Summer escrita por CarolHust


Capítulo 1
O Caso de Juvia Lockser. - Acho que odeio destaque


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos à Summer, não pretendo falar muito... Vou tentar quebrar essa ideia de que primeiras temporadas são sempre melhores que segundas.

Espero que gostem.

Boa leitura ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/667728/chapter/1

− Mais para a direita... Agora coloque a mão no ombro dela. Aí, pronto!

− Podem aumentar a luz naquele canto?

A câmera e o flash foram disparados mais uma vez. Toda a equipe de produtores se organizava em torno da grande tela branca no meio do estúdio, onde dois jovens posavam juntos. Era a sessão de fotos para a capa da edição de verão da Weekly Magazine, tendo Jason como coordenador. Os modelos eram orientados por ele e por uma produtora a fazerem determinados movimentos ou expressões, e buscavam rapidamente agradá-los.

O artigo chamariz do periódico também seria protagonizado pelo casal, e teria como título “Das piscinas para a praia: entrevista com dois dos nadadores mais bem sucedidos nas últimas nacionais e seus planos para esse verão.”. Era um grande privilégio, todos diziam. Não era qualquer um que conseguia uma oportunidade de se popularizar daquele modo, o que era importante entre atletas.

Apesar disso, naquele instante tudo o que eu conseguia pensar era em como impedir que aquele ventilador enorme, direcionado para nós com o objetivo de “esvoaçar meus cabelos”, fizesse com que metade dos meus fios grudasse no gloss melequento que tinha nos lábios. Quando Jason propusera que eu e Gray participássemos, ele afirmara que seríamos “apenas nós, naturais, falando sobre natação”, mas ao que tudo indicava aquilo havia sido uma grande mentira. Ao ser encaminhada para a maquiadora, entendi que para ela eu necessitava de meio quilo de maquiagem apenas para me tornar “eu mesma”: branca, com algumas sardas e olhos pequenos marcados − a última parte eles tentaram modificar com sutileza. A meu ver, aquela enorme quantidade de pó não havia mudado muito a minha aparência, mas Jason pareceu enxergar lógica em ser artificialmente natural.

A experiência não estava sendo de todo ruim, mesmo que às vezes Gray parecesse assim pensar. Ele também tinha sido maquiado e usava uma bermuda de praia despojada. Havíamos recebido trajes de banho como figurino, e infelizmente nenhum de nós gostou quando o que me foi oferecido como única opção foi um biquíni de lacinho. Entre usar ou não o short que me apresentaram, acabei aceitando, e tentei me esconder por trás do moreno para que nem ele nem a equipe conseguissem me enxergar quando não fosse crucial – a roupa era muito pior do que qualquer maiô existente. Aquela “chance única” se mostrara incrivelmente constrangedora.

Não posso dizer que não desconfiava de que seria assim desde o início, admito. Aceitara com a possibilidade em mente, pois não faltava muito para que o terceiro ano chegasse e precisava começar a me empenhar em chamar a atenção das universidades. Diferentemente de alguns de meus amigos, eu necessitava de toda a publicidade possível, uma vez que, sendo conhecida, eu poderia atrair algum olheiro, e olheiros significavam bolsas integrais – minha única possibilidade de seguir para o ensino superior. Isso tudo porque, infelizmente, apenas as particulares ofereciam programas esportivos de qualidade. Sim, eu conseguia viver bem com minhas economias, mas não havia trabalho de meio período que pagasse tanto.

Imaginava que esse não era o caso de Gray. Talvez fosse, mas provavelmente apenas de uma bolsa parcial. Eu sabia que ele desejava uma integral também, Ur nunca fora rica e ele não queria que ela tivesse que diminuir os gastos apenas para sustentá-lo. Ultear conseguira, ele e Lyon iriam tentar. O Fullbuster, no entanto, era conhecido o suficiente para já ter convites das melhores faculdades, então não havia um motivo claro para ele ter concordado em participar. Comecei a considerar que talvez Ul estivesse certa, e ele estivesse fazendo aquilo por mim. Não queria ser presunçosa, no entanto. Já havíamos tocado no assunto, mas não sabia se ele ainda se lembrava da minha situação com tantos detalhes.

Observei sua feição enquanto ele se posicionava à minha frente, sorrindo pra mim de cima. Seu olhar revelava que ele queria fugir dali, totalmente contraditório ao modo como e me abraçara ou rira para outras fotografias. Talvez parte daquilo fosse por mim mesmo, apesar de me lembrar dele falando que não poderia contar com as promessas vazias dos representantes das universidades, uma vez que elas eram inconstantes. Não pude evitar ficar um pouco alegre por isso, e tentei transmitir um pouco desse sentimento para ele sem afetar a sessão.

