Safe and Sound escrita por piinkfox


Capítulo 34
Príncipe


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Bem, já adianto que esse capítulo foi escrito ao lado do meu exemplar do 6º livro. Precisei para poder encaixar Sarah no meio de tanto drama, mas gostei do resultado!
Espero que gostem e desculpa se ficou muito grande, mas não tinha como cortar nada.



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Harry e Sarah sentiram o ar frio da noite dilacerar seus pulmões quando disparam atrás dos comensais; eles viram um lampejo ao longe que momentaneamente recortou a silhueta dos fugitivos; apesar de não saberem o que seria, continuaram a correr, ainda não se aproximaram o suficiente para fazer pontaria...

Outro lampejo, gritos, jorros de luz em resposta, e Harry entendeu: Hagrid saíra de sua cabana e estava tentando deter os Comensais da Morte em fuga e, embora cada hausto parecesse rasgar seus pulmões e a pontada em seu peito ardesse como uma labareda, Harry acelerou enquanto uma voz em sua cabeça dizia: Hagrid não... Hagrid também não...

Alguma coisa atingiu Harry, com força, nos rins, e ele caiu; seu rosto bateu no chão, o sangue espirrou das narinas: concluiu, mesmo enquanto se virava, com a varinha em punho, que os irmãos que ele ultrapassara ao pegar o atalho se aproximavam às suas costas...

— Impedimenta! — berrou Sarah que corria em sua defesa, tornando a se virar, agachando-se rente ao chão escuro e, milagrosamente, o feitiço de Sarah atingiu um deles, que cambaleou e caiu, derrubando o outro; Harry ergueu-se de um salto e continuou a correr atrás de Snape...

— Harry, chega! Eles vão matar você! – gritou Sarah ao longe, correndo tentando alcançar os passos de Harry.

E, à claridade da lua crescente que surgiu inesperadamente por trás das nuvens, ele viu a vasta silhueta de Hagrid; o Comensal da Morte louro alvejava-o com sucessivos feitiços, mas a imensa força de Hagrid e a pele dura que herdara da mãe giganta pareciam protegê-lo; Snape e Malfoy, no entanto, continuavam a correr; logo estariam fora dos portões, e poderiam Aparatar...

Harry passou, desembalado, por Hagrid e seu oponente, mirou nas costas de Snape e berrou:

— Estupefaça!

Errou; o jorro de luz vermelha passou ao largo da cabeça de Snape; o professor gritou: “Corra, Draco!”, e virou-se; a uns dezoito metros de distância, ele e Harry se encararam antes de erguer simultaneamente as varinhas.

— Cruc...

Snape, porém, aparou o feitiço, derrubando Harry para trás antes que ele pudesse completar a maldição. O garoto rolou para um lado e tornou a se levantar na hora em que o enorme Comensal às suas costas berrou: “Incêndio!”; Harry ouviu uma forte explosão e uma luz laranja se derramou sobre todos: a casa de Hagrid estava pegando fogo.

— Canino está preso lá dentro, seu maligno...! — urrou Hagrid.

— Cruc... — berrou Harry pela segunda vez, mirando no vulto iluminado à luz das chamas, mas Snape tornou a bloquear o feitiço; Harry podia ver seu sorriso desdenhoso.

— Suas Maldições Imperdoáveis não me atingem, Potter! — gritou ele, sobrepondo-se ao ruído das chamas, aos gritos de Hagrid e aos ganidos alucinados de Canino. — Você não tem a coragem nem a habilidade...

— Incarc... — urrou Harry, mas Snape desviou o feitiço com um gesto quase indolente.

— Revide — gritou Harry. — Revide, seu covarde...

— Você me chamou de covarde, Potter? — gritou Snape. — Seu pai nunca me atacava, a não ser que fossem quatro contra um, que nome você daria a ele?

— Estupe...

— Bloqueado outra vez e outra e mais outra, até você aprender a manter a boca e a mente fechadas, Potter! — debochou Snape, desviando mais uma vez o feitiço. — Agora, venha! — gritou o professor para o Comensal da Morte às costas de Harry. — Está na hora de ir, antes que o Ministério apareça.

— Impedi...

Antes, porém, que Harry pudesse terminar o feitiço, sentiu uma dor excruciante; tombou no gramado, Sarah estava gritando, Alecto jogava Maldições Cruciatus seguidas na garota. Harry queria se levantar mas não conseguia, ele certamente morreria de tormento, Snape ia torturá-lo até morrer ou enlouquecer...

— Não! — urrou Snape, e o grito de Sarah parou tão subitamente quanto começara; Harry ficou enroscado no gramado escuro, apertando a varinha ofegante; em algum lugar no alto, Snape gritava: — Você esqueceu as suas ordens? Potter e Black pertencem ao Lorde das Trevas... temos de deixá-los! Vá! Vá!

E Harry sentiu o chão estremecer sob seu rosto quando os irmãos e o enorme Comensal em obediência correram para os portões. O garoto soltou um grito inarticulado de raiva: naquele instante, não se importava se ia viver ou morrer; pondo-se em pé com esforço, ele cambaleou às cegas em direção a Snape, o homem que agora ele odiava tanto quanto odiava o próprio Voldemort...

