Playing Dangerous escrita por WeekendWarrior


Capítulo 24
I Still Love Him - Bonus Chapter


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse realmente é o fim. Agradeço a todos que vieram até aqui. Obrigada do fundo do meu coração! Obrigada mesmo.
Não há palavras que expressem meu amor por essa fanfic... Jake e Carmen são parte de de mim, como tantos outros personagens meus. Enfim...
Boa leitura. x♥



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— Já faz tanto tempo…

Balbuciei para mim mesma enquanto caminhava. Marina ao meu lado, um vestido florido em meu corpo, agora já adulto, tênis brancos delicados nos pés. Cabelos agora num tom mais escuro, soltos, uma leve maquiagem, era como se Carmen estivesse de volta.

Carmen havia partido há muito tempo, a garotinha tem estado adormecida dentro de mim, dentro de minhas canções e em meus momentos mais solitários e sórdidos, lá está ela com seus pensamentos suicidas e atos impensados.

Porém Lana é forte e sábia, a mulher que destruiu os sonhos mais românticos de Carmen e os transformou em canções melancólicas e cheias de sentimentos quase esquecidos, porém como disse, quase esquecidos.

É um tanto estranho respirar esse ar novamente. Nashville. Suspiro e olho para Marina ao meu lado, a moça agora também crescida e vivida sorria, nós sorríamos.

Depois de sete anos voltei, apenas uma breve visita para matar a saudade de meus parentes e de minha já idosa avó. Era estranho rever tudo, rever todos, todos aqueles rostos e lugares, todos pareciam me conhecer, talvez da Tv, talvez por minha música.

“Aquela não é a Lana Del Rey?”

A maioria jovens garotas, pareciam copiar minhas vestimentas e me adorar como uma deusa Vintage ou algo do tipo, era sinistro e ao mesmo tempo aconchegador. Maravilhoso.

Porém tristezas também me abatiam aqui, as perdas que tive, as lembranças ruins também voltavam junto com as boas… mas as ruins continuavam ali, em sua maioria.

— Que tal uma torta de cereja? – indagou-me Mari.

Seus cabelos negros ainda prevaleciam, olhos escuros e pele levemente bronzeada.

— Sim, adoraria. Quanto tempo não provo dessa torta, não?

Sorrimos e caminhamos em direção a barraca de Tortas.

A festa local que acontecia de ano em ano, novamente estava aqui. Uma movimentação bela e agitada, uma pequena aglomeração de seres sorridentes, parecia que o verão deixava todos felizes, bom, para mim, o verão trazia tristeza.

Eu havia vindo apenas para dar um “olá” e logo partir. Amanhã estaria voltando para Califórnia, estou trabalhando em meu novo álbum, sinto-me centrada.

— Eu não acredito! – um homem exclamou – Lana Del Rey?

Dei um sorriso fraco, ser reconhecida por “fãs” ainda era um tanto novo pra mim.

— Sim, sou eu.

— Oh, mas que incrível! Olhe que indelicadeza a minha, chamo-me Franklin, sou vice-prefeito da cidade, minha filha é sua fã, acabei de ligar pra ela avisando que você está aqui. É neta de Charles Grant, não? Seu avô foi um homem muito importante.

Eu e Mari nos encaramos de soslaio, aquele olhar que somente melhores amigas têm, qual entendem tudo com um simples olhar. E também, lembrar-me de meu falecido avô trazia-me dor sem igual.

O homem parecia saber tudo a meu respeito, todos aqui pareciam saber tudo… Saberiam eles sobre meu envolvimento com Jake? Talvez sim, depois do beijo do baile… Mari contou-me na época por telefone que a cidade não falava de outra coisa, mas como as duas famílias eram influentes, fizeram um bom trabalho em abafar tudo.

— Prazer em conhecê-lo – estendemos as mãos e nos cumprimentamos.

— Bom, já que está aqui, não é? Será que não poderia nos dar a honra de ouvir sua bela voz? – o homem apontou para o palco onde tinha alguns instrumentistas – O quê acha?

Olhei para Mari como se a perguntasse com meu olhar.