− Juvia... – ele murmurou, tirando-me do meu topor. Ficara encarando-o por muito tempo. – Eles estão pedindo para mudar a posição.

Olhei para o lado. Jason solicitava que ficássemos de costas um para o outro, apoiados. Seria a última fotografia antes de partirmos para a entrevista, que seria realizada em outro espaço. Já havíamos usado tantas poses que nem me lembrava mais de algumas, ou preferia não relembrar. Algumas nós tínhamos chegado a rejeitar, como quando pediam que nos beijássemos − aquilo seria uma total invasão de privacidade. A pior fora a em que tivemos que nos deitar no chão, totalmente expostos, para que pudesse ser feita uma imagem de cima. Sendo o repertório grande, havíamos solicitado para que aquela não fosse selecionada.

− Obrigada, Gray-sama. – me aproximei dele, me colocando em meu lugar, e fiz a melhor cara misteriosa que consegui.

Algumas orientações haviam sido dadas a nós sobre que expressão fazer, e a mais comum era a “sensual-misteriosa-superior” (segundo a descrição de uma das ajudantes). Supostamente, era ela que nos fazia sentir tão impressionados pelos atores e atrizes, modelos famosos.

− Parabéns pelo ótimo trabalho! – a equipe toda se aplaudiu, grata por ter terminado o trabalho.

Não tinha nada a dizer, não sabia se deveria fazê-lo. O ambiente era tão profissional que achara até estranho alguém tão “comum” como eu estar ocupando-o. Havia me esquecido que, por mais gentis e humildes que fossem, Natsu, Gray, Lucy e alguns outros já haviam sido alvo de repórteres. Desde que Fiore passara a exportar e produzir atletas de alto nível, a atenção dada à categoria jovem aumentara bastante, e isso era proveitoso.

− Se divertiu? – perguntei a Gray quando fomos encaminhados para os vestiários. Finalmente não tínhamos ninguém nos acompanhando e iríamos usar nossas próprias roupas.

− Só quero tirar essa massa da minha cara... Como vocês aguentam isso? – ele passou os dedos sobre os lados do rosto, tentando retirar os restos de base.

− Nem todas nós aguentamos, muito menos sempre. – respondi.

O moreno estava tão angustiado que não consegui deixar de rir dele, o qual fez questão de me encarar feio antes de sorrir também. Provavelmente já estávamos para além do local onde ele deveria se trocar, mas ele aparentemente escolhera me acompanhar. De vez em quando, e desde que a sessão começara, Gray tentava ser discreto ao direcionar algumas olhadelas para a pele descoberta que eu tinha. Inicialmente ele havia ficado surpreso, em uma situação constrangedora observada por todos. Depois que esse encanto passara, porém, ele tentava “aproveitar” o momento − acredito que pelo fato de eu não possuir nada menor do que meus trajes de treino.

Ah, lembrei-me agora que hoje é meu dia de cozinhar... Acho que estava pensando demais nas férias.

Na manhã anterior haviam sido entregues os resultados, após mais uma semana finalmente estaríamos livres de mais um ano letivo. Eu não fizera nada de especial ainda, nem tinha muitos planos, mas dois meses livres de estudos eram algo verdadeiramente animador. Até Levy, que muitos pensavam que era apaixonada por aulas, implorava por algum descanso, principalmente após tantas noites mal dormidas. Acho que era, inclusive, a que mais estava comemorando.

− Quer passar no mercado na volta? – ele indagou.

Eu assenti. Ainda levaria certo tempo até que fôssemos liberados, mas tentamos nos apressar. Me troquei rápido, e então rumamos para a sala indicada pelos funcionários do espaço. Jason estava bastante animado, prometeu que faria “seu máximo” – o que era extremamente relativo − para ressaltar nossos pontos positivos. Enrolamos um pouco em algumas respostas, desviamos do assunto quando ficávamos desconfortáveis e éramos o mais objetivos possível.

Com certeza não tentávamos ser polêmicos. Chamar atenção poderia ser até proveitoso para quem sabia usufruir dela, mas, no nosso caso, não havia nem escândalos para relatar. Provavelmente o mais inusitado da nossa rotina eram as faxinas de domingo e as invasões que Natsu às vezes fazia no meio da madrugada. Se tentássemos mentir, eu muito provavelmente cometeria alguma gafe que nos prejudicaria. Isso tudo sem considerar que odiávamos repórteres quando fora das competições, e que polemizar nunca fora a melhor das estratégias − especialmente quando estratégias já não eram nem um pouco legais.