— Sectum...

Snape acenou com a varinha, e o feitiço foi de novo repelido; mas Harry agora estava a poucos passos, e finalmente podia ver com clareza o rosto de Snape: ele já não ria desdenhoso nem caçoava; as labaredas mostravam um rosto enfurecido. Reunindo todo o seu poder de concentração, Harry pensou Levi...

— Não, Potter! — gritou Snape.

Houve um forte estampido e Harry voou para trás, tornando a bater duramente no chão e, desta vez, a varinha escapou-lhe da mão. Sarah naquele momento, uniu suas forças e correu até Harry, sentada no chão, amparava Harry. Ele ouvia os gritos de Hagrid e os uivos de Canino, quando Snape se aproximou e contemplou-o ali caído no colo de Sarah, sem varinha, indefeso como Dumbledore estivera. O rosto pálido do professor, iluminado pela cabana em chamas, estava impregnado de ódio, tal como estivera pouco antes de amaldiçoar Dumbledore.

— Você se atreve a usar os meus feitiços contra mim, Potter? Fui eu quem os inventei: eu, o Príncipe Mestiço! E você viraria as minhas invenções contra mim, como o nojento do seu pai, não é? Eu acho que não... não!

Harry mergulhara para recuperar a varinha; Snape lançou um feitiço na varinha, que voou longe, no escuro, e desapareceu de vista.

— Me mate, então — ofegou Harry, que não sentia o menor medo, apenas raiva e desdém. — Me mate como matou ele, seu covarde...

— NÃO... — gritou Snape, e seu rosto ficou inesperadamente desvairado, desumano, como se sentisse tanta dor quanto o cão que gania e uivava preso na casa incendiada às suas costas —... ME CHAME DE COVARDE!

E ele golpeou o ar: Harry sentiu uma espécie de chicotada em brasa atingi-lo no rosto e foi atirado de costas no chão e ainda caído, viu Snape fazer o mesmo com Sarah, que tentava inutilmente atacá-lo. Manchas luminosas explodiram diante de seus olhos e, por um momento, todo o ar pareceu ter fugido do seu corpo, então, ele ouviu um farfalhar de asas no ar e uma coisa enorme obscureceu as estrelas: Bicuço mergulhara contra Snape, que cambaleou para trás ao ser atacado por garras afiadíssimas. Enquanto Harry procurava sentar, a cabeça atordoada pelo último impacto contra o chão, ele viu Snape a toda velocidade, o enorme animal perseguindo-o, aos gritos, como Harry jamais o vira gritar...

Harry e Sarah levantaram-se com dificuldade, procurando, às tontas, suas varinhas, na esperança de prosseguirem em sua caçada, mas, mesmo enquanto apalpavam a grama, catando gravetos, perceberam que seria tarde demais; de fato, até conseguir localizar a varinha e se virar, ele viu apenas o hipogrifo circulando sobre os portões. Snape conseguira Aparatar fora dos limites da escola.

— Sarah — murmurou Harry, ainda atordoado, olhando para os lados. — SARAH! Você esta bem?

— Estou bem. – disse a garota mantendo-se em pé com dificuldade. – e você?

— Estou bem, meu amor. Eles foram embora, não podem mais nos fazer mal. – disse Harry abraçando a namorada.

— Hadrid... – disse Sarah com a voz fraca. – precisamos encontrar Hagrid!

Eles cambaleavam em direção à casa em chamas quando um enorme vulto emergiu da cabana, carregando Canino às costas. Com um grito de agradecimento, Harry caiu de joelhos, juntamente com Sarah; todos os seus membros tremiam, seu corpo doía inteiro, e sua respiração provocava pontadas dolorosas.

— Você tá bem, Harry? Sarah? Vocês estão bem? Fala comigo, Harry...

O enorme rosto peludo de Hagrid pairava acima de Harry, escondendo as estrelas. O garoto sentia o cheiro de madeira e pelo de cachorro queimados; ele esticou a mão e tocou o corpo quente e vivo de Canino, agitando-se ao lado dele.

— Estamos bem — ofegou Harry. — E você?

— Claro que estou... precisa mais do que isso para me liquidar.

Hagrid enfiou as mãos por baixo dos braços de Harry e ergueu-o com tal força que os pés do garoto abandonaram momentaneamente o chão, enquanto o gigante agora punha Sarah em pé. Harry viu o sangue escorrendo pelo rosto do amigo, o corte profundo embaixo de um olho que inchava rapidamente.

— Devíamos apagar o incêndio em sua casa — disse Harry — o feitiço é Aguamenti...

— Eu sabia que era alguma coisa assim — murmurou Hagrid, e erguendo um fumegante guarda-chuva rosa florido ordenou: — Aguamenti!

Um jorro de água saiu da ponta do guarda-chuva. Harry e Sarah ergueram o braço da varinha que parecia de chumbo e também murmuraram: “Aguamenti”; juntos, ele, Sarah e Hagrid despejaram água na casa até que a última chama se extinguisse.