— Vá, Carmen. Você ama cantar, nunca cantou aqui – ela sorriu-me – Faça o que mais ama.

Assenti.

— Tudo bem – disse para Franklin – Adoraria dar-lhes um pequeno show.

Sorri e logo o homem me conduzia até o palco.

Subi no simples – porém um tanto alto – palco de madeira, avistei as faces curiosas, alguns pareceram reconhecer-me. Franklin pegou o microfone.

— Aqui temos a famosa cantora Lana Del Rey.

Sorri para não virar os olhos, o homem parecia de algum modo estar me usando, me exibindo… Talvez usando-me para se reeleger na próxima eleição, nunca se sabe.

Peguei o microfone e agradeci o homem.

— Olá, eu sou Lana Del Rey – disse um tanto acanhada, ouvi risos – Espero que gostem.

Sorri e logo a melodia tocou, por sorte os garotos sabiam tocar minhas canções. Primeiro foi Born to Die, depois Summertime Sadness então por último Video Games. Eram minhas canções de mais sucesso no momento, todos pareciam saber cantá-las.

Cantei os últimos versos de Video Games e depois a pequena melodia melancólica do fim foi tocada ao som do teclado. Passeei os olhos no aglomerado perto do palco, achei os olhos de Marina, a morena sorria.

Era uma sensação gostosa, estar ali em cima, observando-os observar-me, alguns vidrados, outros apenas sentindo a canção. Fiz uma reverência e aplausos vieram.

Foi como acordar de um sonho, foi como se alguém estourasse a bolha em que eu estava, como se o mundo caísse sobre mim, senti isso ao avistar ele… Jake.

Era estranho estar ali cantando canções, que de certo modo, eram para ele, eram dele. Senti-me nervosa e com medo, seus olhos estavam grudados em mim, ele tinha um olhar sombrio, a face passiva. Estava um tanto afastado, mas o via bem, era ele… era aterrorizante vê-lo depois de anos.

Depois de torturar-me incessantemente por causa dele, cada passo, cada ato, cada fala… Ele sempre viveria em mim, mas agora era estranho. Ele deve odiar-me, pois odeio-me por tê-lo magoado.

Não fazia ideia de como ele estava e com quem estava, aposto que não sozinho. De longe pude ver, ele ainda era um Sheriff, a estrela pontiaguda brilhava em seu uniforme. Parece-me que a cidade teve uma breve amnésia e esqueceu de que Jake havia se envolvido com uma menor.

— Obrigada – sibilei e desci com pressa do palco.

Franklin veio em minha direção, o repeli com um movimento de mão.

— O quê foi? – indagou-me Mari ao chegar perto dela.

Olhei para os lados, o procurando.

— Vamos embora – tomei fôlego.

Estava apavorada, sempre pensei nesse momento, o momento que eu provavelmente o veria novamente, mas foi doloroso, foi estranho… Como se reabrissem uma ferida.

Deus do céu, ele continua lindo. Lindo, lindo, lindo!

— Carmen, você está branca, pálida. Se sente bem?

— Não, Mari, não estou nada bem – a encarei firme nos olhos – Eu o vi, ele está aqui – umedeci meus lábios – Jake está aqui.

Mari ficou estática, a puxei e começamos a andar por entre as pessoas, era difícil, todos queriam falar comigo, tirar fotos, pedir autógrafos.

Logo muitas pessoas estavam ao nosso redor, desfiz-me o mais rápido delas, de modo amável. Enquanto eu dava o último autógrafo, um tanto apressada, avistei-o novamente, meu coração pareceu ter falhado uma batida e o mundo ao redor ter parado.

Seu olhar era firme e seu rosto, parecia não dizer nada, eu sentia raiva naquele olhar, um desprezo talvez… Seus olhos azuis ainda pareciam ler-me, seu olhar era quente e milimétrico sobre mim, o senti encarar-me toda, senti-me uma garotinha novamente.

Meus olhos encararam os seus de maneira triste, queria fugir dali, o mais rápido possível. Como um dia já fiz, fugir de Jake.

— O que acha de ir falar com ele? – indagou-me Mari.

