POV ANNIE

— Você mentiu pra mim. - Eu disse com uma mágoa notável na voz. Percy ainda me encarava perplexo, não acreditando que eu estava ali.
— Co-como? - Ele começou. - Você... Aqui?
Pisquei os olhos contendo as lágrimas, eu não ia chorar. Não na frente dele.
— Você é um mentiroso Percy Jackson! - Minha voz tremia de raiva. - Disse pra mim que sentia minha falta e queria ficar comigo, mas preferiu vir nessa festa curtir, não é? Sem ao menos ter a decência de ser honesto comigo! - Deixei bem enfatizado a palavra decência. 
Ele ainda me encarava perplexo, eu é que não ia desviar o olhar, olhava bem nos olhos dele tentando expressar toda a raiva que eu sentia. Essa falta de atitude dele estava me irritando, de repente a porta se abriu e Rachel entrou.
— Percy, estava te procurando. - Ela disse com uma falsa inocência na voz, pra mim aquilo foi a gota d´água. Sai do quarto pisando forte, meu rosto devia estar mais vermelho que os cabelos de Rachel.
Já na escada, vi Hazel olhando em volta, como se procurasse alguém. Quando ela me viu, veio ao meu encontro.
— Annie! Preciso te contar uma coisa!
— Agora não Hazel. - Me desvinculei dela e sai da escada, eu só queria ir pra casa. Quando já estava girando a maça-neta alguém segurou meu braço.
Olhando pra trás vi Percy arfando um pouco, como se ele tivesse corrido. Seus olhos me encaravam de um jeito quase como uma súplica.
— Eu posso explicar.
Arranquei meu braço de sua mão e continuei andando, ele vinha atrás de mim. Passando pelo jardim ele disse:
— Annie! Annie! - Ele me alcançou. - Deixa eu explicar.
— Explicar o que?! - Eu parei, encarando-o. Onde estávamos não tinha ninguém perto o suficiente para nos ouvir, a música alta ajudava. - Não tem nada para explicar Percy! Eu já entendi. Você gosta dessas suas festinhas aí e de ficar com qualquer garota, e eu sou seu empecilho, não é? Bom, agora para sua felicidade você não tem mais empecilho NENHUM! Pode ir lá e aproveitar, ficar com a Rachel ou com qualquer outra, eu não ligo! Eu vou é embora! - Já estava me preparando para sair quando ele segurou meu braço novamente, e me encarou.
— Não. - Ele disse com os olhos verdes focados nos meus e a voz fraca. - Não é nada disso.
— É o que então?!
— Annie...
— Fala logo! - Eu disse estressada.
— Eu amo você! E tenho certeza que você sabe disso. Eu amo muito mais você do que tudo isso. - Ele apontou para a festa. - Você não é nenhum empecilho, Annie. Na verdade, você é o empecilho da tristeza, da solidão de todas as coisas ruins na minha vida. Não pense que você não é importante pra mim, porque você é! Você é a única coisa que importa, Annie. - Ele começou a acariciar minha bochecha, virei o rosto, impedindo o seu toque e desviando o olhar.
— Se me ama tanto assim, por que mentiu pra mim? - Minha voz estava mais baixa, porém firme.
— Eu... Eu não sei.
— Não sabe?
— Quer dizer, eu sei. - Ele disse, beirando o desespero. - Sei que foi errado, mas eu estava nervoso com você. Queria relaxar um pouco, e temi que você ficasse chateada se eu contasse que estava cancelando nosso encontro pra vir aqui.
— Ah, porque agora estou muito tranquila. - Disse irônica. - Não fiquei nem um pouco chateada com sua mentira.
— Não foi isso que eu disse...
— Foi exatamente isso!
— Eu não...
— Percy, eu vou embora. - Disse já cansada de tudo aquilo.
— Annie, - Me virei para ele. - eu entendo sua raiva, mas você precisa entender a minha também.
— Eu não tive culpa em nada daquilo, você sim.
— Mas eu...
— Percy é o seguinte: eu gostava de você e você vacilou comigo.
— Gostava? - Ele perguntou desesperado. - Você vai terminar comigo por causa disso?!
— Não, é claro que não. - Eu disse percebendo que havia me expressado errado, os ombros dele relaxaram. - Mas você precisa entender que eu não estou a fim de ter essa conversa agora. Na verdade, não estou a fim de nada disso. - Apontei para a festa. - Fui trazida pra cá praticamente forçada, vi que meu namorado mentiu pra mim e ainda vi uma Rachel entrando no quarto, muito interessada nele...
— Eu nem tinha visto ela! Ela deve ter visto que você estava lá e entrou para te aborrecer.
— Bom, funcionou.
Ele deu um riso discreto, apenas com um canto da boca.
— Esta com ciúmes, Annabeth Chase?
— Não desvie do assunto, Percy Jackson! - Coloquei o dedo próximo ao seu rosto, como se indicasse que aquilo era uma ordem. Ele retirou meu dedo de sua frente, mas não soltou minha mão.
— Eu acho que você esta morrendo de ciúmes, na verdade, tenho fortes argumentos para pensar que você veio nessa festa porque não consegue passar um segundo longe de mim. - Ele continuou com aquele sorriso de lado, presunçoso. Aquilo me irritou muito, lá estava eu dando uma bronca nele e ele dizendo que eu não conseguia ficar longe dele?! Não que fosse mentira, mas eu já estava muito irritada para ele ser fofo comigo.
— Eu vou embora. - Sai andando para a calçada e dessa vez ele não tentou me impedir, mas foi andando junto comigo. Depois de alguns passos eu, ainda andando, perguntei:
— O que você está fazendo?
— Estou te acompanhando, eu sei que você é muito teimosa para aceitar uma carona, então vou ir a pé com você.
— Eu não preciso que você me acompanhe.
— Eu sei. - Ele disse, sem se deixar abater pela minha frieza. - Mas eu gosto de ficar com você, então no final das contas eu é que saio no lucro.
— Ah ta. - Eu disse dando uma risada curta. - Já disse que não precisa fazer isso.
— E eu já falei que quem está no lucro sou eu. Te acompanhando até em casa, como nos velhos tempos.
— Percy, a intenção no momento é ficar brava com você. Por favor, não dificulte as coisas. - Eu disse olhando pra frente.
— Ah Annie, você é sempre tão meiga, duvido que já tenha brigado com alguém, por que justo comigo?
— Porque você pisou muito na bola comigo...
— Como você é rancorosa! Já pedi desculpas...
— Não, não pediu.
— Bom, nesse caso... - O LOUCO ajoelhou no meio da rua e segurou minha mão, comecei a olhar em volta para garantir que ninguém estava vendo. - Me perdoe, minha querida e linda Annabeth Chase.
— Levanta daí, Percy! Você é maluco?!
— Só se você me perdoar.
— Tá, tá. Agora levanta! - Ele se levantou com um sorriso vitorioso.
— E porque você é meu namorado. - Continuei, depois de um tempo andando. - Se tem alguém no mundo com quem eu tenha que brigar, esse alguém é você.
— Ah sim. - Ele me olhou com o canto dos olhos. - Então, nesse caso, é uma honra ser xingado por você.