− Foi até interessante, admita... Tirando as perguntas desnecessárias.

− Mas assim é fácil, se você ignora a parte ruim. Nunca vou gostar dessas coisas, só do que elas representam. – ele resmungou, por mais que soubesse que não era algo do que ele pudesse fugir. Achava interessante como ele conseguia odiar e suportar diversas situações e pessoas.

Caminhávamos juntos por entre as árvores verdes das calçadas, indo em direção ao Casarão. Não vou relatar coisas inúteis como a ida ao mercado, uma vez que ninguém descreve momentos desinteressantes e habituais, como as aulas e idas ao banheiro. Elas existiam, no entanto: o cansaço de Levy, meu e de todos que tentaram verdadeiramente estudar não era à toa. Enfim, voltando ao discurso objetivo, carregávamos sacolas de ingredientes, e eu havia convencido Gray a me ajudar, como quase sempre ele fazia.

− Jason não é lá um dos melhores anfitriões... – ironizei.

Não precisava disfarçar que desde sempre eu não confiava muito nele. Sua fome por destaque parecia ser maior do que seus princípios, e isso me fazia não considerá-lo um grande exemplo de pessoa. No entanto, ele sempre era uma ajuda que poderia vir a calhar.

− Da última vez que saí na revista, ele simplesmente resolveu criar o rumor que minha mãe estava completamente recuperada. Muita gente acreditou que ela já havia voltado a nadar não profissionalmente.

− Isso não deixa de ser uma meia verdade atualmente, não? − perguntei, enquanto separava minhas chaves para abrir a porta de madeira.

− ...É, mas não é como se ele soubesse que isso ia acontecer ou realmente se importasse com a verdade. – ele refletiu. – Além do mais, não estamos mantendo isso como segredo, não seria nem uma grande notícia.

Isso” se referia ao fato de Ur ter definitivamente voltado a nadar. Essa não era exatamente uma informação sigilosa já havia bastante tempo, mas desde que ela resolvera ir a público finalmente explicar sobre o acidente e fora convidada para ser a representante de uma campanha a favor do esporte paraolímpico, o assédio da mídia, antes inexistente, se manifestara. Ela não tinha idade para nadar em qualquer competição oficial, porém iria representar essa organização em diversas palestras e eventos sobre a perseverança e autoconfiança.

− Mesmo que vocês insistissem, duvido que ela concordasse em voltar atrás. Ur adorou ter um novo trabalho. – eu disse, antes de parar em frente a casa e abrir a porta.

O Casarão, tanto por dentro quanto por fora, estava um pouco diferente. Alguns meses atrás Lyon surgira com a ideia de pintá-lo, e assim fizemos. A sala de estar sofrera uma reforma, e havia um quarto desocupado a menos. Esta era a grande novidade: Meredy estava vivendo conosco.

− Juvia! – a rosada correu em nossa direção. Desde que fora desclassificada das competições, passara a se empenhar mais, frequentar os treinos opcionais e pedira ao seu tio para mudar-se. – E Gray...!

− Não precisa forçar a animação, Meredy. – Gray bufou, com o olhar provocador. − Boa tarde.

− Você é ridículo, só para constar.

− O que foi? – ela nos seguiu enquanto íamos até a cozinha, despejando então as sacolas na bancada. Tentei ignorar a discussão que sempre surgia quando eles passavam mais do que cinco minutos no mesmo ambiente.

− Venham lá na sala! Ao que parece, Ur vai sair na TV! Ultear está desde cedo pensando em como avisar vocês!

Eu arregalei os olhos. Aquele era um nível completamente diferente de popularidade, inesperado tão rapidamente. Fomos praticamente arrastados até sentarmos lado a lado na frente da televisão, na qual era exibido um programa de variedades. A chamada informava que em breve haveria uma reportagem sobre a conferência que Ur participava naquele dia.

Inicialmente, o repórter apenas explicou a ideia do bate-papo e mencionou a figura de Ur, porém com o passar do tempo seu discurso foi se encaminhando pra um diferente caminho. Conseguiu chegar a ex-nadadora, conversar com ela, discutir sobre o evento e...

Quais são seus planos após o término dessa sessão de mesas-redondas?

Acredito que vou me voltar mais ainda para o treinamento dentro do Centro, cuidar da minha família, meus filhos.