Olhei para Jake de relance que estava a alguns metros de nós, parado com um outro policial ao seu lado.

Meneei a cabeça com força.

— Não, melhor não. Ele seria capaz de me dar um tiro, viu o jeito que ele me olhou? Vamos logo, Mari.

Tentei puxá-la.

— Não, Carmen, vá lá e fale com ele. Acha que não sei que ainda sente algo por ele? Realmente não entendo porque o deixou. Bom, isso problema seu, vá e resolva isso. Você mesma me disse um dia que nunca haveria volta.

Marina tinha razão, quanto antes desfizer-me desse sentimento de culpa, melhor me sentirei, eu acho, porém temia falar com Jake e por tudo a perder novamente.

Eu era tão jovem, tola e apaixonada, extremamente apaixonada. O primeiro homem na minha vida em todos os sentidos, sentia-me condenada ao fim naquela situação e olhe pra mim agora…

— Tudo bem, lá vou eu… – tomei fôlego e virei-me, encontrei aqueles olhos.

Movi-me na direção dele em passos lentos, as mãos suando, os pés querendo falhar, faziam tantos anos…

As pessoas pareceram ter se dispersado e me esquecido, ainda bem.

Parei a sua frente, seu olhar era predador, uma indiferença era vista, engoli em seco. Estava ali para deixar as coisas claras e talvez para um pedido de perdão.

— Jake – tentei não deixar minha voz tremer.

O homem direcionou um olhar para o outro policial, qual saiu, nos deixando a sós.

— Ora essa, olha quem temos aqui. Carmen? Ou melhor, Lana Del Rey? – sua voz escondia um tom de escárnio, ele estava de braços cruzados e Deus, esqueci-me o quanto ele era alto – O que uma estrela de Hollywood quer comigo?

Franzi meu cenho e comprimi os lábios. Nunca esperei por essa, mas o que eu queria também? Beijos e rosas? Seria mais provável armas e rosas!

— Por que me trata assim? Bom, eu sei, não posso pedir muito... Eu apenas... Sinto muito.

Ele riu pelo nariz e um pequeno sorriso de canto foi visto, havia me esquecido do quanto amava aquela feição.

O homem a minha frente parecia o mesmo, um tanto mais vivido, mas o mesmo. Algumas linhas de expressões ali, mas perfeitamente lindo. Ele está ainda mais lindo do que no dia que o deixei.

— Fale o que quer – foi ríspido e tinha o direito.

Tomei uma respiração, olhei para qualquer lugar que não fosse aqueles olhos, abaixei minha cabeça, depois a levantei, encarei-o.

— Não sei bem, não esperava encontrá-lo. Não estive em Nashville em anos, talvez tenha sido proposital... Talvez não – comprimi meus dedos – Bom, e talvez eu te deva um pedido de desculpas…

Ele riu incrédulo, quase debochando, meneou a cabeça. Senti meu coração e coragem murcharem.

— Sinto muito, tarde demais, pequena Carmen – ele deu ênfase na última frase e desfez o cruzamento de braços – Como você mesma disse, anos se foram.

Quando avistei a aliança de casamento segurei as lágrimas e o espanto. Jake casou… Ele casou! Ele conseguiu seguir em frente e ter uma vida saudável e sem mim. Senti-me horrível e ao mesmo tempo feliz.

Mas a infelicidade de saber que ele tinha outra e firme, doía mais. Somente de pensar que ele um dia, pediu-me em casamento, acabava com minha alma já corroída.

— Sim, não o julgo por odiar-me. Odeie-me, dane-se! – dei de ombros, tentando transparecer indiferença – Apenas não gosto de viver com ressentimentos. Talvez nós mereçamos esse perdão, essa redenção. 

— Não há ressentimentos aqui, Carmen. Tudo que eu tinha, você levou embora.

Foi como levar um soco, o homem mostrava-se firme, porém mostrando-me o quanto o magoei.

— Saiba que também perdi muito, mas isso agora nem importa. Você tem alguém, uma esposa e eu estou bem onde estou – tentei sorrir – Bom, é isso. Adeus. Não se preocupe, Jake, nunca mais nos veremos, nunca mais arruinarei sua vida.

