A Seleção do Herdeiro escrita por Anninha
Os rádios estavam ligados na mesma frequência. Todos escutavam. Guardas, funcionários, a família real e todos que estavam dentro do abrigo.
Kile, Rodríguez, Toby e Carter não tinham chego a mais de 10 minutos no abrigo onde a família real estava. Dois médicos e uma enfermeira trataram de socorrer os que tinham se machucado. Connor chorou ao ver o irmão, mas não a irmã. Tinha esperança que ela voltasse, ainda mais depois de saber que o ruivo que desde que acordou não parava de olha-lo é seu irmão.
Connor não era idiota. Tinha oito anos e tinha um QI enorme, uma informação dessa não iria passar despercebida tão fácil. Era um Lork, afinal.
— Você se parece com mamãe e papai.- ele soltou no silêncio, quando Amberllen terminou de falar. O menino mais velho sorriu.
— Eu sei.- murmurou.- Você se parece com ele. De aparência e de inteligência.- sorriu.
— Porque agora? Se você sabia de nós antes?- Connor perguntou confuso, mas algo os chamou atenção.
Helena riu notoriamente.Todos que escutavam através dos rádios se assombraram um pouco. Ela ria para valer.
— Acha que eu tenho medo de você?— Helena perguntou seriamente.- Eu lido com pessoas como você todos os dias. Que ameaçam, que falam, falam, falam e no fim, não tem bolas grandes o suficiente para lidar com um olhar atravessado.
— Essa doeu até em mim.- Ahren cochichou enquanto ouvia.
— Você está com a perna quebrada. Eu sou mais rápido que você. E mais forte que você. Além do mais, estou em mais números.- Amberllen disse irritado.- Eu sou o predador e você a presa, ratinho.
— Números não combatem inteligência, Amberllen.- ela disse com humor.- Posso não ter sido treinada para ser uma mercenária assassina, que sabe lutar e não sentir nada, mas fui criada como uma Lork. A inteligência é meu ponto forte e a sua burrice é seu ponto fraco.- ela basicamente comemorou.- Acha que você é um bom gato? Pois bem, cansei de ser rato. Agora a presa vai encurralar o predador. Devia ter mais cuidado ao mexer com o filhote de uma leoa, geralmente elas começam a atacar pelos países baixos.- Com essa frase, Helena desligou o rádio dela. Isso preocupou sua seus amigos e família.
— Essa menina é muito louca.- Eadlyn disse de olhos arregalados..
— Louca?!- Kile perguntou assustado.- Pirada! Drogada! Maluca!- Kile disse segurando o braço da cadeira enquanto o médico costurava sua cintura.
— Ela vai acabar se matando.- Ashley disse preocupada.
— Ela está movida pela raiva, magestade. Nada disso vai acabar bem.- disse o guarda Iquelino preocupado, era amigo da Lork afinal.
— Nada disso já está bem.- Maxon disse seriamente.- Como está o menino?- perguntou a Lucy.
— Bem, magestade. Está dormindo agora.-Lucy disse acariciando as costas de Toby. Seu braço estava com uma atadura e ela estava um pouco manchada de sangue. Haviam o colocado para dormir para poderem fazer os pontos no machucado dele.
Longe dali, Helena andava de um lado para o outro na sala de troféus. Era uma sala bem arrumada e moderna. Continha todos os troféus da família real. Todos acadêmicos e bem poucos de atletismo.
Ela não tinha um plano. Seu objetivo era machucar Amberllen e pegar seu computador. E no momento, sua identidade de Diretora Fria e Calculista se escondeu dentro do um cofre no inferno e deixou a Helena Lork, fraca e com medo, sair. Sem planos, ela não tinha um plano!
— Pare de surtar, Helena!- mandou Celeste com raiva, aparecendo a sua frente. Lena pulou de susto, a mão sobre o coração.
— Credo, Celeste!- murmurou assustada. A morena revirou os ollhos.
