— Anda, responda! Como foi que entrou aqui? – perguntou Sarah séria, mas ainda com lágrimas nos olhos. – eu desejei ficar escondida! Você me seguiu?

— A porta apareceu e abriu, Black! Eu não estava seguindo você, quando eu ouvi soluços vindo de dentro da sala vim ver se quem lá que estivesse aqui não precisava de ajuda. – disse Harry.

— Pois saiba que eu estou ótima. – disse Sarah, obviamente mentindo pois seus olhos estavam vermelhos e ainda tinham lágrimas em suas bochechas.

— Ah, claro! Alguém que se tranca na sala precisa para chorar realmente esta muito bem. – respondeu Harry de maneira ríspida e irônica.

— Potter, me deixe em paz! Não estou com forças para brigar, não hoje. – disse Sarah baixinho deixando mais lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

— Eu não quero brigar, Sarah. – disse Harry olhando nos olhos vermelhos da garota. – vim ver como estava a pessoa que ouvi chorando, não importa quem fosse. – disse Harry sentando-se no chão na frente de Sarah. – é ele? – perguntou Harry engolindo seco ai ver uma foto de Sirius no álbum de Sarah.

— Sim, ele e minha mãe. – disse Sarah virando o álbum para Harry. – foi alguns dias depois do meu nascimento.

Harry viu as fotos daquela página, era um bebê de cabelos negros e olhos azuis brincando com os cabelos de um Sirius Black bem mais novo e saudável no colo de uma mulher quase idêntica a Sarah, apenas pelos olhos azuis que Sarah herdara de seu pai. Harry virou a página e viu algo que não esperava: o mesmo bebê de olhos azuis no colo de uma mulher ruiva de olhos verdes, com uma grande barriga de grávida e ganhando cafuné de um homem praticamente idêntico a ele.

— São meus pais?! – perguntou Harry confuso.

— São. – respondeu Sarah. – pouca gente sabe, mas seus pais são meus padrinhos. Minha mãe também é sua madrinha.

— Nossa...- disse Harry sem palavras ainda vendo a figura dos seus pais na fotografia.

— Meu segundo nome é Lílian, por causa de sua mãe. – disse Sarah. – sua mãe e meu pai apostaram que se algum dia ele se casasse e tivesse uma filha, o segundo nome dela seria Lílian. Meu pai dizia que nunca iria se apaixonar ou ter uma família. – disse Sarah rindo pelo nariz. – Nossas mães praticamente engravidaram juntas.

— Eu nunca parei pra perceber. – disse Harry ainda atônito. – Eles eram amigos, pelo jeito.

— Eram, nossas mães se davam muito bem. Os quatro eram bem unidos, minha mãe sempre falava sobre seus pais. – respondeu Sarah.

— Nós nos conhecemos antes? – perguntou Harry.

— Sim, quando ainda éramos bebês. Mas depois da guerra estourar eu e minha mãe ficamos nos Estados Unidos e seus pais protegidos. – respondeu Sarah com um suspiro. – depois do que aconteceu com seus pais e meu pai foi preso, Alvo fez de tudo para que ninguém soubesse sobre mim e minha mãe.

— Dumbledore sempre pensa em tudo. – respondeu Harry.

— Hoje era aniversário dela. – disse Sarah referindo-se a sua mãe, apontando na foto. – É o primeiro que não estamos juntas.

— Sinto muito. – disse Harry.

— Ano passado ela já estava lutando contra o câncer, mas ainda estava forte. Papai foi para Nova York e tivemos a não tão brilhante ideia de preparar um bolo e um jantar para ela. Eu e papai sempre tivemos quem cozinhasse para nós, sabe. – disse Sarah esboçando um sorriso. – sujamos toda a cozinha e quase botamos fogo na casa. Acabamos por pedir comida chinesa, porque a lasanha que fizemos parecia mais um carvão do que qualquer coisa.

— Não consigo imaginar Sirius cozinhando. – disse Harry com um meio sorriso.

— Nem queira! Nem meu pai e muito menos eu. – disse Sarah. – mas foi perfeito porque estávamos juntos, foi um dos nossos últimos momentos como família antes de tudo desandar. – disse Sarah caindo no choro. – Você sente falta dele?

— Todos os dias. – respondeu Harry. – Sarah, lembre-se que eles sempre estarão vivos dentro de você.

— Nossa, por alguns instantes achei que fosse Dumbledore falando. – disse Sarah sorrindo.

