O Deus disperso. escrita por Marzipan


Capítulo 7
Capítulo 07 - Doce Inverno


Notas iniciais do capítulo

Capítulo abestalhado pra descontrair antes da desgraça toda ficar séria, aproveitem ♥ Ficou super mega shoujo mas ficou um amorzinho. Coloquei comédia nesse capítulo!



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Yato acordou bem cedo enquanto todos em casa ainda dormiam para visitar seu pai, antes do horário da escola, e perguntar para ele o que estava havendo. Chegando em sua casa, não havia ninguém.

(Mas que merda, ele acorda 5h da manhã ou simplesmente não dorme aqui?)

Yato ouviu um som líquido vindo de fora, então imaginou que fosse a Nora o espionando.

– Para de se esconder. – Irritado.

– Yato – Nora apareceu sorrindo, ao lado da varanda – Você veio me ver?

– Não.

– Oh, você veio procurar o papai então? – Se aproximando de Yato.

– Sim, cadê ele? – Já estava sem paciência, olhando os arredores.

– Pode passar o recado pra mim, Yato. – O abraçava de forma “doce” – Você pode confiar em mim.

Yato a empurrou, já estando totalmente impaciente e indo em direção à janela.

– Eu não quero perder tempo, entendeu? Eu tenho que falar com ele sobr-

– Sobre sua maldição? – o interrompeu.

Yato arregalou os olhos e voltou para o chão.

– Foi você?! – A ameaçou.

– Não – sorriu – Foi papai.

Yato segurou Nora pela yukata*, cheio de fogo nos olhos.

– O que vocês planejam fazer? – Falou com a voz trêmula.

– Eu fui contra o papai e ele me puniu – Nora falava totalmente sem emoção, sorrindo apesar disso – Ele não vai te falar nada sobre a maldição, Yato. Mas se você se livrar daquela humana...

Nem morto. - Jogou Nora para trás, voltando para a janela para pular para a rua.

*Nota: Yukata é o nome da roupa que a Nora usa. É parecida com um kimono, mas ela é usada para o verão ou épocas mais quentes. Por isso, é mais aberta.

[...]

Yato entrou na escola de Hiyori para falar com ela, já que era facilmente ignorado pelos humanos. Ao aparecer na porta da sala de Hiyori, usando sua camisa branca e seu casaco amarrado na cintura, ele gritou por Hiyori até que ela tomou um susto.

– Yato! – Gritou em tom de repreensão.

– Quem é Yato? – Suas amigas, ao tomar um outro susto com o grito.

– Ah...! É meu amigo, eu... Eu esqueci de entregar uma coisa pra ele, já volto!

Hiyori correu até ele, ou pelo menos seu espirito. No meio do caminho seu corpo caiu.

“Iii, tadinha! Ela machucou a cabeça?”

– O que você tá fazendo aqui?

– Foi meu pai quem me amaldiçoou, e a Nora disse que ele me livraria da maldição se eu “me livrasse” de você.

– Se livrar de mim? Tipo, me matar? Ou parar de falar comigo?

– Não sei. Se livrar. – Passava a mão pela cabeça, pensando.

[...]

Já eram cinco da tarde e Hiyori estava indo fazer sua visita diária à casa de Kofuku para ver o pessoal. Sempre era bem vinda e muito bem tratada por eles.

– Olá! – Sorriu entrando na casa.

– Hiiiyoriiiiin! – Kofuku pulou nela – Yato-chan estava falando de você agora a pouco!

– Sobre o que? – Por algum motivo “desconhecido”, corou.

– Aaaah Hiyoriii, nada demais – falou isso com um tom bizarro na voz – O Yato beija bem?!

– EU NÃO ACREDITO QUE ELE DISSE ISSO PRA VOCÊS – Caiu no chão de tão vermelha.

– Na verdade foi o Yukine – disse Daikoku, enquanto regava as plantas.

– COMO ELE PÔDE ESPALHAR ISSO PRA TODO MUNDO...? – Ainda morta no chão.

– Aaaaah Hiyori, faz alguns séculos que um deus e um humano se beijaram... – Kofuku ria enquanto falava – Óbvio que a notícia ia se espalhar rápido! E se ele fosse conhecido, já estaria no jornal!

– Nem temos jornal, ficou doida? – Daikoku nas plantas.

– Até sairia na TV!

– Tá... Eu vou ver os meninos. – Hiyori levantou ainda tonta de tanta besteira e foi em direção ao quarto.

– Oi! Yato, Yukine. – Hiyori entrou sorridente.

Yukine sorriu de volta enquanto fazia sua lição de casa e Yato estava deitado de costas, olhando para a janela.

– Oh, ele dormiu?

– Não, ele tá o dia todo resmungando – falava enquanto escrevia – Ele te disse já sobre a Nora, né?

– Sim, ele invadiu minha classe igual um tarado psicótico e acharam que eu era doida por falar sozinha com ele.

– Normal.

Yato resmungou algo impossível de ser entendido por falar com a cara no travesseiro.

– Quê? – os dois.

Levantou, com o rosto lotado de olheiras e o cabelo totalmente desgrenhado. Parecia muito doente, ou muito cansado.

– Hiyori, você vai ter que passar umas noites comigo.

– Como é que é?! – Gritou vermelha.

– Realmente, tarado psicótico é um bom apelido... – Yukine, voltando a escrever.