— Credo uma ova!- exclamou ela.- Se meteu no meio de pessoas com armas, e agora quer ficar surtando?- repreendeu indigada.
— Hã, quero?- ela franziu a testa enquanto a olhava com dúvida. Celeste deu um tapa em seu rosto.
— Acorda! Vá chamar os guardas nos dormitórios. Faça uma emboscada. Seja Helena Lork, a diretora de uma grande multinacional. Você sabe que consegue fazer isso!- Celeste disse em um tom bravo e irritado. Helena assentiu. Pensou por uns minutos e finalmente decediu o que iria fazer.
Agarrou a arma e saiu pela porta. Com pressa e cuidado, desceu as escadas e foi em busca dos dormitórios dos funcionários. Sabia onde era mais ou menos. Bem mais ou menos.
Era complicado chegar lá. Tinha que passar pela cozinha e a escada ficava entre ela e o salão de beleza que as mulheres usavam. Helena só foi lá uma vez e para dar um jeito no cabelo gigante de Connor. Quando chegou na escada, a observou de cima. Eram muitos degraus.
Desceu o tanto que conseguiu e se esgueirou pelo corredor mal iluminado. Estava ficando cada vez mais difícil. Amarrou o robe direito no corpo e andou mais um pouco. O dormitório era em conjunto. Deu três toques e depois soltou um assobio.
— Helena!- murmurou um dos guardas quando a viu. Ela sorriu levemente e entrou. Os guardas a olhavam com seriedade e as mulheres assustadas. - Está tudo bem?- perguntou o mesmo guarda a avaliando. Assentiu.
— Eu trago algumas notícias.- murmurou. Em cinco minutos, os guardas estavam em volta de uma mesa com um mapa do palácio.
— Quantos homens no quarto andar?- perguntou um dos guardas.
— Não passa 30.
— E os outros estão seguros?
— Todos os moradores e visitantes estão em abrigos. Alguns guardas morreram.- murmurou ela triste. O General assentiu.
— Soube reconhecer alguém do outro lado?
— Schumacher. Ele traiu todos nós.- rosnou Helena triste, se lembrando de Toby. Queria o ter matado ao invés de apenas derruba-lo.
— Alguém se machucou?- perguntou o general sério, lançando um olhar avaliativo para o corpo de Helena.
— Kile e Toby tomaram um tiro.- contou e as mulheres arregalaram os olhos, enquanto os homens se indireitaram, a postura rígida.- Estão bem, mas eu ainda quero vingança.
— Terá sua vingança daqui, Srta. Agora, vamos aos fatos.
— Forças armadas que não passam de 30 pessoas no quarto andar. Estamos em 59, senhor. O resto dos guardas ficaram presos lá fora - um dos soldados disse para o General.
— Podemos atrai-los para baixo e depois, os eliminamos.- murmurou seriamente outro soldado, analisando o mapa.
— Tem um eletricista, aqui?- perguntou Helena com calma. Todos os guardas se viraram para um homem sentado e com a cabeça sangrando um pouco. Ela se aproximou dele. - Sabe redirecionar a eletricidade para apenas um ponto do palácio?- perguntou séria.
— Depende... qual o ponto?- ele perguntou e Helena olhou o elevador. Ele olhou também e fungou.- Acho que sim.
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O sol entrava bem pouco pela janela quando Miles Davis, o eletrecista e engenheiro mecânico conseguiu ligar apenas o elevador.
Enquanto isso, os guardas e soldados faziam sua parte e traçavam um plano. Helena o contou para Connor em códigos e recebeu uma mensagem positiva de Carter que eles iriam agir também.
Os guardas não sabiam, mas Helena iria subir primeiro. Ela iria sim matar Amberleen e iria o atrair para o sexto andar.
Quando quase todos estavam preparados, prontos para subirem em grupos de 8 para o quinto andar e terceiro andar, Helena entrou no elevador e subiu até o sexto carregando uma arma e uma espada.
