TODAS AS LUZES - Coletânea de Natal escrita por Serena Bin, Gessikk, Cardamomo, Miss Houston, Maya, Amauri Filho, Lady Gumi, Maxx, Sr Devaneio, Lucas Freitas, Analu, Nanathmk


Capítulo 3
A Melhor Luz do Natal - Summer Darvill




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No início do mês de novembro, Clara veio com a ideia de esperar o Papai Noel chegar.

— E então? Você vai me ajudar? — perguntou Clara, animada.

— Espera. — Ele franziu as sobrancelhas. — Você quer mesmo esperar o Papai Noel?

— E qual o problema Bruno?

— O problema é que temos treze anos! Já estamos velhos demais para essas coisas bobas! — Ele passou a mão sobre os cabelos bagunçados.

— Você está velho, não eu — respondeu Clara. — Além disso, quem foi que ficou dormindo no guarda-roupa por dois meses para ver se encontrava uma passagem para Nárnia?

— Ei! Eu tinha apenas onze anos! — defendeu-se Bruno.

— Faz pouco tempo, cara. Apenas dois anos! E eu sei que você quis que o Papai Noel aparecesse para você também, como aconteceu para eles.

— Você sabe que vai aparecer uma pessoa vestida de Papai Noel, certo?

— É claro! Mas é aí que está a graça! Eu nunca vi pessoalmente. E outra, deve ser emocionante.

— Você está brincando comigo?

— É claro que não.

— Você irá parar de me irritar?

— Vou.

— Ok.

— Sabia que seria fácil de convencer — murmurou ela, sorrindo.

— O que você disse? — perguntou Bruno.

— Nada.

Véspera de Natal, 24/12 – Quinta-feira

Enquanto estava indo para a casa da amiga, o garoto olhou pela janela do carro e não deixou de perceber que Campinas era uma cidade muito legal. Algumas casas e apartamentos estavam decorados com luzes de Natal, porém estavam desligadas por estar de dia. Ele não deixou de imaginar como ficaria legal a noite...

Bruno tocou a campainha da casa de Clara. Ao entrar, o garoto não deixou de notar que no primeiro cômodo da casa, a sala, havia uma enorme árvore de Natal decorada com alguns itens diferentes. Foram para o quarto dela, para deixar os pertences. Os dois amigos voltaram para a sala e Bruno viu a árvore de perto.

— Você que fez a decoração geek, não é? — Tocou no Pomo de Ouro que estava pendurado.

— Sim, coloquei tudo ontem à noite — contou Clara. — Que cheiro bom! Vamos na cozinha, eles devem estar cozinhando ou algo do tipo...

— Você só pensa em comida? — brincou Bruno.

— Talvez. — Riu. — É um milagre eu estar com fome...

Ambos foram para a cozinha e encontraram os pais de Clara cozinhando. Eduardo cozinhava na maior parte do tempo, pois trabalhava como cozinheiro no restaurante local.

— Acredito que estão com fome — disse Lúcia, mãe de Clara.

— Eu estou — disse Bruno se sentando na cadeira.

— Eu também.

— Sério, filha? Isso é bom, já que passou a metade da semana sem comer direito — disse Eduardo.

Os quatro se serviram de uma comida ótima. Era a comida preferida de Clara: strogonoff de frango, sem contar que seu pai cozinhava muito bem.

Após o almoço, os garotos foram para o quarto e Bruno pegou o seu console Wii. Clara o ajudou a levar as coisas para a sala e montaram o videogame. Cada um pegou um controle, escolheram um jogo e logo, já estavam jogando a sexta partida de Mario Kart.

23h48 p.m.

A mãe de Clara saiu do quarto e viu a filha dormindo em seu próprio quarto e seu amigo em outro. Foi à cozinha, bebeu dois copos de água e voltou ao quarto.

— Achei que seríamos pegos no flagra — cochichou o garoto, aliviado.

— Ainda bem que deu para ouvir o barulho da tranca — concordou Clara.

Ambos saíram do armário da sala e suspiraram. Haviam tentado o velho truque de colocar travesseiros debaixo do cobertor, que por sorte, deu certo.

