Cada palavra penetra com a intensidade de uma bala a mente de Marjorie, retornando na umidade que aos poucos quer vazar dos olhos da garota, mas ela as detém o máximo que pode para que não escapem numa cascata de lágrimas. Nunca tinha sido repreendida tão duramente, e machuca muito mais se vem de alguém muito próximo.

— Seu monstro!

Ralts dirige as palavras a Aren que fica sem saber como lidar com a situação, não tinha a intensão de ferir ninguém. Antes que se agrave e acabe como vilão, Aren retorna pensando num outro jeito de expor sua ideia.

— Marjo, calma, não foi o que eu quis dizer! — Para um instante para recordar. — Tá, na verdade fui direto demais... mas foi a pressão!

Scare se oferece de toalha para Marjorie que recusa com uma tentativa de sorriso. Ela respira fundo e se recompõe, devolvendo um olhar mais confiante.

— Mas falou a verdade, então não tem culpa de nada. Continue o que dizia, rapaz de cabelos brancos... — Alice encoraja, radiante.

— Não tem nada de verdade nisso! Marjorie é ótima! — enfrenta, Ralts.

— Hm? Agora que notei, seu Kirlia se comunica por telepatia. Você tem Pokémon especiais demais para continuarem com uma treinadora sem experiência nenhuma.

Marjorie se coloca na frente do Ralts assim que nota o olhar de cobiça. As garotas trocam olhares raivosos antes de Aren chamar a atenção das duas estalando os dedos.

— Ei, posso explicar agora?

O Cacturne olha aborrecido para Aren que se sente pior em lembrar de seu Pokémon enamorado. Scare dá um passo para trás quando seu treinador tenta se aproximar, cruzando os braços esperando a tal explicação. Lonnie faz o mesmo parando ao lado do espantalho.

— Mas o quê? Estão se combinando contra mim?

— Claro, você é do mal! Quer me tirar a guarda da Lonnie e separa-la até de seu companheiro! — Braveja Marjorie e com razão.

“Eu não quero mais ir embora pra lugar nenhum, agora que me sinto segura e confiante com vocês...” Lonnie fala baixinho para Marjorie, sua expressão é preocupada e assustada.

— Fala sério... virou um daqueles programas de resolver casos familiares agora? Foco, pessoal. — Alice bufa e cruza os braços reprovando os dois pela cena. 

Kaito se impressiona com a evolução da briga e escolhe não entrar nela, fica apenas para observação. Ori sente a atmosfera tensa e também fica onde está, impedindo ainda que os outros Pokémon queiram voltar para seus treinadores.

“Ei, ei, o que está acontecendo?” pergunta Button para o Lucario.

— Ainda não sei bem, mas não é bom deixar que os menores voltem. Me preocupo com um possível agravamento da situação.

“... você fala um pouquinho difícil as vezes.”

— Ah, desculpa. O que quis dizer é que voltar agora pode piorar a briga. Mas estou atento nela, qualquer coisa aviso.

“Não gosto de brigas...”

A borboleta observa com desânimo o trio.

Antes de voltar a falar, Aren respira fundo e repete o que quis dizer com sua sugestão de troca, mas sem a pressão de mais cedo.

— O que eu disse soou mal, realmente, mas minha ideia ainda está de pé. — Olha para Marjorie que ainda está muito confusa e ansiosa. — Troque a Lonnie comigo, eu a treino por você enquanto pratica com Ori ou Scare. — Sorri amigavelmente.

— O quê?! — As garotas gritam em uníssono.

Os Pokémon presentes no bate-boca caem num efeito de confusão ainda maior. Até mesmo Ori se surpreende com o clima que muda de repente.

— Primeiro que você nem pode trocar a Lonnie oficialmente com ninguém por não ter a Ball dela, então meio que será sempre sua. E minha proposta é essa, eu ensino algumas coisas que ela possa aprender enquanto um dos meus te ensina a como ser uma treinadora e ser mais confiante em criar suas coreografias ou seja o que for esse Pokaron.

