Já faz alguns dias que a Bianca e a Sofia voltaram para casa. Eu tenho feito tudo o que posso para aliviar a minha Coelhinha. Eu sei que ela não conseguiu dormir muito bem durante a gravidez e o que eu puder fazer para ela, farei de bom grado. Eu viverei para cumprir os desejos das minhas meninas.

Eu fico com pena de ter jogado a Titília para fora do quarto, mas não posso arriscar ela com a bebê, ainda não. Ela também tem andado com a mania de chorar junto com a Bianca. Isso eu não posso fazer. A Sofia precisa dormir, precisa descansar. Ela está de resguardo.

Eu ainda não acredito que tenho uma filha, uma linda filha e uma esposa. Tenho medo de que tudo isso seja um sonho e que eu vá acordar a qualquer momento. Eu não quero nem dormir essas noites. Eu tenho passado sentado em frente ao berço e olhando minha pequena Alien dormir. Ela é linda.

—Ricardo, venha dormir. Ela ainda vai estar aí quando você acordar amanhã. –A Sofia chamou, da cama.

—Já vou, amor. Só mais uns minutinhos.

Eu fiquei olhando para ela até que ela acordou e ameaçou chorar baixo. A Sofia tinha dormido novamente e eu não queria que ela acordasse. Peguei a Bianca no colo e fui para o quarto dela. Eu troquei a fraldinha, enrolei ela na mantinha e sentei na cadeira de balanço para ninar e esperar que ela dormisse.

—Papai está aqui, filha. Você é uma garota boazinha, não é? Sua mãe te carregou por quase nove meses e está muito cansada. Eu sei que você gosta da mamãe, eu também gosto muito dela, mas será que você pode deixar ela um pouquinho e ficar comigo para que ela descanse? Eu posso não ser tão bom quanto sua mãe, mas eu também te amo muito e daria minha vida por você, por vocês.

—Desse jeito você vai me fazer chorar. Eu não estou mais grávida para culpar os hormônios. –A Sofia falou, antes de entrar no quarto.

—Oi, amor! Ela acordou e eu não queria que ela te acordasse.

—Uma das consequências que a gravidez me deixou foi ter deixado meu sono leve. Vocês já estão aqui há muito tempo?

—Deve ter uns 15 minutos. Eu troquei a fralda, mas ela ainda não quer dormir. Está elétrica hoje.

—Essa Alienzinha está sempre elétrica, mas ela acalma depois de comer.

Eu me levantei e dei o meu lugar na cadeira e a Bianca para a Sofia. Ela começou a alimentar a pequena que logo se acalmou.

—Fome, não falei? –A Sofia disse.

—Ela come bastante.

Eu me ajoelhei perto delas até que a Titília entrou no quarto. Eu já ia me levantar para coloca-la pra fora, mas a Sofia segurou meu braço.

—Deixe ela, amor. Ela vai precisar se acostumar com a Bianca.

—Sofia...

—Ela não vai fazer nada, Ricardo. Eu confio na Titília. Vem cá, garota.

A cachorra se aproximou de nós e a Sofia abaixou um pouco a Bianca para que ela pudesse ver. Incrivelmente, a Titília se afastou com medo e levou mais alguns momentos para voltar e cheirar ela novamente.

—Essa é sua irmã, Titília. Você deve cuidar dela. –A Sofia falou.

—Irmã?

—Claro, amor. A Titília também é nossa filha.

—Sofia, com todo o respeito, mas eu não sou pai de um cachorro. Eu não nego que eu adoro essa vira-latas, mas pai é um pouco demais para mim.

—Ela é nossa filha sim, Ricardo e não discuta.

—Pois sim... Eu sei que eu tenho o apelido de animal, mas aí já é demais.

—A gente chama nossa filha de Alien, o que é um filho cachorro?

—Você que veio com esse apelido, Sofia.

—E você também está usando. Quantas vezes que eu já te vi chamar a Bianca de Alien?

Eu apenas concordei com a cabeça. Não queria discutir e nem aborrecer ela por coisas insignificantes. A Titília pode ser como uma filha para mim, digamos que adotiva.

Depois da Bianca alimentada e dormindo voltamos para o nosso quarto e a Titília veio junto. A Sofia me obrigou a deixar a Bianca dormir e me fez deitar na cama com ela e a minha outra “filha” peluda. Eu dei um jeito de colocar o travesseiro mais alto para ter uma visão parcial da bebê no berço. Acho que foi a primeira noite, desde que voltamos para casa, que dormi sem preocupações.

***

Eu me sentei na sala com a Bianca nos meus braços. Eu não me canso dela.

—Você não faz mais nada na vida não, Ricardo? Desse jeito ela vai ficar mimada. –O Moacir brincou.

—Ela vai ser mimada, Moacir. Ninguém vai me impedir de estragar minha filha.

—Eu sei que não, mas não reclame quando ela te dobrar assim como a Mariana faz comigo e contigo também.

—Patrão, tem um correio para você. –O João falou depois de entrar na casa.

—Tomara que seja o que eu estava esperando. Segura essa pequena Alien um pouco pra mim, Moacir? –Pedi, a entregando para ele.

—Pequena Alien... Vocês são pais estranhos, sabiam? Quem apelida a filha de Alien? –Ele reclamou.

Eu sai, assinei o papel e peguei minha encomenda. A Sofia logo veio atrás de mim na cozinha, curiosa sobre o que era.

—O que é isso, amor? –Ela perguntou.

—Uma surpresinha para a Bianca.

—Mais? Ela ainda é um bebê, Ricardo. Não precisa de tantas coisas. O quarto dela já está se tornando pequeno pelo seu exagero.

—Ela merece tudo, Coelhinha e esse é só uma pequena pelúcia.

Eu abri a caixa e tirei o presente. A Sofia olhava para mim como se não acreditasse no que comprei.

—Sério? Um alien de pelúcia? –Ela perguntou.

—Que melhor mascote para a nossa pequena Alien? –Perguntei, exibindo a prova do crime. Há uns dias eu achei na internet uma pelúcia do alien do filme. É bonitinho.  Tem até aquele outro alien que sai da boca. Eu paguei o olho da cara nisso, mas tudo para a minha pequena Bianca.

—Você é louco, sabia? Mas admito que não poderia ter um presente melhor. –A Sofia falou, me beijando.

—Vamos ver se ela gosta? –Perguntei.

—Faça as honras.

Eu fui até ela e mostrei o brinquedo novo para a pequena. O Moacir ainda comentou algo sobre eu ser perturbado, mas não liguei. Como poderia ligar quando a minha pequena Alien segurou a pelúcia com sua mãozinha pequena?

Preciso procurar outras opções de aliens de pelúcia para comprar. Eu gostei desse troço. É Original!

Fim.