— E onde nós esperamos agora? — perguntou Bruno, sentando-se no sofá.

— Atrás do sofá... Quando ouvirmos algum som estranho, nós vamos para cá. — Apontou.

Ambos estavam cansados, morrendo de sono. Pouco depois já estavam cochilando no sofá.

***

— Bruno, acorda! — Clara chacoalhou seus ombros.

— O que foi? — Fez uma careta.

— Não conseguimos ver ele... Venha logo aqui na janela! — ordenou a garota —, está ouvindo os sinos?

Bruno se levantou e foi ao lado de Clara. Bem longe, dava para enxergar uma sombra de um trenó e as renas. O som de sinos ainda ecoava.

A garota voltou para o sofá e sorriu. Em cima do móvel, havia um pequeno papel. Era um bilhete do Papai Noel. O garoto se juntou a ela e juntos, leram o bilhete.

Vocês foram boas crianças ao longo do ano. Espero que não estejam decepcionadas por não terem me visto. Ambos os dois sabem que no fundo, isso é real. Obrigado por acreditarem em mim e que a magia do Natal esteja sempre com vocês.

P.S.: Espero que tenham gostado do presente.

Papai Noel.

Olharam debaixo da árvore de Natal e esta estava cheia de presentes.

— Como vamos saber qual é o presente correto? — perguntou Bruno.

— Talvez deva ter alguma marca — sugeriu Clara.

Analisaram todas os embrulhos e encontraram um escrito “P.N.”. Bruno estava preparado para abrir o presente, mas Clara o interrompeu, dizendo que era para abrir apenas no dia.

— Bom, acho que devemos dormir agora. — Espreguiçou-se ela.

— Sim, vamos dormir — concordou.

Natal, 25/12 – Sexta-feira

A luz do sol atravessou a janela do quarto de Clara. Já era quase o horário do almoço e ela não havia acordado. Seu despertador tocou tão alto que ela finalmente conseguiu acordar. Aquilo sim era um milagre de Natal. Acordar com o próprio despertador. Normalmente, sua mãe sempre a acordava.

Desligou o despertador e se espreguiçou por um longo tempo. Fez sua higiene matinal e foi para a sala, ainda de pijama.

— Parece que a Bela Adormecida finalmente acordou — disse Bruno, rindo.

— Ainda não estou acreditando que acordei agora! Bom, eu provavelmente devo ter colocado o horário errado por conta do sono... — Riu de si mesma.

Bruno olhou atentamente para o cabelo de Clara e estava todo embaraçado. Estava uma grande bola de fios embolados.

— Seu cabelo parece um ninho de rato — comentou o amigo.

— Já é rotina ele ficar assim. — Riram.

Ao olhar para a árvore, Clara se lembrou um detalhe importante na decoração.

— Bruno! Preciso da sua ajuda para colocar as luzes na árvore — pediu ela.

Abriu o armário ao lado da televisão e pegou a caixa. Desenrolou os fios com a ajuda do amigo e se prepararam para colocar na árvore.

— Essa é a minha parte preferida. As luzes de Natal. São elas que iluminam a árvore, as casas e dão aquele charme todo... não que os outros elementos não sejam especiais, porém as luzinhas... — Suspirou Clara.

— São bem legais mesmo — concordou Bruno.

Ele começou colocando as luzes desde o topo da árvore e depois foi girando-a, até Clara colocar a outra ponta na tomada. Ligou o aparelho e logo, estava brilhando lindamente.

— Uau — disse o amigo —, isso é tão legal!

— Sim! — exclamou ela —, Bruno, o presente!

— É verdade — respondeu ele.

Acharam o presente do Papai Noel e abriram. Havia um livro com a capa azul, chamado Extraordinário e um box da série Doctor Who, respectivamente para Bruno e Clara.

— Era simplesmente o que eu queria! — falou Bruno.

— Eu também! Legal, não?

— Com certeza!

18h52 p.m.

Todos da casa já estavam com as roupas trocadas e aos poucos, os tios, primos e avós de Clara já estavam reunidos em sua casa. Todos conversavam alegremente e colocavam as conversas em dia.

