Summer escrita por CarolHust


Capítulo 2
O Caso de Juvia Lockser. - Por um fio


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Feliz ano novo atrasado!
(eu tinha pensado em agir diferente nessa segunda temporada, mas já vi que não sou do tipo que escreve pouco nas notas iniciais -_-').
Atrasei, eu sei, mas essa semana foi uma Odisseia só para conseguir completar o capítulo. Minha família queria sair (e eu sou bem caseira então sou obrigada a ir às vezes), então basicamente eu fazia planos para terminar e... BOOM! Ops Carol, não dá mais ;). Aí a energia resolveu se revoltar e teve um apagão na cidade toda. Comemorei que tinha deixado o computador carregando, mas aí minha irmã mais nova pega ele enquanto estou almoçando para jogar... Mal posso esperar para ter um só para mim kkk.
Ah, agora eu sou uma pessoa com cabelo roxooo... Demorou, mas consegui kkkk. Não descolori, então ficou bem escuro. Minha irmã disse que estou que nem Mal, daquele filme da Disney.
Obrigada a todos os que comentaram, favoritaram etc etc. Não respondi aos comentários pelo mesmo motivo que ainda não tinha postado.

Espero que gostem, e espero que amem o novo Lyon tanto quanto eu ;).
Boa leitura ;)



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− Eu não gosto disso.

Gajeel direcionou o olhar para mim, deixando de se concentrar no cubo mágico com o qual brincava. Ele estava deitado em meu colchão, apoiando o tronco com seus dois cotovelos e com o cenho franzido. Estava confuso.

− Do que? Essas notícias sobre Ur?

− É. – respondi. – Não sei, estou com uma sensação estranha há um tempo. Estão muito em cima.

Eu senti minhas costas suando frio, realmente estava tensa. Enquanto Ur tentava adiar sua resposta, alguns sites pouco conhecidos vinham publicando falsas informações. Se tivesse apenas que contar com a Milkovich, estaria até tranquila – Ur poderia tomar decisões com as quais ninguém concordasse, mas ela não o fazia impulsivamente ou sem pensar. Sempre tinha um plano, uma explicação para seus atos (o caso do quase afogamento fora extremo, então o desconsiderava). O problema era que não lhe estava sendo dado espaço para respirar e pensar, com tantos rumores.

− Logo você? – ele ironizou.

Não estou entendendo suas intenções ao dizer isso.

Desde que chegara ao meu quarto, depois de eu o chamar para passar a tarde no Casarão, Gajeel tinha feito suas habituais provocações, mas parecia estar esperando o momento certo para dizer o que realmente desejava. Não tinha o visto havia algum tempo, o que significava que existia muita “humilhação” acumulada para receber naquela tarde. Eu já esperava uma reação irritante, pensei, então não era como se nada pudesse me surpreender.

− Bem, você diz isso após aquela sessão de fotos... Sabe, do jeito que ela é, Levy sempre se preocupou e se sente insegura com a possibilidade de eu guardar revistas pornográficas por aí, ou de exibir um desejo de ser bissexual, homossexual, pansexual, qualquer uma dessas coisas. Dá para perceber, por mais que ela não diga nada. Enfim, acho que agora vou ter que informá-la que na verdade não sou nada disso... – ele adquiriu uma expressão dramática enquanto abaixava os olhos marejados. – Depois de ver aquela foto na capa da revista, acho que me descobri Juviassexual.

Ele automaticamente colocou os braços na frente do rosto, prevendo a almofada que o acertou com força segundos depois. Gajeel rolava enquanto ria, era o primeiro a encarar o ocorrido com tranquilidade. Não estava constrangido por se tratar dele, mas senti a obrigação moral de me fazer de irritada, jogar-me perto dele e surrá-lo com primeiro travesseiro que encontrei.

− Mas é sério... – ele buscava puxar ar entre uma gargalhada e outra. – A parede do meu quarto está cheia de recortes daquela matéria, estou parecer um fã.

− Por que você fez isso?!

− É para quando eu me sentir triste. Terei sempre algo sobre o que rir, é só encarar meu teto que meu humor vai melhorar. – ele declarou, direto.

Meus dias não estavam sendo dos mais tranquilos naquela época. Definitivamente não muito bons para minha autoestima, e já decidira nunca mais confiar naquele “jornalista meia boca” que era Jason. Gajeel só não conseguia ser a cereja no topo do bolo porque os idiotas que apareciam no nosso jardim ocupavam esse posto.

Era extremamente inconveniente, porém isto realmente ocorrera: diferentemente do que muitos pensavam, repórteres não se dirigiam ao indivíduo “famoso” após uma declaração ser feia ou algo necessariamente ocorrer. Tendo milhares de funcionários, muitas empresas achavam conveniente manter alguns de vigia na porta do Casarão, apenas esperando por alguma fala de Ur.

− Não é como se eu não tivesse aquele seu vídeo do musical do sexto ano, então tudo bem. – me forcei a voltar à realidade, estivera espiando o jardim pela janela.