Harry riu, não sabia o que estava sentindo naquele momento. Ao ver Sarah vulnerável daquele jeito sentiu uma estranha necessidade de cuidar dela. Nunca tinha pensado que por trás daquela muralha, por trás daquela garota arrogante sempre com uma ofensa na ponta da língua poderia ter uma garota doce e assustada.

— Acha que seríamos amigos? – perguntou Harry. – Sabe, se nada tivesse acontecido.

— Não sei, acho que nunca vamos saber. – respondeu a garota.

— Eu gostaria de ter conhecido sua mãe, Rachel era o nome dela, não? – perguntou Harry.

— Ela sempre falava de você, acompanhava seu crescimento pelas fotos que Dumbledore mandava. – respondeu Sarah. – se ela pudesse manter contato, seria uma madrinha zelosa.

— Eu não duvido disso, ela com certeza foi uma grande mulher. – disse Harry.

— Ela foi, foi a melhor mãe do mundo. Ela era minha melhor amiga. – disse Sarah caindo no choro.

— E sempre será. – disse Harry olhando nos olhos de Sarah e por impulso abraçou a garota, por alguns instantes Harry achou que ela o empurraria mas tudo o que Sarah fez foi chorar no seu ombro. Naquele momento, todos os sentidos de Harry se misturaram, sua cabeça girava e a única coisa que conseguia se sentir era o perfume de framboesa e baunilha de Sarah.

— É difícil, mas preciso me manter firme. – disse Sarah saindo do abraço. – Agora eu preciso ir. – disse a garota se levantando.

— Ah, ok. – disse Harry baixinho. Na verdade esse ‘’ah, ok’’ foi tudo o que Harry conseguiu dizer.

— Conversar com alguém realmente me fez bem. Obrigada, Harry. – disse Sarah em frente a porta da sala precisa.

— O que? Pode repetir? – perguntou Harry ainda sentado no chão.

— Conversar com alguém realmente me fez bem. – repetiu a garota.

— Não, a parte que você me chamou pelo meu nome. – disse Harry com um meio sorriso.

— Obrigada, Harry. – repetiu Sarah sorrindo e saiu pela porta, a fechando atrás de si.

Harry ficou sozinho na sala, completamente perdido e confuso sobre o que tinha acabado de acontecer. Aquela garota que ele conversou era realmente Sarah Black? Não era a mesma que via por Hogwarts, que o chamava de Sr. Subúrbio, que era temida. Harry deitou a cabeça na almofada onde Sarah estava, cada vez mais confuso com seus pensamentos e sentimentos. ‘’Claro, o maldito perfume dela teve que ficar impregnado nessa porcaria de almofada’’ pensou Harry com um suspiro.

Naquele momento, Sarah voltava para seu dormitório abraçando seu álbum fortemente sobre seu corpo. Sentia uma corrente elétrica passar pelo seu corpo, mal sentia o chão por onde andava, parecia que suas pernas estavam moles. ‘’Estou ficando louca, estou ficando louca’’ , repetia em seus pensamentos até chegar no dormitório. A garota entrou em seu quarto e jogou-se em sua cama, respirou fundo e então sentou-se.

— Sarah, não! – disse a garota dando tapinhas nas bochechas. – Penny, essa escola esta me deixando louca! – disse a garota para a gata que pulara na cama ao seu lado pedindo carinho. – as pessoas dessa escola estão me deixando louca! – disse a garota acariciando a gata.

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Sarah estava de braços dados com Blásio indo para a festa de natal do professor Slughorn. Usava um vestido preto longo e justo, com uma grande fenda na perna, usava seus cabelos soltos puxados para o lado. Quando chegaram na festa, Sarah observou que Harry já estava lá acompanhado por Luna Lovegood.

— Sr. Zabini! Srta. Black, bem vindos! – disse o professor Slughorn animado. – Srta. Black, esta deslumbrante! O Sr. Zabini é um jovem de sorte. – disse o professor sorrindo.

— Sou mesmo, namoro a mais bela de todo o mundo bruxo e também trouxa. – disse Zabini deslizando uma mão pela cintura da namorada.

— Obrigado pelo presente de Natal, Srta. Black! – disse o professor. – É o relógio mais bonito que já vi! – disse o professor erguendo a manga das vestes e admirando o presente.

— Todo homem de respeito precisa de um bom relógio. – disse Sarah sorrindo. – e não há nada como um Cartier!