– Inventa pros seus pais que vai dormir na casa de alguém. Eu não confio no meu pai depois do que ele fez com você e essa maldição é coisa dele.

– Yato, não precisa de tanta cautela. Por que vocês dois não passam uns dias na minha casa? Lá tem bastante quarto!

– Lá não é protegido de Ayakashis e eu não tô no meu melhor estado. – Dizia mal humorado. – Além de que dormir longe de você daria na mesma.

“(Ele tá pedindo pra dormir COMIGO?)”;

– Sempre que você fala que não preciso me preocupar, alguma merda acontece.

– Mas não precisa se preocupar! Não vai acontecer nada...!

– Vai sim.

– Não vai!

– Vai sim!

– Ai, deus. – Yukine, tampando os ouvidos para estudar.

– Tá, eu passo UMA noite aqui! Se não acontecer nada, eu vou pra casa!

Os dois se entreolharam irritados um com o outro, até que Yato aceitou.

– Vou pegar minhas coisas e volto já. – Saiu batendo o pé e Yato voltou a resmungar no travesseiro.

[...]

Já eram sete da noite e Hiyori trouxe suas coisas para dormir. Não era tão difícil convencer sua mãe: só foi preciso falar que iria dormir na casa de uma amiga e mostrar a foto da Kofuku para sua mãe se tranquilizar.

– Onde eu vou dormir? – Perguntou irritada para Yato, que também estava mal humorado.

– Pensei que você fosse trazer algum colchão.

– Claro que não, você me convidou então você arruma um lugar pra eu dormir!

Houve novamente uma mini discussão.

– Dorme na minha cama então, eu durmo no chão.

Humpf! – Indo vestir seu pijama.

Quando voltou, Yato estava tirando a camisa e colocando ela sobre uma mesa.

– Mas o que diabos vai acontecer aqui?!

– Você é maluca? Sou homem, durmo sem camisa quando tá calor, eu hein. – Yato enquanto arrumava sua cama (a cama dela).

Hiyori não conseguiu deixar de olhar ele sem camisa, então resolveu puxar conversa com Yukine sobre os estudos.

Enquanto isso, nas olhadas rápidas que dava a Yato, ela pode perceber que ele parecia meio machucado. Alguns hematomas leves estavam em suas costas.

– Yato... – Começou a se lembrar da noite em qual se beijaram e corou – C-Como você está com calor? Vai nevar...

– Uma pena, porque aqui não tem aquecedor. – Emburrado.

Yato, por dentro, só queria abraçar Hiyori e não larga-la mais. Acabou sentindo dor de novo só de pensar nisso, então acabou soltando um pequeno grunhido. Hiyori o via assim e não pôde deixar de expressar uma feição triste. Yato, então deitou em sua cama e enfiou a cara no travesseiro de novo.

ogouern ocne asua siuns fifjgn aioiuo – Yato tentando falar alguma coisa no travesseiro que seria “Quando você vier dormir eu saio” na língua humana.

Hiyori estava usando uma camisola, que já estava a deixando com frio. Como não havia aquecedor e já a neve já estava começando a cair, o próprio ar de sua boca saía visível no frio. Super inteligente, esqueceu de levar um casaco.

– Yato, eu posso usar seu casaco? – Perguntou tímida.

dgkoj. (pode);

Hiyori, então, procurou o casaco de Yato tremendo as mãos no meio da bagunça e finalmente o achou. Estava mais vermelha do que nunca quando o vestiu e então começou a sentir o cheiro dele. Provavelmente iria desmaiar por amar o cheiro.

Passaram as últimas horas sem se falar até que Hiyori começou a sentir sono, então acordou Yato (que estava dormindo) para conseguir se deitar, mas ele nem se mexeu. Yukine já havia ido dormir e deixou o abajur ligado, então estava claro. Na última tentativa de acordar Yato, Hiyori simplesmente deitar ao lado dele, no chão, dividindo o travesseiro que estava pra fora da cama.

Yato acordou no meio da noite de neve e, meio sonâmbulo, viu Hiyori e num movimento automático dividiu seu cobertor com ela para dormir. Nunca dormiu tão tranquilo antes, em toda sua vida.

Yato acordou com um “kyaaaah” da Kofuku vindo da porta e quando abriu seus olhos, só conseguiu captar um celular tirando foto. Até acordar de verdade e raciocinar o que estava acontecendo, percebeu que sua cabeça, além de apoiada no travesseiro, também estava apoiada na de Hiyori. Ela estava virada pra ele, dormindo com o rosto próximo de seu pescoço, apoiada em seu ombro. Foi como uma conchinha, só que um de frente pro outro. Ele nem pensou duas vezes e empurrou ela pro lado, vermelho dos pés à cabeça e Hiyori acordou em pânico achando que estava morrendo.

– POR QUE VOCÊ ME EMPURROU?! – Falou descabelada.

– VAI SE ARRUMAR, VOCÊ JÁ ACORDOU! – Levantando rápido, procurando sua camisa desesperado. Ao ver que Hiyori estava usando seu casaco, Yato quase tropeçou.

Apesar disso tudo, não conseguiu parar de pensar na probabilidade de seu pai fazer alguma coisa. Estava com um péssimo pressentimento que piorava a cada minuto.


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Notas finais do capítulo

Se preparem que agora o bicho pega. Vocês vão se surpreender com o que vou fazer. Espero que continuem lendo, obrigada pela atenção! ♥