O Redfox estalou a língua, resignado, e buscou uma revista qualquer que pudesse ler. Já eu me ocupei fazendo tranças com suas mechas – ele já havia desistido há anos de tentar me impedir. Hiperativo como era, no entanto, o roqueiro nunca conseguia se manter parado, e daquela vez não foi diferente. Reclamando que “precisava mijar”, indelicadamente escancarou a porta do cômodo, assustando uma Lucy despreparada.

− Oi... – ela apenas acenou, ele a ultrapassando bruscamente como um furacão. – Por que ele está assim?

− Incontinência urinária, tadinho. – sussurrei como se fosse um segredo de estado.

− Eu ouvi isso! – a voz masculina reverberou pelo corredor.

Lucy sorriu para mim, sabendo que tudo não passava de uma brincadeira. Gajeel, infelizmente, tinha uma ótima audição, o que não me permitia debochar dele por muito tempo sem ser pega. Fiz sinal para que a loira adentrasse no quarto e fechasse a porta, o que ela prontamente fez.

− Por que está aqui? – indaguei, percebendo logo que tinha soado um pouco grosseira.

Depois de tanto tempo, não conseguia nem mais ver algo de errado em Lucy, a razão para tê-la detestado. Talvez nunca tivesse existido alguma – acho que o ser humano sempre precisa de alguém (ou algo) para direcionar seu ódio, é até saudável −, mas no ano anterior esse sentimento parecia ser feito muito sentido para mim. Isto não poderia ser a razão de tudo, eu sei, mas imagino que após tanto tempo junto a seres interesseiros como os alunos da Phantom, uma pessoa tão verdadeira quanto ela me parecia falsa. “Politicamente correta” demais. Já havia me desculpado, ainda que não com os termos mais diretos, e tinha medo que ela interpretasse meu tom erroneamente. No entanto, a líder de torcida demonstrou relevar esse detalhe, uma vez que me respondeu antes que eu pudesse me corrigir:

− Como sempre, Natsu resolveu vir conversar com Gray sobre videogames, zumbis, carros e todas essas coisas sobre as quais ninguém liga. – ela revirou os olhos ao explicar a situação. – Estávamos voltando para casa, mas ele viu um outdoor por aí, ficou animado e acabou me arrastando. E... Ah! Acho que Levy está vindo também, OK?

Lucy estava encarando o celular, tinha acabado de receber uma nova mensagem. Apenas concordei, enquanto continuávamos a conversar sobre coisas que – sendo sincera − não eram de um nível muito mais complexo que “zumbis”. Férias, séries, livros, os textos que ela postava na internet e aos quais eu nunca tivera acesso...

− Garotas, acho que vou ficar no quarto ao lado. – Gajeel colocou apenas a cabeça para dentro do quarto. Ele mantinha um sorriso travesso. – Gosto de falar sobre coisas que ninguém liga, são melhores do que qualquer livro de Meg Cabot.

Pudemos assisti-lo dar de ombros antes de sumir e ouvirmos o som da porta do quarto de Gray ser aberta. Lentamente, Lucy virou a face na minha direção, com as órbitas arregaladas.

− Eu não queria ficar dizendo isso, mas... Às vezes ele ainda me assusta com essas habilidades estranhas dele.

Eu ri.

− Ainda me sinto assim, não se preocupe.

...

Desde que Levy chegara, eu fora bombardeada por provas de que era completamente inexperiente no quesito “aproveitar as férias”, talvez “ser adolescente” também. As garotas relatavam tudo o que já haviam feito em anos anteriores, os locais que visitaram, os momentos vergonhosos, e, por fim, o que fariam no seu tempo livre. Nunca pudera fazer isso, a razão era meio óbvia ao se pensar que não tinha família presente e a Phantom não exatamente pagava para eu me divertir ou organizava “eventos confraternizadores”. O maior motivo para isso, no entanto, novamente começava com “d–” e terminava com “-inheiro” − infelizmente.

Desde que me lembrava, meus hobbies para “gastar” os dias eram ler, treinar, sair com Gajeel etc. Nada diferente do que fazia ao longo do ano letivo, mesmo que ainda fossem atividades divertidas. O moreno até que saía, conhecendo restaurantes e algumas festas da nossa antiga cidade, mas não o acompanhava nessas ocasiões. Em alguns períodos, no entanto, isso já havia mudado um pouco: quando eu acreditava que tinha encontrado um novo amigo, porém essa ilusão nunca durava muito.

− Se vocês não tiverem planejado nada para esse mês, são bem-vindas para me acompanharem. – declarou Lucy.

− Sério? – Levy estava lisonjeada.

Ela já havia nos contado sobre a casa praia que tinha – ou melhor, que seu pai tinha. Localizava-se na Ilha Galuna, um dos maiores pontos turísticos de Fiore, pedaço de terra cercado por pequenos arquipélagos. Durante a maior parte do tempo a mansão ficava desocupada, ela contara, mas havia prometido ao pai que passaria algumas semanas com ele para compensar o ano de distância. Eu provavelmente não teria a oportunidade de visitar um local tão cotado e luxuoso tão cedo, e essa constatação não ajudou muito na minha ponderação. Acabei me deixando levar pelo favorecimento pessoal, inclinada a aceitar a proposta por alguns segundos, mas rapidamente tratei de me lembrar que seria um empecilho no plano da loira. O convite também certamente tinha sido feito apenas por educação.

