( Photograph - Ed Sheeran )

Maldito roubador de táxi de olhos azuis!

E maldita seja a minha mente por tê-lo gravado tão bem, e ficar o esfregando nos meus pensamentos a cada meio segundo!

Por que idiotice mesmo eu não aceitei seu convite do café?

“Talvez seja porque Katniss Everdeen, você não possa se envolver romanticamente por agora!"

E tudo por que...
... Em poucos dias você poderá estar grávida do RDA 1249.

Obrigada consciência por me lembrar.

Me chutei da cama, afinal, hoje era meu dia de ir pra cafeteria, e como diz minha avó Mags, nada melhor que uma mente ocupada. E um bom café!
Essa era uma das vantagens de ser dona de lá, café a vontade.

Hoje era folga da Madge, mas nem assim ela ficava afastada do lugar, ou dava um jeito de aparecer, ou de ligar. E foi o que aconteceu em alguma hora da manhã. Eu sabia que era ela, quando o telefone tocou.

Katniss – Oi Mad!
Madge – Oi Katkat, vamos almoçar juntas? Já intimei Clove e não aceito um não como resposta, e ... – despejou tudo de uma só vez- ...estarei ai ao meio dia.- e desligou.

Tudo bem Madge, vá em frente, pode desligar na minha cara.

Avisei a Posy que ia em casa e entrei.
Peguei minha bolsa e minha jaqueta , ia precisar delas já que sairia com Madge.

Ao meio dia em ponto elas chegaram.
Resolvemos almoçar no Alfalfa Restaurant, já que Madge queria comida vegetariana.

Durante o almoço, contei a elas sobre a inseminação, sobre o roubador de táxi e em como o maldito não saia dos meus pensamentos.

Clove – Você gostou dele?
Katniss – Clo, eu não posso gostar dele e nem de ninguém. Acho que só fiquei impressionada, porque ele é igual ao que eu imaginava sabe, no meu plano original.
Madge – E por que não aceitou o café?
Katniss – Porque eu não quero um encontro e .. e eu estava ensopada da chuva e precisava colocar as pernas pra cima.
Clove – Mas teria aceitado se fosse em outra ocasião?
Katniss – Ok, chega desse assunto! Não aceitei o café e ponto e provavelmente não o verei nunca mais.

Infelizmente.

Cala a boca consciência do inferno.

Se eu estivesse mesmo grávida, não poderia me envolver com ninguém, não por pelo menos 1 ano.

O restante do almoço correu bem e rápido. Clove não parava de falar sobre o chá de meninas, que Gina e Jenna iriam ter no próximo sábado, seria a primeira noite delas fora de casa e minha amiga estava surtando.

Quando saímos, ela pediu que a acompanhássemos até uma delicatessen.

Ela precisava encomendar uma torta pras meninas levarem, e a haviam indicado essa do centro, que segundo comentários, todas as coisas eram divinas.

Fomos a pé, não ficava muito longe do Alfalfa e era absurdamente incrível, você ficava com vontade de lamber todas as vitrines com todas aquelas tortas e bolos.

E foi enquanto eu discutia com Madge sobre qual torta deveríamos experimentar, que eu ouvi aquela voz.

A voz do misterioso de olhos azuis. Do meu roubador de táxi.

Me virei lentamente e quando olhei pra trás, lá estava ele, conversando com Clove a poucos metros de distância.

Katniss – Mad .. – Falei sem desviar os olhos dele – O roubador de táxi ... está conversando com a Clove.

Ia abrir a boca pra pedir pra ela disfarçar, no exato momento em que ela virou bruscamente a cabeça.

Madge – Ai. Meu. Deus! Ele é lindo Kat!

Dei uma rápida olhada por cima do ombro e qual não foi minha surpresa ao vê-lo nos encarando com um sorriso divertido.

Madge – Vai falar com ele! – Ela me olhou séria, o indicando com a cabeça
Katniss – Está louca? Vou falar o que?
Madge – Sei lá amiga, pergunta se ele se lembra de você ou .. ou se o café ainda está de pé.
Katniss – Você é absurda Mad!

Vi quando ela abriu a boca pra retrucar, mas desistiu de faze-lo e eu já iria perguntar o motivo de seu súbito silencio quando senti seu cheiro se aproximando.

Maldita mente detalhista, que até o cheiro gravou.

– Oi.

Vi quando Madge sorriu pro estranho, mas continuei encarando a vitrine de tortas, como se uma delas pudesse salvar minha vida.

– Você não é a estranha que roubou meu táxi? – perguntou divertido.
Katniss – Não! – respondi sem me virar – Você quem roubou meu táxi.

Madge soltou uma risada e foi acompanhada pelo estranho.
Traidora de uma figa, ela veria só.

– Ah .. certo. Por acaso não está me seguindo não, está?

Agora eu ri.
Idiota, presunçoso e prepotente!