Desceu no sexto andar e se escondeu em uma dalas salas. Havia deixado o rádio de um dos guardas em uma frequência não muito usada, já que era a dos jardineiros, e agora escutava tudo o que acontecia.
— ... Tem 32 guardas em posição no terceiro andar.- disse um deles.
— ... Ja se passou 10 minutos, Sr. Os guardas já estão posicionados.- outro disse.
— Dê o sinal, Kelley e vamos tomar nosso palácio de volta.
Helena escutou a batalha começar e quando finalmente ouviu os gritos, os tiros e os Zás das espadas, trocou a frequência. Pigarreou e apertou o botão de se comunicar.
— Amberllen...- a voz de Helena soou no rádio extremamente marota. - Está sentindo esse incomodo na nuca?— ela sussurrou. - É uma leoa bufando no seu pescoço. Cuidado, as garras dela vão cortar a sua jugular.- ela riu como uma bruxa.
— Você acha que eu tenho medo de você, Helena Lork?— ele gritou no rádio.- Eu não tenho!- ele berrou descontrolado.
— Deveria ter. Uma mulher em busca de vingança não é bom para ninguém.- ela disse friamente.- Se quiser meu computador, tera que vir pegar no sexto andar, sozinho. Estou o aguardando.- e desligou o rádio.
— Ele vai mata-la!- Berrou o ruivo amordaçado no abrigo.
— Droga!- Carter chutou a parede e pegou sua arma e sua espada. Ele não esperou muito para sair correndo de dentro do abrigo para ir salvar a garota.
Helena estava sentada atrás da mesa do escritório do rei. Tinha as pernas entrelaçadas e encarava a porta com calma. O notebook estava a sua frente.
Celeste apareceu de repente e começou a gritar com Helena.
— Você é maluca! Você está se entregando fácil assim para o inimigo, não é normal!- A ruiva apenas a encarou e ignorou os sermões gritados que sua tia fantasma dava.
Lá embaixo, no quarto andar, o exército de Amberleen se dava mal. O ataque foi inesperado e muitos já estavam ao chão quando finalmente conseguiram revidar. Amberleen por outro lado subia as escadas para o sexto andar rápido, sendo protegido por um de seus soldados.
Sua missão era pegar o maldito notebook e o faria, não importa o quanto custasse. Helena Lork poderia morrer, mas que ele teria esse maldito em mãos, teria sim.
Abriu todas as portas, escutando os gritos que vinham dos andares abaixo e entrou no escritório do rei assim que viu a garota jovem e ruiva do outro lado da mesa, o encarando com calma.
Ele quase riu. Helena Lork surpreendia muito. Tinha 17 anos, comandava uma empresa grande e conhecida, cuidava dos irmãos e agregados, e protegia sem nem pensar duas vezes quem amava. Não era a toa que matou 10 pessoas para chegar até esse escritório.
— Você é diferente.- murmurou ela o encarando e falando com tranquilidade. Deu de ombros e apertou a arma que segurava. - Não faria isso se fosse você. Minha senha é dificil.- ela sorriu com calma e ele negou com a cabeça.
— Você é louca. Completamente. Bateu a cabeça quando era criança. - ele rosnou. Ela apenas sorriu.
— Sim, acho que sou.- sorriu de canto e se levantou. Amberleen apontou a arma para a garota e ela fez o mesmo, para o computador.- A melhor parte é que eu sou a única que tem uma cópia do Acordo.
— Eu tenho minhas dúvidas.- ele retrucou e ela apenas o olhou.
— Quantas vezes você se perguntou quem eu era ou que impacto eu teria na sua vida nos últimos minutos?- ela perguntou com calma, o observando com o olhar intenso dela. Ele permaneceu quieto.- Eu geralmente não faria mal a ninguém, mas você, você fez com que atirassem em meu irmão. Um bebê.- ela murmurou, o brilho de insanidade a tornando mais velha e mais assustadora.- Eu não vou perdoar isso.
— Não espero que perdoe.- ele disse simplesmente. Então, inesperadamente, um barulho de tiro foi escutado.
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