Todos olharam na direção que Gina apontava e, mesmo estando um pouco longe, não havia como confundir, era a cabine.

À alguns poucos quilômetros de onde Gina encontrou a pedra, a cabine podia ser vista em uma espécie de pequeno campo, com o solo coberto de uma grama baixa, seria bonito de olhar, não fosse a cabine ali quase que completamente destruída acabando com a beleza da vista.

— Minha nossa... – Neville balbuciou, quando estavam a cerca de três metros da cabine.

— Rápido! Vamos ver se o piloto ainda está vivo. – Rony apressou aos outros que ficaram parados olhando boquiabertos para o que sobrou da cabine do piloto.

— Honestamente, Rony, se uma pessoa sobreviver a isso, não é uma pessoa. – Gina falou sem tirar os olhos da cabine.

Rony a ignorou e continuou seguindo em frente, entrou na cabine e ficou em silêncio por alguns segundos. Hermione já estava se encaminhando para a cabine para ver o que ele estava fazendo, quando...

— Ele ainda está vivo! – Puderam ouvir a voz de Rony.

— Como isso é possível? – Gina sussurrou para si mesma.

— Neville, ajude Rony a tirá-lo de lá! – Hermione pediu com urgência na voz, e Neville não demorou em fazer o que ela pediu.

Assim que Rony e Neville voltaram para seu campo de visão, Hermione se aproximou para ver o estado do piloto, e pôde ver que ele estava com um pedaço de pano amarrado ao braço, colocado ali para estancar um sangramento, tinha sangue em seu cabelo, resultado de alguma pancada.

— Vamos colocá-lo ali. – Rony falou apontando com a cabeça para um canto a esquerda, onde havia um espaço, com a sombra de uma árvore sem pedaços da cabine.

— Como ele ainda está vivo? – Gina indagou, depois que se aproximou do homem, que já estava deitado na grama da floresta. – E nesse estado, tão pouco afetado?

Ninguém a respondeu, pois assim que Gina fechou a boca, o piloto soltou um grito, como se estivesse no meio de um pesadelo.

Hermione, que estava inclinada sobre o piloto tentando avaliar quão grave era o corte na cabeça do homem, teve um pequeno susto, que a fez inclinar-se para trás e se afastar, como se estivesse com a intensão de fugir.

Neville também se assustou e quase saiu correndo, mas conseguiu se controlar.

Rony apenas continuou de pé ao lado do Homem, enquanto Gina dera dois passos para trás.

— Sr., você consegue me ouvir? – Hermione rapidamente se recuperou do pequeno susto.

O homem apenas balançou a cabeça dizendo sim, mantendo os olhos fechados.

— Tudo bem. Sr., você sabe o que aconteceu? – Ela continuou conversando.

— Eu, estava... estava sangrando e depois... eu me deitei, e... – O piloto tentava responder, dando pequenas pausas, até que finalmente decidiu abrir os olhos. – Quem é você? – Perguntou confuso e assustado ao ver que não estava em um hospital.

— Meu nome é Hermione, eu sou médica. – Ela tentou acalmá-lo.

— O avião caiu... – Ele começou a fazer sentido.

— Sr., qual o seu nome? – Rony intrometeu-se.

— Richard Collins. Onde estamos? – Perguntou ainda confuso.

— Estávamos esperando que você pudesse nos dizer isso. – Hermione respondeu. – O avião mudou de curso em algum momento?

— Oque? Não! Porque está perg... – A frase se perdeu em um pequeno gemido.

— Qual o problema, Richard? – Hermione perguntou.

— Minha cabeça... parece que... caramba... que vai explodir. – Richard a respondeu entre gemidos de dor.

Hermione olhou para Rony e ela nem precisou dizer nada, ele entendeu. O homem provavelmente estava sangrando dentro da cabeça, consequência da batida que lhe causou o corte. Eles não podiam ter certeza, como também não tinham nada o que fazer. Se realmente fosse o caso, o homem iria morrer.

— Onde está o kit de primeiros socorros? – Gina se fez ouvir.

— Atrás da minha cadeira, tem um armário, está dentro. – Richard respondeu, ainda fazendo caretas de dor.

— Você lembra por que o avião caiu? – Agora Neville, chamou a atenção para si.

— Não. – Richard respondeu. – Quero dizer..., sim, mas não faz sentido nenhum.

— Explique. – Rony pediu.