Virei-me e quando ia começar a andar, ele segura meu braço, o encaro firme, era reconfortante fitar aqueles olhos azuis novamente.

— Eu já a perdoei, há muito tempo, Carmen, muito tempo.

Tentei sorrir, mas não saiu, apenas tremulei os lábios. Encarei sua mão, ali estava a aliança, ele soltou meu braço.

— Adeus – murmurei.

Caminhei com lágrimas nos olhos, Marina encarava-me pesarosa. Demos fora dali o mais rápido possível.

Nunca pensei que revê-lo doeria tanto, machucaria tanto, sentia-me morrer, mas foi o certo, botar um fim nisso. Ele tratou-me com tanto descaso e de certo modo, não o julgo, eu o desejo todo o melhor, desejo que seja feliz e me esqueça, pois eu tentarei, arduamente, esquecê-lo.

 

Dois anos depois

Sento-me sozinha no sofá da sala de estar sombria da casa de meus avós, nada aqui parece mudar.

É Ação de Graças, penso enquanto tento achar um motivo para felicidade, sentada ali, com meus pensamentos e indagações sem fim… Escuto um “tique” vindo da porta.

— Marina, pare de tirar fotos minhas! – fingi-me de braba.

Ela se aproximou em seu vestido vermelho e saltos pretos.

— Nunca cansarei de tirar fotos suas – a moça havia se tornado uma fotógrafa, minha escudeira fiel, sempre estávamos juntas – Você fica linda assim, parece uma Rainha Solitária.

Sorri tristonha e encarei meu vestido negro como a noite, minha vida tem estado assim ultimamente; negra. Beleza Negra, Azul Escuro. Meu último álbum foi tão sombrio quanto escuro.

— Agora levante-se! Vovó está feliz que você está aqui, estão todos aqui hoje. Acho que convidaram a cidade toda – a morena sorriu.

Gostava de vê-la feliz, ela estava sempre feliz, sorrindo.

— Espero que não tenham convidado toda a cidade. Quanto menos gente, melhor.

Mari virou os olhos.

— Falou a mulher que canta para uma multidão de fãs.

Dei de ombros.

— Então vamos – levantei-me.

Nos direcionamos para o amplo jardim traseiro, parecia mais uma festa de casamento do que uma pequena comemoração de Ação de Graças. Suspirei e caminhei por entre o gramado, Mari ao meu lado, porém, estaco onde estou, paro estática.

— Você sabia que ele estava aqui – digo entre os dentes.

Mari olhou-me e deu de ombros.

— O que eu poderia fazer? Carmen, já faz dez anos. Ficou no passado, as famílias colocaram uma pedra nisso.

A olhei raivosa e saí de seu lado, movi-me para longe, encostei-me na parede, longe de todos.

Podia vê-lo daqui e lá estava ela, a famosa Reese, bela e amável esposa de Jake. Não nego, a loira era linda, emanava alegria, sua estatura baixa a deixava ainda mais meiga. Sentia ódio e inveja dela.

E lá no colo dele, um lindo garotinho, cabelos castanhos claros, olhos azuis. Eles eram perfeitos juntos, Jake parecia feliz, brincavam entre si. Os anéis de ouro nos anelares, eu era uma mera lembrança agora, um erro na vida de Jake.

Eles se sorriam, era enojador, olhei pro lado e segurei as lágrimas. Eu deveria me mandar daqui, ir embora, porém adorava torturar-me. 

Como haviam o convidado? Estaria minha avó tão ruim da cabeça assim? E meu pai? Obviamente todos aqui, sofriam de amnésia grave.

Não me aguentando os encaro novamente, agora Jake me olhava. Um simples olhar, um mero contato visual, eu não era nada.

— Posso sentir seu ódio daqui.

Olhei para Marina ao meu lado.

— Sim e ele vai sentir também.

— Carmen, onde você…

Comecei a andar na direção deles, Jake franziu o cenho e encarou sua esposa alheia. Cheguei perto deles sorrindo, botaria Lana para trabalhar, a meiguice – atuação – de Lana afastaria Carmen para longe, nunca saberiam que sou uma garota triste.

