Deceptions escrita por Kira-chan Anime


Capítulo 6
Você Devia Desabafar Com Alguém Seus Problemas


Notas iniciais do capítulo

Erm, o capítulo saiu um pouco do que eu imaginava, mas espero que gostem! 8 D



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Levantou-se assustado no meio da noite. Tivera um pesadelo terrível. Até mesmo para ele era terrível. Sonhou que a última pétala da Lótus havia caído. Mas não era ele quem morria. Era Lavi. O ruivo caía lentamente no chão, a mão de Tyki Mikk atravessando seu peito, destruindo seu coração, exatamente como quase fizera com Allen Walker durante aquela viagem à China, enquanto procuravam pelo Cross. Na outra mão, a Innocence destruída e a areinha verde caindo no chão. O sorriso sádico-diabólico era visível na face do assassino. Olhou para o outro lado e via Allen sendo levado por Road para algum lugar da Arca. Estava completamente bêbado. Ria e não prestava atenção ao que a Noé lhe dizia. Não era mais Allen Walker. Os cabelos ondulados e o sorriso sádico os diferenciavam. Era o 14º, reencarnado. Acordou sobressaltado.

 

Olhou para a Lótus na ampulheta. Tinha perdido mais uma pétala desde a sua estadia em Madrid. Sabia que, mais dia, menos dia, a última pétala iria finalmente se desprender da bela flor e pôr um ponto final em sua vida, enfim. “Uma vida sem propósito algum”, pensam muitos. Mas afinal, qual era mesmo esse propósito? Talvez nem ele mesmo soubesse mais. Talvez não lembrasse mais do que tanto procurara por toda a vida. Melhor dizendo, por quem. Mas não vamos adentrar mais nesse assunto dispensável. Ainda eram só três e meia da madrugada.

 

Via pela janela trincada a chuva e o vento competindo para ver quem demonstrava mais sua fúria, cada um seu estilo próprio. O vento uivando e balançando as árvores do outro lado do vidro; as gotículas enérgicas de chuva batendo com eficácia nas janelas e por todo o pátio lá fora.

 

Era incrível, mas não sentia mais nenhuma vontade de voltar ao mundo dos sonhos. Estaria o jovem espadachim assustado? Não, certamente não. Esse era um sentimento que ele não possuía: o medo. Ou será que ele tinha-o? Bem lá no fundo, um resquício de medo começava a surgir no japonês. Mas medo do quê? Medo da morte? Não. Nunca tivera e não iria ser agora que teria. Medo da perda, talvez? Mas perder o quê? O que ele tinha a perder naquela guerra incansável? “Allen”. Foi o que pensou em segundo lugar. Seu primeiro pensamento, por mais humilhante que fosse, fora generalizado: “Meus amigos”, foi o que pensara. Mas, espera um pouco: Amigos? Desde quando considerava o albino maldito, a garota emo preocupada com Deus e o mundo, a alemã problemática emo também, o aspirante a vampiro (adivinha? Outro emo) e o ruivo desgraçado que atormentava-lhe o juízo como amigos?! Eles não faziam nada para ajudá-lo e mal chegavam perto de si, por um pouco de temor, talvez. Como, então, poderiam ser considerados seus amigos?! Eles até se preocupavam com ele, mas o sentimento não era recíproco. Pelo menos não era admitido assim, tão facilmente para todos perceberem.

 

É, Yuu Kanda, você precisa encarar logo os fatos. Sim, você tem amigos. E eles se preocupam com você. Então, por que os trata sempre tão mal? Por que só demonstra seus sentimentos pelo albino amaldiçoado? Pensei que tivesse dito que não gostava de pessoas amaldiçoadas. “Algumas coisas mudam”, era o que me diria diante de um questionamento desses? Então por que você não muda nunca? Não vê que esse seu jeito frio e sempre mal-humorado de ser não ajuda em nada? Pelo contrário, só afasta mais e mais seus amigos de verdade de você?! Quer ficar sozinho no mundo? Quer que ninguém chore perante sua morte, é isso? Esse é o motivo para não tentar ser amigo dos outros?! Pois saiba que isso não adianta.

 

Agora menos ainda. Porque você declarou-se para Allen Walker e estão vivendo um romance proibido. Por mais que seja grosso e rude com ele, seu mestre, Froi Tiedoll, também não vai te abandonar assim. Os outros discípulos dele, Chaoji Han e Noise Marie, seus companheiros, também não vão. Miranda Lotto e Arystar Krory III também não desistirão tão facilmente. Entraram depois na Ordem Negra, mas, mesmo assim, tem cada um, certo carinho por você. Lenalee Lee é bondosa demais para não chorar perante a morte de alguém, imagine então se esse alguém fosse amigo dela! E Lavi, pobre Coelho. Deu seu coração para você, o qual você esmigalhou em zilhões de pedaços mínimos e fez de conta que não tinha nada a ver com a sua vida! Como se ele simplesmente não existisse! Ignorou totalmente os sentimentos do ruivo como se ele fosse uma pessoa sem sentimentos. Como se ele fosse você. Mas ele não é você, Yuu. Ou pelo menos não era. Ele ainda poderia ser feliz se você não tivesse sido tão estúpido com o coitado do garoto!

 

Então por que ser tão rude e gélido com as pessoas assim? Por que nunca procurou ser uma pessoa melhor? Ser mais humano? Ah, é verdade. Você não pode. Você nunca vai poder saber mesmo. Você não é humano. Nunca vai poder sentir como um. Nem sei ao certo como você pode amar o Walker. Você é uma criatura sem sentimento algum! Tenho pena do pobre garoto, perdido em uma doce ilusão do amor. Você nunca o amou de verdade, não é? Diga-me, e prometo que não contarei a ninguém.