— É sério mesmo?! — Alice já estava impaciente antes, mas agora estoura com a confirmação. — E como assim não tem a Ball dela?! Ela é tão mal treinadora que perdeu por aí?! — Bate o pé no chão com muita raiva.

— Não é da sua conta! — responde Marjorie. — E... — volta para Aren. — Nunca mais me dê um susto desses! Quase quebrei por dentro achando que não se importava só porque ela é muito difícil e teimosa e eu inexperiente... — enxuga o rosto com uma das mãos.

— Não chora, Marjo! Toma, use isso! — Ralts oferece o braço do Cacturne.

Scare não curte a brincadeira e nem de ser chamado de “isso”, mas deixa passar por ter feito a garota rir um pouco.

— Achou mesmo que eu ia te separar da amada, Scare? — Aren tenta falar com o Pokémon de novo e recebe um soco no braço dado por Lonnie. — Ai, ok. Desculpa pelo susto.

— “Amada”? Essa planta aí gosta dela? Isso nem devia ser possível, que bizarro. Vocês todos são esquisitos! — Alice é deixada no vácuo momentaneamente até Aren voltar a falar com ela.

— É legal ser esquisito.

Alice revira os olhos e retorna com seu olhar impassível sobre a rival.

— Chega, por um dia já aturei o suficiente. — Se aproxima de Marjorie, respirando fundo. — Tá, não vai mesmo trocar, ok. Vou tentar respeitar isso, mas ela ainda está disponível para um parceiro, não? Tem um coelho cinza por aqui que pode servir bem para eu ter um dos ovos.

— M-mas, hein... não desiste mesmo, né? Não daria nem que eu tivesse uma fazenda de coelhos. Você é doida! E a planta já é namorado dela, então não rola.

— Corrigindo: sou competitiva e sempre consigo o que quero, mesmo que tenha sido uma vontade tola. E... eeeca. Bizarro. Essa planta dá medo e não tem nada a ver com a espécie dela! É coelho com coelho, gato com gato, etc... isso de estar com alguém por amor é besteira. Esses dois nunca vão dar certo, e quando isso acontecer estarei esperando com um parceiro adequado.

— Ora, sua...

— Vamos parar de brigas, ok? — Aren corre para separar as duas.

— Ai, tá bom, papai. Vou indo, mas no próximo encontro, coisa inevitável, vocês sabem — sorri forçado para Marjorie — quero uma batalha com você, só assim veremos se está mesmo se esforçando.

Marjorie ia negar a batalha sem pensar duas vezes como sempre faz, mas Ralts e Aren a incentivam aceitar o desafio e ela concorda em silêncio para Alice.

— Combinado então, só te derrotando na frente de seus amigos para pagar pelo o que fez comigo. Tchau, esquisitos.

Acena para eles andando de ré já se sentindo vitoriosa com a provocação para depois dar as costas e seguir seu caminho, saltita antes de sumir voltando para a estrada. O trio mais os Pokémon coincidem em esquecer esse dia até darem de cara com a garota novamente.

[...]

— Presumindo que ela esteja batalhando pelas insígnias... — Aren olha em seu mapa. — Poderemos encontra-la em Shalour City que fica depois dessa rota.

— Acho que ela vai apenas participar do Try Pokaron mesmo — responde Marjorie. — Nem sei os Pokémon que ela tem, e se forem enormes e nos esmagar? Literalmente.

— Se ela vai participar dessa mesma coisa que você, deve ter Pokémon pequenos e fofinhos. — Kaito se pronuncia para tentar acalma-la.

— Talvez.

— Sendo todos grandes ou pequenos, você ainda não sabe batalhar. — Aren volta mais sério olhado para Marjorie. — Até chegarmos num Pokémon Center para eu ver o que Lopunny podem aprender, que tal praticar com o Ralts até seu desafio? Você pode reencontra-la antes de eu começar qualquer coisa com a Lonnie.