− Isso não iria atrapalhar a ideia de apresentar Natsu ao seu pai? Não era esse o seu maior propósito com essa viagem? – eu fui cuidadosa ao falar, sentia o desconforto dela ao expor certos aspectos de sua família.

Lucy suspirou. Como se não bastasse apenas morder os lábios em nervosismo – não daquele modo “fofo e sensual”, por favor, e sim de um jeito mais brutal e realista −, ela se levantou da cama e caminhou até o meio do quarto, levantando os braços em desespero.

− Exatamente por isso! Tenho certeza que meu pai vai implicar, ele é meio exigente com qualquer amigo que eu tenha, quanto mais um namorado. Natsu sendo do jeito que é também... Eu sei que tenta e já é ótimo naturalmente, porém nunca vai conseguir ser o “homem engravatado, educado e gentil” que Jude Heartfilia espera. No entanto, ele não teria coragem de surtar com outras pessoas por perto, e é aí que vocês entram. Quero dizer... Eu acho que ele não surtaria. – ela realmente estava ponderando a hipótese. Por fim, virou em nossa direção e deu uma piscadela. – De qualquer modo, adoraria ter vocês por lá. Claro que vou passar tempo com Natsu e meu pai, mas ia sentir falta da galera, de sair, de não ficar tão isolada. Além do mais, há vários quartos sobrando.

Ela sorriu ao finalizar, e não deixei de notar como aquilo parecia simples para ela. Lucy era prática, e eu conseguia entender suas razões para pensar daquele modo. Nunca tivera a experiência, mas o caso de uma família rejeitando o namorado não era estranho a ninguém.

− Estive pensando nisso, sabe? Acho que seria bem divertido, e não é a mesma coisa estando sozinha lá. Ah! Pensei em convidar os garotos, Erza, Mira, Cana... Quem se dispusesse a ir, na verdade. O que acham?

Levy sorriu para mim de soslaio. Era óbvio que havíamos adorado a ideia, mas eu, ao menos, me senti um pouco insegura para dar uma resposta imediata. Poderia soar estranho, mas tinha a impressão de que havia a necessidade de comunicar a alguém sobre aquilo antes de aceitar, por mais que não tivesse pais a quem recorrer. Senti-me até um pouco feliz por isso, parecia que a insistência dos membros do Casarão de considerá-los uma família estava começando a surtir efeito. As figuras de Ur e Ultear surgiram em minha mente, sendo logo seguidas pelas de Gajeel e Gray. Os pilares, o companheiro, o parceiro. Seguindo certo raciocínio, conclui que era minha obrigação pedir permissão ao menos à primeira deles.

− Eu tenho que pensar um pouco, mas gostei da ideia. É só que teria que rearranjar todos os treinos para o próximo mês...

− Juvia, você tem que parar de se preocupar com isso um pouco. – resmungou Levy, mesmo que com sua aparência fosse até engraçado vê-la revoltada. Inimaginável, na verdade. – Você disse que viaja sexta que vem, não é, Lucy?

A loira concordou.

− Acho que vou, só preciso confirmar com meus tios.

− Ótimo. – Lucy comemorou sua vitória. – Se mudar de ideia, Juvia, é só avisar. As praias de lá são maravilhosas...

Eu concordei, sorridente. Com certeza queria ir, porém estava apreciando tanto o peso da responsabilidade de informar Ur que não disse mais nada. Sim, ela era minha treinadora, mas também era a chefe do Casarão. Chegava a ser contraditório o modo como Cana obedecia mais a ela do que ao próprio Gildarts, seu pai.

− Eu nunca perguntei isso, mas você tem algum familiar além do seu pai? – indaguei. Sabia que sua mãe havia falecido há muitos anos, porém nunca ouvira sobre avós, tios ou primos.

Ela estalou a língua. Ali, novamente desconfortável. Não devia ter tentado tocar no assunto, mas as palavras tinham saído de meus lábios antes mesmo que eu raciocinasse quais eram. Levy tentou comentar sobre algo aleatório, mas Lucy insistiu em nos dizer que “preferia não se lembrar da sua família”, com uma expressão que me fez duvidar se realmente estava triste ou se simplesmente odiava os parentes.

Não tive tempo para divagar sobre o assunto, na verdade, uma vez que o cômodo foi invadido por Ultear, Meredy e um balde de pipoca. A universitária também estava curtindo suas merecidas férias, necessárias como um desestressante já que logo começaria seu primeiro estágio. Tendo ouvido a conversa pela metade do outro lado da porta, fizeram questão de se convidarem:

− Há quartos para duas jovens solitárias? – Ul levantou e baixou as sobrancelhas, fazendo graça.

A líder de torcida riu e disse que se nós desejássemos aquele local poderia virar uma estalagem. Eu duvidei um pouco dessa parte, mas entrei na brincadeira. Se Jude realmente fosse como ela o descrevia e correspondesse à sua fama, com certeza não iria gostar caso seu imóvel se tornasse uma bagunça. Bem, de todo modo não era da minha conta a relação entre ela e o homem.