— Olá – coloquei um sorriso teatral em meu rosto – Quanto tempo, Jake! – o encarei subjetiva – Essa deve ser sua esposa… Reese, não é? – cumprimentei a loira.

Jake nada dizia, apenas encarava-me atento. Ele me conhecia bem, sabia do que eu era capaz, seu olhar dizia-me para não aprontar nada.

— Sim, eu sou – a moça sorriu meiga.

— Mas que desfeita minha, chamo-me Carmen, quero dizer, Lana Del Rey – disse encarando Jake.

A loira sorriu encantada.

— Sim, a neta de Mary, não? Jake falou-me sobre você.

— Falou? Espero que tenha falado coisas boas – sorri.

A loira riu, Jake ainda com a feição dura.

— O que você quer, Carmen? – indagou-me ele com o filho no colo.

— Oh, não a trate assim, querido – Reese acariciou o braço de Jake, encarei a cena com raiva – Lana é tão simpática. Adoro suas canções.

Mal sabia ela que muitas eram para seu amado maridinho.

— Sério? Fico feliz em saber. Mas e esse garoto, quem é? Filho de vocês? – fiz-me de sonsa.

Jake encarou-me agora com raiva.

— Sim, nosso pequeno Jeremy – disse Reese sorrindo – Completará dois anos daqui dois dias.

— Oh, que bom! Logo vejo que está muito feliz, Jake. Tem tudo, uma bela esposa – sorri para a loira – e um adorável filho. Um casamento perfeito, como um dia sempre quis, não?

Ele não sorriu, via seu maxilar travado.

— Sim, Carmen. Tenho tudo que quero, tudo está perfeito, não desejaria nada mais. Sabe, no passado quis outras coisas, mas agora vejo que algumas coisas se vão, para melhores chegarem.

O sorriso em meu rosto murchou, junto com minha alma. Forcei um sorriso, segurei as lágrimas, ele percebeu minha tristeza.

— É, tem razão, com certeza – assenti tristemente – Mas agora, com licença, preciso ir…

Os dei as costas, devastada, tentei feri-lo, porém somente feri a mim. Passei com pressa por Marina, pedi para que a mesma não me seguisse.

Adentrei a casa e subi as escadas, entrei em um quarto qualquer, fechei a porta e não segurei as lágrimas. Isso era estúpido! O que estou fazendo aqui? Até quando Jake irá me atormentar?

Apoiei-me na janela e fiquei a encarar a noite estrelada.

Não culpo a vida nem o destino por minha situação atual, eu escolhi. E aqui, encarando a noite, lembranças de um belo passado abateram-me.

 

— Jake, não consigo! – disse para o homem ao meu lado.

Eu segurava a arma com força, uma mão na arma, a outra para apoio.

— Tente de novo, eu te ensinei, Carmen. Só vamos sair daqui quando você acertar o alvo.

Virei meus olhos e bufei.

Estávamos numa floresta bem afastada, somente quilômetros de árvores, Jake estava ensinando-me a atirar.

— E se eu não conseguir? – o olhei.

— Você vai conseguir. Faça assim…

O homem chega atrás de mim, gruda seu corpo ao meu e suas mãos alcançam as minhas que seguram a arma. Suas mãos ajeitam as minhas, apontam certeiramente.

Olho para o lado e encontro o belo rosto de Jake, sorrio.

— Me encochando assim, nunca que acertarei o alvo – o instiguei, ele riu.

— Tudo bem – ele se afastou um pouco – Agora concentração, foco no alvo.

Jake soltou-me e continuei na posição, mordi meu lábio inferior e semicerrei os olhos, fiz o disparo e quando dou-me conta, percebo que acertei o alvo.

Procuro por Jake e acho-o sorrindo. Sorrio e comemoro.

— Acertei! Eu acertei! – corro até Jake e o abraço pelo pescoço – Você viu? Eu acertei!

— Sim, eu vi pequena Carmen – ele sorriu – Mas dê-me essa arma, não quero ser seu alvo.

Pega a arma e a guarda em seu coldre.