— O quêêê? Não pode, esse prazo dela ficou muito instável. Quero estar pronta para derrubá-la. — Olha pelos arredores mirando nos Pokémon de seu primo. — Ei, Aren... enquanto você treina a Lonnie, qual deles fica comigo?

Com um maneio de mão do garoto, a dupla já bem treinada de seus Pokémon se aproxima e ele pergunta qual deles quer ajuda-lo treinando Lonnie e qual vai ficar com a Marjorie, possivelmente praticando também para o Try Pokaron.

Ori os lembra de não gostar de estar em palcos e escolhe ajudar o garoto treinando a coelha, Scare aparentando indiferença anda até Marjorie enquanto Lonnie faz caminho oposto até Aren, finalizando a “troca”.

Aren tenta cumprimentar Lonnie e ela vira a cara ainda com raiva.

— É, será difícil...

— Então, que bom que já resolvemos tudo... er, agora podemos jantar e ir dormir? Não quero fazer mais nada hoje. Prometo que amanhã cedo começo tudinho sobre treinos. — Marjorie implora com olhar pedinte.

Todos concordam e chamam seus Pokémon para arrumarem o local e acamparem. Ninguém está com pique para mais nada, qualquer vivacidade que tinham mais cedo foi sugado por uma simples garota de cachinhos durante a tarde.

[...]

Durante a madrugada um som baixo de passos na grama desperta Marjorie, sonolenta, ela se estica para tentar ver quem é, mas mal consegue identificar o pequeno vulto.

Numa tentativa de vencer a preguiça coloca na cabeça que pode ser algum Pokémon roubando comida ou alguma criança perdida, ou pior, Alice na loucura de roubar o que tanto quer para sua coleção. O último pensamento faz com que saia de supetão de seu saco de dormir azul marinho cuja entrada é a boca de um Zubat, com pequenas asas do mesmo nas laterais.

— Q-quem está aí? Revele-se! — Fala baixo para não acordar mais ninguém, mas alto o suficiente para quem está acordado, ouça.

É Lonnie quem caminha despreocupada mirando o céu ricamente estrelado. Longe das luzes das cidades, o céu deslumbra mil vezes mais, projetando-se por completo até mesmo nos lagos e assim tendo um pedaço de si bem próximo de seus admiradores.

— Está sem sono ou acorda cedo mesmo?

Só agora Lonnie nota a presença da garota que se aproxima em passos lentos e para de andar, vira-se para encarar a curiosa e responde “sem sono”.

— Ah, claro... é que sempre acordo tarde, então não sei o cedo que vocês todos acordam. — Falando em acordar ela lembra de alguém comum do horário sombrio em que estão no momento. — Ué, cadê o Scare?

Lonnie dá de ombros mostrando não saber. Ele costuma andar pelas redondezas por não ter nada melhor para fazer acordado tão tarde, sem estar muito distraído ou com a cabeça cheia de pensamentos não se perde fácil como normalmente acontece. Alex também costuma pernoitar, mas no momento dorme sossegado ao lado do saco de dormir verde com desenhos de folhas do seu treinador.

Marjorie se endireita para sentar na grama e convida Lonnie para o seu lado, juntas contemplam o cintilo das estrelas.

— Voltando aqui, fiquei muito feliz quando disse que confia mais na gente. — Um enorme sorriso estampa seu rosto.

“Nem vem, não fique achando que pode me agarrar por causa disso.” Se cobre com as orelhas.

— Sua tentativa de se esconder só te deixa mais fofa! Tem certeza que não quer um abraço?

“Absoluta! E eu não sou fofa”

— Awn! Você parece uma sobremesa zangada! Quem nasce para ser fofo não leva jeito para mais nada além disso.

“Não enche!” Desiste do confronto virando a cara.

— Aproveite que sua confiança está maior e aceite o treino do Aren. Não é porque um humano te faz mal que todos os outros também vão fazer, eu quero o seu bem assim como aqueles dois e os monstrinhos.