— Estava tudo bem, até que alguma coisa tomou a direção, entende? Como se tivesse entrado no piloto automático, e o avião foi direto para o chão. Tudo parou de funcionar, de repente. O avião estava desligado, mas estava funcionando. – Richard falava com dificuldade, em um volume muito baixo.

Ninguém soube o que falar. Ficaram em silêncio até que Gina voltou com o kit.

—Vejam! Eu achei um sinalizador, vai ser bem útil se passar um helicóptero ou algo assim. – Ela disse assim que saiu da cabine. Logo em seguida notou que não estavam conversando. – O que aconteceu?

Neville intencionou respondê-la, mas não teve tempo, Richard começou a ter uma convulsão bem no instante em que ele abriu a boca.

— Neville segure as pernas dele! – Hermione pediu, ela mesma faria se o seu braço estúpido não estivesse imóvel.

— Que droga, não podemos fazer nada! – Rony reclamou enquanto tentava impedir que a cabeça do piloto batesse no chão.

— Ele vai morrer? – Neville perguntou inocentemente assim que a convulsão parou.

— Ele já está morto. – Rony o respondeu depois de checar o pulso do piloto.

Se seguiu um silêncio incomodo onde todos ficaram parados, apenas olhando o corpo do piloto.  Depois de alguns minutos, que pareceram horas, Hermione quebrou o silêncio.

— Vamos voltar antes que escureça. – Levantou-se e já se afastava. E os outros a seguiram, deixando Gina para trás.

— Que descanse em paz. – Ela desejou ao homem e virou-se para seguir o grupo.

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— Finalmente! Achei que tinham morrido lá dentro, vocês notaram que o sol já está se pondo? – Draco exclamou assim que os viu o grupo saindo da floresta.

— Não se preocupe Draco, ainda vamos te atormentar mais um pouco antes de sucumbir. – Gina o respondeu quando o alcançou.

— Acharam o piloto? – Harry foi direto ao ponto.

— Sim. – Hermione o respondeu. – Está morto.

— Que droga! Então não sabemos onde diabos estamos. – Astoria praguejou.

— Eu não disse isso. – Hermione se fez ouvir. – Ainda conseguimos falar com ele antes de ele morrer.

— E então? – Luna perguntou. – Mudaram o curso do avião? Alguma coisa?

— Bem, ele disse que não. - Rony os informou. - Também deu tempo de perguntamos porque o avião caiu. Ele disse que alguma coisa tomou controle do avião, que o avião se desligou e alguma força maior o levou direto para o chão, de propósito.

— Onde está indo? – Draco perguntou a Gina que se afastava indo em direção a floresta outra vez.

— Não quero ficar aqui na praia. Vou apenas andar em círculos até anoitecer. – Falou a primeira coisa que lhe veio à cabeça. Na verdade, só queria poder examinar as pedras que encontraram.

— Eu vou com você. – Luna e Astoria falaram ao mesmo tempo.

Vendo que não adiantaria tentar fazê-las ficar na praia apenas assentiu.

O grupo sentou-se na areia propondo teorias sobre o que aconteceu e onde estavam, com exceção de Draco, que olhava das meninas que se afastavam para o grupo sentado na areia na dúvida se ficava ou se iria com elas.

— Você vem Draco? – Astoria o perguntou ao olhar para trás, vendo que ele era o único de pé.

O questionamento dela o ajudou a decidir e logo as alcançou.

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— Gente acho que vou voltar. – Gina anunciou depois de alguns minutos de caminhada.

— Por que? Você mesma decidiu que queria andar por aqui. – Luna a questionou.

— Sou uma pessoa indecisa, vai ter que se acostumar, vamos morrer aqui de qualquer jeito. – Ela respondeu virando-se para voltar por onde vieram.

— Por que diz isso? – Astoria perguntou segurando-a pelo braço, impedindo-a de continuar andando.

— Só estou tentando não criar falsas esperanças. – Gina a respondeu livrando-se da mão de Astoria.

— Nossa, que bizarro! – A voz de Draco chamou a atenção das mulheres.

— Qual o problema? – Luna perguntou em alerta.

— Tem minhas inicias nessa pedra... e ela é triangular. – Ele falou mostrando uma pedra que apenas Gina reconheceu.

— É, tenho que dizer, eu já estava esperando por isso. – Gina resmungou consigo mesma enquanto sentava-se à raiz de uma árvore.

