Capitulo 2 - Desafios

Na manhã seguinte eu ainda estava meio anestesiada dos calmantes, que foram combinados à cafeína pra me manter acordada, e adrenalina por saber que eu estava voluntariamente caminhando para a toca de uma cobra.

- Bom dia Alice! – Sarah disse caminhando até mim. – E ai? Como foi ser a tutora de Yuriel por um dia?

- Sei lá Sarah, não to raciocinando bem.

- O que foi?

- Coquetel de calmante e cafeína.

- Oh, não dormiu bem?

- Dormi, eu fui chapada na verdade. Mas acho que conta.

- Conta sim. – Sarah disse rindo.

Ai eu vi Yura caminhando calmamente pelos portões da escola, com aquele sorriso amigável e o olhar sonolento, ele olhou pra mim e sorriu alegremente, então caminhou até mim e disse:

- Bom dia Lili-chan.

- Lili-chan? – Sarah disse me olhando meio desconfiada.

- Bom dia Yura. – eu disse ignorando a pergunta de Sarah.

- Yura? – Sarah reintegrou.

- Lili-chan, será que você pode me ajudar em geometria analítica?

- Claro... – dentro da minha cabeça eu gritava “seu hipócrita maldito! Você sabe que é melhor em geometria analítica que eu! Mas que raios você quer?!”

- Obrigado. – ele completou inclinando levemente a cabeça para a direita, se eu não soubesse da verdade, estaria acreditando cegamente naqueles olhos singelos.

- De nada...

Eu passei o dia inteiro morrendo de dor de cabeça, com Sarah me enchendo de perguntas, com uma vontade infernal de ir pra casa me enterrar no meu quarto e só sair quando o ano acabasse...

Depois da aula eu fui “ajudar Yura com geometria analítica”, ou coisa que o valha, Yura estava sentado na biblioteca, mais especificamente sobre a mesa da biblioteca, e lendo um livro chamado “Noites em Claro”. Deus é quem sabe sobre o que esse livro fala, já que Yura estava lendo, eu preferia ficar sem saber...

- Oi Lili-chan... – ele disse baixando o livro e olhando bem fundo nos meus olhos com aqueles grandes, profundos, destruidores olhos azuis cheios de maldade, por que será que essa cena me lembrava assustadoramente as cenas de novelas mexicanas, aquelas em que os personagens têm nomes compostos, tipo: Frederico Afonso ou Ofélia Consuelo, terrível...

- Oi Yura... Yura nós dois sabemos que você é melhor em geometria analítica que eu, o que é que você quer?

- Nada de especifico. – ele disse cruzando as pernas e fechando o livro.

- Yura se você não quiser nada eu vou embora AGORA.

Eu me levantei e comecei a caminhar e direção aos corredores da biblioteca, Yura me agarrou pelo braço e jogou sobre a mesa, prendendo os meus dois braços com as mãos, era desconfortável, mas não doloroso.

- Por que você é sempre tão fria comigo? – Yura disse chegando assustadoramente perto.

- Por que você é um mentiroso manipulador, falso, sádico, irônico, sarcástico e pervertido.

- Hump, e você me odeia?

- Odeio, muito e profundamente. – eu disse certa de que dizia isso com plena certeza e verdade.

- Pois muito bem, então, eu serei obrigado a mudar isso.

- E como exatamente você pretende fazer isso? – eu disse cética de que ele pudesse me fazer odiá-lo uma polegada a menos.

- Te fazendo sofrer... – ele disse olhando dentro dos meus olhos com uma aparência muito séria.

Dito isso, ele me soltou e caminhou tranquilamente em direção a porta da biblioteca. Eu não fazia idéia do que ele queria dizer quando dizia que mudaria isso me fazendo sofrer, como fazer algum sofrer faria com que essa a odiasse menos...