Não tardou e logo os garotos foram atraídos pelo barulho e cheiro de comida, se envolvendo na discussão. Enquanto alguns se entusiasmaram, foi meio decepcionante notar que Gray não estava muito interessado. Sentado ao meu lado, ele disse que não queria deixar o Casarão enquanto o problema com os repórteres não fosse resolvido. Não deixava de ter razão, e eu achava uma graça ele se importar tanto com manter a ordem ali, mas não poderia ocultar o meu desejo de que ele se esquecesse um pouco disso.

− Não posso deixar eles fazerem o que bem entenderem por aqui. – ele resmungou, apontando para o quintal onde os fotógrafos costumavam se alojar.

Lembro-me de ter fechado os olhos com força. Eu deveria ajudá-lo, isso sim! Se o momento não era dos melhores, bem, paciência. Não poderia considerá-los minha família se eu também não estivesse por perto em momentos de crise.

...

− Nescau? Sério? Não seria melhor fazer Lixo Crocante?

− Acho que o próprio nome da receita já sugere o porquê eu não devo comer essa coisa, Lyon-sama. – suspirei enquanto separava o leite em pó e o achocolatado.

− Se você se comprometer a fazer só o certo, sua vida vai perder a graça. – ele se sentou na minha frente, em uma das cadeiras da mesa da cozinha. Para me irritar, balançou uma colher suja do que parecia ser leite condensado contrabandeado na frente do meu nariz. − Está de dieta?

Revirei os olhos. Como se fosse possível eu fazer alguma dieta naquela casa. O que ocupava os armários do Casarão já era uma dieta. Se eu tentasse ser mais saudável do que aquilo e me privar mais de porcarias, provavelmente já seria um caso de ortorexia.

− Claro que não. Só não vou arriscar trazer Ovomaltine, isso aí e sorvete de uma vez só. – aproximei minha face da dele até que nossos narizes estivessem quase se tocando, estreitando os olhos. – Eu sei o que você quer, mas não vai conseguir.

Não era a primeira vez que Lyon me incitava a comprar os “produtos proibidos” só para que ele pudesse comê-los, só que isso não funcionou mais depois da primeira vez. No caso daquele dia, era ainda mais difícil para ele conquistar o que desejava: depois de descobrir sobre nossas experiências culinárias enquanto estava fora, Ur não só recolhera o que estava guardado como disse que redobraria sua atenção depois daquilo. Teve até certa compaixão, tenho que citar, ao nos permitir comer o que já estava preparado, mas “Lixo Crocante” ela havia proibido definitivamente. Periodicamente, trazia as guloseimas “aceitáveis” como prêmios.

− Medrosa. – ele resmungou, ao que eu respondi dando-lhe a língua.

Só para esclarecer, Lyon estava bem diferente de como era no semestre anterior. Fisicamente, tinha deixado de cortar o cabelo, que então ficara levemente mais longo e espetado, e tinha colocado um brinco na orelha direita – resultado da convivência com Gajeel, acredito. Ele e o roqueiro se tornaram amigos em rápida velocidade, por mais que o Vastia quase sempre estivesse ocupado com seus colegas de colégio, e isso rendera a Lyon certa influência. Estava mais bonito, com certeza.

Quanto ao seu comportamento, Lyon parecia... mais confiante, e de um jeito bom. Sua atitude amigável frequentemente fazia esquecer-me do conflito amoroso que tivera com ele no passado, o que criava a impressão de que ou ele atuava muito bem, ou realmente havia superado aquilo. Tentava não interferir em seus relacionamentos, mas a maioria dos moradores do Casarão já percebia seu “rolo” com Chelia (sim, finalmente). Nunca houvera uma nomeação do que eles realmente eram, mas a atmosfera ao redor dos dois mudara claramente.

− Melhor ser medrosa do que...

− Pessoas, jantar! – Ultear gritou de algum canto da residência. Realmente naquele dia ela era a responsável pela comida, e já passavam das oito horas da noite.

− Trouxemos yakisoba, crianças.

Ur adentrou no recinto antes que tivéssemos tempo para nos levantar, cada um dos braços carregando uma sacola plástica. Provavelmente elas encontraram algum restaurante que servia “embalado para levar” na volta do trabalho de Ur. Desde que ela se enchera de compromissos, era a filha quem servia de motorista e a levava onde fosse necessário, já que mesmo com a melhora ainda não podia dirigir.

− Rogue está com vocês também?

Ultear tinha seguindo até o balcão enquanto ajudávamos Ur a desembalar o jantar. Ele estava especialmente quente e cheiroso, o que me fez descartar meu prévio desejo por chocolate.

Nhé... – ela suspirou, entristecendo. – Você sabe que não é todo dia que ele consegue pegar o trem para vir aqui, por mais que Magnólia e sua cidade sejam próximas.

Tentei me desculpar pelo olhar. Ainda que não transmitissem isso aos outros, às vezes eu notava na experiência deles algumas das dificuldades de um namoro à distância – “distância” essa relativa, uma vez que a viagem de trem demorava uma hora e eu os comparava a mim e Gray. Nem Rogue nem ela tinham passagens inesgotáveis, e esse era o fator complicador. Ficava feliz por eles quando o garoto surgia inesperadamente ali, o que vinha ficando mais frequente e por isso minha pergunta.