Sarah e Blásio entraram na festa e ficaram conversando, sem perceber que estavam sendo observados por Harry. No meio da conversa, Blásio deu um selinho em Sarah e foi conversar com Córmaco McLaggen, ao ver a cena Harry apertou tão forte sua tortinha de abóbora que a esmagou em sua mão.

— Harry, tudo bem? – perguntou Hermione que viu a cena do amigo.

— Ahn, está sim. – respondeu Harry limpando as mãos com um guardanapo.

— Pois eu não estou, estou fugindo do McLaggen. – respondeu Hermione. – foi burrice convidá-lo! Queria fazer ciúmes para Rony, mas me arrependi. – disse a garota.

— Tudo bem por aí? – perguntou Sarah se aproximando dos dois garotos.

— Nada bem! – disse Hermione. – Convidei McLaggen para fazer ciúmes para o Rony mas me arrependi. Um trasgo é mais educado que esse garoto!

— Mione! Você devia ter me consultado antes, eu jamais ia deixar você fazer isso. – disse Sarah. – McLaggen é um pesadelo, não vale nem para fazer ciúmes.

— Agora eu vi. – disse Hermione. – Ah, por Merlin! Ele esta vindo, vou sumir de novo. – disse Hermione saindo depressa, deixando Sarah e Harry sozinhos. Naquela altura, Harry já estava embriagado pelo perfume de Sarah.

— Como você esta? – perguntou Harry.

— Melhor. – disse Sarah servindo-se de ponche.

— Ele esta te incomodando, meu amor? – perguntou Blásio abraçando a garota por trás, fazendo com que Harry sentisse um embrulho no estomago.

— Não, eu só vim pegar um ponche, querido. – respondeu Sarah para Blásio e o garoto a conduziu até onde Slughorn contava suas histórias, deixando Harry sozinho.

— Sua cabeça esta cheia de zonzóbulos, Harry. – comentou Luna parando ao lado de Harry olhando na mesma direção que ele.

— É, são os zonzóbulos. – disse Harry.

— E também está apaixonado pela Black. – disse Luna calmamente enquanto servia-se de pudim.

— Que? Não! – disse Harry com uma voz esganiçada.

— Negue para si mesmo o quanto quiser, uma hora irá aceitar. – disse a garota. – Ah, como eu gosto de pudim! – disse a garota antes de sair saltitando pela festa com seu prato de pudim.

O restante da festa seguiu tranquilo, Slughorn se exibindo com histórias de seus alunos e idolatrando seu novo clubinho. Até que Filch pegou Draco tentando entrar de penetra na festa, o que Sarah sabia que não era verdade pois ela e Blásio haviam convidado o garoto para ir com eles, que recusou várias vezes. Quando Sarah saiu da festa e  foi atas de Draco, ele estava mais fechado do que nunca.

— Draco, me diga de uma vez por todas o que esta havendo! – disse Sarah.

— Não posso! – disse Draco quase gritando. – Você não entende!

— Eu te amo, você é meu melhor amigo! Entenda que eu me importo com você e quero estar ao seu lado! – disse Sarah. – eu sinto sua falta.

— Esta tudo bem? – disse Blásio intervindo.

— Você nunca vai entender, Sarah! – disse Draco antes de sair correndo pelos corredores escuros.

— Eu vou atrás dele. – disse Blásio. – Te vejo na sala comunal depois.

— Obrigada. – disse Sarah dando um selinho no namorado.

Sarah virou-se para ir até a sala comunal da Sonserina quando viu Harry saindo pela porta.

— Ouvi gritos, esta tudo bem? – perguntou Harry.

— Era Draco. – respondeu a garota.

— O que houve? – perguntou Harry.

— Eu não sei, ele não se abre com ninguém. Nem comigo. – disse a garota suspirando.

— Tenho certeza que uma hora tudo vai vir a tona. – disse Harry.

— O que quer dizer com isso? Acha que ele esta fazendo algo errado? – perguntou Sarah.

— Não. – mentiu Harry. – quis dizer que tudo vai se acertar.

— Eu espero. – disse Sarah. – Ah, eu estou indo para casa amanhã cedo. Acho que só vamos nos ver ano que vem, então boas festas. – disse a garota timidamente.

— Boas festas. – disse Harry.

— Bom, eu preciso ir. – disse Sarah.

— Eu também. Tchau. – disse Harry saindo apressado.

Os dois jovens seguiram em caminhos separados e saíram de forma tão rápida que nem perceberam o visgo que havia crescido magicamente em frente a porta da sala do professor Slughorn enquanto conversavam.