— Como assim já esperava? Desembucha Gina! O que você sabe e nós não? – Astoria irritou-se. Se tinha uma coisa que não gostava, era ficar sem saber das coisas.

— Todos que estão na praia, me incluindo, acharam uma pedra exatamente como essa, só que cada um com suas próprias iniciais. Bem... e agora Draco. – Gina explicou enquanto jogava uma pedra qualquer para cima apenas para pegá-la novamente.

Ninguém falou nada por alguns instantes, em que Gina apenas continuou a jogar a pedra para cima e os três a olhavam com as bocas entreabertas.

— Vocês vão mesmo ficar aí parados me olhando como se eu fosse de ouro? – Gina quebrou o silêncio quando os olhares persistentes deles começaram a incomodá-la. Eles apenas pararam de encara-la e não disseram nada.

— Onde está indo? – Luna perguntou quando Astoria começou a se afastar.

— Procurar minha pedra. – Astoria respondeu sem olhar para trás.

— Ei! Me espere! Também quero procurar pela minha. – Luna gritou e logo a alcançou deixando Draco e Gina para trás.

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Luna e Astoria voltaram depois de apenas alguns minutos.

— E então acharam? – Draco perguntou.

— Sim. – Luna respondeu sem nem o olhar, mantendo os olhos na pedra que carregava nas mãos.

— Já que não temos mais nada a fazer aqui, vamos indo? Já está escurecendo. – Gina sugeriu levantando-se do mesmo lugar em que estava quando as duas saíram.

— Vamos! – Draco rapidamente concordou já se dirigindo de volta a praia. – Não quero estar aqui a noite.

— Por que Draco? Acha que algum bicho vai... – Gina Iria caçoar Draco, mas o som de algo andando na mata vindo de algum ponto atrás do grupo chamou a atenção de todos.

— Vocês também ouviram, certo? – Astoria cochichou afastando-se devagar de onde desconfiava ter vindo o som.

— Para trás de mim. – Gina pediu cochichando sem tirar o olhar do pequeno caminho que existia entre as árvores à alguns passos a sua frente, tentando enxergar o que se movia por ali. Abaixou-se devagar e pegou a primeira pedra que encontrou no chão.

Mais alguns instantes se passaram com todos imóveis apenas tentando ver alguma coisa, sem obter sucesso. Até o momento que Gina finalmente conseguiu ver um vulto, foi rápido, mas ainda assim consegui identificar uma cauda, não sabia exatamente do que, mas sabia que era selvagem.

— Tudo bem, quero que se virem e saiam andando sem fazer alarde. – Pediu ainda cochichando aos outros.

— Mas e você? – Luna questionou.

— Estarei logo atrás de vocês, não se preocupe.

Quando já estavam alguns centímetros afastados e Gina pensou em começar a acompanha-los, um lobo saiu do caminho entre as árvores mostrando as presas e Gina apenas teve tempo de gritar para os outros correrem antes de se esquivar do ataque do lobo com um salto que a fez cair no chão. Viu de relance Draco puxar Astoria no caminho de volta a praia e viu que Luna ainda estava parada tentando decidir se corria ou se voltava para ajudar. Teriam a mandado correr, mas o lobo investiu contra ela outra vez a obrigando a se concentrar apenas em desviar do ataque e se manter viva.

Como ainda estava com a pedra na mão, esperou que o lobo pulasse contra ela outra vez para que pudesse acertá-lo na cabeça e, no segundo seguinte, o lobo estava pulando em sua direção; rapidamente pôs seu plano em pratica, no processo o lobo ainda conseguiu lhe arranhar o braço esquerdo, porém ainda assim teve êxito e o lobo recuou, mas ainda estava vivo e consciente. Gina rapidamente se levantou e procurou por algum galho, não encontrando nenhum, apenas apertou mais a pedra em sua mão preparando-se para o próximo ataque do lobo.

Viu o lobo mostrar as presas mais uma vez e se inclinar para saltar mais uma vez, mas antes que ele pudesse fazer alguma coisa, Luna surgiu de algum lugar segurando um galho e com uma agilidade incrível atingiu o lobo bem na cabeça que caiu no chão, provavelmente sem vida, já que ao cair sua cabeça atingiu uma outra pedra no chão.

— Eu disse para correr! – Brigou com Luna.

