A cada dia que passava Phineas pensava mais em Isabella e, principalmente, em como a garota parecia distante para ele agora. Era impressionante o fato de eles serem vizinhos e quase não se verem. E o mais estranho de tudo era que, pelo menos para Phineas, ela parecia a mesma com os outros garotos e suas amigas.

Certo dia, numa aula de química, o professor escolheu duplas para um trabalho de laboratório. Na verdade ele escolhia duplas em todas as aulas, algumas repetidas, algumas não. Certamente era por sorteio. Enfim, vamos ao que interessa. Vocês já deduziram, né? Isso. A dupla do Phineas foi a Isabella.

Quando o professor anunciou os nomes, a garota deu um sorrisinho para ele (Phineas, não o professor), que também sorriu para ela, parecendo mais animado do que pretendia parecer. Os dois sentaram juntos e começaram a fazer a atividade.

Diferente do primeiro dia de aula (e das primeiras semanas...), Isabella não ficava mais o tempo todo na bad por causa de Phineas, ela meio que tinha "superado" o garoto (só que não, ela ainda era completamente apaixonada por ele, só não ficava mais pensando nisso toda hora). Enfim, ela estava agindo como uma pessoa perfeitamente normal durante essa aula, apesar de seu coração estar batendo a mil por hora.

Os dois conversaram sobre o trabalho e também sobre outras coisas aleatórias, mas Phineas não deixava de pensar que a garota estava muito diferente. Ele pensou muito, muito mesmo antes de falar, mas falou:

— Isabella... você tá diferente depois que as aulas começaram.

— Como assim? — A garota perguntou, confusa.

— Ah. Sei lá. Antigamente você era a minha melhor amiga depois do Ferb, agora a gente mal se fala...

— Melhor amiga... — A garota falou muito baixo, quase que para ela mesma, meio que confirmando algo que ela já sabia: Phineas nunca a vira mais do que como uma amiga. Depois ela falou mais alto, e para o garoto: — Ah, você sabe como é. Esse ano eu me inscrevi em várias atividades extra-curriculares, quase não paro em casa. Ou então eu fico ajudando a minha mãe no restaurante... enfim, pode ficar tranquilo, eu ainda sou sua amiga hahaha.

— Ah. É. Verdade. Acho que era só coisa da minha cabeça. Haha. Vamos continuar o trabalho.

Depois da resposta da garota, Phineas pensou que, definitivamente, não devia ter perguntado aquilo. Primeiro porque não era nada de mais, Isabella só não o via porque era ocupada, assim como ele. Segundo porque, mesmo que fosse algo de mais, se Isabella realmente estivesse "diferente", não era da conta dele. O que o deixou mais aliviado foi que ela pareceu não se importar com a pergunta e eles continuaram a fazer o trabalho normalmente.

Depois dessa aula de química, uma coisa passou pela cabeça de Phineas: após muito tempo pensando e pensando, ele percebeu que, realmente, Isabella não estava diferente, isso nunca tinha acontecido. A única coisa que havia mudado era o que o garoto sentia por ela... sim, Phineas finalmente estava gostando de Isabella.

Após essa "descoberta" ele chegou à conclusão de que precisava fazer alguma coisa, não podia esconder esse sentimento. Por isso, na primeira oportunidade, foi falar com a garota. Ela estava tirando alguns livros de seu armário, uns três dias depois daquela aula de química.

— Isabella!

A garota, que estava de costas, se virou e respondeu sorrindo:

— Oi, Phineas. — Ela foi para a frente do garoto. — O que tá fazendo?

— Eu preciso muito te contar uma coisa!

— O quê?

— Bom, eu sei que nós sempre fomos amigos, mas...

— Mas...?

— Mas agora... eu gosto de você... e muito!

— Eu também gosto de você...

— Não, não desse jeito. Eu gosto mesmo de você!

A garota o olhou incrédula.

— Nossa! Eu não esperava que você dissesse isso... uau! Eu não sabia que você gostava de mim desse jeito! Pena que... bom... ai, desculpa, Phineas! Eu queria muito dizer o mesmo, mas... você é um dos meus melhores amigos e...

Phineas ficou paralisado na frente da garota. Ele não imaginou que isso fosse acontecer, mas suas mãos começaram a suar, seu coração estava batendo bem mais rápido do que o normal e, o mais estranho, nenhuma palavra saía da sua boca (e vocês sabem que o Phineas é de falar, e muito).

— Phineas? Phineas, o que você ia me falar?

O garoto voltou para a realidade, ele ainda não tinha dito para Isabella que gostava dela, mas percebeu que seria um erro, já que (na cabeça dele, né?) era óbvio que ela o via apenas como um amigo.

— Ah, o que eu ia te falar... ahm... você sabe se tem reunião do clube de cálculo hoje? É que eu ouvi dizer que tinha cancelado...

— Eu não tô sabendo disso, não. Foi avisado no começo da semana que a reunião ia ser hoje às quatro da tarde...

— Ah, é verdade. Acho que me enganei.

— Hahaha. Te vejo lá, então!

— Até mais!

E o sinal da primeira aula tocou.

— Eu preciso muito te contar uma coisa! — Phineas diz, no corredor da escola.

— O quê? — Isabella pergunta.

— Bom, eu sei que nós sempre fomos amigos, mas...

— Mas...?

— Mas agora... eu gosto de você... e muito!

— Eu também gosto de você...

— Não, não desse jeito. Eu gosto mesmo de você!

Isabella ficou radiante, já ia responder que sentia o mesmo, que esse sempre foi o seu sonho... então acordou. A garota se sentou na cama e balançou a cabeça para tirar os cabelos do rosto. Ainda sonolenta, falou:

— É claro que era só um sonho... acorda, Isabella, isso nunca vai acontecer!

E voltou a dormir.