguissem.

 

 

Os dois a seguiram até a porta de um quarto onde ela parou e olhou para o mais novo.

 

 

- Hikaru, posso falar com você em particular? É rapido.  – pediu vendo o menor concordar. – Pode entrar Sasuke.

 

 

Ele esperou os dois sumirem da vista e abriu a porta lentamente sentindo o coração acelerar. Lá estava ela, tão palida e fraca. Ele parou ao lado da cama e segurou uma das mãos dela que estavam geladas.

 

 

- Sakura... Acho que você não pode me ouvir agora – disse com um pouco de dificuldade. – Não está sendo nada fácil para mim, preciso de você aqui comigo... Nem que seja pra me odiar mas eu não quero te ver nesse estado aqui.

 

 

Ele acariciou a face dela com a outra mão e estremeceu. Sakura estava mechendo a mão que ele estava segurando. Ela estava reagindo.

 

 

Continua....