— Abobado! – o empurro de leve – Posso até ser uma má atiradora, mas não desastrada. Até porque, nunca atiraria no amor da minha vida.

Sorri rente aos seus lábios. Esses momentos de total felicidade e entrega deixavam-me mole de alegria.

Os olhos de Jake eram quentes sobre mim, fitavam meus lábios.

— Eu te amo, Carmen.

— Te amo, Jake.

Recebi um beijo forte e rápido, grudei-me a ele o máximo que pude. O tempo era úmido, verão aconchegador, sentia que logo choveria.

Logo o beijo me excitava, fazia-me querer enroscar as pernas ao seu redor, meu baixo-ventre mandava-me estímulos.

Então senti pingos de chuva, nos separamos.

— Vamos… – Jake apontou pro carro.

Agora, já era um temporal, pingos fortes batiam em nós.

Adentramos a Picape Chevrolet rindo, encarei o homem ao meu lado e num impulso o beijei. Subi em seu colo e fui logo tirando sua blusa, com ajuda dele livrei-me de meu vestido. O beijei languidamente e assim nos amamos.

Nos amamos dentro daquela picape enquanto a tormenta caía do lado de fora. Meu corpo se movimentando sobre o dele, dando e recebendo prazer. Gemidos de prazer, os vidros embaçados, carícias e promessas, sentia-me explodir de amor.

— Amo você… tanto… – balbuciei entre gemidos, suas mãos em meu corpo.

Jake beijou-me e respondeu:

— Te amo pra sempre, Carmen…

 

Uma solitária lágrima escorre.

A porta do quarto é aberta, logo vejo Jake, viro meu rosto para não encará-lo.

— Por que faz isso? – indaga-me ao fechar a porta atrás de si – Insiste em se magoar, vindo falar comigo, com minha esposa… – ele se aproxima.

Ri debochada.

— Esposa. É estranho ouvir isso vindo de você.

— Mas é a realidade, Carmen. Se foram anos! Você partiu! Você quem me deixou, você quem escolheu assim, já se esqueceu?

Virei-me e o encarei por alguns segundos, não conseguia nem explicar o quanto ele estava lindo nesse momento.

— Eu te amei tanto, Jake, mas eu tive medo e fugi. Será que não via que eu era apenas uma adolescente tentando fugir? Pense bem, eu perdi quase tudo, por nossa causa, por estarmos juntos – meus olhos acharam os seus – Você foi o primeiro na minha vida em muitos quesitos, eu simplesmente queria…

— Transar com outros caras – ele interrompeu-me raivoso.

O encarei com ódio.

— Sim, queria e eu fiz, muito! Dei para o máximo de homens possível – disse com ódio – Fui a putinhados motoqueiros, é isso que queria saber?

Ele se aproximou rápido de mim.

— E você acha o quê? Que não a amei? Porra, Carmen! Eu deixei tudo por você, tudo mesmo e você… você simplesmente vai embora e me deixa uma maldita carta. Nem um mero adeus, nada. Somente sumiu! E quando fui atrás de você, soube que fugiu ainda mais.

Ficamos a nos encarar, nós precisávamos disso, desabafar, lavar a roupa suja, dizer tudo que sentíamos.

— Me perdoe, Jake – senti uma lágrima escorrer – Fui uma vadia, mas eu tive medo, tanto medo. Não queria perder nada e olhe agora, perdi tudo.

Senti as lágrimas escorrerem, abaixei meu rosto, senti Jake aproximar-se, o homem abraçou-me, retribuí fortemente. Há quanto tempo não o tocava, não o sentia. O calor de seu corpo, seu cheiro. Enfiei meu rosto na curva de seu pescoço.

Havia quase me esquecido como era estar em seus braços e senti-lo assim, perto. Entorpecia-me. Meus dedos passeavam em suas costas.

Fui levantando meu rosto devagar, ele nada fez, continuou ali. Encontrei seus lábios com os meus, um leve toque, pressionei meu corpo mais contra o seu e pedi passagem com a língua, inesperadamente ele deu.