“Vou tentar.”

— Que bom, e eu também vou me esforçar para ser a melhor treinadora e amiga que você terá na vida!

Sem ter o trabalho em se esconder, bastando estar entre muitas folhagens, Scare assistia as duas até o término da conversa e fica na torcida para que sejam amigas.

[...]

— Vamos, pessoal. Acordando que temos um longo caminho pela frente.

7h da manhã e Aren desperta seus dois colegas batendo um pequeno bastão metálico num triangulo do mesmo tipo que comprou em sua última parada numa loja, é muito eficaz no caso da Marjorie.

— Já acordei!

Dito e feito e ela é a primeira a levantar, mais seu Kirlia, que herdou várias manias da garota.

— Bom dia, faminta. — Aren cumprimenta.

— Dia, o que tem para comer?

— Calma, que a gente ainda vai atrás.

— Que chato...

Kaito se levanta logo depois e começa a enrolar seu saco de dormir. Boceja algumas vezes, mas sem sinal de que quer voltar a se deitar.

— Bom dia, turma. — Kaito diz para seus Pokémon e os outros humanos.

— Dia, Kaito. Ai, vou arrumar minhas coisas também! — Marjorie corre.

— Tudo bem, eu espero mais um pouco... — responde Aren já acostumado com essa rotina.

— E na primeira vez viajou só para evitar esse tipo de coisa. — Ori o lembra de sua antiga indiferença.

— É, mas em companhia é mais divertido. — Slime aparece grunhindo e se agarrando nas pernas do garoto. — Já vou atrás da sua comida, faminta 2.

Sopra uma brisa muito refrescante com o friozinho matinal, esse clima confortável alegra muito o Kirlia que ainda chama a atenção de Aren e Ori. Mas não teve mais nada incomum no Pokémon fada desde o dia anterior.

— Que desanimador. — suspira Aren voltando a dar atenção para Slime.

— Se ele estivesse treinando desde ontem e participasse de algumas lutas acho que seria o suficiente para ele ter energia e evoluir.

— Provavelmente, mas agora a oportunidade vai embora junto de nossa partida. Li em algum lugar que ele tem duas evoluções finais, uma que permanece com seus dois tipos e outro que muda um deles para lutador. Mas não sei como funciona, se é um para cada gênero ou algo especial no ambiente ou pedras.

— Podemos descartar pedra.

— Sim.

— Oi. Já estamos prontos para o café! E depois dele quero começar meu treinamento. — Marjorie sorri confiante.

— A animação dela até me animou em treinar junto, e agora estou meio ansioso. — comenta Kaito.

— Treina comigo, Kaitinho. Vou precisar de ajuda até pegar o jeito sozinha.

— Uhum. Vai ser uma ajuda mútua.

— Ei, Marjo. Quase que eu esquecia... — Aren pega sua mochila a procura de algo no bolso da frente. — Aqui, pegue a Ultra Ball do Scare. Ele está dormindo dentro dela agora.

— Que vida mansa, queria eu estar dormindo ainda.

— E mais tarde te darei anotado uns quatro movimentos que ele sabe. Ok?

— Sim.

Marjorie examina a Ultra Ball cuidadosamente, evitando fazer muitos movimentos por não saber como é estar dentro de uma. Se dentro delas balança muito ou não enquanto movem a Ball ou se eles conversando ali faz muito barulho para seus residentes. Além do botão para expandi-la e contrair de volta, não sabe o que acontece se mexer nisso e resolve guardar em sua bolsa.

— Eu quero saber como é estar numa bolinha dessas, quando terei a minha? — Ralts saltita ao lado ansioso com a resposta.

— Hã? V-você quer uma? E eu nem sei como faço para ter uma...

— Você pode comprar normalmente. — responde, Kaito.

— Mesmo? Hm... ter uma é bem prático. Vou pensar no seu caso, Ralts.

