Ouvi a porta bater me levantei da cama e olhei para a janela, estava chovendo será que ele tomou toda aquela chuva?

Desci as escadas e minha intuição não me deixou falhar, era ele mesmo. Ele estava totalmente molhado, e estava subindo as escadas, parei por momentos e ele também, eu olhava-o sem poder entender o motivo de aquilo estar acontecendo comigo

“você está bem Tom?”

Ele perguntou-me quebrando o silencio

“sim”

Respondi novamente com monossílabas.

Olhava Bill, com vontade de tê-lo naquele momento, mas não ele é meu irmão, e isso não pode acontecer!

Desci as escadas passando por Bill e sentido seu corpo molhado bater contra o meu enquanto eu passava por ele, aquilo me geraram arrepios, ele puxou-me pelo braço e virou-me de frente á si.

“esteja em meu quarto em meia hora, precisamos conversar, e não aceito não como resposta”

Eu assenti com a cabeça e desci as escadas e quando cheguei ao final dela, me virei para trás vendo Bill sumindo na escuridão do corredor.

Me joguei no sofá.

Como isso pode ser real?

Depois de tantas garotas que passaram pela minha vida, eu me apaixonei justo pelo meu próprio irmão?!

E por mais que eu tente convencer meu coração que isso é errado, minha mente me perturba com pensamentos maliciosos.

Estou afastado de Bill á dias e isso me afeta tanto quanto afeta ele, vejo em seus olhos a falta que eu estou fazendo á ele.

“Mas acredite, assim é melhor”

Se eu disser á ele o que eu sinto, ele pode me achar um maluco, e quando ele souber disso eu vou estar longe, muito longe.

Eu sei, a banda pode acabar e tal, mas não vou poder entrar em palco e ver o Bill cantando nossas canções e olhando diretamente para mim, Isso é suicídio, eu não sei se posso me controlar, quando ele vier ao meu lado nos shows, ou até mesmo em sessões fotográficas.

Não, eu não vou me controlar e sei disso.

O Silencio que se instalava na casa logo Foi quebrado com o barulho do chuveiro.

Ele estava tomando banho. Pensamentos maléficos vieram á tona em minha mente, dizendo para eu subir ao teu quarto, para vê-lo no banho “NÃO!”

Berrei.

Logo subi para o seu quarto, para a nossa conversa. Subindo as escadas cheguei até o seu quarto, sentei em sua cama, e seu perfume adocicado tomando conta do quarto todo e logo de meus pulmões.

Respirei fundo como se nunca mais fosse sentir aquele perfume no ar. Logo ouvi o barulho da água se cessar.

Alguns minutos depois lá estava ele, não precisava olhá-lo para senti-lo no ambiente. Ouvi-o chamar pelo meu nome

“Tom?”

Levantei a minha cabeça olhando-o e lá estava ele, com seu corpo molhado enrolado em uma toalha branca.

“o que você tem para falar comigo Bill?”

Desviei meu olhar do Dele, olhando o pequeno mural, onde de cara vi uma foto nossa, me levantei e fui em direção ao painel, pegando a foto, e olhando-a

Era nosso aniversário de 9 anos, estávamos abraçados, colados, como se aquele fosse o nosso ultimo momento juntos.

“lembra desse dia?”

“nosso aniversário”

Ele pegou a foto de minhas mãos e sorriu, e eu sorri também.

“éramos tão felizes naquele tempo.”

Ele disse

“como nunca fomos antes”

respondi

“sim”

e ele finalizou a conversa

Ele devolveu a foto á mim e foi até seu guarda-roupa jogando a toalha branca em cima da cama.

Eu fui até a porta do guarda-roupa ficando atrás da mesma, observando-o.

Observando cada traço daquele corpo magro e esbelto.

“desejo-te”_pensei, mas não disse.

vi-o colocar sua boxer cinza

Ele fechou a porta do guarda-roupa dando de cara comigo

Ele assustou-se

“assustou-me Tom”

“não era a intenção”_não era mesmo.

Ele vestiu a calça do pijama e sentou-se na cama, sendo seguido por mim.

“o que você quer falar comigo Bill?”_perguntei

“quero saber o motivo”_ele não me olhou apenas respondeu

“motivo do que?”

“de você estar assim Tomi”

_ele chamou-me pelo apelido carinhoso que ele usava para me convencer á fazer ou falar as coisas

Eu abaixei a cabeça e respondi

“ando confuso, só isso”_pura verdade!

“com o que?”

“com a nossa vida”

“nossa?”

“sim”

“da banda?”

“não Bill, minha e sua”

“o que tem á ver isso Tom?”

“tudo Bill”_exatamente isso

“você está me deixando confuso, me dê uma resposta concreta Tom” “não posso”

“como assim?”

Eu me levantei e fui até a porta e abri-a

“porque não tenho resposta para mim mesmo”

E sai pela mesma, fechando-a Fui até o meu quarto e me joguei na cama. Não, eu não posso continuar com isso, não eu não vou continuar com isso, eu vou sumir daqui, mas primeiramente vou escrever uma carta á ele, dizendo o motivo de eu sumir, talvez por uns tempos, talvez nem volte. Sentei-me em frente á escrivaninha do meu quarto, peguei uma folha de caderno e uma caneta preta e comecei á escrever

“Bill...

Não posso mais conviver com isso. Sei que você vai achar eu um maluco, mas eu te amo, e não é um simples amor, eu desejo-te, e sei que isso é errado, mas eu queria poder dizer que você não vai precisar se esconder de mim. Sim, eu irei sumir, talvez por uns tempos, talvez para sempre. Mano, você é tudo para mim, e eu te amo, quero que fique bem, e se cuide. Estarei ao teu lado, sempre, em sua mente e em seu coração.

Tom.”

 Pronto, era aquilo, era aquilo que eu tinha de dizer, mas não tinha coragem de fazê-lo. Peguei umas malas, enfiei de tudo dentro delas, roupas, bonés, sapatos, e por fim dinheiro. Era isso, eu iria embora para sempre.