O Que Você Faria? escrita por O Marido


Capítulo 1
Pergunta


Notas iniciais do capítulo

Hello, povos e povas! 'u'
Preparem um bom chocolate quente e pipocas, porque aqui a coisa é tensa e você precisa estar bem preparado! Era para ser apenas uma one de terror, mas minha mente me passou a perna mais uma vez e ficou algo... "alternativo". Entonces, espero que gostem do que estão para viver!



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Pergunta.

Imagine só a cena:

Você está dormindo a mais de duas horas — vítima de um daqueles sonos bem pesados. É madrugada, noite onde a lua cheia jaz por trás de um bocado de nuvens cinzas prontas para explodirem... Não, melhor: já explodiram, e está chovendo muito!

O temporal que cai ao lado de fora de sua janela é feio! A chuva está forte, o céu não é deixado nem mesmo por um segundo pelos clarões que passam cada vez mais próximos do chão e os trovões, bem... quem dormiu, dormiu, e quem não dormiu, não dorme mais.

Um estalo avassalador acontece, parece até mesmo que caiu um raio bem no teto da sua casa. Você acorda, completamente assustado, no entanto ainda está tomado pelo sono. Passa os olhos ao redor, vagamente. Vê apenas o escuro, as sombras dos móveis e a penumbra de seu quarto. Seus antigos brinquedos — aqueles sobre tábuas ou estantes de madeiras, e até guardados em caixas ao chão — lhe observam com um sorriso sádico.

Claro, você está com sono e os ignora. Se deita novamente, vira-se para a parede à sua esquerda e fecha os olhos. Sentia-se outra vez sendo sugado para o extenso túnel metafórico chamado "Sono". Podia até mesmo perceber a leve brisa do sol atingindo a sua face em um lugar aconchegante bem longe dali, onde a chuva só existia em chafariz.

Porém...

Você bufa ao reabrir os olhos. A chuvarada toda te deu sede, e sem beber aquele noturno copo de água você não consegue mais dormir. Se destampa apressado, levanta e sente um calafrio percorrer o seu corpo quando as pontas de seus dedos tocam o chão frio.

Olha ao redor. Graças à um raio que acabava de cortar o céu, você percebe o espaço da porta para o corredor e segue para ele. Tudo está escuro, é claro, são duas da manhã! Todos estão dormindo. Pelo corredor, seu olhar limita-se às cerâmicas no piso para evitar ao máximo em ver as pinturas de rostos deformados pregadas pelas paredes.

Sua casa não era uma mansão, não. Entretanto, por ser construída em uma grande área, em uma parte dela você nem mesmo conseguia escutar os ruídos que ocorriam ao lado de fora. Logo, você está passando por essa citada região e não escuta mais as gotas de chuva caindo e parece que os trovões acabaram.

Quando precisa lidar com apenas o som da sua respiração profunda, você descobre que o pavor que você tem de temporais não é nada em comparação. Qualquer sussurro, gemido ou até mesmo uma barata passando pelo piso, e seu coração começa a bater mais rápido. O silêncio é o verdadeiro inferno! Mas se esqueça do medo, você ainda está com o sono!

Após esbarrar levemente nas costas de um sofá e bater brutalmente o pé esquerdo contra a quina de um armário de pedra, seu sono vai embora, expulso por seus nervos de dor. Você urra, pensa em gritar algum nome não-santo porque seu pé arde muito, mas sua mente lhe avisa que todos dormem e é para fazer silêncio.

Ao acariciar um pouco o pé ferido, o coloca calmamente no chão outra vez e sente-se apto para prosseguir. Já não está longe da geladeira, resta apenas descer a escada para o andar inferior e entrar na cozinha. Sim, nessas horas que se dá a aflição de morar em locais maiores. Durante o dia a sua casa pode até ser a residência mais bonita da cidade, afinal, tem uma “bela escadaria”. Mas, à noite, todas as moradias — sejam mansões, casebres ou barracas de índio — ficam sob o mesmo teto: a escuridão, e todo o charme que existe nelas foge para longe.

Você já não dorme, sente pouco sono e é consumido apenas por esse aroma. A garganta parece mais seca que antes — quando acordou — e beber água já é obrigação.

Chegando próximo ao início da escada e fitando o breu que o aguarda 10 passos abaixo, seu corpo sente uma pequena vontade de desistir daquela ideia e retornar para a cama — num gesto desesperado de outra saída . . Então, junto a isso, ele também se recobra que o caminho até a cama pode ser bem pior.

Ah, é claro! A energia! Percebendo como foi burro, busca pelo primeiro receptor de luz para acender a lâmpada e ficar mais à vontade. Assim que o acha, você nem aperta e se lembra que antes de dormir presenciou o noticiário local informando sobre a falta de luz até as 10 da manhã do dia seguinte. Era por isso, por isso sua mente não quis o levar direto à energia.

Sua garganta parece gritar, a sede só piora. Você engole em seco, aperta os punhos e resolve descer. Claro, nunca viu uma assombração até hoje, acredita que fantasmas nem existam e, quando está junto dos amigos, demonstra ser o corajoso do grupo — aquela pessoa que come uma cobra viva com veneno escorrendo por sua pele. Então, porque temer agora?