— Me dá só um minuto? Eu acabei de salvar sua vida aqui. – Luna reclamou enquanto respirava rapidamente.

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O que aconteceu?! – Rony perguntou alarmado ao avistar Draco e Astoria correndo em direção ao resto do grupo na praia com olhares desesperados.

Assim que alcançou o grupo Draco apenas se jogou na areia e ficou a tentar normalizar a respiração. Astoria fez o mesmo, e depois de poucos minutos apenas deitados, ela conseguiu balbuciar a palavra, lobo e os nomes de Gina e Luna.

— O quê?! Lobos?! – Harry exclamou. – E porque as deixou para trás!? Onde estão!?

—Bem aqui! – Luna se fez ouvir ao se aproximar do grupo junto a Gina.

— O que aconteceu? – Neville E Hermione perguntaram ao mesmo tempo.

— Um lobo nos atacou. Eu disse que era uma má ideia ir para floresta a essa hora. – Gina a respondeu sentando-se na areia ao lado de Draco que ainda estava deitado na areia.

— Mas a ideia foi sua! – Astoria exclamou ainda deitada na areia.

— Eu sei! Eu disse a mim mesma que era má ideia! Preciso começar a me ouvir. – Gina respondeu. – Rony, dá para você ir pegar o kit de primeiros socorros na mochila que estava comigo?

— Astoria, onde está a sua pedra? – Luna perguntou assim que Rony se afastou.

Astoria levou a mão ao bolço da calça e jogou a pedra para Luna.

— Espere vocês também têm pedras? – Rony falou ao ver a pedra na mão de Luna assim que voltou segurando o kit.

— Todos nós temos uma agora. – Draco respondeu finalmente sentando-se.

— Harry, vá pegar as outras. – Rony pediu. – Acho que não precisamos mais deix...

— Dá licença, eu estou sangrando aqui! – Gina o interrompeu.

Harry encaminhou-se ao lugar onde mantinham as pedras enquanto Rony começou a limpar a área do corte no braço de Gina, para poder começar a fazer os pontos.

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Depois de pôr o curativo no braço de Gina, Rony pediu que todos se sentassem num círculo para conversarem sobre as pedras.

— Alguma ideia do que podem significar? – Rony perguntou e a única resposta que obteve foi o som do mar.

— Elas são triangulares... – Hermione comentou mais para si que para os outro.

— Hermione, acho que todos aqui já notaram isso. – Gina comentou.

— É claro que sim! – Hermione exclamou subitamente. – É claro, Gina!

— É claro, Hermione! Eu sei do que você está falando! – Gina falou sarcástica.

— Vejam, as pedras formam um círculo! – Hermione explicou. E saiu juntando as pedras. Mas nada aconteceu. Ela ficou olhando as pedras no meio da roda que fizeram e depois de um tempo exclamou feliz. Tivera outra ideia. – Talvez, se estiverem em ordem alfabética!

Voltou a organizar as pedras, Primeiro Astoria, depois Draco, Gina, Harry, ela mesma, Luna, Neville e, por último, Rony. Afastou-se das pedras esperando que algo acontecesse e assim que voltou ao seu lugar, fechando o círculo em voltas pedras notou que estavam sentados de acordo com as pedras, com exceção de Neville e Rony, que estavam trocados. Rapidamente pediu para que eles se alinhassem ao círculo de pedras e, assim que o fizeram, a pedras começaram a vibrar e de repente foram lançadas para cima sem desmanchar o círculo que Hermione fizera com as mesmas.

As pedras voltaram ao chão com um baque e o que antes eram oito pedras, agora era apenas uma com as inicias de cada um lado a lado no círculo e estava acompanhada de um pedaço de papel enrolado, aparentemente antigo.

Todos estavam boquiabertos tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Hermione foi a primeira a voltar ao normal e ela logo tratou de recolher o papel, o desenrolou e o leu em voz alta:

“Olá, escolhidos! Obviamente estão confusos e cheios de perguntas. Mas não se desesperem, em seu tempo certo, suas dúvidas serão tiradas, tenham paciência. Estou lhes dando uma recompensa por terem cumprido o primeiro desafio. Somente a encontrarão durante o dia exatamente onde mantinham as chaves. Entrarei em contato outra vez para lhes dar uma segunda tarefa. Com muito prazer, O dono.”

— Ao menos ganhamos recompensa! – Gina comentou sarcástica assim que Hermione terminou de ler o bilhete.