— Não está muito ruim — comentou Hagrid esperançoso alguns minutos depois, olhando para o rescaldo fumegante. — Nada que Dumbledore não possa consertar...

Harry sentiu uma dor lancinante no estômago ao som desse nome. No silêncio e quietude, o horror despertou em seu íntimo. Olhou Sarah em busca de apoio, mas a garota já estava com lágrimas escorrendo por seu rosto quando Hagrid mencionou Dumbledore.

— Hagrid...

— Eu estava enfaixando as pernas de uns tronquilhos, quando ouvi os Comensais vindo — disse Hagrid triste, ainda contemplando a cabana destruída. — Devem ter queimado os gravetos, os coitadinhos...

— Hagrid...

— Mas que aconteceu, Harry? Vi os Comensais da Morte descerem correndo do castelo, mas que diabos o Snape estava fazendo no meio deles? Aonde é que ele foi?... Estava perseguindo eles?

— Ele... — Harry pigarreou; a garganta seca com o pânico e a fumaça. — Hagrid, ele matou...

— Matou? — exclamou Hagrid em voz alta, encarando Harry. — Snape matou? De que você está falando, Harry?

— Dumbledore. Snape matou... Dumbledore.

Hagrid ficou olhando para ele, o pouco do seu rosto à mostra manifestava total incompreensão.

— Dumbledore o quê?

— Está morto. Snape o matou... – respondeu Sarah aos prantos.

— Não diz isso — censurou-o Hagrid com rispidez. — Snape matar Dumbledore... não seja idiota, Harry. De onde tirou essa ideia?

— Vi acontecer.

— Não pode ter visto.

— Vi, Hagrid.

Hagrid sacudiu a cabeça; em seu rosto havia uma expressão incrédula mas simpática, e Harry percebeu que o amigo pensava que ele tivesse levado uma pancada na cabeça, que estivesse atordoado, talvez com sequelas de um feitiço...

— O que deve ter acontecido foi que Dumbledore deve ter mandado Snape acompanhar os Comensais da Morte — explicou Hagrid confiante. — Imagino que ele precise manter o disfarce. Olhe, vamos levar vocês de volta à escola. Venham, Harry, Sarah...

O garoto não tentou discutir nem explicar. Ainda tremia descontroladamente. Cedo Hagrid descobriria, cedo demais... Quando caminhavam para o castelo, Harry observou que agora havia luz em muitas janelas: podia imaginar nitidamente as cenas quando as pessoas fossem, de um aposento a outro, contar que os Comensais da Morte tinham entrado, que a Marca brilhava sobre Hogwarts, que alguém devia ter sido morto. Harry segurou a mão de Sarah com força, como quem precisasse de sua força para ponder continuar.

À frente, as portas de carvalho estavam abertas, inundando de luz a estrada e o gramado. Insegura e lentamente, pessoas vestidas com roupões desciam os degraus da entrada, procurando, nervosas, sinal dos Comensais da Morte que tinham se embrenhado na noite. Os olhos de Harry, porém, estavam fixos no gramado ao pé da torre mais alta, mas ainda não soltara a mão de Sarah. Imaginou ver caída ali uma massa escura, embora estivesse realmente muito longe para enxergar alguma coisa. Mesmo enquanto olhava em silêncio o lugar onde supunha que o corpo de Dumbledore estivesse, ele viu gente começando a se deslocar para lá.

— Que é que todos estão olhando? — perguntou Hagrid, quando os três  se aproximaram da fachada do castelo, Canino colado aos seus calcanhares. — Que é aquilo caído no gramado? — perguntou Hagrid bruscamente, rumando para a Torre de Astronomia, onde ia se formando um pequeno ajuntamento. — Estão vendo? Bem no pé da Torre? Embaixo do lugar onde a Marca... caramba... você acha que alguém foi atirado...?

Hagrid se calou, o pensamento parecia terrível demais para ser expresso em voz alta. Harry e Sarah caminhavam ao seu lado, sentindo o desconforto e as dores no rosto e nas pernas onde fora atingido por feitiços, na última meia hora, embora de um modo estranhamente neutro, como se outro alguém próximo a ele os sentisse. Real e inelutável era a sensação terrível que comprimia o seu peito...

Ele e Hagrid atravessaram, como em sonho, a multidão que murmurava até bem à frente, onde estudantes e professores estarrecidos tinham deixado uma clareira.

Harry ouviu o lamento de dor e surpresa de Hagrid, mas não parou; continuou a avançar até chegar onde Dumbledore jazia, e se agachou ao seu lado, juntamente com Sarah.

Os olhos de Dumbledore estavam fechados; exceto pelo estranho ângulo dos braços e pernas, ele poderia estar dormindo. Harry estendeu a mão, acertou os oclinhos de meia-lua no nariz torto do diretor e limpou um filete de sangue de sua boca, com a manga das próprias vestes. Então, contemplou o rosto velho e sábio, sendo abraçado por Sarah, e tentou absorver a enorme e incompreensível verdade: nunca mais Dumbledore falaria com ele, nunca mais poderia ajudar...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Deixem recadinho, não sejam leitores fantasmas!
até semana que vem! ♥



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