— Tá bom, mas espero que no final a resposta seja “sim” e que eu ganhe uma muito bonita.

Timidamente Lonnie se aproxima da garota pelo outro lado e chama atenção com leves puxões em sua blusa, ela pede para dar uma olhada na Ultra Ball.

— Que fofinha, quer carregar o namorado. — Lonnie bufa corada em resposta, e negando com a cabeça. — Estou só brincando. Tó, passeie um pouco com ele.

Depois de emprestar a Ultra Ball, todos caminham de volta para a estrada da rota 11 a fim de fazer o dejejum fora do alcance de Pokémon selvagens e termina-la até a próxima cidade. Mas segundo o mapa o final da rota ainda conta com uma grande caverna muito explorada por diversos tipos de treinadores e turistas. Entre outras menores pelos arredores.

A Reflection Cave é um ponto turístico apreciado por abrigar na maioria de suas paredes muitos cristais, semelhantes ao da Glittering Cave da rota 9 — explorada por Lee —, e espelhos. A caverna é toda iluminada por causa deles e num tom azul que deixa o clima muito tranquilo. Dentro ainda, a concentração de energia paranormal é até maior. O que faz ter muitos Pokémon do tipo psíquico e alguns ainda mais raros e misteriosos como o Carbink, Pokémon de rocha e cristais.

[...]

Ainda na rota 11, antes de continuar viagem param num campo aberto para a primeira batalha de Marjorie. Seu desafio inicial é contra Kaito, cada um usando dois Pokémon, e caso o vença, pode desafiar Aren que também usará dois Pokémon. Mas apenas se ela achar que é capaz de continuar.

— Marjo, aqui algumas das coisas que Scare sabe fazer. Anotei também o que cada um é para não se perder... — fala Aren entregando um pedaço de papel para a prima.

— Tinha até me esquecido disso — ri toda sem graça. — Obrigada! Prometo que farei bom uso!

Lonnie vê Aren entregando o papel com anotações e lembra de devolver a Ultra para Marjorie também, caminha até ela para devolver e depois de feito volta a ficar perto do garoto, quietinha.

— Nossa, não paro de ganhar coisas. Será que vou ganhar a batalha também?

Escolhido a posição de cada um na arena improvisada, Ori vai para o centro da mesma falar com os dois desafiantes sobre as regras que acabara de planejar. Quer algo diferente do comum usado em ginásios.

— Eu não vou lutar, participarei como juiz e vou julgar os desafiantes. Se eu determinar que a luta acabou mesmo que ainda estejam de pé, é porque acabou mesmo. E direi quem é o vitorioso de acordo com o que eu avaliar. Ok?

— Por mim está tudo bem — responde Kaito.

— Por mim também — continua Marjorie.

— E eu! — completa Ralts.

— Se não têm perguntas, podem começar. — O Lucario se afasta do centro, ficando próximo da borda que riscaram no chão com um graveto.

— Foi a tantos ginásios que até já sabe se comportar como juiz. — Aren se aproxima de Ori para assistir melhor os dois.

— Mas tenho minhas próprias regras também.

— Imagino que sim, estou curioso para ver seu trabalho.

Kaito começa a partida chamando Ivy que corre para a frente do garoto, e Marjorie sem pensar duas vezes chama Ralts que vai num piscar de olhos para a sua frente. Como não será uma luta muito séria, ambas as duplas estão bem relaxadas.

— O que faço agora? — pergunta Marjorie, ansiosa.

— Dê algum comando para o Ralts contra a Ivy. — responde Kaito, já pensando nos próprios comandos que dará.

— Ok. Ralts! Er... usa aquelas folhas coloridas na Ivy!

O Kirlia, extasiado, improvisa um rodopio para algumas folhas surgirem ao seu redor em multicores. Balançam no ar enquanto esperam ser dirigidas para seu alvo, como mísseis teleguiados. Elas cortam o ar atrás da Bulbasaur de acordo com o que Ralts simula com sua mente, e sem adiantar nada, atingem Ivy.