− Ele deve aparecer semana que vem. – sussurrei para ela enquanto colocávamos os pratos na mesa. Ela sorriu de canto, assentindo.

Freed, Meredy, Gray e Chelia já tinham descido do andar de cima para fazerem sua parte, e o ambiente estava então uma bagunça organizada, cada um concentrado em algo. Os garotos preparavam os sucos, nós servíamos os pratos e procurávamos os hashis – a maioria achava divertido degustar a culinária oriental com eles. Meredy ainda estava um pouco perdida no meio de tanta gente, por isso vagou de um lado para o outro perguntando se precisavam de ajuda e acabou por não fazer nada, mesmo que essa não fosse sua intenção inicial.

Em questão de alguns minutos todos já estávamos na mesa, cada um concentrado demais em seu próprio prato para que tivéssemos chance de conversar. As coisas geralmente funcionavam assim, extremamente: ou estávamos tão animados que nos esquecíamos da razão de estarmos ali, ou a fome nos dominava completamente. Esse transe não durou muito, no entanto, já que nossa atenção foi chamada pelo som de Ur nos chamando, batendo palmas, Ultear gritando para que calássemos as nossas “lindas bocas”. Senti até pena de Freed, que foi encarado de esguelha.

− Tenho boas notícias. – ela anunciou, com um sorriso acolhedor. – Acho que finalmente resolvi o problema com a Diretoria.

− O que disse? – Lyon tentou acelerá-la.

Ela soltou o ar com força. Foi algo impensado, mas todos acabaram de inclinando em sua direção, interessados em saber mais sobre o assunto. Ur tinha estado tentada a rejeitar o convite na maioria do tempo, mas o espírito teimoso corria nas veias daquela família e tudo poderia ocorrer. Teríamos que confiar nela, sendo assim, mas para mim isso não era difícil (como já disse). Nunca fora inconsequente – seria até estranho considerando que era uma adulta −, e não diria um sim sem ter confiança de que tudo daria certo.

Antes de responder, ela encarou o moreno por alguns segundos, como que para mostrá-lo que não era idiota pelo que fazia. Não precisei ouvir sua resposta para entender o que aquilo significava. Quando esperei assistir Gray se revoltar ou ficar de cara feia, porém, ele me surpreendeu: com a feição compreensiva, concordou com a cabeça. Olhou para o lado logo depois, e sorri para ele da outra extremidade da mesa. Estava feliz pelos dois, pelo modo como se davam melhor do que nunca.

− Eu aceitei, porém sob minhas condições. – Ur se voltou novamente para o grupo, Ultear próxima a ela já parecendo saber de tudo. – Eles já iriam oferecer barcos salva-vidas, mas exigi que aqueles que estivessem simplesmente “cansados” também pudessem neles se abrigarem. O evento não é sobre selecionar os melhores, de qualquer jeito. Vou dar o ritmo do trajeto, mas posso parar quando quiser, ir na velocidade que achar confortável.

− E essa prova vai ser onde? – Meredy esperou que ela terminasse antes de tirar qualquer dúvida.

− Ainda não decidiram definitivamente, mas ao que parece será perto de Crocus. Enfim, as coisas devem se acalmar após isso, agora que não tem mais nenhuma discussão a ser feita. Podem ficar tranquilos.

− Você quer mesmo isso, mãe? – Lyon verbalizou nossa preocupação. Não seria nenhuma novidade se Ur estivesse apenas querendo nos proteger e tranquilizar, tomando aquele papel por mais que não o desejasse.

Ela assentiu. Explicou que achava necessário se desafiar, desde que fosse dentro de limites específicos e seguros. O salário seria bom, aquilo motivaria muitos nadadores amadores a acreditarem em si mesmos, e a Milkovich sabia que se sentiria muito bem após ajudá-los.

Eu assistiria tudo de perto, provavelmente. Por mais que ela tivesse nos estimulado logo em seguida a fazermos o que desejássemos no primeiro mês, já que quase não haveriam treinos, achava que Gray ainda escolheria ficar por perto, e não queria abandoná-lo. Mesmo que nossa presença acabasse sendo desnecessária, seria bom ter alguém por perto para apoiar Ur. Fui dormir um pouco entristecida, nem tinha conversado com ele sobre nossas possíveis viagens, mas saber que tudo estava indo bem era tranquilizante. Se minhas férias não teriam nada de extraordinário, tudo bem. Tinha era que agradecer.

...

Como diz a própria Lei de Murphy, se algo puder dar errado, dará. Deveria ter imaginado que se tudo estava tranquilo demais era porque uma tempestade estava à espreita, mas a alegria sempre me cegava de tudo que não a fosse. Eu tinha amigos, não vinha discutindo com ninguém, me veria livre de estudo por um bom período... Esquecera-me que nem sempre problemas surgiam de relacionamentos e obrigações.

