Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 54
Um Alien é Pouco (Bônus 2)


Notas iniciais do capítulo

Fala, gente! Capítulo bônus 2. Espero que gostem. :)



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Me parte o coração todas as vezes que a Camila e o Fabinho vão embora. A Alien já está com quase dois anos e sente falta de companheiros para brincar. Eu e o Ricardo fazemos o melhor que podemos, mas criança gosta de brincar com criança. A Camila é a melhor amiga dela. Elas tem quase a mesma idade, quase um ano de diferença. O Fabinho até é super protetor com a irmã e a priminha, mas aqui ele gosta mesmo é do tio Rick. O Animal conquistou meu sobrinho de uma forma que eu não vou entender. Agora está pior, finalmente o Fábio deu permissão para ele aprender a montar e agora só vive pra cima e para baixo montado no cavalo. O Ricardo que se diverte nisso.

—Camila, dá tchau para sua priminha. Precisamos ir. –A Patrícia disse para a filha.

As duas crianças, que estavam sentadas no chão e rodeadas pela coleção de aliens de pelúcia da Bianca fizeram um pouco de birra, mas acabaram se despedindo. A Camila, para alongar mais sua estadia, foi procurar o resto do pessoal para se despedir e arrastou a Bianca com ela. São duas sonsas, mas eu as amo.

—Da última vez que eu vim não tinha aquele alien zoiudo roxo. –A Patrícia comentou.

—Esse é novo. O Ricardo comprou na semana passada.

—Quantos até agora?

—Eu parei de contar quando chegou a uns 15. Agora eu acho que são mais de vinte.

—Coleção de aliens de pelúcia... Estranho para uma garota de 2 anos.  Se ainda fossem bonecas ou ursinhos.

—A Alien adora eles. Eu já tentei comprar outros bichos, mas estão lá jogados no quarto dela, esquecidos. O único outro que ela tem carinho é um morcego dentuço de pelúcia que o João deu.

—Tenho pena da Bianca. Ela não vai ser uma criança normal com pais como vocês.

—Nós não somos normais.

—Percebe-se.

As crianças voltaram, seguidas pela Titília, e a Patrícia pegou a Camila no colo. Fomos para fora e chamamos o Fabinho que estava sendo ensinado a cavalgar pelo Ricardo. O Cavalo ainda era muito grande para ele e o Ricardo subiu junto. Desse modo ele conseguia segurá-lo e impedir ele de cair. Só assim para a Patrícia permitir o Filho aprender a montar.

Eles se despediram e nós prometemos que a próxima reunião seríamos nós que faríamos na casa deles. O Ricardo veio até mim, me beijando.

—Cadê minha pequena Alien? Papai quer um abraço de outro planeta. –Ele brincou, abaixando para pegar ela, mas a Titília rosnou para ele. Ela está com essa mania agora. Só quem ela deixa chegar perto da Bianca sou eu e a Camila.

—Cachorra maluca! Ela é minha filha, não sua. Ela é, no máximo, sua irmã. –Ele resmungou com ela.

A Bianca chorava de rir e se agarrava mais a cachorra que a lambia feliz. O Ricardo ficou com cara de criança que o sorvete cai no chão.

—Titília, seja boa para o seu pai. Eu sei que você gosta de proteger sua irmãzinha, mas ele não fará mal.

Eu me abaixei e peguei a pequena. Acho que a Titília só faz isso para irritar ele. De noite, os dois falsos, ficam abraçados no sofá e nenhum mostra os dentes para o outro. Essa cachorra virou guarda costas da Alien, não deixa nem o pai dela chegar perto. Eu entreguei a Bianca para ele, que a pegou feliz.

—Camila, pai! –ela apontou para onde o carro foi embora.

—Sim, sua priminha. Você gosta muito dela, não é?

—Gosto. Ela binca cumigo.

—Eu sei, filhota. Ela é sua melhor amiga. Mas, já que ela não está aqui, vamos andar no Bolívar? Você quer andar de cavalo?

—Quero! –Ela respondeu, batendo palminhas.

O Ricardo a colocou na sela e a segurou, com a outra mão livre fez o cavalo dar passos devagar. Ela vibrava de felicidade. Essa aí vai aprender a montar cedo.

***

Já era noite e depois de colocarmos a pequena para dormir no quarto dela com a Titília e ler uma história sobre D. Pedro proclamar a Independência, de uma forma bem mais simplificada para uma criança de dois anos, fomos dormir. O dia havia sido cansativo. Não costumávamos dormir antes de meia noite, sempre tirávamos um tempo para jogar dominó com o Moacir, a Mariana e o João ou para assistir algum filme, mas hoje o Fabinho e a Camila cansaram a todos.