Katniss – Isso é uma delicatessem e eu vim aqui pelas tortas. – Disse me virando lentamente.
– Qual irá levar? – Sua voz ainda tinha o tom divertido.
Katniss – Eu nenhuma, mas a minha amiga vai. – Indiquei Clove, que vinha em nossa direção.
Clove – Hun .. se conhecem?
Katniss – Não! – respondi e ele deu uma risada.
Clove – Ok, vamos tentar mais uma vez. De onde vocês não se conhecem?
Katniss – Ele é o roubador de táxi.
– Não! Você roubou meu táxi.

Estava vendo a hora que sairia no tapa com ele, igual uma criança de cinco anos quando roubam seu brinquedo.

Clove olhou mais uma vez de um pro outro e se afastou, resmungando algo sobre ainda ter que fazer a encomenda e a traidora da Madge correu junto, me deixando ali, sozinha com o Sr. Olhos azuis.

– Desculpa, nem me apresentei – Sorriu estendendo a mão em minha direção – Peeta Mellark.

E peguei sua mão e ele deu um leve aperto.

Katniss – Katniss Everdeen.
Peeta – Katniss? Igual a flor? – Ele perguntou confuso.
Katniss – Igual à flor.

Ele sorriu e finalmente soltou minha mão, e eu finalmente soltei o ar que até então prendia em meus pulmões.

Peeta – Tudo bem Katniss, você me deve um café. – ele disse – Preciso me desculpar por ser um , como é mesmo ... “ roubador” de táxi.
Katniss – Ah, então admite ser um. – usei um tom divertido na voz.
Peeta – Confesso que quando entrei no táxi, você já estava lá dentro. – Ele riu sacudindo a cabeça.

Eu sorri enquanto ele me encarava de volta e por bons minutos, nada foi dito.

Peeta – O café?

Quando eu ia dizer que aceitava, uma loira muito bonita se aproximou, passando as mãos pelos ombros dele.

– Peet, estou indo. – Disse sensualmente, como se só ele estivesse ali.- Te espero lá em casa hoje a noite, tudo bem?
Peeta – Tudo bem Delly, eu apareço por lá. – Respondeu sem nunca desviar seus olhos de mim.

E a loira notou, porque bufou raivosa e se afastou.

Peeta – Então? – Perguntou, obviamente aguardando uma resposta pro bendito café.

Ele tinha namorada?
Esposa?

Lancei um olhar rápido em sua mão esquerda. Ok, nada de aliança por ali.

E aquilo foi como se uma luz se acendesse sobre minha cabeça.
Eu não podia me envolver com ninguém, em que eu estava pensando.

Katniss – Me desculpe, eu tenho que ir. – Segui em direção as minhas amigas sem dar tempo dele fazer nada. – Clove, Madge .. preciso ir, tenho ... tenho umas coisas pra resolver.

Mal acabei de falar e lá estava ele novamente.

Katniss – Tchau meninas, eu ligo pra vocês. – Elas assentiram – Tchau Peeta. – Eu disse ao passar por ele e sair da loja.

E graças a Deus, um táxi estava parado e uma senhora idosa saia dele.
Foi o tempo suficiente pra ela desembarcar todas as sacolas e eu entrar, dando meu endereço o mais rápido possível ao motorista

Mal havia pisado na cafeteria quando meu celular tocou.

Madge – O que foi aquilo Katniss? – Ela perguntou sem rodeios.
Katniss – Mad, me deixa!
Madge – Te deixa nada, estamos chegando ai e iremos conversar como mulheres adultas que somos.

E mais uma vez, ela desligou na minha cara.

Guardei minhas coisas atrás do balcão, ficando pronta pra esperar as duas, quando Posy veio em minha direção.

Posy – Kat, um tal de Peeta já ligou cinco vezes atrás de você, eu sempre digo que não está, mas eu acho que ele não acredita e liga novamente.

Que ótimo, mais essa!

Katniss – Obrigada Posy.

Suspirei pesadamente, no mesmo instante que a sineta tocava e minhas duas amigas traidoras entrava porta a dentro.

Katniss – Qual das duas? – Perguntei com raiva – Qual de vocês de meu telefone pra ele?

Elas riram culpadas e apenas deram de ombros.
Me virei pra sair dali, quando Clove quebrou o silencio.

Clove – Fui eu! Mas só porque ele está muito interessado em você! Além do que é muito bonito, inteligente e ...- a cortei
Katniss – Pode parar!
Madge – Qual o problema de aceitar um café Kat?
Katniss – Eu não posso me envolver .. hum .. porque ele me atrai droga!- elas deram um sorrisinho – Gente, eu desisti do plano inicial, vocês sabem disso! Se eu me envolvo e a inseminação pega, como vou explicar isso pra ele?
Clove – Dizendo a verdade oras! Que o príncipe encantado atrasou e você não quis mais espera-lo.
Katniss – Vocês estão seriamente achando, que, se nos envolvermos e eu estiver de fato grávida, ele ira assumir o bebê e buum, seremos felizes pra sempre?
Madge – De repente sim, Kat, você nem o conhece pra tirar conclusões precipitadas. – Me explicou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – além do que, essa criança precisara de um pai amiga.
Clove – Eu super concordo!
Katniss – Loucas! Isso que vocês duas são!