Som de estalos ecoam vindo de Ivy, mas ela parece muito bem. Magical Leaf mal surtiu efeito nela, no máximo provocou cócegas.

— Tudo bem, Ivy? — Kaito recebe um maneio positivo de cabeça como resposta. — Então é nossa vez, use Razor Leaf!

As lâminas de folhas apesar de semelhantes ao Magical Leaf, não podem ser guiadas do mesmo jeito, apenas correr numa só direção até seu alvo. Ralts não sabia bem o que fazer e é pego facilmente pelo ataque.

— Ai, isso dói! — exclama, Ralts, massageando o corpo.

— Ralts! — Marjorie chama e o Pokémon diz estar bem. — Cuidado com esse ataque dela, use Teleport como sempre faz.

— Ok — sério, aguarda um novo comando.

— Use... ai, eu não sei os nomes! — Bate o pé no chão em protesto. — Use o que sabe, Ralts!

Kaito e Aren não se seguram e riem alto.

— Ei! — Marjorie cora de vergonha.

— Desculpa, vamos continuar — Kaito se recompõe e chama a Bulbasaur. — Se prepare para o que vier do Ralts!

— Ta-dáá! — Ralts usa Confusion, um emaranhado de aros coloridos cobre Ivy e a enfraquece quase que instantaneamente.

— O que foi isso? — pergunta Kaito, desorientado da súbita perca de consciência de sua parceira.

— Foi um ataque eficaz contra o tipo venenoso da Ivy. — Aren reponde sem se abalar.

Ori para a luta, intervindo no meio da arena.

— Para mim a luta foi o suficiente, e a vitória vai para Ralts. Se ninguém tiver nada contra, troquem os competidores para os seguintes e podem prosseguir para a próxima.

Kaito entrega algumas Oran para Ivy que parece estar muito bem e chama Alex para tomar o lugar dela. A raposa parece aborrecida, mas segue sem queixa.

Marjorie pega a Ultra Ball e a examina por um tempo, parece séria até voltar seu olhar para os demais.

— Será que ele ainda está dormindo?

— ... talvez, chama ele — responde Aren.

— Mas se acordar agora então vai lutar sem ter comido nada? — Marjorie fica encafifada.

— Bom, ele é um Cacturne, e essa espécie é muito resistente nesse quesito. Chama ele e entrem num acordo, aí voltamos para cá.

— Ah, então tá bom. — Aponta a parte do botão da Ultra Ball, já expandida, para frente e chama o Pokémon de dentro.

Após o fim da materialização do Cacturne liberto, Marjorie o chama e pergunta se está com fome, ele nega e responde poder participar da pequena batalha sem problemas. Não muito satisfeita ela o condiz de comer direito mais tarde, voltando para seu lugar assim que ele concorda e dando sequência a partida.

— Já estamos prontos! — Ela acena para Kaito.

— Ok. Vamos lá, Alex. Desta vez posso levar mais a sério já que Scare é mais forte, né?

— Imagina, claro que não seu valentão. — Pega o papel que recebeu do Aren e começa a ler. — Eu começo! E... Scare use Pin Missile nessa raposa trevosa!

Scare obedece e estende seus braços para frente, ameaça a raposa com os espinhos que ganham um intenso brilho verde.

Alex fica um pouco tenso com esse movimento.

— Alex, Quick Attack para evitar o ataque, e tente se aproximar dele e usar Tackle! — Kaito se mostra tranquilo comparado a Alex.

Os espinhos ejetados sobrevoam o campo até alcançar a área em que o Umbreon está. Tímidos pontos brilhantes caem como uma chuva que do nada se torna violenta, uma linda chuva de balas quase fluorescente que ao tocarem o solo mostram toda sua força.