Eu estava morta de cansaço, mas não conseguia dormir, não enquanto o animal não falar o que está incomodando ele. Ele está virando de um lado para o outro na cama e sei que quando fica assim vem coisa por aí.

—Você vai falar logo ou vai continuar rolando assim na cama? –Perguntei.

—Amor?

—Eu sei que tem algo te incomodando, Ricardo. Você quer conversar?

Ele deitou de barriga para cima e olhando para o teto. Isso não é bom sinal. Toda vez que ele quer me perguntar alguma coisa que ele sabe que eu direi não ele faz isso. Da última vez foi para comprar uma cama elástica para a Alien. Só no juízo dele que uma criança de dois anos precisa de uma cama elástica...

—A nossa pequena filha está crescendo e adora montar. –Ele sussurrou.

—E?

—O Fabinho também adora montar, mas os quarto de milhas que eu tenho são enormes para os padrões de uma criança. Eu tinha um antigo conhecido criador de pôneis...

—Ricardo!

—Pode ser bom para eles. Um pequeno pônei, dócil com crianças. Só um.

—Você não acha que ela já está muito mimada?

—Eu só quero que ela seja feliz, Sofia.

—E ela é.

—Mas eu sei que ela se sente sozinha. Eu vejo a alegria que ela fica quando a Camila vem aqui. Ela é uma criança no meio de adultos velhos. Ela não tem amigos de sua idade. Pode não ser o mais ideal, mas eu sei que animais são importantes amigos na vida de uma criança.

—A única criança que ela conhece é a Camila. Nem eu, nem você temos amigos com filhos. Na verdade quase não temos amigos.

—Você acabou se isolando e ficando um pouco solitária depois que casou comigo. Acho que te influenciei nesse sentido. A única pessoa que tenho como amiga é a Tina e os filhos dela já estão na faculdade.

—Você não me influenciou. Eu tinha colegas, conhecidos, amigos mesmo só um ou dois.

—Eu queria esperar ela crescer mais um pouco para colocá-la em uma escola, mas eu acho que teremos que fazer isso ano que vem se quisermos que ela tenha uma vida sociável. 

Ele falou isso com tanta dor que tive coragem de falar o que estava pensando nos últimos meses. Talvez agora ele aceite melhor do que quando nos conhecemos. Ele já superou bastante de seus traumas.

—Há uma outra opção.

—Há? –Perguntou, esperançoso.

—Há duas, na verdade. Uma já está decidida: o seu pônei.

—Você vai me deixar comprar?

—Só se você me levar junto para escolher.

—Eu nunca pensei em te deixar de fora. E a segunda opção?

—Um irmão. –Sussurrei.

Ele virou de lado e me olhou com os olhos esbugalhados. Tá, acho que não foi uma boa ideia. Ele ainda tem seus traumas.

—Você está falando sério? –Ele perguntou, com os olhos cheios d’água.

—Eu cresci com o meu irmão por perto. Mesmo ele sendo chatinho, eu o amava. Acho que seria bom para ela ter alguém do próprio sangue para contar.

Ele, num impulso, me abraçou e me beijou.

—Eu tenho pensado nisso há tempos, mas não sabia como te pedir. Eu sempre fui sozinho depois que meus pais morreram. Meu sonho sempre foi ter um irmão com quem contar. O Moacir se aproxima de um, mas não é a mesma coisa e eu pensei que você não queria mais passar pela tortura da gravidez. Isso é sério, Sofia? Por favor, me diz que é. Eu já estou com quase 52 anos e não quero envelhecer mais para ser pai novamente. Eu não quero morrer antes de curtir nossos filhos. Eu ainda quero ter energia para brincar com eles.

—Claro que é sério, Ricardo! Eu nunca brincaria com uma coisa dessas. Eu sei que a gravidez é uma merda, mas o resultado vale o esforço. Eu passaria por tudo de novo só para ter um outro Alienzinho em meus braços. A Bianca está crescendo tão rápido...

—Nós passaremos por tudo de novo. Mal posso esperar para ficar noites sem dormir cuidando de um bebê. Eu te amo, te amo!

Ele me puxou e começou a me beijar ansiosamente.

—Ricardo, eu estou tomando a pílula. Não adianta esse entusiasmo todo. –Brinquei.

—Isso é só o treino e temos que aproveitar enquanto não temos um novo bebê. Acho que você se lembra como a pequena Alien não nos deu sossego.

—Me lembro bem. Precisávamos fugir para conseguir uns minutos a sós. Vamos treinar bastante e aproveitar nosso tempo.

Eu esqueci o e meu sono e o meu cansaço e me derreti nos braços do meu marido. Logo, se tudo desse certo, teríamos um novo Alien para abduzir o nosso tempo.

Fim!  


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Notas finais do capítulo

Se desejarem, deixem vossa opinião. :)
Obrigada por lerem.
Um grande abraço e até mais!



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