Seus pés travam uma batalha difícil a cada degrau por vir enquanto a sua cabeça tenta te imaginar na escola, rindo das piadas daquele seu colega idiota enquanto está abraçado com seus 3 melhores amigos e outros 25 lhe observam.

Contudo, a área inaudível da casa chega ao fim e um trovão provocativo lhe desperta de seus devaneios e lhe mostra a verdade: você ainda está no meio da escadaria e com o medo começando a tomar conta dos seus pensamentos.

Suspira, é claro. Suspiros são formas de atrasar o avanço do medo e trazer paz a alma.

Estalos mais fracos vão chegando, entrando para dentro de você e fazendo com que se acostume com eles. O reflexo dos clarões também te vê, e você o percebe iluminar parcialmente a porta de madeira do banheiro a alguns metros. Ela estava, como de costume, quase fechada — sempre ficava uma fresta para mostrar a escuridão que enxia o cômodo previamente a quem pretendia continuar.

A escada desabava diretamente ao banheiro, no entanto, este também já estava a bordo de uma sala de estar. A outra dezena da mobília estava toda ali, o sofá em forma de C, a televisão de 42 polegadas, armários e prateleiras de madeira e mesas de vidro preenchendo espaços, e flores e mais flores decorando um e outro canto. E entre um objeto e outro, a tão desejada porta da cozinha.

Um ponto para você! Enquanto se distraía tentando encontrar as formas da geladeira no meio da escuridão da cozinha, você nem percebeu quando terminou os degraus e se distanciou do banheiro. Após um breve sorriso, outro impactante trovão lhe alerta que o pesadelo ainda não acabou. Um clarão ilumina a vidraça da janela próxima a sua esquerda e te faz notar as gotas de chuva que ainda caíam drasticamente lá fora. Sua garganta volta a clamar por água. Menos um ponto agora.

Ali não havia muita coisa que podia assustá-lo. Talvez, com uma inspiração bem fértil e um azar demasiadamente grande, a TV se ligasse sozinha e exibisse o rosto mais tenebroso que podia imaginar. Mas, óbvio, as chances eram mínimas.

Você dá de ombros, parecia ter recuperado um pouco da sua coragem. Entra no espaço escuro chamado de “entrada para a cozinha” e segue tateando o que encontra. Nota o balcão de pedra, descobre um resto de biscoito sobre ele e “sepa” o joelho esquerdo no fogão de ferro. O estrondo é pior que um trovão. Por um curto momento você imagina: se tivesse quebrado ou trincado aquele fogão, nenhum ser sobrenatural te salvaria da sua mãe. É, se a sua mãe é tão amedrontadora assim, então porque temer criaturas que possam não existir?

Bem, a reposta disso não importa mais. Você conseguiu, chegou à geladeira e até já achou o encosto de puxar para abri-la. Daí, quando está prestes a fazer tal coisa, lhe vem em mente: e se fez tudo aquilo — passou medo diversas vezes e completou todo o percurso — para que algo saísse de dentro da geladeira e o pegasse, logo ali?

Não, está errado. É algo que beira a loucura esse tipo de pensamento, faz-lhe ficar insano. Esqueça, nada está do outro lado além de uma porção de garrafas de água. E sua mente precisa, vá em frente.

E de imediato, tentado a querer pagar o preço para ver o porquê de todo o seu sofrimento, você puxa aquela porta como se sua vida dependesse disso. Algo até poderia sair dali, mas você o mandaria esperar e beberia água antes de morrer.

E mesmo com um clarão e um estalo ocorrendo simultaneamente, você não se abala. Seu sorriso admirado — criado a dois segundos atrás — estampa o seu rosto pálido, pois, conseguiu! A centímetros de sua mão está a água. Logo, pegue o copo e tome o quanto quiser, ora. E como você é alguém preparado para os dramas da vida, seu copo sempre lhe aguarda na própria porta da geladeira. Um ponto para você! Não precisará se distanciar dali para tentar encontrar algo com o que beber.

Ao encher aquele copo e revirá-lo na boca de modo digno, como se quisesse afogar sua garganta tão problemática, você imagina todas aquelas assombrações contra as quais lutou, bem ali, atrás de você, só te esperando realizar seu último desejo para lhe esfolarem vivo e arrastarem-no para as trevas.

Então...

— Filho!

Aquilo sim! Aquele conhecido grito vindo do andar superior te faz gelar; ficar paralisado; quase ter um ataque cardíaco. Você nem percebe quando o copo escapa de sua mão e se divide em dezenas de cacos quando colide com o chão. O som nem audível para você foi, por duas razões: um trovão se sobressaiu sobre ele e, o grito da sua mãe ainda ecoa na sua mente.

Ela pode estar correndo perigo... Pode também ter ficado apenas preocupada ao não lhe encontrar deitado... Seu pai não mora com você, não mais, então se for a primeira opção, o que poderia está-la atacando? Serão os monstros que lutou para se livrar deles e nem se deu conta que preferiu que fossem atrás de sua mãe?

O que fazer agora? Qual será a sua reação?

Devo checar se minha mãe está bem.

ou

Devo pensar sobre.


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Notas finais do capítulo

Para continuar a leitura, selecione uma das alternativas acima. Agradeço a todos que conseguiram ler até aqui (Selo "Corajoso" de Qualidade!) e um grande abraço! ^^



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