Eles têm se saído muito bem, assim como você costumava.

Sim, eles se esforçam bastante.

Assim como a mãe, os três irmãos compartilharam uma expressão leve.

E quanto à proposta feita a você pela Diretoria da organização? Pretende participar e liderar a prova de quatro quilômetros que será feita no meio do verão? Ele arrecadará milhares de reais, no mínimo, para essa categoria dentro dos esportes.

Observei os tais “filhos” suarem frio ao ouvirem o discurso. O sorriso que Ultear mantinha até então foi substituído por uma expressão de preocupação. Gray apertou meu braço, que descansava sobre seu colo. Todos nos lembrávamos da oferta, mas ela não era muito agradável. Mesmo a meu ver, um percurso no mar oferecia muito mais riscos do que qualquer um em uma piscina.

Ur tentara omiti-la inicialmente, e por isso ficou estranha durante alguns dias. Não sabia como falar, como expressar que entendia nossa insegurança e também a sentia. Os superiores vinham a pressionando, dizendo o quanto isso era importante para a sua imagem, mas Ur não estava tão confiante da sua recuperação. Era um risco, inegavelmente, e adiantar algo do tipo não teria nenhum proveito.

Isso ainda está em discussão. – Ur desviou o assunto e logo buscou encerrar a conversa. – Obrigada pela atenção.

A reportagem foi finalizada logo depois, sendo feitos alguns comentários pelos apresentadores do programa. Todos pareciam estar muito “ansiosos” para verem a Milkovich de volta à ação, ignorando seu óbvio desconforto ao terem tocado no assunto. Ur deveria estar passando por momentos difíceis para tomar aquela decisão. Gray já tinha superado a fase extrema de superproteção, mas ainda estávamos todos nos acostumando com a ideia dela voltar “ao trabalho” – antes, ela era reclusa a casa.

− Então... Acho que deveríamos preparar o jantar antes que ela volte, não? – Chelia sugeriu, com um sorriso forçado.

− Mas hoje não é o dia de Juvia...? – Cana começou.

− Concordo. – Meredy tentou dar apoio à outra na tentativa de uma mudança de clima. – O que você comprou, Juvia?

...

Gray estava irritado. Não um pouco, ou contidamente: ele estava possesso. Andava de um lado para o outro na frente da banca de revistas da praça, com uma expressão que não permitia que eu e Natsu parássemos de gargalhar − Lucy ainda tentava acalmá-lo. Ele estava envergonhado, com as bochechas vermelhas, mas provavelmente já havia ido longe demais para voltar atrás em sua decisão:

− Quanto você quer por todas as cópias da Weekly Magazine? – ele refez a pergunta ao vendedor.

O velho senhor, confuso com a razão para o jovem querer comprar tantas revistas, tentava explicar que não poderia vender todas. Elas eram as mais procuradas, e atraiam a clientela.

− Entenda, eu pago mais para receber as revistas mais cedo, não posso vendê-las.

− Também não posso deixar que elas sejam vendidas!

Lucy tentou segurá-lo quando ele agarrou mais uma edição, revoltado. Se não fosse pelo Fullbuster, provavelmente eu é que seria a revoltada. Minha vergonha, no entanto, fora substituída por diversão, encantamento e certo orgulho ao vê-lo surtando.

Já haviam se passado quase duas semanas desde a sessão de fotos e o anúncio sobre Ur, as férias finalmente tinham começado. Depois de muitas conversas, ela havia decidido pensar no assunto e “não se falava mais nisso”. Os curiosos apareciam aos montes, às vezes. Não bastando esse estresse, Jason aparentemente resolvera brincar conosco: ele não só selecionara a foto em que estávamos no chão, como também a cortara de modo que exibisse apenas a mim.

Aquela foto não era exatamente a mais decente que poderia se encontrar.

− Você deixaria uma foto assim de uma namorada sua vazar?

− Por favor, Senhor... Pietro. É um caso especial, ele está no meio de uma fase de insegurança. – Lucy me mandou uma piscadela, enquanto ajudava/zombava o moreno.

− Eu não estou inseguro!

O revisteiro, parecendo cansado daquela confusão de jovens quando obviamente tinha coisa melhor para fazer, se inclinou na direção dos dois. Como o rosado e eu estávamos apenas sentados próximos, ficamos ouvindo. Eu já havia me conformado com a ideia de que teria que passar por aquela vergonha, mas o Fullbuster parecia ter encarnado o desejo de “lutar pela minha honra”.

