As Aventuras Bizarras de Beta Fisk escrita por Gapashi
Notas iniciais do capítulo
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Sigma comeu toda a refeição que Beta havia preparado para Alice, cuja qual ficou impressionada e com fome. Entretanto, mesmo não cozinhando bem, Beta garantiu-lhe que faria outro prato. Direcionou-se para a geladeira e puxou queijo e presunto. Beta deu um sorriso torto e de vergonha ao dizer que era só isso que sabia fazer. Alice riu e disse que adorava queijo com presunto, o que o fez reluzir de alegria.
– Como você me achou, irmão? - Beta afagou o ombro do irmão enquanto a espátula virava sozinha o conjunto presunto-e-queijo. Mastigando a última garfada de ovo, Sigma respondeu:
– Coloquei um detetive atrás de você. Não ia te procurar. - Beta revirou os olhos - Mas, você fez o cara sumir do mapa. Daí eu tive que procurar.
– Aquele detetive...estava sob seu comando? - ele indagou, incrédulo. - Mas já fazem dois anos!
– Te procurei no planeta inteiro, maldito.
Alice reparou que Sigma odiava procurar algo ou alguém. Mas a notícia de que Beta havia sumido com um ser humano abalara Alice em partes. Ela encarou o deus com uma pitada de reprovação. Percebendo a tensão de Alice, Beta aproximou-se e acariciou seus ombros, fazendo-os relaxar apenas com o calor que emanava da ponta de seus dedos.
– Beta, você...
– Não o matei, eguzkia. Eu apaguei sua memória e refiz sua vida na Sibéria. Ele se casou com uma linda mulher e terá gêmeos em breve.
– O que significa essa palavra? Parece aquela língua que você estava falando com aquela criatura no holograma.
– Aquela criatura era um de meus irmãos.
– Mas parecia uma mulher!
– Zein izan zen, nire anaia?– a voz grossa de Sigma fez-se elevar no grande cômodo. Beta, abraçado a Alice, remexeu-se.
– Iota zen.– aquela língua na voz de Beta pareciam notas delicadas tocadas em um piano com o pedal de longevidade apertado. Parecia algo surreal. - Nola forma etengabe aldatu gustuko du, eskubidea ezagutzen duzu?
– Ezagutzen dut... Eta zer nahi zuen?
– Jakin nahi dut ados eta Alfa unibertsoan posizioa banintz.
– Aperte a tecla SAP. - Alice se irritou. - Qual é? Dá pra falar em inglês? Com sotaque galês, de preferência.
– Estava apenas dizendo à Sigma que quem me contatou era Iota, o Duplo.
– Duplo? - Alice estava confusa.
– Aquela mulher que você viu era nosso irmão, o Buraco de Minhoca. Por isso o "duplo". - Com o polegar, Beta tracejou as veias de Alice na dobra interna do cotovelo, fazendo-a se arrepiar. - Ele pode estar em dois lugares ao mesmo tempo e pode mandar "coisas" de um lado para o outro no universo. - o ser desceu o polegar até o pulso de Alice, fazendo-a sentir o sangue correndo em suas veias. Aquele sentimento era aflitivo.
– E o que ele queria? - Alice afastou delicadamente sua mão, inutilmente. Beta passou para o outro braço.
– Saber sobre nossa querida irmã.
– E por que estava vestido daquela forma? - ela se remexia no assento de alumínio.
– Iota gosta de se metamorfosear.
Sigma encarava a menina.
– E quem é esta criança, Beta? Ela se assustou comigo.
Beta riu.
– Ela é Alice Carter, um ser humano.
– Um exemplo de sua criação? - Sigma a examinou de cima a baixo. - Interessante. - seus olhos brilhavam com uma luz estranha.
– Agora, é minha amiga. Mas, não vai ficar nessa situação por muito tempo.
– E você já se deitou com ela? - Sigma indagou inexpressivo. Alice corou completamente.
– O-o-o-o q-q-quê? - gaguejou excessivamente.
– Não! - Beta exclamou. Sorriu com malícia e analisou os lábios da humana indefesa com certo desejo. - Puntuatu gabe.
– De novo não, Beta! - as orelhas de Alice queimavam. Sigma e Beta riram.
– Não se preocupe, eguzkia, vou lhe ensinar depois. - Beta acariciou a maçã rosada do rosto de Alice, provocando calafrios. - Vamos. Vou levá-lo à minha humilde residência.
– Que de humilde não tem nada. - Alice riu.
– Perto de nossa morada além dos limites deste universo, essa casa é humilde. - Beta disse descontraído enquanto pegava o lanche de Alice, já frio, e entregava-o enrolado em guardanapos. Sem abrir a boca, a não ser para comer, a menina seguiu-os até a porta. Sigma foi na frente. De repente, o garoto de cabelos azuis virou e segurou Alice pela cintura, apertando-a contra si. Ela estava com a boca cheia de pão em volta. - Você me perguntou o que significava eguzkia, certo? - Alice assentiu, o coração pulando com força no peito. Beta se aproximou mais, se é que fosse possível, até seus lábios roçarem a pele sensível do pescoço logo abaixo do lóbulo da orelha. - Significa meu sol.– beijou aquela parte com delicadeza e, rapidamente, se afastou, deixando Alice atordoada e arrepiada entre a cozinha e o corredor.
* * *
Sigma mostrou-se impressionado com a pequena-grande construção, parabenizando o irmão pela simplicidade do lugar. Beta contou distraído que havia mudado todas as roupas de Alice para o Pentágono e que ela morava ali agora. Incrivelmente ela não se preocupou com isso. Estar ao lado dele trazia, ao mesmo tempo, segurança e medo. Decidiu tomar um banho para relaxar.
A água da banheira era quente e relaxante contra a pele dolorida de Alice. Como mulher, manter-se limpa era uma necessidade. Ligou a hidromassagem e imergiu todo o corpo na água. Fechou os olhos. Aquele dia fora cansativo e cheio de novidades. Quem vê não imagina o que Beta realmente é e o quanto realmente é velho. Alice ainda não conseguia aceitar o fato de ter sonhado com ele e com seus olhos. Talvez Mona estivesse certa ao afirmar que não seriam apenas amigos. E o ocorrido na cozinha a deixara cada vez mais perto do "além-de-amigos". Não pôde negar a pequena atração que sentia pelo ser celestial.
– Eu acertei em achá-la interessante.
Assustada, Alice abriu os olhos e viu Sigma de pé ao lado da banheira. Apesar de a espuma cobrir seu corpo, ela se encolheu perante o olhar de desejo do homem.
– O que faz aqui, Sigma?
– O que meu irmão ainda não teve coragem de fazer. - Sigma cobriu Alice com seu corpo, forçando seus lábios contra os dela. Eram quentes e tinham gosto metálico. Desceu as mãos ferozes e ágeis aos seios firmes da menina, cuja qual protestou inutilmente contra a força anormal de Sigma. O nome de Beta era gritado com pânico em sua mente, esperando que seu protetor ouvisse e a salvasse, ou passaria por uma experiência traumática. Socorro, Beta! Socorro!
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