 

Não tinha mesmo mais um pingo sequer de sono em seu ser. Resolveu caminhar um pouco e tentar esfriar a cabeça. Suava frio. Sentia seu sangue gelando, percorrendo as veias, sendo bombeado pelo coração. Coração. Será mesmo que tinha um? Afinal, como já dissera antes, ele não era humano. Será que um ser como esses possuía um coração? E será que ele batia mesmo? Ou era somente o barulho de seus passos apressados contra o assoalho gélido de pedra da Ordem?

 

Finalmente parou de andar. Panelas, escorredores, talheres. Encontrava-se na cozinha. Fome? Não sentia. Pegou só um copo d’água. Mirou por alguns segundos o próprio reflexo na água cristalina. Não via direito, pois estava escuro demais. A única luz presente era a da Lua cheia, brilhando no céu azul-escuro. Se bem que, “brilhando” seria um termo tecnicamente errado. A Lua é um satélite natural da Terra, portanto, não emite luz própria. Ela apenas reflete a luz emanada pela grandiosa estrela chamada Sol. Por fim bebeu o líquido transparente. Pousou o copo em cima da bancada e se foi.

 

Voltou a caminhar na direção do quarto, quando um relâmpago chamou sua atenção para o lado de fora. A tempestade havia piorado um pouco. Mas quem se importava com isso mesmo? Mudou seu curso para o lado de fora do grande QG e sentiu as gotas de chuva molharem-lhe o rosto e o peitoral à mostra. Fechou os olhos. A sensação era boa. A água era fria, mas ele preferia assim. Fazia mais o seu estilo. Esqueceu momentaneamente todas as dúvidas que atormentavam-lhe a cabeça há poucos minutos. Abriu os olhos novamente. O cenário era o mesmo. Nada havia saído do seu devido lugar.

 

– Se tem tanto assim para pensar, por que não faz isso em um legar mais seco? – Uma figura parou em uma parte seca, a alguns metros dele.

 

– Che, me deixa em paz, Supervisor.

 

– Deixe de ser grosso, Kanda! Vamos, pode confiar em mim. Qual o problema, hein?

 

– Nenhum.

 

– Então você está aqui simplesmente porque gosta de tomar banho de chuva gelada, não?

 

– Não se meta na minha vida, Komui.

 

– Se for sobre aquela história de você e o Allen, eu já sei. – O rosto do moreno virou-se assustado, confuso e corado ao mesmo tempo, para olhar um sorriso singelo na face do Supervisor. – Não se preocupe ninguém mais sabe. – Seu rosto ficou sério. – E também soube do que fez com o Lavi. E não posso dizer simplesmente que foi um exemplo, não?

 

– Sua irmã é uma intrometida, Komui.

 

– Q-quem te disse que foi a Lenalee que me contou algo?! Não foi ela não, para o seu governo!!

 

– Tsc, pare de gritar.

 

– T-tudo bem. – Ele ajeitou os óculos melhor no rosto. – Mas você devia desabafar com alguém seus problemas, não guardá-los para si próprio. Isso pode fazer mal à saúde!

 

– Che, me deixa em paz. – Ele levanta-se, caminhando de volta para a Ordem e parando logo adiante, ao lado de Komui. – Da minha vida cuido eu!

 

– Como quiser. Só não esqueça que o aniversário dele está chegando.

 

– Me mande em uma missão para bem longe nesse dia.

 

– Eu não vou fazer isso, Kanda. Tente não ser grosso com o garoto. Ele não está bem, e todos já perceberam isso. Não cause mais confusão. Se não quiser, não o parabenize. Mas não faça nada que parta mais o coração dele, tudo bem?

 

– Tsc. – O samurai já andava longe e fingia não ouvir mais as palavras que seu Supervisor lhe proferia. Afinal, faltavam cinco dias. Mas quem ligava? Infelizmente, a resposta era ele. Mesmo não querendo; mesmo a presença do ruivo ser a última coisa que desejaria na face da Terra. Mesmo assim, ele ligava. Ele se importava, nem que fosse um pouquinho só. Voltou para o quarto, por fim, e deitou-se novamente. Estava encharcado dos pés à cabeça. Ah, mas quem se importava com isso? A vida era dele. Se pegasse uma pneumonia, o problema era exclusivamente dele. Tornou a dormir. Mas, dessa vez, sem sonhar.

 

“I - I’ll get by

I - I’ll survive

When the world’s crashing down

When I fall and hit the ground

I will turn myself around

Don’t you try to stop me

I - I won’t cry”

 

Alice (Underground) – Avril Lavigne


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Notas finais do capítulo

Bom, vou começar me explicando: Eu sei que disse que tava meio óbvio o casal que a fic ia terminar, só que o capítulo fugiu um pouco ao que eu imaginava. Terminei de escrvê-lo ontem, então peço agora desculpas por ter dito que ia postar no fim de semana passado e só estou postando agora. É que foi mini-teste de mat. na segunda, de port. na quinta e prova de mat. na sexta, e eu fiquei meio ocupada estudando pra isso tudo, sem falar do trabalho que eu ia apresentar, mas a professora cancelou =='

Enfim, eu sei que ninguém deve estar satisfeito comigo, então peço desculpas novamente

Espero que não tenha ficado tão vago e emo quanto eu penso :x'
E sobre os resultados, uma pista: No 1º parágrafo dá pra descobrir pelas primeiras frases (pelo menos eu acho que sim xx')