− Garoto, se você já tem a verdadeira menina, por que tem de se importar com os outros? Eles terão só uma foto. – o senhor tentou barganhar, infelizmente pendendo para o lado errado.

− Isso não tem nada a ver com ser uma foto ou não! – eu e a loira nos exaltamos juntas. Aquele tipo de discurso era o pior quando havia garotas por perto.

− A foto é minha, e eu não estou confortável com ela passeando por aí. Muito menos com as pessoas que a terão! – caminhei até onde eles estavam também com cara feia. Pietro parecia amedrontado: provavelmente nunca tinha visto jovens tão explosivos.

− Quanto você quer por elas? – Gray insistiu.

Pagaremos tudo. – a cabeça de Natsu surgiu entre nossos ombros, enquanto ele fazia uma expressão supostamente amedrontadora, balançando-a.

Infelizmente, com aquela frase que mais parecia uma sentença de “O Poderoso Chefão”, ele acabou com o nosso plano intimidatório. Nós rimos, e a partir de então não era mais possível usar do tom “de delinquente” que Gajeel nos ensinara.

− Natsu! – Lucy lamentou.

− Vocês... Estavam só brincando? – o dono da banca suspirou, aliviado.

Gray sorriu para ele. Bem, talvez ele conseguisse.

− Não. Eu ainda quero as revistas. Na verdade, quero que me venda as que ainda estão para chegar também.

A partir de então, a discussão apenas perdurou. O vendedor foi praticamente obrigado a vender as revistas, mas nossa cota de blefes também se esgotou. Verdadeiramente, nenhum de nós tinha dinheiro suficiente para comprar as cópias que ainda estavam por vir. O acordo feito, no final, foi de que Pietro colocaria as revistas o mais escondidas possível.

E aquela era apenas uma das inúmeras bancas da cidade.

Gray estava convencido de que deveríamos continuar, mas tivemos que tranquilizá-lo. Prometi que nunca mais faria uma sessão de fotos sem haver um termo que afirmasse que eu selecionaria as adequadas, depois lhe peguei um lanche. O outro casal aproveitou e se divertiu conosco também, mas tiveram que partir após pouco tempo. Natsu iria levar Lucy para jantar com o Igneel, e não poderiam se atrasar.

− Pronto? – eu indaguei-lhe após pagarmos a conta.

Gray respirou fundo. Fiquei um pouco confusa se por ainda estar nervoso ou por ter se envergonhado do que fizera. Ele estava com as sobrancelhas franzidas e a camiseta completamente bagunçada, de tanto se mover. Na verdade, eu era quem não estava lá muito apresentável: o calor às vezes me fazia impaciente para escolher roupas, e aquele era um dos fatídicos dias.

− Sim, sim.

− Vamos então.

Separei meus pertences, cumprimentei o garçom. Por ser um fim de semana, podia experimentar ser a servida, ao invés de servir. Em questão de dias, também teria meu recesso do trabalho.

− Juvia. – Gray me chamou.

Quando virei-me, no meio do corredor, ele parou para observar minha face. Passaram-se segundos. Um minuto. Não sabia o que ele desejava e estava corada por ter tantos clientes nos encarando. Gray puxou-me pela mão, me levando até o lado de fora do estabelecimento, e parou ao lado de uma de suas paredes.

Mesmo que ele normalmente fizesse tais coisas quando queria ter algum contato físico, fiquei chocada por ter sido tão direto ao erguer meu queixo com seu indicador, apenas pela ponta. Foi delicado ao me tocar, mas extremamente sugestivo o modo como ele inclinou minha cabeça. Pude sentir que ele se aproximava, sua respiração quente batendo em meu rosto. Havia pessoas passando, e aquela era uma situação nova para mim: ser vista, saber disso e ainda assim fazer o que bem entendia. Mesmo com essas adversidades, ao ver sua expressão séria logo à frente, tudo que pude fazer foi semicerrar os olhos, entreabrir os lábios e esperar por algo. Depois pensaria nos “porquês”.

Ah... Está igualzinha à foto. – ouvi-o lamentar em voz baixa, estalando a língua.

Foi então que percebi que ele não tinha a menor intenção de me beijar, especialmente após sentir o vento onde antes existia o calor de seus dedos. Ao abrir as pálpebras, me deparei com Gray já se afastando, coçando a nuca em agonia.

Eu odeio a mídia! – ele desabafou.

Eu ainda iria matar aquele garoto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários? (eu visualizo essas cenas desde sempre hehe)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Summer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.