Capitulo 20 – Resultados

Na manhã seguintes, nós dois nos sentíamos mais leves, por tirar tudo o que havia sido tão bem trancado de dentro de nós.

- Bom dia. – Yura disse beijando meu pescoço, o que como sempre, me fez arrepiar.

- Bom dia. – eu respondi me espreguiçando.

- Olha, Alice quanto a ontem...

- Não precisa dizer nada, nós tínhamos combinado que depois fingiríamos que nada tinha acontecido.

Ele ficou em silêncio, era uma decisão comum, e agora que havia passado, eu me sentia muito melhor. Yura tinha tirado tudo o que prendia de dentro dele, ou seja, ele havia encerrado aquela fase passiva e frágil, e voltado ao mesmo Yura que me enlouquece.

- Não me conformo com essas roupas... – eu disse comentando sobre as roupas pretas assustadoramente sedutoras que Yura usava.

 - Não gosta? – ele disse procurando alguém defeito.

- Por que você compra essas roupas Yura?

- Só estamos nós aqui, qual o problema?

- Que isso reduz consideravelmente a minha concentração.

- Que ótimo! – Yura disse sorrindo amavelmente.

- Você não se cansa, não?

- Não.  – eu disse sorridente.

Eu respirei fundo e tentei relevar, mas viver diariamente com Yura e seus “gostos” era complicado, principalmente por que quando se tratava de mim, ele fazia todo o possível pra que eu vivesse pensando nele.

Yura estava cantarolando alegremente na sala de TV, de pernas cruzadas no sofá azul escuro.

- Por que está tão feliz? – eu perguntei preocupada, ele normalmente tinha alguma intenção escusa por trás daquele sorriso.

- Adivinha.

- Como você espera que eu adivinhe?

- Tá, se você quiser eu falo.

- Uhum...

- Sabe ontem?

- Uhum... – eu disse me lembrando do colapso emocional durante quase todo o dia.

- Sabia que agora eu tenho as marcas das suas unhas na minha pele?

- O QUE?! – eu disse histérica.

Eu sabia que tinha sido um pouco violenta, mas CICATRIZES já era demais! E por que raios ele estava feliz com isso?!

- Yep. – ele disse inclinando levemente a cabeça para o lado.

- E POR QUE VOCE ESTÁ FELIZ COM ISSO?!

- Adoro quando você deixar marcas em mim. – ele disse sorrindo maldosamente.

Eu congelei, ele tinha alguma veia masoquista que eu não sabia?!

- Yura você é doente... – eu disse me jogando no sofá e enterrando o rosto nas mãos.

- Por quê? – ele disse com cara de anjo, ainda assim sarcasticamente.

- Você é a ÚNICA pessoa na face da Terra que gosta dessas coisas... Isso é uma ferida! Dói sabia?!

- Mas não doeu na hora. – ele disse se virando pra mim com uma cara de “é obvio” – Isso só me lembra do prazer que eu senti ontem. – ele disse com a aparência de quem não entende.

Eu fiquei olhando frustrada pra ele, nem sei por que ainda me choco, afinal Yura não era alguém normal...

- Deixa pra lá.

- Certo. – ele disse sorrindo de novo.

O assunto morreu, Yura continuou sorridente o que me fazia pensar sobre o que ele não faria comigo, a lista ficou bastante pequena na verdade, o que era desconcertante.

Yura ligou a TV, saiu da sala e voltou com um prato cheio de biscoitos de chocolate e um pote de mel.

- Pra que isso?

- Fome. – ele me respondeu monossilábico.

- Não sei como você não tem diabetes...

- Não se preocupe com a minha saúde. Aliás, você reclama demais, não me obrigue a te dar outra coisa pra pensar... – ele disse lambendo os dedos melificados e me encarando sério.

Eu respirei fundo e decidi me desconcentrar daquilo tudo , e Yura odeia ser ignorado, minha reação o fez colocar o prato com biscoitos sobre a mesa e me beijar. A língua de Yura tinha gosto de mel e chocolate...

- Não me ignore. – ele disse me soltando devagar.

- Não estou ignorando, estou abstraindo. – justifiquei, repondo o ar em meus pulmões.

Ele me lançou um olhar cético e frio, e, conhecendo Yura, aquele olhar poderia acarretar em coisas terríveis...

- Ah é? –ele disse numa mescla entre irônico e revoltado. – Então vamos ver até onde você abstrai...

Ele me soltou e saiu da sala, fechando a porta atrás de si. Isso não poderia ser bom, as ameaças dele costumavam ser verdadeiras, e eu sabia que se ele fosse fazer alguma coisa, ele faria, e nem sequer pensaria antes...

- Isso não vai acabar bem... – eu disse amaldiçoando minhas próprias palavras...