Acordei na manhã seguinte ao anúncio de Ur com burburinho da fala de muitos, muitos indivíduos. Estava no meu próprio quarto, não era sempre que alugava a cama de Gray. Ele havia até me chamado para fazer-lhe companhia, mas o calor se manifestava e depois de um beijo rápido lhe disse que suaria a noite inteira se ficasse ao seu lado. Ele riu do meu comentário, que não deixava de ser verdadeiro, e deve ter notado que novamente tentava fazer com que não comentassem sobre aquele hábito. Não gostava muito da impressão que aquilo poderia passar, e... por mais que fosse estranho pensar nisso, eu estava pagando por um quarto e deveria usá-lo. Senão, eu que acabaria sendo o “gigolô” da relação.

Isso era algo que preferia não me recordar muito: Ur sempre dissera que se tivéssemos qualquer problema com o pagamento, não precisaríamos nos preocupar. O ambiente naquela casa era tão diferente de um complexo para estudantes qualquer que era esquisito quando tinha que entregar o cheque uma vez por mês à proprietária, que de séria nada tinha. Ela já havia admitido que de tanto tratar os filhos e os alunos do Centro do mesmo modo, nunca seria capaz de abandonar qualquer um deles. No caso de Freed e eu, acredito que isso era ainda pior, já que não tínhamos nem para onde ir.

− São apenas dez manhã... – constatei ao buscar o relógio antigo que tinha na bancada da minha cama.

Revirei os lençóis, para então me levantar. Aparentemente, o barulho vinha do lado de fora, da frente do Casarão. Alguns gritos se manifestavam de tempos em tempo, e, não sabendo o que esperar, me enrolei em um cobertor antes de puxar a cortina de leve, espiando a rua. Por alguns segundos tentei decodificar o que via, buscar uma razão para aquilo, mas assim que ouvi meu nome ser citado e perceber que logo seria o alvo das perguntas caso me notassem, recuei rapidamente e cobri a janela. Uma onda de adrenalina tomara o meu corpo.

O quintal da casa estava simplesmente lotado de repórteres. Não um ou dois ou dez, mas sim algumas dezenas deles, cada um com sua câmera, microfone e bloco de notas. Eles se juntavam aos montes e se empurravam para tentar se aproximarem da porta principal, sendo ali barrados. O que queriam conosco?

Ao notar movimentação no corredor, saí do quarto, dando de cara com os outros moradores. Ur, parecendo ter acabado de acordar assim como todos, descia do terceiro andar vestida com o que deveria ser a primeira que encontrara, na pressa. O resto de nós ainda estava de pijamas – ou nem isso, para ser sincera. No entanto, prefiro não descrever cuecas samba-canção, trapos velhos ou a vestimenta de Freed que mais o fazia parecer um jovem professor.

− O que estão fazendo aqui?!

− Qual é o problema dessas pessoas?!

− Acham que devemos chamar a polícia?

Uma enxurrada de questionamentos foi feita. No meio disso, Ur atuava como a mediadora, buscando manter a calma. Disse que precisávamos pensar antes de agir em uma situação daquele tipo. Isso não funcionou para todos, no entanto. Gray estava especialmente transtornado, com as sobrancelhas franzidas. Não era novidade para ninguém que ele era o ser que mais odiava aqueles “curiosos”, mas o que nos surpreendeu foi quando ele abandonou a discussão em grupo e marchou escada abaixo. Perplexa, apenas encarei-o agir antes de notar que todos os olhares estavam sobre mim. Ah, verdade. Aquela deveria ser a minha deixa.

− Gray-sama! – corri e o alcancei antes que ele chegasse ao saguão, impedindo-o ao segurá-lo por um de seus ombros.

O que é, Juvia?

Gray se voltou para mim, incomodado. Eu conhecia aquela expressão. Ela definitivamente não indicava coisas boas.

− Espere todos lá em cima... Você sabe que reagir agora não vai ajudar em nada, não é? Pelas perguntas já dá para saber que eles querem Ur, é melhor que ela fale. – tentei impor meu melhor tom tranquilizador. Nem sempre funcionava, mas achava que já estava ficando boa naquilo.

Quase que como uma adestradora, eu erguera meus braços até alcançar o maxilar dele, onde depositara minhas mãos. Repetia movimentos circulares, deslizava as pontas dos dedos por sua face. Ele rapidamente passava de irritado a contrariado, a respiração voltando ao normal, enquanto eu fixava meus olhos nos dele. Meu trabalho terminava quando eu colocava minha cabeça apoiada sobre seu peito esquerdo e me deixava ser envolvida por seus braços, permitindo-me ouvir a batida do seu coração.

− Isso não é justo. – ele murmurou ao aspirar forte no topo da minha cabeça, ao que respondi com uma risada irônica.

Fiquei na ponta dos pés, inclinei-me em sua direção. Aquela parte nunca fora essencialmente necessária, mas... Eu meio que gostava. Pousei meus lábios sobre os dele, quase imóvel, e pressionei-os de leve. Ainda me impressionava com a sensação quente e trêmula que ficava neles depois, quase uma memória física do beijo. Aquilo provavelmente evoluiria para algo a mais: sempre que Gray apertava minha cintura e me trazia até mais perto, isso funcionava quase que como um sinal. Entreabri a boca, esperei.