Poderia desmaiar por apenas beijá-lo mais uma vez depois de tantos anos sentir seu gosto. Seu toque, seu arfar, sua língua contra a minha numa disputa deliciosa.

Passei meus braços em seus ombros, apoiei-me em seu corpo, sentia-me esquentar. Era errado, muito errado, ele era casado. Deus, não conseguiria desgrudar dele, agora lembrei-me porque o deixei.

Ele se afastou.

— Não, Carmen, não podemos.

O encarei desejosa, ele com certeza estaria no mesmo estado. Aproximei-me dele e toquei seu rosto para que me encarasse.

— Podemos sim, eu posso, você pode, nós queremos – o beijei forte, um beijo com saudade – Por que não?

Ele afastou minhas mãos de si.

— Não. Eu sou casado, Carmen. Você simplesmente não pode voltar e fazer isso. Eu amo minha esposa – senti uma pontada em meu peito ao ouvi-lo falar aquilo – Não que eu não queira, porque meu Deus, eu quero muito. Mas não, Carmen, não mais… Você não pode fazer isso. Jurei pra mim mesmo que você não me atormentaria mais.

Meu olhar era triste, eu era acostumada a recusas e a deixas, mas isso… Isso era mais do que eu podia aguentar.

— Eu sei que não posso fazer isso, simplesmente voltar e querer você, mas é maior que eu – reaproximei-me dele – Jake, eu nasci para ser a outra.

Ele riu de mim.

— Você poderia ter sido a única pra mim – sua mão acariciou meu rosto – Você ainda poderia estar me tendo todos os dias, mas você preferiu partir. Pense na vida que poderíamos ter vivido.

Abaixei meu olhar.

— Eu ferrei tudo, destruí nós dois. Perdoe-me Jake.

Ele suspirou.

— Já a perdoei, Carmen. Nada mais nos prende.

— Sim, eu sei… Eu sei, Jake e não quero acreditar nisso.

O abracei, ele retribuiu, um singelo abraço. Jake nos apartou.

— Só a peço uma coisa. Nunca mais volte, nunca me procure – franzi o cenho com lágrimas nos olhos não acreditando no que ele falava – Achei que se a visse ao menos uma vez depois de todos esses anos me sentiria melhor, mas não, isso não aconteceu.

Pensei por um segundo, talvez ele realmente tivesse me esquecido, talvez amasse de verdade sua esposa.

— Você está feliz com ela, posso ver que a ama, a bela Reese – escarniei.

A resposta veio rápida.

— Não me casaria com ela se não a amasse.

Assenti tristemente.

— Te desejo toda a felicidade do mundo, agora vá com sua esposa e filho. Esqueça-me, esqueça que existi, esqueça que um dia existiu um nós.

Ele meneou a cabeça.

— Nunca a esquecerei, Carmen.

— Nem eu a você, Jake.

Ele deu-me um beijo na testa e saiu em passos calmos. Agora era somente eu e minha tristeza, lágrimas e sorrisos tristes, era o fim, o verdadeiro fim.

Sem volta, somente o fim a minha frente, estava feito. O dei a chance de dizer adeus, o dei a chance de me machucar pela última vez, eu sabia o que ele iria dizer, mas mesmo assim, continuei aqui.

Segure as lágrimas Lana, não deixe que Carmen tome conta de seus sentimentos. A Rainha Degenerada seria capaz de qualquer loucura, porém a Rainha da Beleza é sábia.

Sou um ser masoquista e louco, adora a dor e parece não evoluir. Todos os amores que encontrei ao longo da vida foram toxicamente destrutivos, todos…

Será que eu fui a garota que ele um dia sonhou? Ou se a garota que ele está agora, é a que ele sonhou? Nunca saberei, pois desperdicei todo meu amor, o deixei e agora o deixo novamente.

Nada disso importa, pois tenho muito mais que isso, como minhas lembranças, não preciso de nada disso, talvez precise dele, mas não ele de mim.

Ao menos tenho meu dinheiro, poder e glória… e sim, minhas drogas e diamantes.

— Adeus, Jake – digo para o vazio.

 


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Notas finais do capítulo

OBRIGADA ETERNAMENTE.



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