“Morto, de novo.” - disse para Karl. Estávamos treinando com nossas espadas, e já era a sétima vez que eu o desarmava, em sete partidas. - “Isso já está começando a ficar chato Karl.”

“Convencida!”

“Ei! A culpa não é minha se você luta como uma garotinha de 5 anos! Não, espera, a garotinha luta melhor.”

“E a culpa não é minha se você é tão linda que eu perco a concentração.”

“Idiota!”

Larguei minha espada no chão e voltei para dentro da casa. Entrei no meu quarto e peguei minha Bíblia e voltei a lê-la. Cinco tinham se passado desde que a recuperei. Estava lendo o capítulo 27 de Gênesis quando senti alguém tomar o livro da minha mão.

“Ei!” 

“Como você consegue ler isso?” 

“Com os olhos. Karl, me devolve.” 

“Ta bom. Porque você lê isso?” 

“Porque eu gosto e tiro muitas lições de vida desse livro. O que você quer?” 

“A longo prazo, ou agora?” 

“Os dois.”

“A longo prazo, você. Agora, só estar com você. Estou entediado.” 

Resolvi ignorar a primeira parte. - “E por causa disso veio me encher o saco?” 

“Basicamente.”

Revirei meus olhos e voltei a ler meu livro. Karl continuou a me encarar.

“Tira uma foto, dura mais.” 

“Você vai se tornar uma vampira logo, não tem como uma foto durar mais que você, nem capturar toda a sua beleza.”

“Vai encher o saco de outra, vai!”

“Outro dia. Hoje minha vitima sera você.” 

“Idiota.”

“Eu sei que você me ama.” 

“Claro. Já disse que também sei voar?” 

“Prove.” 

“Claro. Abre a janela que eu bato as asas e saio daqui.” 

“ Eu quis dizer prove que você não me ama.” 

“Simplesmente porque eu te odeio.” 

“Minha mãe me disse certa vez 'O amor perguntou pro ódio – Por que você me odeia tanto? - e o ódio respondeu – porque um dia já te amei demais.” 

“Acho que toda regra tem sua exceção.” 

“Prove.” 

Dizendo isso ele me puxou para mais perto dele, nossos rostos ficando a centímetros um do outro. Distancia que ia diminuindo a cada segundo. 

Ouvi um barulho no andar de baixo. Karl me soltou, aparentemente desapontado, e descemos as escadas para investigar.

Ouvi vozes conhecidas no corredor principal. - “Silencio Lizzie! Os loucos que devem morar aqui podem nos ouvir.” 

“Lucy, desista. Você nunca vai encontra-la! O que te faz pensar que ela estaria aqui?” 

“Simplesmente porque ela disse que morava fora da cidade. E ela sempre foi preguiçosa demais para andar mais do que poucos quilômetros só para buscar algo na casa.” 

Pedi com um aceno para Karl esperar e disse - “Bom Lucy, dessa vez você acertou.” 

Vi os rostos de sete pessoas assustadas. Lucy, Lizzie, Amy, Katie, Harry, Peter e Josh olhavam pra mim como se tivessem visto um fantasma. - “O que fazem aqui?” 

“Bem, viemos te procurar.” 

“Eu não preciso que ninguém me procure. Saiam agora. Vocês não deveriam ter vindo aqui.”

Josh veio ate mim e me abracou. - “Senti tanto a sua falta!”

“Estou falando grego ou o que? Vão embora! Vocês estão se arriscando a toa!” 

“Não vamos embora Eowyn! Não ate sabermos se você esta bem.” 

“Eu estou ótima, agora vão!” 

“Eles não podem mais ir embora.” - Ouvi a voz de Karl.

“Quem é você?” 

“Moro nessa casa. Vocês não podem mais ir embora.” 

“Karl...” 

“Eles sabem demais.” 

“Eles não sabem nada!” 

“Isso é o que você pensa.”

“Eowyn, o que está...” - empurrei Josh para longe e avancei para Karl, imobilizei-o e gritei - “Vão embora agora!”

Mal os sete começaram a correr, senti um mal estar. Sabia que os outros também estavam sentindo e larguei Karl. Imediatamente me senti melhor. 

“Eowyn! O que está acontecendo?”

“Desculpe-me Lucy, mas eu avisei.”

Avistei Amy e Michael na outra ponta do corredor. Virei-me e saí da casa, com Karl me seguindo. - “Desculpe-nos. Eles iriam contar a polícia. Amy e Michael não podiam permitir isso.”

“Vaza.”

Karl voltou para dentro da casa. Com uma lágrima escorrendo pelo meu rosto fechei a porta e olhei para a cidade na minha frente. Segundos depois, ouvi os gritos.