Homem nenhum assumiria uma mulher grávida de outro.
Pior, outro que ela não fazia a menor idéia de quem era.
Só sabia seu número de registro, RDA 1249.

Estava a ponto de jogar isso na cara delas, quando a sineta tocou mais uma vez, e Peeta passou pela porta.

Peeta – Oi. – deu aquele sorriso de matar todas.

Olhei pras duas traidoras e mortas, encolhidas na minha frente.

Katniss – Oi. – retribui seu sorriso.
Peeta – Então, você é dona de um café, e eu te chamando pra tomar um.. devia ter me avisado.

Ah meu amor, por você eu tomaria todos os cafés do mundo.

Katniss – Não é tão ruim e .. eu gosto de café! – Sorri sincera – me desculpe aquela hora, realmente havia coisas que eu precisa resolver.
Peeta – Tudo bem, pra mostrar como sou legal, nosso café acabou de se promovido a um jantar.
Katniss – Um jantar?
Peeta – Um jantar.
Katniss – Tudo bem Sr., só marcar. – Sorri lhe encarando.

Um sorriso malicioso escapou de seus lábios.

Peeta – Ok, podemos ir .. hoje. Agora. – Me olhou ainda sorrindo – Te dou 15 minutos pra se trocar.

Olhei pras meninas, que balançavam freneticamente a cabeça em sinal de sim.

Katniss – Tudo bem, eu já volto!

Corri até em casa, tomei um banho rápido já tentando imaginar qual roupa colocaria, precisava ser algo mais ajeitadinho, afinal, ele está de social.

Optei por um vestido rendado na cor creme, uma sandália do mesmo tom e cabelos soltos.

Estava indo em direção a cafeteria quando meu celular vibrou.

Madge diz: Já fechamos o café e todos os funcionários já foram, de forma que sua única preocupação essa noite e agarrar de vez esse homem lindo que te espera. Clove manda dizer que sexo de vez em quando faz super bem pra pele. E eu concordo com ela.

Bjos Kat gata,
Amamos você.

Elas eram perturbadas, sério.

Entrei no salão do café, onde um Peeta distraído, olhava tudo a sua volta.

Katniss – Vamos?
Peeta – Nossa .. você .. você está linda!
Katniss – Obrigada Sr.!- Com certeza eu estava corada.

No caminho até o restaurante conversamos sobre tudo.
Contei um pouco da minha vida e ele da dele.

Tinha 35 anos e cerca de três meses atrás morava na Itália, mas por algum motivo que ele não revelou, precisou voltar. Era dona da delicatessem, que alias era um negócio de família. Seus pais moravam em uma casa de campo no interior do estado, e ele moravam com os dois.

Fiquei me perguntando como ele tinha animo pra ir e voltar pro interior todos os dias, mas optei por segurar essa pergunta pra mim.

Fomos a um restaurante Mexicano, com uma comida ótima e uma tequila melhor ainda.

O assunto e a companhia estavam tão agradáveis, que mal notei quando ele parava em frente a minha casa, já de madrugada.

Peeta – Chegamos.
Katniss – Obrigada pela noite e pelo jantar.
Peeta – Não .. não sairá de graças – Virou-se pra mim – Posso te beijar? – aproximou-se de mim
Katniss – Peeta, eu .. eu não posso- falei- O problema não é você, sou eu.
Peeta – Você tem namorado? – Ele tocou meu rosto e eu fechei os olhos sentindo sua pele na minha.
Katniss– Não. - Digo sorrindo levemente.
Peeta – É casada? – Se aproximou mais.
Katniss – Não. – Sorri sem abrir os olhos.
Peeta – Meu Deus, não me diga que é lésbica? – Abri os olhos e o vi com os dele arregalados.
Katniss – Não! – Falei antes de gargalhar.
Peeta – Então, qual o problema? – Ele colocou a outra mão em meu rosto.
Katniss – Nenhum. – Foi tudo que consegui responder antes de sentir seus lábios nos meus.

Ele tinha um gosto maravilhoso e quando dei por mim, minhas mãos já estavam agarradas nos seus cabelos e meu corpo grudado no seu, mas aquilo tinha que parar. Não podíamos passar de beijos.

Katniss – É melhor eu entrar. – encostei minha testa na dele.
Peeta – Te ligo amanhã, tudo bem?
Katniss – Até amanhã então.

Ele me beijou mais uma vez. Um beijo doce, calmo e demorado.

Peeta – Até.

Ele se virou, entrando no carro e dando partido.
Entrei em casa me sentindo uma adolescente que acabara de ter o primeiro encontro.

E o pior, pela primeira vez desde que tomara a minha decisão, não estava nem ai, se meus 4 mil dólares fossem por água abaixo.

Por ele valia a pena.