— Não vai apresentar seu namorado para a gente, Clara? — perguntou Martha, sua tia.

— Ele não é o meu namorado, é meu amigo! — disse a garota. — Ele veio passar o Natal aqui de última hora...

— Uhum, sei... — Semicerrou os olhos e foi embora.

Clara começou a rir e Bruno que estava do seu lado, a acompanhou. Era engraçado ver que as pessoas achavam que os dois tinham um relacionamento sério.

— Pessoal! — anunciou Eduardo. — Vamos jantar!

As pessoas ocuparam as cadeiras e brindaram. Depois, já haviam começado a se servir.

***

Depois da ceia, fizeram o Amigo Secreto invertido, de forma que quando alguém tirasse uma mulher, tinha que dizer que era um homem; se tinha cabelo curto, tinha que dizer que havia cabelo grande, etc. Foi bem divertido, apesar de algumas pessoas ficarem confusas. O jogo havia terminado tarde e a família de Clara foi embora por volta de meia-noite.

26/12 – Sábado

Ainda de madrugada, quando todos haviam ido dormir, Clara escreveu uma carta e foi dormir.

***

Quando já era 13h da tarde, a mãe de Clara pediu que Bruno fosse acordar a amiga. Quando ele entrou no quarto, tentou acordá-la, mas ela não acordou e ele chamou a mãe dela. Bruno encontrou uma carta no quarto da amiga e leu.

Querido Bruno,

Espero que não esteja com raiva de mim. Me desculpe por não lhe avisar, eu não queria que se preocupasse. Eu também fiquei surpresa, fiquei sabendo isso no início de novembro, e por esse motivo eu quis fazer aquelas coisas doidas. Inclusive esperar o Papai Noel.

Sabe Bruno, eu não me arrependo de ter feito essas coisas (até mesmo de ter dançado Macarena no pátio da escola e todo mundo riu de mim. Pelo menos, algumas pessoas se juntaram também). Foi tão bom experimentar coisas novas! Adorava ver a expressão das pessoas quando eu me sentava ao lado delas e dizia um “Oi”. Até fiz amizade com uma menina por causa disso.

Quando eu fui ao hospital naquele diz em que eu torci o pulso, o médico havia descoberto que eu estava com câncer em um estágio muitíssimo avançado. Ele disse até quando eu provavelmente viveria, e foi no dia 25... eu fiquei com medo, é verdade, entretanto, com o pouco tempo de vida que ainda me restava, eu senti vontade de viver mais, aproveitar o máximo... Então aproveite cada momento como se fosse o último de sua vida, ok?

Lembra-se de quando eu vi aquele garoto bonito no Shopping e fiquei louca para saber o nome dele? Eu deveria ter perguntado, mas eu não o fiz por medo. Lembre-se: o máximo que uma pessoa pode lhe dar é um “Não”. Brincadeira, aí depende muito dela. Tente não se prender ao “E se...”, ok?

Acho que é só. Você vai aprender muito mais do que eu, com certeza. E saiba que se fizer algo de errado, eu irei puxar seu pé a noite. Brincadeirinha!

Não se preocupe comigo! Eu provavelmente devo estar em viajando com o Doutor na TARDIS ou simplesmente treinando no Acampamento Meio-Sangue. Talvez eu posso estar até em Hogwarts!

Amo muito todos vocês e espero que saibam que são as melhores pessoas que eu poderia conhecer em minha vida toda! ♥

Clara.

7 anos depois

Bruno leu a carta de Clara mais uma vez. Se surpreendeu ao ver que muitos anos se passaram desde que ela havia ido. Não deixou de sorrir ao terminar de ler. Limpou algumas lágrimas que haviam caído.

Gostaria que você soubesse que estou conseguindo aplicar seus conhecimentos na minha vida haha... Sempre leio essa carta no Natal, sabia? Eu também te amo, Clara. Você não sabe o quanto foi incrível estabelecer a amizade que fiz com você. Você vai ser a próxima companion do Doutor, então? Espero que dê tudo certo haha, pensou Bruno. Você com certeza é a melhor luz do Natal. Obrigado por me dar os melhores momentos da minha vida.

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

– Fernando Sabino.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
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:D



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