Un... Você parece tão desesperado agora, Gray-sama. – coloquei uma de minhas mãos na frente do seu rosto, para então me afastar. – Mas acho que não, você está me lembrando demais aqueles homens, indecentes, que saem nessas revistas por aí. Imagina se alguém ainda tira uma foto sua assim? – forcei a ironia.

Sabia que a sua preocupação com a revista tinha uma razão, mas o desejo de me vingar não sumira por causa daquilo. O momento não era o mais adequado, mas serviria para aliviar o clima. O Fullbuster pareceu perplexo, até que foi atingido por um Lyon que ria histericamente – provavelmente estivera nos escutando do segundo andar − e que fechou sua boca por ele. Enquanto o irmão comentava que eu deveria esnobá-lo mais vezes, o moreno se deu conta do porquê daquilo. Ergueu uma das sobrancelhas e sorriu de canto, como se perguntasse se seu seriamente havia achado aquilo engraçado.

− Agora estamos quites. – esbocei um sorriso e dei-lhe um tapinha no rosto. Poderia ter me perdido naquela conversa, mas era meio impossível uma vez que a cada segundo alguém batia na porta. − Enfim, o que vamos fazer?

− Eu não ia fazer nada idiota. – ele se dirigia aos que ainda desciam as escadas. Nenhum tinha uma expressão que não fosse de desconfiança. – O que? Eu só ia dizer a esses aí que ele não podem simplesmente achar que está tudo bem em ficar nos importunando assim. Não têm o direito!

− Eu sei, eu sei, mas acho melhor eu falar agora. – Ur tomou a frente, mirando-o. Andou até a porta, calçou seus chinelos. – Qualquer coisa além disso, agora, só ia causar mais bagunça. Vai ser rápido, prometo.

Ela se preparou para sair, respirando fundo e ajeitando os cabelos. Estava determinava a fazer aquilo, ao que parecia para nós. Os irmãos, porém, se entreolharam e a impediram antes que ela pudesse agir.

− Não vamos deixar que saia no meio dessa gente sozinha. – Ultear disse, e for perceptível como desviou o olhar até a perna da mãe. – Pelo menos deixe que nós três a acompanhemos.

Ur precisou parar para pensar antes de responder. Não entendia a razão, mas parecia ser um fator importante o que ela divagava sobre. Mirava mais aos garotos, estando relaxada em relação a Ultear, mas no fim teve que aceitá-los. Bufou de preocupação, deixou que eles ficassem ao seu lado quando abriu a porta. Foi uma avalanche de flashes, de gritos, de empurrões.

Nós, que havíamos ficado no interior do Casarão, espiávamos tudo das janelas. Não tinha mais nenhum risco em fazer isso porque o alvo da atenção deles já estava do lado de fora. Os repórteres se silenciaram quando Ur começou a falar, cada um concentrado em registrar as informações da melhor forma que podiam. Nenhum deles demonstrava ter um alto cargo, deveriam ser apenas os mártires enviados para tentar a sorte, arriscar conseguir alguma nova notícia. Como a resposta da treinadora já havia sido publicada, provavelmente buscavam uma explicação.

Por mais idiotas que fossem as indagações, Ur fez questão de respondê-las. Caso me lembre bem, ela começou tudo explicando o quanto aquilo era desconfortável e pediu educadamente que depois daquilo eles se retirassem, por mais que ela fosse conceder seus desejos. Essa parte foi tranquila. A questão é que os profissionais estavam tão desesperados para conseguirem se dirigir a ela que tentavam atravessar a multidão, pressionando uns aos outros, e os irmãos já pareciam estar fazendo bastante força para mantê-los minimamente distantes. Começaram a ficar irritados quando alguns se atreveram a tentar agarrar os braços de Ur para chamar sua atenção ou simplesmente quebrar a “barreira” que eles criaram.

Perdia-os de vista de segundos em segundos, devido à movimentação. Gray já estava vermelho e gritava pedindo para que se afastassem. Lyon empurrava-os de volta e Ultear implorava por calma. Foi uma questão de segundos, mas eles acabaram se soltando, cedendo. A bagunça se instaurou, não conseguia mais distingui-los enquanto eram separados. Avançaram em direção a onde Ur estava, e todos ficamos preocupados. Freed quase saiu para tentar ajudar, mas não deu tempo. Ouvi um baque surdo, uma pausa, o som de uma pancada, o silêncio. O grupo se afastou, e tudo o que pude ver foi Ur e um repórter ao chão, Gray paralisado à sua frente, de olhos arregalados.

− Abram a porta! – Meredy gritou.

− O que aconteceu?!

Ninguém prestou atenção na minha pergunta, o que era completamente compreensível, pareciam ter assistido ao ocorrido e estavam preocupados demais em ajudar. De relance, avistei Gray sendo fotografado, abrindo e fechando os punhos que pendiam ao lado do corpo. Ao direcionar meu olhar ao repórter, notei que ele mantinha uma das mãos sobre o lado esquerdo do rosto. Ai, não.