Mesmo sendo lento e preguiçoso, Alex ganha velocidade espantosa para evitar todos os mísseis onde alguns chegam a cair bem perto dele. Evita a única camada composta pelas oito unidades, mais que isso e talvez fosse pego por parte deles. Atravessando o campo até onde Scare se manteve parado o tempo todo, Alex aproveita o impulso de sua corrida para um poderoso Tackle, mas cessa bem antes ao notar os espinhos do resto do corpo que aumentam de tamanho prontos para fura-lo. Enquanto puder ficar imóvel Scare não baixa a guarda facilmente. Alex recua, voltando a estar perto de seu treinador onde parece ser mais seguro.

Por estar acostumado em ver o lado manso do espantalho, Kaito não sabe como lidar com esse oposto, nada lhe vem em mente. Se tivesse chamado Button talvez vencesse por desistência do adversário.

— Ele é bem durão, afinal... Alex, Yawn para adormece-lo!

— Scare, outro Pin Missile!

— Ué? Encasquetou com esse movimento?

— É que só lembro desse de todas as vezes que vi ele lutando, e é bonito também. — Dá de ombros.

Alex boceja para induzir seu adversário a cair no sono, mas ele acabara de acordar e não voltará a dormir tão cedo. Mirando o rosto sempre sorridente do Cacturne, parece até debochar da falta de opções que o garoto está enfrentando.

— Droga, subestimei demais o Scare... — lamenta, Kaito.

Ainda sem sair do lugar, outra rajada de espinhos está para ser lançada, mas agora com outras camadas para pegar Alex mesmo que repita o Quick Attack. Scare dispara a primeira, seguida da segunda e logo a terceira camada de Pin Missile, totalizando em vinte e quatro pontos brilhantes em queda livre. A chuva se tornou uma tempestade. Não é por maldade, age seguindo seu instinto de caçador.

Alex treme com a aproximação de tantos. Esse movimento é carregado de essência do tipo Bug, inimigo natural de qualquer Dark. Mesmo evitando a maioria como fez antes, agora não vai até o final e recebe o restante em cheio.

Alex ainda tem disposição para continuar, mas Ori para a luta.

— Ok. Já deu. — A dupla de competidores espera atentos para o resultado do Lucario. — A vitória vai de novo para Marjorie, fora a sorte de usar os ataques certos, Scare somou pontos para ela por não ter sido tirado de seu lugar.

— Ganhei! Nem acredito que ganhei uma batalha Pokémon! — Marjorie abraça Ralts e pula com ele, na tentativa com Scare o Cacturne não sai do chão. É pesado demais.

— Eu tenho que aprender mais sobre estratégias... não sabia dos psíquicos e nem que Pin Missile era do tipo Bug, achei que fosse um ataque comum de plantas com espinhos... — Kaito se ajoelha perto de Alex para verificar se estava tudo bem. A raposa não parece muito abalada.

— Marjorie, você é muito sortuda, mas sua sorte acaba comigo. Caso queira continuar, claro — Aren provoca finalizando com um sorriso.

— Nem vem, não vê que sou especialista em batalhas? — Marjorie brinca. — Agora sério, gostei da experiência. E já estou imaginando mil coisas que podemos fazer com esses poderes maravilhosos!

— Deve ser a adrenalina, e que bom que gostou. Mas então?

— Sobre lutar com você agora? Tô afim não, você não é bonzinho e vai me trucidar. — Faz cara feia para Aren.

— De boa, ainda está cedo e temos muito chão até a próxima cidade. Lá a gente pode ver isso.

— Estou sentido uma aura maligna vindo de você, sabia? Ori também é outro que não tem pena de ninguém.

— Mas eu vou ser juiz na de vocês também. — Ori responde um pouco surpreso.

— Ué? Então... — Marjorie olha para Lonnie.

— Se ela estiver de acordo vou chama-la para lutar, senão vou só com a Slime mesmo.

— Só com a gosminha? — Marjorie involuntariamente começa a sorrir. — Nossa, ela é tão pequena, Ralts sozinho dá conta!

— Pode ser. Quem sabe?

Marjorie olha feio para Aren de novo.