Ur foi a primeira do lado de fora a tomar atitude. Pediu ajuda a Lyon, que a levantou, e empurrou o Fullbuster para o lado de dentro do Casarão, segurando a porta para que ele não tentasse sair novamente. Imediatamente declarou que aquilo estava terminado, e ficou esperando que fossem embora.

− Gray, por que fez aquilo? – Chelia foi a primeira a alcançá-lo. – Por que socou aquele homem?

− Você não viu? Aquele idiota estava no meio daquela bagunça, aproveitou que estávamos longe e puxou minha mãe até ela cair no chão! Ainda veio em cima dela depois disso, nenhum deles se oferecendo para ajudar.

− Você não podia ter feito isso! – me intrometi. – Sabe o que significa?

− Eu não ligo para o que significa, não poderia deixar que aquilo acontecesse! Como eles querem que sejamos gentis se vão agir assim? Ur nem se levantar conseguiu, no meio daquilo. – ele expirou. Demorou alguns segundos, mas aos poucos esqueceu a extrema raiva e recobrou a consciência completa. − Quero dizer... Não queria ter feito aquilo, mas agora ao menos sei que tenho que ficar por perto.

− Não, você não vai. – foi a vez de Ur surgir na sala onde estávamos. – Você sabe muito bem o que tem que fazer agora, não trabalhou esse tempo todo para...

Ur colocou uma de suas mãos sobre a testa. Estava preocupada. Seus joelhos realmente estavam feridos, comprovação de que caíra, e isso me fez partilhar um pouco dos sentimentos do moreno: se sabiam da condição de Ur, deveriam tê-la tratado com mais cautela. Ao mesmo tempo, compreendi quando ela solicitou que cada um de nós fosse ao seu quarto, exceto Lyon, Gray e eu. Tinha que tomar alguma providência, com certeza fotos do ocorrido haviam sido feitas – apesar de inicialmente não compreender a necessidade da minha presença ali.

− Preciso que saia daqui. – ela se dirigiu a Gray, sentada no sofá da sala com a expressão severa.

− Eu não posso deixar você aqui assim...

− Ultear será mais do que suficiente para me ajudar. Não estou sendo dura demais, vocês sabem o que acontece quando alguém que ainda está conquistando espaço faz uma coisa dessas, já falei milhares de vezes.

Ur se referia a escândalos. Atletas juvenis eram sempre estimulados a correrem deles, uma vez que os patrocinadores e instituições sempre buscavam representantes com boa imagem. Eram inúmeros o que haviam perdido oportunidades por causa de alguma gafe.

− Eu sei que não fizeram nada, Lyon e Juvia, mas os aconselho a ficaram longe das câmeras por agora. Se possível, é melhor que todos se afastem, na verdade. E você. – ela apontou para Gray. – Não vou deixar que coloque seu futuro em risco por uma besteira dessas. Provavelmente daqui a uma semana já vai ser o assunto dos comentaristas... Tenho que resolver isso. E quanto a vocês... Já pensaram em algum lugar?

Ela passou os olhos por mim. Realmente, aquele era a pior coisa que poderia ter ocorrido. Em situações como a nossa, apenas um deslize poderia destruir tudo o que Gray tinha construído ao longo dos anos. Por mais que a sua teimosia não o permitisse admitir, pude notar que ele também estava preocupado. Batucava os pés freneticamente, e tinha cedido rápido demais para alguém que realmente pretendia ficar. Tudo o que eu dissera previamente sobre seu futuro quase garantido poderia ir por água abaixo se ele não sumisse do mapa ou recuperasse sua imagem antes que fosse tarde demais. O pior era que, sabendo como eram as revistas, com certeza iriam publicar algo sobre aquilo. Iriam causar uma polêmica destrutiva, e eu não podia evitar repudiá-los um pouco por isso também – ainda que fossem apenas suas funções.

Tentei raciocinar rápido. Nesses momentos, infelizmente, era que minha mente era mais lenta, porém depois de um considerável período me lembrei da minha conversa com a Heartfilia. Talvez não fosse a melhor das opções e talvez ela não realmente permitisse que transformássemos sua casa em um “hotel para jovens”, mas era o único local que podia pensar.

− Acho que tenho uma ideia. – levantei minha mão, para que então fosse ouvida.

Não era como se tivéssemos outras possibilidades, então a proposta foi aceita automaticamente. Lucy não demonstrou o menor problema em nos aceitar, apesar de ter ficado transtornada com a nossa história. Disse que se quiséssemos poderíamos ficar lá as férias inteiras, que a casa era nossa. Definitivamente foi súbito, mas na mesma noite tivemos que avisar aos outros moradores que eles viriam conosco, e arrumamos tudo o que precisaríamos. Bem, não posso dizer que fomos “bem na hora”. Quase que passamos da hora.

As cartas repreendendo Gray ou ameaçando o excluir da lista de vagas garantidas começaram a ser enviadas pelas universidades dois dias depois.


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Notas finais do capítulo

Gente, o projeto de uma original que eu comecei se chama "Socialmente (A)normal", quem se interessar é bem-vindo lá ;). Gostei bastante desse nome, a a história vai ser basicamente... Sobre normalidade, evitando qualquer clichê ou surrealidade das fanfics adolescentes.
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